Pokémon - A Tale of Kanto escrita por SHNeto


Capítulo 3
Treinamento e aliado inesperado


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a longa demora, mas eu tive de repousar um pouco depois de terminar de escrever o capítulo quatro (que em breve será postado, claro) e estou agora terminando o cinco, faltando só algumas descrições. Espero que entendam um pouco da correria em cada capítulo!

Até, ^^!



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A dor latente correu pela carne de Anthony. Os ossos que até Deus jurava estarem quebradiços conseguiram aguentar o impacto da explosão e o cruel espalhar de destroços. As mãos ardiam quando o garoto as usou para pôr-se sentado. Piscou os olhos duas vezes conscientemente, procurando consertar o desfoque de sua visão enquanto usava dos braços para amparar sua tontura devastadora. Sentiu lá no fundo uma ânsia poderosa de dormir novamente, mas recusou a ceder. Tentou falar, mas soltou um gemido quase ébrio por causa da voz distorcida pela dor. A cama em que ele fora colocado tinha um lençol branco cobrindo um colchão maleável e confortável. O cobertor de lã azul que ocultava as suas pernas adormecidas cintilava diante do brilho do luar. Entendeu finalmente onde se localizava no momento que uma enfermeira de roupas longas e brancas entrou na sala e de imediato saiu com o intuito de avisar alguém sobre o despertar do paciente. Uma brisa gélida envolveu o seu corpo, relaxando-o aos poucos para que ele recostasse as costas no travesseiro.

– Anthony! – O soar de uma voz doce o fez querer manter os olhos abertos. – Acorde. Acorde. – O seu corpo chacoalhou-se, os braços foram da esquerda para a direita e de repente enrijeceram. Ele voltou a si quando três enfermeiras cercavam-no juntas de Lisanne. Seus cabelos ruivos caíam por sobre a testa enquanto encarava Anthony. O rapaz notou que Dali também estava no quarto, preso ao suporte para soro fisiológico. – Está me ouvindo?

– Acho que sim... – A visão voltava a se estabilizar. – Como está o Meowth?

Surpresas por causa súbita pergunta, as três enfermeiras adiantaram seus trabalhos, deixando que a bruma do torpor evadisse a mente de Anthony antes de elas prosseguirem com as informações. Dali mostrou uma aptidão para mover aquela cadeira de rodas, se aproximando aos poucos da cama. Sua boca era uma linha reta e inabalável.

– Ele está bem. – disse o homem de cabelos púrpuros. – Você teve sorte, muita sorte.

O rapaz olhou-o com certa estranheza. Sorte? Mas por que sorte? As duas feridas plantadas no último confronto não latejavam mais. Anthony era suficientemente inteligente para sacar o envolvimento de Pokémon com o seu tratamento. O quê ele realmente gostaria de saber no momento era como foi parar por ali. À medida que conversavam sobre os acontecimentos passados, as enfermeiras iam e vinham sem parar. Na última vez que uma delas foi vista por Anthony, foi trazendo o seu parceiro para dentro do cômodo junto de alguns medicamentos.

Meowth se safou bastante do confronto. Uma série de pequenos cortes empesteava a sua pelagem branca acinzentada. Disseram-lhe que a resistência de um felino não suportaria a explosão, mas contaram muito com a sorte e nenhum destroço ou impacto se concentrou nos órgãos vitais e só algumas lesões foram ocasionadas. Sorte.

– Como assim sorte? – perguntou Anthony. Lisanne ajudava o irmão a trocar o balão de soro no suporte de metal.

– Bom, primeiro que vocês dois escaparam com vida. – ele olhou de esguelha para uma sombra no corredor. – Muitos que tentaram antes foram mortos silenciosamente, mas outra pessoa chegou para socorrê-los naquele momento.

– Outra... Pessoa?

Da sombra que se formara na porta brotara uma figura conhecida. Mais alto que Anthony e um pouco mais magro, o sujeito pelo qual os cientistas do laboratório se interessaram apareceu. Mechas negras se levantavam rebeldes pelos quatro cantos de sua cabeça, descendo longos até a altura dos ombros. Sem mais delongas o rapaz atravessou a sala e sentou no peitoril da janela para que pudesse encarar o enfermo deitado.

– Olá. – disse.

