A Seleção de Arendelle escrita por Ana Carolina Lattaruli


Capítulo 26
Like The Old Times


Notas iniciais do capítulo

ENTÃO.

EU SEI.

QUE DEMOREI.

MAS VOU RECEBER MEU LIVRO "RIO DE TINTA" ESSE MÊS. ESSE SANTO MÊS.

Eu agradeço por vocês terem sido tão pacientes comigo enquanto eu tentava e conseguia fechar meu contrato e divulgar meu livro. Eu estava sem tempo algum, mas agora??????? Com o livro pronto e quase chegando nas minhas mãos???? MEUS AMORES, PREPAREM-SE! Eu já escrevi 4 capítulos e pretendo lançar dois deles ainda hoje, se a boa e velha net permitir! Mesmo eu estando longe por tanto tempo, eu estou com 16 recomendações (Inclusive sigam a Seeylfe Hofferson, ela tem umas histórias bem legais com os quatro personagens que vocês amam tanto) e ainda me deram mais uma na outra fic que não atualizo há um ano pois entrou em hiatus depois que chegou na segunda temporada (34 recomendações na outra, meu Deus, será que essa aqui bate o recorde ou é pedir demais?)
Quem tiver dúvidas sobre o meu primeiro romance "Rio de tinta" pode me perguntar ou por mensagens privadas ou no final dos seus comentários e eu responderei de prontidão!
Espero que gostem dos próximos capítulos, foram feitos de coração!



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"Nos capítulos anteriores da Seleção de Arendelle:

 

Os problemas estão apenas crescendo e o contato entre Elsa e Jack pode ser o fim de todos os segredos do Reino. 

Lia achou a carta, mas Astrid interceptou a sua entrega para a Princesa Anna. 

Um Baile está para começar e com ele várias lembranças voltarão, estariam as Princesas e os Selecionados preparados para essa noite?

Quem foi Finch, realmente? 

Rolou beijo Jelsa, mas a neve que o sucedeu serviu para ambos se afastarem consideravelmente um do outro e se perguntarem se o que eles têm é algo que vai além da atração física, ou não.

Elsa ficou um pouco (talvez muito) brava com Jack, pois ele está trazendo à tona coisas que deveriam continuar guardadinhas. E por Elsa estar com raiva do Jack, Jack está com raiva da Elsa.

Esses dois não vão nada bem.

Jack quebra regras, mas ele não é o único. O caso de Hiccup e Astrid continua em alta e os dois estão preocupados com os próprios pescoços.

Será que as coisas ficarão melhores? Ou piorarão de vez?

E isso é o que você já viu em A Seleção De Arendelle."

 

 

Pov. Jack

Os dias passam tão rápido que tenho que parar no meio do banho e respirar fundo. Eu não lembro de nada do que aconteceu na minha infância. Eu deveria lembrar, pelo menos das coisas mais importantes.

Não consigo tomar coragem para ler a carta. Nunca consegui.

Como assim não foi suicídio?

Elsa não fala mais comigo, passa direto no corredor. Olha-me como se fôssemos inimigos, como se devêssemos nos temer.

Não consegui refazer o que fiz no forte. Não consegui fazer nevar, como ela insinuou que eu o tinha feito.

Saio do box e me olho no espelho, sem nem mesmo encostar na toalha. Fico encarando as gotas de água escorrerem pelos meus ombros e fico imaginando-as se transformarem em gelo ao escaparem da minha pele direto para o chão.

Não acontece. Nada acontece.

Com essa descoberta estupenda de que não sei fazer nevar, quero sair desse banheiro exatamente do jeito que estou, nu e molhado, e bater na porta de Elsa, dizendo que ela estava errada.

Dizendo que ela não poderia parar de falar comigo desse jeito, sem motivos.

Fico com vontade de dizer que a odeio.

E de beijá-la em uma intensidade um pouco arriscada.

Hoje é o baile, então não posso me dar ao luxo de aparecer pelado na porta de ninguém.

Os hematomas sumiram, percebo somente agora.

Pego a toalha e me enxugo, enrolando-a ao redor do meu quadril e saindo para pegar a roupa que Lia separou para mim.

