Três meses e dois dias depois...

Merliah sentia o seu corpo completamente dolorido. Sabia que se tentasse mover apenas uma parte de seu corpo a dor pioraria.

Suas pálpebras estavam pesadas, por isso ela mantinha-se de olhos fechados. Podia sentir que estava deitada em uma cama confortável e que estava coberta por um lençol também confortável.

Aos poucos começou a ouvir uma voz ao seu redor. Uma voz que ela conhecia muito bem. E com um pouco de esforço, decidiu abrir os olhos para conferir. Sua vista estava um pouco embaçada, piscou algumas vezes e percebeu que estava encarando um teto muito branco, e um pouco alto. Lembrava a ela a enfermaria de hogwarts, mas o teto não era tão branco assim. Decidiu mexer a cabeça, com muito mais esforço, e como resultado, sua cabeça doeu. Muito.

Olhou a sua direita e viu algumas camas postas lado a lado. Foi aí que percebeu, estava em um hospital. Mais precisamente no St. Mungos. Mexeu a cabeça para o seu lado esquerdo, – sentindo novamente a sua cabeça doer. - E pôde ver uma cabeleira ruiva espalhada em sua cama, sorriu fracamente. Com a voz fraca por não a usar a muito tempo disse:

— Mamãe?

Gina levantou a cabeça da cama rapidamente, olhou para a filha e sorriu carinhosamente.

— Você acordou! – Gina exclamou. - O que está sentindo? Tem alguma dor?

— Só estou com o corpo dolorido, e quando abri os olhos minha vista estava um pouco embaçada, mas já não está mais. – Merliah respondeu com a voz ainda fraca, escondendo de sua mãe o fato de sua cabeça estar quase explodindo.

— Pena seu pai não estar aqui, ele ficaria muito feliz em tiver acordada. – Gina comentou.

— Onde ele está? – Merliah falou com a voz já se normalizando.

— Nesse momento no trabalho, mas saiu daqui quase que obrigado. Ele queria te ver acordar. – Gina lhe respondeu.

— Mãe, a quanto tempo eu estava desacordada? – Merliah perguntou. Sua voz já estava normal, apesar de debilitada.

— Uns três meses e dois dias. – Gina respondeu precisamente.

— O que? Como assim? Como pude ficar tanto tempo desacordada? – Merliah falou alarmada.

— Filha, se acalme. Isso é normal. – Gina falou

— Normal? Você por acaso já ficou desacordada por três meses e dois dias? – Merliah falou irônica.

— Bom, sim...

— Quando? – Perguntou surpresa.

— Quando os meus poderes se bloquearam completamente em meu corpo, fazendo com que eu pudesse controlá-los. – Gina explicou.

— Mas eu... eu não... – Merliah falou confusa. - Isso aconteceu comigo?

— Sim, meu bem. Está vendo isso aqui? – Gina perguntou pegando uma das mechas dos cabelos de Merliah. A menina arregalou os olhos quando viu que a mecha estava branca e não negra. – É a prova que seus poderes estão controlados.... Não se preocupe, é só essa mecha.

— Se isso é a prova de que meus poderes estão controlados, por que a senhora também não tem algo do tipo? – Merliah perguntou mais curiosa que nunca. Sempre quis saber mais sobre os poderes da mãe.

— Quem disse que eu não tenho? – Gina falou enquanto pegava uma das mechas de seu cabelo, e merliah pôde ver que aquela era mais vermelha que o resto do cabelo. – Percebe que ela é mais vermelha do que deveria? – Merliah assentiu. – Então, quando meus poderes estavam completamente descontrolados e meus pais me ajudaram a controlá-los, essa mecha ficou mais vermelha.

— Então... eu vou ficar com a mecha branca nos meus cabelos para sempre? – Merliah questionou.

— Sim... quer ver como ficou? – Gina perguntou um pouco empolgada.

