Como nos velhos tempos escrita por Ane


Capítulo 3
Motivos


Notas iniciais do capítulo

Primeiramente eu queria pedir mil perdões por ter demorado tanto pra atualizar a fic, minhas aulas da faculdade voltaram e com elas eu mal tenho tempo até pra dormir, tá difícil :(
Por causa disso, talvez eu demore a postar os capítulos, mas garanto que mais de 15 dias não passam. Vou tentar compensar fazendo com que fiquem bem melhores kk



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Eu nem conseguia mais escutar o que Eiji estava falando.
        Só conseguia rir em descrença e encarar aquele cara idiota na foto com um pedaço de capim na boca parecendo cada vez mais inútil a cada ano que se passava. Sem falar daquele cabelo. Mas principalmente, porque ele estava em Edo?
        Droga Sougo, nós tínhamos um acordo, não era?!
        Te dei um ótimo motivo para nunca mais ser capaz de olhar na minha cara...
        E agora lá estava ele. Ótimo!
        E ainda, para completar, era por causa dele que eu estava ali com aquelas pessoas detestáveis. E o que eu iria fazer? Iria aceitar o trabalho e trazer ele até aquele lugar? O que iriam fazer com ele? Como que diabos que eu iria trazê-lo? O que diabos ele tinha feito?
─... E eu até soube que vocês viviam brigando no passado ─ Eiji continuava falando com aquele tom irritante, como se desesperadamente tentando me convencer ─ Quase até se mataram várias vezes! Seria uma ótima oportunidade. Além do que, você sabe... Tem uma grana muito alta de recompensa...
        Sabe-se lá o que Sougo estava fazendo, estava irritando gente bastante poderosa. Sempre que um inimigo irritava o grande chefe deles, era oferecida uma recompensa para o grupo que o encontrasse primeiro, além de serem mais reconhecidos pelo comandante.
        Droga... Eu não tinha a mínima ideia do que fazer, mas precisava dar uma resposta ali, naquele momento. O que eu iria fazer? Cada pensamento por segundo incluía pelo menos uns cinco xingamentos ao Sougo.
─ Eu ainda não tenho certeza ─ Entreguei finalmente a foto à Eiji, interrompendo-o. ─ Mas eu talvez possa estar um pouco mais segura amanhã.
─ Penso que seria melhor que você estivesse certa hoje... – Ele se aproximou e olhou bem nos meus olhos, deixando claro uma intenção assassina ─ Não posso deixar que saia com uma informação dessas... Mas claro, sinta-se a vontade.
        Era idiotice pensar que eu poderia sair dali negando qualquer coisa. Poderia até sair, mas teria que lidar com todos eles, ali ou depois.
        Sinceramente, quando foi que eu comecei a ter que evitar a todo segundo estar morta até o final do dia?
─ Eiji pelo amor de todos os deuses possíveis, para de bancar esse cara gentil e cortês porque eu sei que você tá a ponto de apontar uma faca na minha garganta e me forçar a fazer isso ─ Disse num ímpeto.
        Ele reagiu com um longo sorriso.
─ É por isso que eu amo você!
─ Ah... ─ Suspirei. E que escolha eu tinha? ─ Eu vou tentar, tá legal? Não posso garantir nada. Aquele idiota é um demônio, vai ser quase impossível trazê-lo até você. E mesmo que eu não consiga, te dou uma informação que possa lhe dizer onde ele está. Satisfeito? Agora... Eu espero que quando eu me virar ninguém me impeça de sair desse lugar, porque sinceramente você conseguiu me deixar bastante irritada.
─ Ainda bem ─ Eiji respondeu com um olhar e tom sarcástico ─ espero que você consiga, ou eu vou precisar apelar para o meu pior lado com você. Hoje eu dei um desconto, eu tô com ótimas esperanças para essa semana. Então não queira me irritar, porque eu realmente gosto muito de você... Viva.

─ Até quando, hein, Sadaharu?!
        Sadaharu me olhava com dúvida enquanto eu desferia chutes contra uma árvore. Ou pelo menos o que um dia teria sido uma árvore.
─ Até quando aquele maldito vai continuar na minha vida, hein? Quer dizer, existem milhares de malditos na minha vida... Nossa, que época abençoada!
        Nós estávamos em uma pracinha abandonada que estava praticamente destruída, mas eu costumava ir lá com Sadaharu quase sempre para nos distrairmos, desde antes de todo esse caos.
─ E como eu vou saber onde ele tá?! Eu não tenho ideia de como funciona aquela mente retardada e sem sentido! Ele pode simplesmente estar matando esse povo todo só por tédio ou algo assim, e nem perceber com quem tá mexendo... Argh... Só de pensar em encarar aquele cara de novo me dá enjoo... ─ Parei de chutar a árvore, ou melhor, o que tinha sobrado dela, e suspirei. Precisava fazer aquilo, de qualquer forma.
        Eu tinha que encontrá-lo, inicialmente. Em outros momentos eu estaria feliz por não ter a mínima noção de onde ele poderia estar, e até estava, mas teria que enfrentar diversos problemas se eu não o encontrasse.
─ Bem... Já que é pra matar esse maldito, eu deveria aproveitar. Vamos Sadaharu.
        Eu poderia definitivamente matá-lo.
        Eu poderia?