Então, de repente, uma voz surge no canto do quarto.

—Eu não escolheria essa roupa, a menos que quisesse passar vergonha.

Seu sorriso me pega de surpresa e eu tenho vontade de cantar uma canção que minha mãe costumava cantar para eu dormir, o que é ridículo.

—Astrid! – Exclamo. Ela levanta-se rindo da cadeira na qual estava sentada me esperando e anda em minha direção.

Quero envolvê-la em meus braços e lhe dar um beijo estalado na bochecha, mas não faço isso. Ainda lembro do que ela me confessou na enfermaria. Estupidamente, de uma hora para outra, fico com vergonha de mim mesmo.

—Temos que parar de nos encontrar assim. – Ela diz, sorrindo sem graça. 

—Astrid... Nós precisamos conversar. – Meu semblante muda e ela percebe.

—Jack. – Lança-me um olhar calmo e, ao mesmo tempo, tempestivo. – Não precisamos. Continuamos os mesmos.

—Não continuamos não. – Protesto, um pouco indignado. – Você precisa me contar o que está acontecendo, não só com o seu coração, mas com a sua saúde em geral.

Ela passa os dedos pelo móvel, um tipo de banco ao pé da cama. Sua respiração descompassada mostra que luta contra si para falar o que quer que ela queira dizer.

Quando finalmente toma coragem, sequer olha-me nos olhos.

—Eu nunca fui de comer muito. – Sussurra. – Pulava algumas refeições, por falta de apetite e tal. Mas de uns anos para cá venho piorando, Jack.

Fico ainda mais indignado, porque não consigo entender. Eu queria muito compreender como é se sentir assim: desconfortável no próprio corpo. Eu acho que parte de mim entende, pois muitas vezes desejei ser outra pessoa, não ter tantos hematomas, simplesmente não ter a vida que levo.

—Não faz sentido, A, você é linda. – Não quero que ela se sinta como se o mundo estivesse lhe dando as costas. – Linda mesmo, uma beleza bem diferente e fascinante.

—Eu vou embora. – Ameaça, com um indício de sorriso no canto da boca.

—É sério. Eu não estou pedindo para sair daqui e se empanturrar de doce, apesar do bolo de morango daqui ser excepcional. Tenho certeza que se o paraíso fosse um sabor, teria gosto do bolo de morango daqui. – Enfatizo, lembrando-me dos bolinhos no começo da Seleção. –Eu só... peço que não deixe totalmente de comer.

Ela ri. Não sei do quê. Talvez da minha preocupação. Talvez do bolo de morango.

—Eu estou trabalhando nisso, pode ficar tranquilo.

—Eu tenho medo quando você fala que eu posso ficar tranquilo. – Assumo e ela sorri mais uma vez. – E você está meio sorridente demais... está escondendo mais alguma coisa de mim, não é?

O sorriso some como veio, rápido como o apagar de uma vela na chuva.

—Criadas não deveriam falar das suas vidas pessoais com os selecionados. – Começa a falar friamente.

—Muito menos beijá-los. – Respondo de prontidão.

Ela gela, completamente, paralisando o dedo que ainda corria pelo móvel.

—Jack... – Me encara.

—Você está com o Hiccup, não está? Eu vi como ele vem avoado ultimamente, abra o jogo comigo, A.

Ela senta-se no banco, meio que se jogando, meio que desistindo.

—Eu não sei o que a gente tem. – Lança a cabeça para trás, olhando para o teto.

Eu sei. – Lanço meu olhar de sabe-tudo e ela apenas balança a cabeça.

—É muito maior que uma paixonite de uma noite só, Jack. – Seu olhar atravessa o meu, parando em algum ponto aleatório.

—Então vocês...

Ela rapidamente olha para mim, intrigada com o meu rosto e percebendo o que eu queria dizer.

—Essa conversa tem muitas reticências e seu sorriso está malicioso demais para a situação. – Balança a cabeça enquanto fala. – Conversaremos depois, está bem?

Eu queria dizer que não, mas apenas concordei.

—E eu? – Aproveito a deixa. – Você realmente gostava de mim?