– Er... Olá. – Anthony estava bem confuso com a aparição. Sim, muito confuso. Vislumbrou um sorriso desajeitado do rapaz.

– Não parece, mas esse cara te salvou lá dentro. – Dali estreitou os olhos cansados e deixou o peso do corpo descarnado subtrair uns segundos a mais da vida útil daquela cadeira de rodas, podendo assim alcançar o soro e liberar o acesso dele para as suas veias. – Lisanne disse a mim que logo após você ter sido derrotado, os homens foram um a um para perto de seu Pokémon e tentaram recolhê-lo para a esfera... Mas de alguma forma, o seu Meowth não desmaiou na explosão. Talvez por ter usado o Sandshrew para abafar a explosão.

Anthony deu uma olhadela em seu companheiro em repouso, analisando a sua pequenina e nada frágil estatura.

– Quando eles perderam a atenção em mim – Lisanne retomou a explicação. – eu aproveitei para me aproximar de você, mas Klaus ainda não terminara de fazer a sua “justiça”. Ele mandou Rhyhorn acabar com você enquanto caído, o quê provocou mais ira no Meowth.

– Foi aí que eu cheguei. – Informou o rapaz de família rica. De um dos bolsos do seu casaco ele retirou uma garrafa de água de uma marca até que famosa, abrindo a tampa redonda e azulada para que pudesse jorrar o líquido por entre os lábios e umedecer a sua garganta. – Eu vi você saindo do laboratório e tentei te chamar, mas aqueles caras chatos ficaram me empurrando produtos os quais eles dizem estar projetando desde sempre, pois é. Quando eu fui atrás de seu rastro uma mulher me disse que você entrou na trilha havia alguns minutos. E então eu segui sozinho até hoje de tarde, quando eu vi você entrar naquele ginásio e não voltar.

– Entendo. – Anthony disse.

– Eu não lutei com eles, não dava. – afirmou. – No momento em que eu vi Lisanne te erguendo pelo braço e tentando te tirar dali, eu decidi apenas conceder-lhes tempo.

– Como você lutou? Eu não vejo nada que o faça... – E finalmente notou uma sexta presença no quarto.

Era o ser esverdeado que viu no laboratório. As longas lâminas de seus braços tilintavam ao tocar nas paredes duras do Centro Pokémon. As suas patas pesadas faziam ecoar um ruído parecido com uma superfície plana caindo em aço, um baque surdo. Uma coisa prosseguia assustando profundamente Anthony, e essa coisa eram na verdade duas, os olhos do poderoso e misterioso ser. Afiados como facas que procuravam flancos e dentavam a carne de suas vítimas. Contrariando todos os sombrios pensamentos e teorias que o menino formulava, o Pokémon riu e aproximou-se do seu mestre, cruzando a cama e deslizando levemente a ponta de uma de suas lâminas pelo chão, formando uma linha rasa ali.

– Maldição. – praguejou o enfermo, furioso. – Eu perdi de forma tão deplorável...

– Não foi ruim. – disse Dali. – Ele usou três Pokémon e você um só.

– Mesmo assim, eu mal pude contra atacar direito.

– O meu irmão pode te ajudar a consertar isso. – Lisanne disse. – Não é, Dali?

O cadeirante assentiu.

– Se ele quiser. – complementou. – Claro.

Anthony olhou para Meowth, depois para Lisanne e então para Dali.

– Eu aceito.

Há muito tempo atrás não havia alguém que vencesse o líder de Viridiana. Os seus poderes se elevavam aos céus e sua força de vontade era temida até mesmo pelos integrantes da elite quatro de Kanto. Um dia, esse líder perdeu e veio a falecer, devastado por um guerreiro ainda mais forte que qualquer outro já visto. O ginásio começou a ruir pela segunda vez em sua história. Quando soube disso, um pequeno e jovem menino que morava nas redondezas assumiu uma audaciosa missão de assumir aquele lugar e proteger a sua cidade... Certo dia, o garoto conseguiu se tornar um treinador. Fez as suas malas e rumou para o ginásio com o intuito de reerguê-lo, mas quando chegou lá e abriu as portas ele presenciou uma cena grotesca. Um rapaz de boa vida filho de um grande mercador estabeleceu seu minúsculo governo dentro daquele edifício. Passaram-se três anos e o menino enfrentou-o pelo domínio do lugar e sofreu um ataque covarde na barriga, tendo obstruídos vários órgãos vitais para o seu organismo. A sua longa estrada de jornada encerrou-se naquele dia. Hoje, o rapaz de cabelos púrpuros vive abandonado no Centro Pokémon, a espera de uma pessoa que consiga ajuda-lo a derrotar esse tirano. E essa pessoa apareceu.