        11:45. Daqui há alguns segundos ele certamente estaria ali. Aquele cara todos os dias ia pontualmente a uma falida lojinha para comprar cada vez mais cigarros. Sabe-se lá quanto tempo aqueles pulmões ainda aguentariam. Naquele dia não foi diferente. Observei-o entrar na lojinha de longe e logo depois me aproximei e fiquei esperando na porta. A velhinha do balcão já o conhecia, e nem se incomodava mais com as baforadas de fumaça que ele espalhava por sua loja sem ao menos pensar se alguém estava achando ruim. Velhos hábitos realmente nunca mudam.
─ Se continuar fazendo isso vai morrer em pouco tempo. ─ Disse no momento que Hijikata saiu da loja, e ele pareceu surpreso em me ver por alguns segundos.
─ Não me importo mais com vida ou morte. ─ Ele soltou fumaça pelo nariz enquanto guardava algo em seus bolsos. ─ Será possível que sempre vai existir um Yoruzuya para me irritar? Você realmente herdou péssimos hábitos de uma péssima pessoa...
─ Preciso de uma informação. ─ Interrompi.
─ Uh? E o que eu tenho a ver com isso?
─... Preciso saber... Onde o Sougo está... ─ Falei com hesitação. Era realmente humilhante estar publicamente procurando por aquele maldito.
        Fiquei esperando alguma resposta, mas Hijikata apenas olhava para mim com os olhos serrados.
─ Mas olha só...
─ O que foi? ─ Perguntei irritada com aquela expressão.
─ Eu não sei qual é a coisa mais estranha... Você estar atrás do Sougo ou achar que eu sei onde ele está.
─ Você com certeza o conhece muito melhor do que eu.
─ Conheço? ─ Ele tragou mais uma vez o cigarro.
─ Você sabe ou não sabe onde ele está?
─ Não faço ideia. Não conheço a cabeça daquele idiota. Por que você quer saber dele, de qualquer forma?
─ É pessoal... Ah droga... ─ Sussurrei para mim mesma. ─ Bem, se você não sabe...
─ Espera. Talvez eu saiba de uma coisa ou outra.
─ Estou ouvindo.
─ Na última vez que ele veio aqui, ele falou algo sobre ir atrás dos malditos que se aproveitaram da situação de Edo...
        Edo havia inicialmente se despedaçado por causa de um vírus mortal que dizimou grande parte dos habitantes. Quanto mais pessoas morriam, mais caos era estabelecido e mais grupos com más intenções aproveitavam da situação para tomar o controle. Chegou ao ponto de haverem brigas de diversas gangues para o controle de uma única área, mesmo esta devastada pelo vírus.
        O ser humano nunca cansa do poder.
─ E você sabe qual motivo para ele fazer isso? ─ Perguntei.
─ Não sei ─ Disse ele com uma risada ─ Talvez ele estivesse entediado. Pessoas como ele se entediam fácil.
─ Aquele idiota... Então foi por isso que ele foi embora?
─ Talvez. Não sei, na verdade. Pelo menos esse era um dos motivos para ele ir.
        Então seria mesmo esse o motivo? Por que ele simplesmente iria atrás dessas pessoas? Desde quando ele dava a mínima? E por que ele não me disse?
─ Era só isso que você queria saber? ─ Hijikata falou depois de perceber que eu estava pensativa por algum tempo.
─ Você sabe onde ele poderia estar?
─ Isso eu definitivamente não sei. Faz muito tempo. Pra falar a verdade nem sei se ele pode estar vivo... Não... ele com certeza está vivo. ─ Ele tragou mais uma vez o cigarro e o soprou com um leve sorriso. ─ Enfim, se é só isso, eu vou indo.
─ Tudo bem... ─ Disse de maneira vaga, ainda pensando em algum lugar onde ele poderia estar.
─ Ei ─ Hijikata disse antes de dar mais alguns passos ─ Dê uma surra naquele cara por mim. Pra compensar todas as vezes que ele tentou me matar.
        Ah... Com certeza eu iria
        Saí de lá pensando onde ele poderia estar. Por mais que seria algo comum do Sougo ir atrás de lutar, era algo bastante estranho ele simplesmente decidir isso do nada, depois de tanto tempo. Mas bem, esse não era o problema agora, precisava pensar. Se Sougo realmente foi atrás de eliminar todas as gangues que ele podia eliminar, e agora era a vez dos Gafanhotos, eu teria que deduzir onde ele poderia estar agora. Os Gafanhotos têm “filiais” em vários distritos abandonados, mas se a notícia que alguém andou matando seus membros chegou até o chefe, significa que foi em uma dessas “filiais” principais, que ficavam ao Norte. Pelo visto, a minha única alternativa era procurar de cidade em cidade notícias daquele idiota. Havia pelo menos uns seis locais principais dos Gafanhotos ao Norte de Edo. Sabe-se lá quanto tempo eu iria demorar para quem sabe poder acha-lo...
        Típico, sadista imprestável, típico...
        Você realmente nunca vai me deixar em paz.


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