Trinta e Uma Pétalas escrita por Pandora Imperatrix


Capítulo 31
Dia 3 - Música


Notas iniciais do capítulo

N/A: E essa fic foi até agora a única com “profundidade” o suficiente pra ter um título e uma música de abertura. Parabéns, fic!



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Sinestesia

"Encha meu coração com música e
Deixe-me cantar para sempre e mais,
Você é tudo que eu sempre quis
Tudo que eu venero e adoro
Em outras palavras, por favor, seja verdadeira
Em outras palavras, eu te amo"

Bart Howard - Fly Me To The Moon

Serial indo dizer que a presença dela encha sua vida de música.

Seria algo romântico a se dizer. O tipo de comentário que não exaltaria somente os atributos físicos que, bem ele sabia, já eram suficientemente exaltados e dos quais ela estava bem ciente, até um pouco demais na opinião dele. Mas, como já dizia sua vó, autoestima e precauções é sempre melhor sobrar do que faltar.

Dizer que a presença dela enchia sua vida de música também poderia ser uma alusão à personalidade dela, é claro. Ele poderia estar se referindo à todas as características que ele tanto admirava e buscava se espelhar. Sua coragem, resiliência, otimismo; o modo como ela trazia sorrisos facilmente àqueles que tinham pouco ou nenhum motivo para se alegrarem.

Podia ser uma alusão a mil e uma comparações pomposas que seu amor poderia fazer, tão exageradas a ponto de soarem insinceras, mas quando Saitou Kun dizia que Aino Minako enchia sua vida de música ele estava sendo absolutamente literal.

— Isso é hilário – ela dizia depois de uma gostosa gargalhada ao ouvi-lo reclamar que olhar para ela era barulhento demais pelo que parecia a enésima vez – para não dizer ridículo. Como é possível que alguém veja sons? Isso não faz o menor sentido!

— Eu não vejo sons – explicou cansado – eu escuto imagens, é diferente. E não é qualquer imagem, nesse caso eu ouço quando vejo você.

Não era só com ela, Kun gostava especialmente da canção que ouvia quando estava na presença de Chiba Mamoru – de quem ele não havia gostado muito no início, mas, depois de algumas provações, ficado honrado em chamar de Master – e havia demorado um mês para se livrar da música irritante e chiclete que havia grudado em sua mente após ver num recorte de jornal uma foto de Kaitou Ace.

— Eu acho fascinante seu caso de sinestesia – disse Ami passando por eles no corredor onde estavam, ela carregava uma enorme pilha de papéis que devia ser do tal clube de estudos que ela fazia parte.

— Viu? Pelo menos Mizuno-san sabe me apreciar.

— É que dois nerds funcionam na mesma frequência – ele revirou os olhos quando ela lhe deu um sorrisinho mais satisfeito com o trocadilho que havia feito – aposto que você deve ouvir sua música preferida quando olha pra ela.

— É verdade, Saitou-kun?

Ele fez uma careta.

— Desculpe Mizuno-san, mas não ouço nada.

— Ah... Acho que seria bem incômodo se ouvisse cada pessoa que vê. Seria difícil viver em tal cacofonia.

— De fato – respondeu ele ainda um pouco chateado por ter decepcionado alguém que o via com estima em vez de o achar uma aberração.

A voz de Izou chamando veio da sala do clube mais a frente e atrapalhou o progresso da conversa fazendo Ami se desculpar antes de ir.

— O que foi aquilo?

— O que foi o que? – o tom inocente dela soaria sincero para qualquer um, afinal ela sempre era escalada para papéis principais nas peças de teatro apresentadas pela escola, mas mesmo que a mentira não fosse tão óbvia, Kun conhecia Minako muito bem.

— Você sabe que eu só ouço a você e ao Master, porque disse aquilo?

Ela deu de ombros.

— Minako...

— Quer saber? Eu aposto que você gostaria muito mais de ouvir a Ami-chan ao invés de mim. Você sempre faz essas caretas quando me vê, quem vê de fora deve achar que eu te fiz alguma coisa ou que eu tenho fedor de óleo de peixe. E sempre está reclamando que a música que eu forço você a escutar é “insistente” – ela fez as aspas com os dedos – seja lá o que isso quer dizer. Tenho certeza que a a canção de Ami seria mais do seu agrado.

Ele não soube o que dizer depois daquilo. Suas palavras haviam sido roubadas pelo choque que havia sofrido após tal explosão. Vendo que não iria receber nenhuma resposta e também chocada com seu próprio comportamento, Minako deixou o local correndo.

Naquela madrugada – de acordo com seu relógio, eram umas três da manhã – Minako recebeu uma ligação.

— Não desligue! – A voz de Saitou Kun disse do outro lado da linha. – Só escuta. Eu fiquei até agora tentando fazer isso, mas tem anos desde que eu toquei pela última vez.

Não entendendo nada, ela quase desligou, só não o fez porque estava com muito sono e preguiça de se mover e estava quase apagando quando as primeiras notas do piano começaram a tocar.

— Eu estou a chamando de Pour Venus.

A música er repetitiva, de fato, mas era linda. De forma que a embalou sem a adormecer, ela sentiu arrepios atravessarem seu corpo quando ele chegou ao clímax e a sensação de êxtase perdurou até a última nota.

— Minako? Você ainda est´aí?

Ainda meio imersa em seu frisson musical, ela demorou um pouco para responder.

— Estou.

— Entende agora?

— É isso que você ouve quando me vê? – perguntou ela se sentindo tímida.

Ele fe um daquels barulhos guturais que ela achava um charme.

— Bem... sim.

— Oh Kun, eu realmente não fazia ideia...

— Não é que eu não goste de te ouvir, o problema é que cada vez que eu te vejo eu também te ouço e além de eu mal conseguir me concentrar em outra coisa, fica cada vez mais impossível te tirar da cabeça.

 


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Notas finais do capítulo

N/A: E eu virei uma pessoa que escreve High School AUs.



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