– Porcaria! – Praguejou Anthony. O orvalho cintilante da noite fora varrido em meio a uma lufada de ar rasteira e cortante. – Meowth, reestabeleça-se!

Mesmo com a ordem o felino não conseguiu terminar a sequência e caiu de joelhos sobre uma pequena porção de terra úmida. Do outro lado vinha o enorme ser esverdeado. Mascando as gramíneas e o chão com as lâminas, o Scyther avançou impiedoso. Concretizou a corrida sem problemas, planando de tão rápido e por causa do uso das pequenas asas que portava nas costas. Descreveu um longo arco com os dois fios laminares e pausou a corrida, de frente para Meowth, mais rápidas que uma guilhotina e também mais precisas.

O gato liberou as garras e as alongou levemente para que, quando caísse, pudesse defender o golpe duplo. Um baque surdo de duas superfícies potentes se tocando corroeu os ouvidos de Anthony e de seu mais novo companheiro chamado Luke. O louva deus recuou por um momento e voltou a atacar, procurando utilizar de suas pernas para emboscar o oponente, martelando um chute perfeito no estômago de Meowth, projetando-o para a lateral. O vulto branco acinzentando quicou e freou a queda com as garras, de pé. Mostrou os dentes e partiu para mais uma troca de ataques certeiros.

– Agora, salte! – A ordem saiu do melhor jeito possível. O felino passou uma enorme força muscular para os membros inferiores e reforçou com uma descarga dos superiores enquanto em contato com o chão de terra. Em um impulso singular ele levou-se ao ar e deixou que o avanço de seu inimigo passasse no vácuo. – Golpeie-o com a sua técnica secreta!

Assentiu e desceu os ares com as garras em riste. Por um milésimo, apenas por um, todo o clima se intensificou. As folhas balançaram mais lentamente em conjunto com as folhagens das árvores. O bater das asas de um Pidgey aleatório marcou em câmera lenta um quadro belo. Foi aí que o combate atingiu o seu desfecho. As duas armas-membro do Scyther deslizaram e foram separando delicadamente as correntes de vento noturnas até que se chocassem com uma barricada de ataques do Meowth, todos usufruindo das suas garras. O tilintar dos materiais se chocando foi surpreendente. Nem Dali ou Lisanne esperavam ver aquilo.

– Eles são bons. – disse ela enquanto acariciando a sua Nidoran na barriga.

– Concordo. – Dali já havia visto antes diversos treinadores poderosos, mas os dois poderiam ser mais do que fortes. – Mas eu vejo em Anthony um certo desespero durante o combate.

– Como assim?

– Ele não tem total controle de si mesmo enquanto disputa forças com um adversário de seu nível. – Dali decidiu arriscar em seu palpite – Ele provavelmente não quer pôr Meowth em perigo. Você sabe...

Lisanne observou o irmão, migrando olhares para os dois treinadores e os lutadores. Meowth acabara de se lançar contra Scyther, transpassando as suas defesas com diversas estocadas das suas garras, riscando o material poderoso dos braços do louva deus. Mas o esverdeado sabia por onde receberia o golpe e por isso delineou um segundo chute na luta, esmagando uma das patas do felino e o fazendo rodopiar no ar e desfalecer sobre o piso, retraindo as garras. O Scyther mastigou uma enorme quantia de ar e estufou os pulmões para manusear de suas energias, rasgando o ar em um avanço retilíneo.

– Chega! – Dali ordenou, parando imediatamente a ação do Pokémon inseto. Luke, quem estava mais próximo do ex-treinador, acenou com a cabeça em aprovação. – Acha mesmo isso, rapaz?

– Sim, ele melhorou bastante desde três dias atrás. – disse o treinador iniciante. – Ele realmente não treina há muito tempo como eu. Tive de facilitar nas primeiras lutas, mas agora ele consegue proceder ao confronto e me dar um bom trabalho.