—Me perdoa, Jack. – Diz essa sentença rapidamente, tipo um “meperdoaJack” e eu fico confuso. – Eu gostei de você por carência. A sua personalidade é extremamente parecida com a de Hiccup, é assustador.

—A parte da carência doeu, porém vou fingir que está tudo bem. – Sorrio, um pouco mais aliviado, porque sinceramente: Muitas amizades acabam assim, com alguém gostando do outro alguém e esse outro alguém não correspondendo. Encaro-a e dou uma pequena franzida de cenho. – Mas espera, quando foi que vocês dois trans...

—Você tem um baile para ir. – Ela me corta, rapidamente, na velocidade da luz. – Precisa descansar e se arrumar.

Eu suspiro, afirmando com a cabeça, ela se levanta do banco.

—A, não sei como agir na frente de todos, nem como me comportar para com o Rei, ele me odeia, o que faço?

—A maioria das pessoas daqui te odeia, Jack, você é o preferido da Princesa. Pense naqueles que não te odeiam, e tudo ficará bem.

O preferido da princesa. Mal sabe Astrid o quanto a princesa me odeia nesse exato momento.

Observo enquanto ela vasculha o meu guarda-roupa, tirando de dentro roupas completamente diferentes das que Lia havia escolhido. Melhores, preciso admitir.

—Eu senti mesmo a sua falta. – Digo para as suas costas. Ela vira-se, sem expressão nenhuma no rosto.

—Gostaria de te dar outro abraço, mas tenho medo dessa toalha.

—Não é da toalha que você tem me...

—Tchau, Jack! – Ela me corta, rindo. Sabendo das besteiras maliciosas que sou capaz de dizer quando adoro uma pessoa como ela. – Daqui a uma hora passo aqui novamente. O baile é às 21h em ponto, você ainda tem bastante tempo para se arrumar.

—Tudo bem. – Jogo as mãos para o céu, em rendimento. – Você tem razão.

—Cuide dessa língua afiada, Jack Frost. Nada de fazer besteira nesse baile.

—Não farei.

Quando ela abre a porta para sair, uma pergunta me ocorre e tomo coragem para fazê-la.

—Astrid... – Ela vira-se para mim, esperando. – Você ouviu alguém falar algo sobre o Finch?

—Não, porque falariam? – Ela responde naturalmente e sua cabeça vira-se ligeiramente para o lado.

—Por nada. – Respondo. – Até o baile.

—Até.

E sai, sorrindo.

E eu fico parado no meio do quarto, sem saber como agir.

 

Pov. Elsa

 

Posso me vestir para ser amada, posso acordar e me maquiar e me fazer de burra para agradar aos outros, só que eu não preciso de um garoto que vá me tratar como um brinquedo.

Eu não quero ficar sentada, parecendo bonita.

Essa rainha não precisa de um rei, e meu pai sabe disso, então porque diabos está fazendo isso comigo?

As pessoas se aglomeram no portão, mas logo uma fila é formada e a ordem é estabelecida. Posso ver tudo daqui de cima, onde ninguém consegue me ver.

Os selecionados ainda não entraram, só entrarão quando todos estiverem no salão.

Eu odeio as regras do castelo, sabe? Entretanto não posso deixar de segui-las. Elas mantêm a paz, elas me mantêm longe o suficiente dos problemas. Mas não são completamente à prova de falhas.

Há duas coisas que pretendo fazer hoje, a primeira é não falar com o Jack em hipótese alguma, somente na frente das câmeras enquanto estiverem por aqui, pois elas não ficam a noite inteira. E a segunda é me concentrar em achar o ponto fraco dos selecionados e descobrir quais eu irei eliminar em um futuro próximo.

Eu quero eliminar o Jack. Ele é problema e as coisas virão à tona se ele continuar por perto.

Eu posso estar imaginando tudo isso, enganando meu próprio coração, procurando maneiras de fugir da minha obrigação como princesa, do pretendente que já está prometido a mim, ou posso estar completamente certa em parar meus sentimentos.

É um sistema corrupto, mas precisamos dessa distração. Eu não sei por quê precisamos, mas pretendo descobrir.

