A Seleção de Arendelle escrita por Ana Carolina Lattaruli


Capítulo 22
Our Paradise


Notas iniciais do capítulo

Finalmente, depois de um mês, eu cheguei de viagem! Demorei, eu sei. Demorei demais. Meu coração ficou pequeno por ter deixado vocês tanto tempo sem capítulo. Mas eu não tive culpa hehehe, melhor viagem da minha vida! (E bem inspiradora, inclusive)
Por isso espero que gostem desse capítulo onde começo a colocar um pouco mais de "tempero" na história...
AMO VOCÊS E RESPONDEREI OS COMENTÁRIOS ASSIM QUE POSSÍVEL (Pq minha faculdade começa em seis dias hihi)



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No capítulo anterior: 

 

Foi a vez da Lia demonstrar seu lado na Seleção, claramente apoiando as decisões da Princesa Anna, seja elas quais forem. Até porque tudo indica que Lia está nesse castelo há um bom tempo e já viu coisas acontecerem. Coisas estranhas demais. 

Além disso, ela não está interessada em Watt. Ou está? 

Hiccup apareceu no quarto de Astrid, e ela está bem brava pois ele disse indiretamente que não a amava mais, no verdade ou consequência.

 Sandy foi mandado embora, aparentemente ele viu o que não devia. Acusações que fizeram toda a Realeza ficar preocupada com o rumo dessa Seleção e até mesmo repensar certos atos. 

Anna está fazendo de tudo para descobrir até que ponto vai o que a irmã sente pelo Jack, e também fará de tudo para impedir, pois não consegue ver a irmã machucada emocionalmente, algo que pode acontecer caso ela não siga o plano do pai, ou, até mesmo, o antigo plano dela:

Não escolher ninguém.

Além disso, um Baile Real está por vir. E Bailes demandam convidados de honra...

E isso foi o que você já leu, aqui em A Seleção de Arendelle!

 

***

 

Pov. Hiccup

 

Meu coração quer sair pela boca. Quer escalar a janela e se jogar lá de cima, só para não ter que encará-la.

As maçãs do seu rosto desaparecem, não há sorriso algum para ser visto.

Caminho devagar, com as mãos atrás das costas, pensando em alguma maneira de me desculpar pelo que fiz no jogo. Não há desculpas para tal.

—Olá, Senhorita. – Começo, sem jeito.

—Não me trate como se não me conhecesse. – É a primeira coisa que ela diz, e me dói. Seu rosto está virado para a janela, em repugnância.

—Desculpe-me, Astrid.

—Por ser um babaca? – Praticamente cospe as palavras.

—Por isso também. – Aproximo-me da cama, com certo receio de ser chutado para o outro lado do quarto. Conheço-a e sei do que é capaz. – Mas, principalmente, por eu ter feito o que fiz no jogo.

—É apenas um jogo, Hiccup.

—Pare de fazer isso, me deixe falar.

—Não, sério, você me deixe falar. Tem agido estranho desde que entrou na Seleção. Tem agido como se fosse da Casta Um, Dois ou até mesmo Três. Aqueles que falam certo e bonito, que agem como bonecos, que sorriem para tudo. – Ela gesticula para o outro lado da porta, em ênfase. – Acredita que eu até cheguei a gostar de Jack porque vocês se parecem? Na personalidade, são muito parecidos. Pelo menos ele age como ele mesmo. Droga, Hiccup, nós costumávamos rir dessas pessoas.

—Mas as coisas mudaram, A. – Tento ignorar o nó que se formou na minha garganta ao ouvir que poderia ter perdido Astrid para Jack. Ainda posso perder. Mas parece que meu cérebro está em uma queda de braço com o coração. – Nós fazemos parte dessa vida no momento.

—Todos temos escolha. – Cruza meu olhar, fazendo-me observar meus próprios pés. – Eu escolhi ser eu mesma na frente das pessoas que conheço, pelo menos longe das câmeras. Nem isso você fez. Está aqui há um bom tempo e não havia nem me dito um Oi. Nem um simples menear de cabeça.

—Você teve escolha, verdade. E escolheu me deixar.

—Não me venha com drama. Minha família morreria de fome, sabe disso.

—Não morreria, eu estava te ajudando a alimentá-los, eu saía para caçar toda tarde. Nós vivíamos bem.

—Nós sobrevivíamos.

—Não era o suficiente?

—Pelo jeito não, porque até você veio para o castelo.

—Só aceitei porque sabia que você estaria aqui. – Digo sem nem mesmo pensar antes. A frase simplesmente flui, passando reto pela minha garganta.

Um silêncio ruim instala-se. Ela não me olha, nem sequer pisca. 

—Você disse que não amava mais a mesma garota que amava antes. – Suas palavras me cortam fundo, posso sentir o gosto de sangue na boca. – Você disse que não me amava mais. 

—E eu não amo. Não como eu amava a garota antes de tudo acontecer. Eu amava você antes de você ir embora. Isso me ferrou também, sabia? 

—Então a pessoa que eu sou agora...

—É diferente da pessoa que você era, mas não quer dizer que eu não posso aprender a amar essa nova pessoa ainda mais do amava a antiga. 