– Muito bem, então. – Dali baixou os olhos e bufou, cansado. O suor ocasionado pelo calor de Viridiana escorreu de sua testa enrugada e ensopou seus fios púrpuros bagunçados e brilhantes. – Eu tenho uma sugestão agradável para você, Anthony.

O rapaz deu-lhe a atenção merecida. Meowth ergueu-se com o auxílio de seu dono e acariciou as costas da pata, respirando forçadamente pelo ardor do treino.

– Qual?

– Acho que você precisa de um segundo Pokémon bem mais cedo do quê esperávamos. – Soou prático e sem mais delongas usou de seus braços acostumados para mover o seu “veículo”. – Sigam-me, quero mostrar-lhes algo interessante.

E rumou campo abaixo, passando pelo fino véu de relva que cobria uma placa de terra lisa e úmida cuja extensão se demarcava por quilômetros. Lisanne, Luke e Anthony seguiram o cadeirante sem dificuldades e assim fez o tempo passar mais rápido, as nuvens correram pelo céu e a manhã se tornava uma tarde. Quanto mais andava, mais ardiam-lhe as coxas. A pele se tornava molhada e molenga por causa do suor e transpiravam rios salgados pelos poros, empapando certas partes de suas roupas. O sol majestoso e também impiedoso escalava o céu sem parada havia horas e enfim havia se cansado, preparando um trajeto para repousar. Meowth parou de massagear seu ferimento e voltou a ficar ao lado de Anthony quando cruzaram uma pequena ponte que levava transeuntes para perto de um amontoado irregular de casas opulentas.

– Continuem me seguindo. – disse Dali sem olhar para os rostos de seus companheiros. – Não liguem para as casas, não são nada demais.

Prosseguiram em silêncio. Luke vestia uma jaqueta de couro daquelas que esquentam só de observar, com estofados de seda e tecidos maleáveis, mas resistentes como lona. Mantinha uma juba negra sobre a cabeça redonda, penteada e reluzente. Diferente de seu pomposo companheiro, Scyther era completamente vulgar. Cicatrizes rasas vindas do combate com Meowth faziam-no parecer um Pokémon judiado por seu treinador, e sem sombra de dúvida haveria algum idiota do Fã Clube que tentaria arrancá-lo de Luke por causa disso. O Fã Clube, para a informação de vocês leigos, é uma associação lotada de gananciosos colecionadores e fanáticos insensatos que pensam nos Pokémon como objetos de adoração e conservação cuja função é apenas servir e agradar os seus donos. Besteira. A maioria deles não sabe viver sem lutar. Um exemplo vivo é o próprio Scyther.

Depois de percorrerem um caminho plano vieram as colinas. Ondulando o chão arenoso, subindo e descendo em um ciclo infinito. Infinito até acabar. Afinal, o pra sempre, sempre acaba. E as casas começaram a aparecer mais, logo após a primeira colina com seis casas havia outras duas com nove cada. Praticamente vizinhanças organizadas com um sistema respeitável de correios ligados ao grande monopólio mensageiro de Pallet. Ah é! Existe também a organização dos correios que é a responsável por transportar Pokémon, dinheiro, mensagens e itens diversos, tudo pela boa causa dos treinadores. Aqueles cujo talento não se estendeu se tornam na maioria das vezes colaboradores dessa empresa.

Dali parou sua “caminhada” sobre rodas quando as pontas de seus pés inativos tocaram de raspão o topo de um degrau. Com o auxílio de sua irmã, o cadeirante subiu por uma rampa situada não muito distante da escadaria. Os dois iniciantes os seguiram um pouco afastados e começaram um pequeno bate papo.

– E aí? Qual o seu objetivo por aqui? – Anthony perguntou.

– Eu só quero lutar, Anthony, eu acho que é evidente. – disse Luke. Sorria fortemente. – Primeiro eu vou te ajudar e depois irei para Pewter.

– Entendo. Só que eu pretendo fazer o mesmo.

– Pretende ser um campeão?

– Eu planejo tentar ser um, não quer dizer que eu consiga.

– Poxa. – pareceu frustrado. – Não é sempre que conseguimos, mas não é exagero determinar o objetivo como se fosse obtê-lo.

– Pode até ser.