 

Pov. Anna

 

 

Aliso meu vestido pela décima sétima vez. Estou nervosa o suficiente, é um baile! E, sinceramente, o mais bonito que já vi. Hoje pela manhã acompanhei os cuidados com a decoração e posso dizer com certeza que os girassóis foram as flores que mais me chamaram a atenção no meio de todas as outras. Ah, a primavera! Minha estação predileta!

As pessoas são melhores na primavera.

Eu sei que, tecnicamente, é quase inverno. Mas não podemos fazer um cenário de inverno se quisermos abafar os acontecimentos recentes.

De súbito, fico pensativa.

A última vez que tivemos um baile desse estilo, grande e tal, com familiares aparecendo... coisas ruins aconteceram. Coisas que eu não quero que aconteçam novamente, pois os antigos ainda me assombram durante a noite.

Lia dá uns últimos toques no meu cabelo e eu olho para as minhas próprias mãos no meu colo.

Levanto a cabeça e observo o meu reflexo como se ele fosse sair e me enforcar.

—Eu precisava daquela carta. – Murmuro para o espelho.

—Eu sei, Anna. – Ela suspira, abaixando-se para ficar lado a lado com o meu rosto e me encarar pelo espelho. – Tentarei achar novamente durante o baile, eu prometo. É estranho não a ter encontrado.

Viro-me, fazendo-a dar um passo para trás e encarar-me.

—Não, aproveite o baile. – Mais mando do que peço. – Dance. Faz muito tempo que eu não a vejo dançar como você dançava, lembra?

—Não, não, não, não.

Levanto-me da cadeira, rindo.

—Anna, não.

Ela faz cara de indignada, mas sei que por dentro está rindo. Eu a conheço bem.

—Como era mesmo? Um passo para cá... ensine-me, ó grande dançarina Lia! Ensine-me a ser como você.

—Eu era a melhor de toda Arendelle, pare de me zoar. – Faz um sinal com a mão para eu parar.

—Você ainda é. – Eu rio mais, imitando seus passos e quase caindo.

Só não caio porque ela me segura e dá uma risada alta.

—Está fazendo errado, como sempre. Olhe, um pé para esse lado. – Ela faz e eu imito-a. – Agora para o outro e faz um contratempo para cá, entendeu? agora pula!

Pulamos juntas, uma encarando a outra.

As nossas gargalhadas preenchem o quarto e eu começo a cantarolar a música que costumava tocar quando ela fazia esse tipo de dança.

Taram ram ram taram ram ram 

Ela cantarola junto, rindo entre os sons confusos que nossas cordas vocais fazem.

Pegando-lhe as mãos dançamos pelo quarto, pulando, sorrindo e caindo no carpete.

Ficamos deitadas pelo que parece uma eternidade, rindo das palhaçadas e de quem costumávamos ser. De quem éramos antes de tudo acontecer. Éramos melhores amigas, ela foi minha amiga enquanto minha irmã não podia encostar em mim. Enquanto ela ainda aprendia a se controlar.

Lia vira o rosto e me encara, próxima a mim. Olho-a também, observando suas feições por quase cinco minutos de um silêncio confortável. Somos boas nisso, de ficarmos confortáveis no nosso silêncio.

Finalmente, ela fala, séria.

—Eu vou precisar refazer o seu cabelo.

Eu toco automaticamente nos meus cabelos desgrenhados e bagunço o dela ainda mais, logo em seguida.

—E o seu.

Rimos pela última vez, e ela me ajuda a levantar.

Solta minha mão somente agora.

—Esse baile será melhor que o último, Alteza, sei disso.

Lanço um sorriso em sua direção, afirmando.

Ela tem razão, dessa vez estaremos a salvo.

Não terei mais pesadelos.

*


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Notas finais do capítulo

CALMA. Eu sei que aparentemente não aconteceu nada de muito importante nesse capítulo, mas CALMA! O capítulo do baile já está pronto e o próximo capítulo depois desse que acabei de postar também. Esses capítulos que estou postando são a calmaria antes da tormenta HIHIHIHIIHIIHIH Vocês me conhecem, eu não deixo fácil para ninguém.
Me sigam no twitter: @anaclattaruli para updates e insta: Ana Lattaruli para mais updates ainda! Eu sigo de volta se avisar! BEIJOCAS