—Eu não sei se te beijo ou te bato. – As paredes ao meu redor parecem cair todas ao mesmo tempo. – Sabe, eu gosto quando você age como você mesmo.

—Eu não posso agir como eu mesmo aqui, Astrid. - Balanço a cabeça. -Nem mesmo lembro quem eu era, para começo de conversa.

—Mas eu lembro. – Sua voz me corta, e o corte fica cada vez mais fundo. – Você falava palavras feias misturadas com palavras bonitas, e eu adorava isso. Você ria engraçado, tipo alguém engasgando. Até do jeito que você costumava me cutucar no ombro eu gostava, apesar de te bater toda vez que você fazia isso.

Chego mais perto dela e cutuco-a de leve no ombro esquerdo enquanto minha outra mão dava um pequeno peteleco no seu nariz.

—Não é legal. – Ela ri.

—Até que é. – Sento-me ao seu lado, ela se encolhe um pouco, de modo quase imperceptível. Mas eu percebo, e isso me mata.

Seu olhar desce pelo meu braço.

—Você ainda o usa. – Ela encara meu pulso, esticado perto dela. Seus dedos envolvem o bracelete que escapa por baixo da camisa social branca. – Você ainda lembra.

Os pelos do meu braço se arrepiam com seu toque.

—Não conseguiria esquecer nem se tentasse. – Respiro fundo. – Juro que tentei.

Calmamente, ela coloca a mão no bolso do uniforme, ficando sentada.

—Eu também tentei. – O bracelete em suas mãos abertas me fazem encará-la. Meu maxilar tranca-se, ainda sem desviar os olhos daquele pequeno pedaço de corda enrolado em folhas e couro. Daquele dia, deitados na grama no meio da floresta. Daquele dia onde descobrimos que éramos mais do que amigos. Muito mais.

—O que estamos fazendo longe um do outro, A?

—Pelos meus cálculos, só besteira. Mas, se ficarmos perto um do outro, será uma catástrofe.

—Eu sempre gostei de catástrofes.

—Eu sei. – Seus olhos dão uma pequena apagada. – Era sua palavra preferida.

—Na verdade, virou minha preferida no momento em que você a falou. – Acendem-se novamente, como dois faróis, e eu sinto-me um barco perdido nesse mar. 

Ela aproxima-se devagar. Sua boca entreaberta parece me convidar para um passeio.

—E a minha cor favorita não é amarelo. – Sussurra perto do meu pescoço, quase rindo. – É que você disse de um jeito tão convicto que amarelo era minha cor preferida que acabou mesmo virando. Eu via o amarelo em tudo, nos girassóis crescendo no jardim da sua mãe, no sol se pondo, nos detalhes da sua camiseta preferida, tudo. Qualquer ponto amarelo me fazia sorrir.

—Ainda faz? – Pergunto, encarando seus lábios.

Ela me afunda com ondas incessantes, sem piedade.

—Nunca parou.

Afundando e afundando e afundando. E engolindo água. E sufocando.  

—Você me odiaria pelo que vou fazer a seguir?

Ela sorri com os olhos. E com a boca. E com a alma.

—Eu já te odeio, não há nada a perder.

Meu cérebro desistiu. Meu coração ganhou. Não tenho controle sobre mim mesmo.

Minhas mãos já estão em sua nuca, tão conhecida, puxando-a para mais perto.

Meus lábios encontram os dela e parece que crianças estão brincando dentro de mim, arrancando cada osso meu e usando-os como espadas. 

Lembro-me de cada detalhe, vêm até mim em flashbacks, batem em meu crânio e fixam-se em minha memória. Não posso gostar de Elsa nem que eu nasça de novo. Tenho certeza de que se eu nascesse de novo, acabaria beijando Astrid novamente.

Nossos corpos já se conhecem, já dançaram juntos, já sabem todos os passos. A coreografia já está montada. Os holofotes já se acenderam e nosso show sempre agradou.

Não importa o quanto a gente brigue e se odeie e grite um com o outro, sempre acabamos assim. Em uma cama. Ou na grama. Ou no lago.

Sempre juntos.

Minhas mãos já conhecem suas costas, suas coxas, sua alma. Minha língua já sabe que rumo tomar.

Meus outros pecados jamais podem ser perdoados. Mas esses pecados? Faço por livre arbítrio, e, se não forem perdoados, tudo bem.

Não me importo. Não é um amor bonito, nunca foi.

Só há nossas respirações agora, nossos sorrisos entrecortados, e isso é tudo de que necessito para continuar.

Ninguém precisa saber.

É a nossa zona de guerra.

E, com certeza, sabemos lutar.

 

 

***


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Notas finais do capítulo

EITA! Então quer dizer que agora o Hiccup está completamente ferrado, certo? Será que ele vai continuar na Seleção? Será que alguém vai descobrir esse amor proibido? Ou pior, será que alguém vai denunciar? Tudo é possível para que Hiccup não chegue na Elite. Todo mundo está de olho em todo mundo, um deslize e tudo vai abaixo. E parece que esse deslize está apenas começando.



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