– Mas é. – Virou o rosto e estendeu a mão para, sem medo, acariciar a cabeça do todo poderoso Scyther. – Esse garotão aqui nasceu para lutar, assim como eu. Provavelmente estará comigo quando eu for vencer a Liga.

Trocaram olhares desgarrados e gargalharam juntos.

– Não seja tão confiante. – disse Anthony.

– Eu acho que eu posso. – debochou Luke. – Afinal, fui eu quem te salvou.

Riram em conjunto. De repente, Luke tornou-se sério.

– Tem certeza de que quer enfrentar o Klaus mais uma vez? – ele tentou mediar suas palavras para não ofender Anthony. – A surra que você levou da última vez não me deixa seguro.

– Relaxe. – rebateu a afirmação – Eu e o Meowth não vamos perder dessa vez, pois eu tenho um plano.

Um casarão de três andares se destacava entre seus irmãos e irmãs de dois e um andares, soberano e firme. De estrutura oriental com toques modernos, a edificação fora montada em formato de um paralelepípedo de base quadrada e faces laterais retangulares de cimento e tijolos cobertos por uma fina camada de gesso azulado. A porta de entrada era uma maciça placa de madeira envernizada, portando uma maçaneta de aço ligada a uma série de trancas e fechaduras. Do bolso, Dali retirou uma pequena chave de cabo anelar com dois dentes, um maior e um menor, parecendo uma letra F quando virado de cabeça para baixo. Inseriu precisamente a ponta do item na tranca mais baixa, destravando as superiores quase que instantaneamente. Suspirou.

– Vamos, podem entrar. – ele olhou para Lisanne antes dos outros. – Passe no seu quarto antes de ir para a sala.

– Tudo bem.

Anthony foi o primeiro a entrar, seguido de seu anfitrião, Luke e Lisanne que subiu as escadas logo após passar pela porta. Os dois garotos ajudaram Dali a deslocar-se pela sala, passando por degraus e elevações de madeira e do piso. Quando acabaram de atravessar o cômodo de estar, o cadeirante observou-lhes com certo apreço.

– Eu espero que saiba no que está se metendo, Anthony. – disse por fim.

– Eu também.

Dali abaixou-se. Sentiu a barriga magra tocar as coxas descarnadas enquanto se esforçava para alcançar uma gaveta bem instalada na região inferior de um raque de televisão, daqueles de madeira. Retesou o braço, passando a mão pela fresta da gaveta para dedilhar alguns objetos em seu interior apertado, quase cheio. O trabalho árduo o fez respingar suor, trazendo à tona a preocupação de seus dois “aprendizes”. Decidiram ajuda-lo, mas o homem regrediu a pose normal, dessa vez segurando uma esfera vermelha e branca.

– Aqui está. – Entregou-a para o rapaz. Fez aquilo de bom grado e sorrindo. – Eu espero que possa ajudar você em alguma coisa.

– Certo... Vamos ver como eu posso usá-lo!

E a esfera se abriu.

Klaus estava sentado quando recebeu a infame notícia. Um dos seus empregados o alertara de que Anthony, o oponente que escapara, iria desafia-lo mais uma vez.

– Está tirando sarro de mim, Shepard? – disse. – Não houve ninguém que veio me enfrentar pela segunda vez.

– Eu não estou brincando, líder. Eu os vi há pouco tempo entrando na casa daquele aleijado.

– O Dali? – a sua expressão mudou. Os lábios se comprimiram drasticamente quando ele entendeu o quê aconteceu. – Então quer dizer que aquela idiota procura se opor a mim mais uma vez.

– Mas mestre, eu acho que ele não tem chance alguma contra você.

Shepard percebeu um estranho nervosismo de Klaus. Apertava demasiadamente o nó dos dedos, fechando os punhos sobre o assento de aço em que se sentava. Os músculos tencionavam trêmulos.

– Por que está assim, chefe?

– Você não sabe do que aquele maldito cadeirante é capaz. – Ele reprimiu o medo e lhe deu um sorriso afiado, mostrando sua confiança esmagadora. – Mas não tem problema... Eu vou esmagar esse moleque.

Uma interrogação brotou na face do funcionário.

– Chame todos e peça para que providenciem as arquibancadas. Agora sou eu quem estará desafiando ele.

– Isso quer dizer...

– Sim, convoque um duelo entre eu e Anthony.


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Notas finais do capítulo

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