Unknow escrita por Lady TMS


Capítulo 3
Capitulo 3




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/649606/chapter/3

– Então o que você faz de verdade? – a voz dele se infiltra em meus pensamentos e eu volto a conversa.

– Eu estudo letras.

– Aposto que tem uma coleção de Jane Austen em sua biblioteca.

Ele acertou em cheio, mas eu evito falar disso.

– O que te faz pensar que eu gosto de romances?

–Bom, você é uma garota…- ele me olha por cima dos cílios tão negros como seu cabelo – e estuda letras. Isso completamente te entregou – ele me imita.

Mas eu não acredito, embora tenha sido uma explicação perfeitamente normal. Algo nele me faz desconfiar. Então procuro pelo salão algum livro meu perdido que talvez tenha ajudado ele a chegar a essa conclusão. No entanto, eu sei que não tem. O salão esta vazio exceto por nós.

Peter se vira em direção a rua procurando algo e por um momento eu temo que ele seja só um ladrão com parceiros esperando lá fora. Mas logo mudo de ideia quando vejo sua posição se tornando rígida lentamente.

Eu quase perco seus olhos queimando com algo. Mas não é possível saber do que.

Me afasto do balcão inconscientemente. Quase me arrependendo de te-lo deixado entrar. Porque ele tinha que ter o rosto tão bonito? As pessoas normais não pensam muito perto de caras como ele.

Peter vê eu me afastando e sorri.

– Suas emoções estão realmente em seu rosto nesse momento.

– Bom, então você poderia me dizer em que estou pensando?

– Está pensando em fugir. E eu nem preciso ser bom em ler as pessoas para isso.

– Não vai me convencer em não fugir?

– Não. Pelo contrário. Acho que é uma boa ideia. No entanto, eu poderia dar a sugestão de não usar a porta de trás?

– Porque diz isso?

– Devem ter pelo menos uma dúzia de caras te esperando por lá.

Eu fico paralisada sem saber o que fazer, tentando preencher as lacunas vazias que ele não esta falando. Quem são os caras lá fora? Porque estão me esperando? Como esse cara na minha frente sabe o que está acontecendo?

Aparentemente eu sou muito fácil de ler porque ele nota a minha confusão.

– Se eu fosse você ficaria quieta, e voltaria aqui pro balcão.

Eu hesito, mas faço o que ele diz.

–Muito bem – ele respira – agora, quando foi que você percebeu que tinha algo estranho?

– O que ? – eu gaguejo.

– Quando foi que você notou que tinha algo estranho? – ele repete como se eu fosse uma idiota.

– Eu não sei – tento pensar – do que você está falando?

Ele suspira esfregando a nuca.

– Porque você se afastou do balcão?

Eu fico tentada a responder algo ofensivo mas nada vem a minha mente, nem a resposta a pergunta dele. Eu só penso em em fazer algo ao invés de ter essa conversa boba.

– Pelo amor de Deus. Qual é a relevância disso?– eu pergunto meio desesperada.

–Responda – ele flexiona a mandíbula – Eu. Eu só preciso saber.

– Eu não sei! Só senti. – digo tentando manter a calma – eu vi algo lá fora, e depois você ficou todo tenso, então senti que tinha algo errado. E agora eles estão prestes a invadir minha cozinha! Ó – eu lembro que um certo alguém tinha ido para cozinha e desde então estava muito quieta– Vó? Vó?

Dou uns passos para trás mas um tiro atravessa o vidro da porta a centímetros da minha cabeça. Eu arfo e de repente Peter está ao meu lado me jogando no chão.

– Fique abaixada! – ele tira algo do bolso enquanto rastejo para o balcão mais próximo procurando por algo que possa me defender.

Tateio as cegas uma das gavetas encontrando só papéis. Como se as contas fossem ser um problemão para os bandidos. No máximo, elas era uma dor de cabeça para mim.

Finalmente eu esbarro em uma caneta e a escondo na mangá do suéter. Uma faca ou um spray de pimenta seria muito mais prático, mas eu nunca achei que uma situação dessas pudesse acontecer. Eu só posso me culpar por isso.

Outro tiro atravessa a parede que eu estou apoiada. Eu levo um susto, mas antes que eu possa ter qualquer reação Peter tampa minha boca. Olho feio pra ele e jogo sua mão pra longe brava.

Eu sei me cuidar! Mas aparentemente ele não entende porque se nomeia o líder e me manda ficar em silêncio enquanto rasteja na direção da porta que conecta onde eu e vovó moramos.

Olho por cima do balcão e não vejo nada a não ser vidros quebrados. Tudo está em silêncio. Isso me assusta ainda mais, não poder ver quem está me atacando, nem saber o que eles querem.

O muffin que eu larguei semi comido está caído no chão. E foi o vendo que eu percebi que toda a minha vida se resumiria a antes e depois do muffin. Especificamente, antes ou depois de Peter entrar na loja.

Eu percebo que deve haver uma conexão entre ele aparecer e sermos atacados, e minha avó estar sumida. É muito obvio que existe essa conexão porque ele está muito calmo, muito seguro, enquanto eu tento não ficar estérica. Pessoas normais ficariam no mínimo preocupadas ou tentariam ligar para a policia. Eu sei disso, eu vejo filmes!

Eu estou quase histérica. Mas não ele. Não… No momento, James só fica fazendo gestos para eu me apressar para a porta.

Eu o sigo, porque realmente não quero ficar em um lugar onde estamos recebendo balas.

A sala de casa está escura e eu posso ouvir nossas respirações. Graças a Deus são as nossas.

– Temos que chegar a minha moto. Droga!- ele resmunga- Não achei que iriam chegar tão rápido.

Temos, ele diz… – cruzo os braços como uma criança birrenta - Não temos que chegar a lugar nenhum. Não vou com você

– Você tem que ir – ele me olha diretamente nos olhos - Não tem opção.

– Não vou andar em uma moto no meio da chuva sem saber o que está acontecendo! E- e- eu nem sei se posso confiar em você! – gaguejo nervosa.

– Você tem que confiar ou vai morrer. E eu não posso deixar isso acontecer.

Ele puxa a minha mão enquanto dá tiros dentro da loja.

– Isso vai distrai-los. Vamos. Estamos sem tempo.

Ele ignora qualquer protesto meu, e isso me deixa nervosa. Mas não tem realmente o que fazer quando ele me arrasta pelas escadas.

– Para onde estamos indo? – indago.

– Já disse, temos que chegar a minha moto.

– Não, eu quis dizer depois…

– Não posso contar agora.

Eu amigavelmente deixo passar essa e o sigo. Culpo o estresse traumático que eu devo estar passando.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Unknow" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.