— Sim. – Merliah respondeu ficando ansiosa.

Gina pegou sua bolsa que estava no chão, tirou de lá um pequeno espelho e o entregou a filha. Merliah pegou e se olhou como não fazia desde que foi raptada.

Ela tinha que admitir, seu rosto estava horrível. Haviam pequenos machucados em todo o seu rosto. - Que estava mais pálido que o normal. - Seus olhos exibiam olheiras e ela não sabia se era impressão, mas seus olhos pareciam um pouco mais claros. Ela olhou para o cabelo, tirando o fato dele estar solto e bagunçado, ela adorou a mecha branca. Deixou escapar um pequeno sorriso, fazendo Gina sorrir também.

— Adorei o meu cabelo..., mas, por que os meus olhos estão mais claros que o normal? – Merliah fez mais perguntas.

— Ah, não se preocupe, eles vão voltar ao normal aos poucos. Acho que amanhã mesmo ele já estará normal. – Gina esclareceu.

— Está bem... – Merliah balbuciou. Não era que realmente a preocupava. – Mamãe onde estão os meus irmãos?

— Depois que eles se recuperaram, James voltou para hogwarts para terminar o ano letivo, Alvo e Lilian voltaram para casa. Mas agora nesse momento, todos estão em casa. – Gina a tranquilizou. - Eles queriam vir te visitar, mas eu lhes disse que eles poderiam vir depois.... Ah! Já ia me esquecendo querida. – Gina falou de súbito. Se abaixou e voltou com um embrulho em mãos. – Feliz aniversário!

— O que? Já é meu aniversário? Já tenho 17? Posso usar magia em casa? – Merliah falou maravilhada.

— Sim querida, apesar de você já ter feito isso sem ter 17. – Gina respondeu divertida.

— Isso é para mim? Mãe não precisava. – Merliah falou notando o embrulho nas mãos de Gina.

— Ora filha, o que tem demais seu pai e eu te darmos um presente? – Gina não esperou resposta. - É claro que não sabíamos que você acordaria logo hoje, mas nós já tínhamos comprado e te daríamos assim que se acordasse.

— Está bem. – Merliah cedeu pegando o embrulho das mãos de sua mãe – o que é?

— Abra e vera. – Gina tinha um sorriso maroto no rosto.

Merliah abriu o pequeno embrulho e sorriu um pouco confusa, mas amando o presente.

No pequeno embrulho, Liah encontrou um colar feito de prata, com um pequeno redemoinho como pingente, também feito de prata. Ela o pegou e o aproximou do rosto.

— Por que um redemoinho? – Perguntou curiosa.

— Bom, ele meio que representa os seus poderes... o ar. – Gina justificou.

— Representa?

— Sim estique a mão, feche os olhos e respire fundo. – Gina pediu.

Merliah fez o que a mãe pediu, e logo percebeu uma leve brisa na palma de sua mão.

— Agora, abra os olhos. – A voz de Gina parecia um pouco entusiasmada.

Merliah abriu e arregalou os olhos surpresa. Um pequeno redemoinho pairava na palma de sua mão girando descontrolado.

— Esses são os seus poderes... – Gina falou com um brilho nos olhos. - Em miniatura, é claro.

— Uau. – Ela falou um pouco abobada.

Fechou a mão e quando voltou a abri-la, o redemoinho já não estava mais lá.

— É, conseguiu mesmo controlá-los. – Gina falou com orgulho.

— Estou adorando poder fazer isso. – Merliah confessou,

— Estou muito orgulhosa de você, querida.  – Gina também confessou. - De você e de James, que fizeram de tudo para que Lilian e Alvo chegassem aqui sem machucados.

— Mas eles ainda foram atingidos por aquele feitiço das trevas – Merliah falou recordando, o que podia dizer ser o pior momento de sua vida.

— Eu sei, mas fora isso, eles estavam sem nenhum arranhão. Estou orgulhosa de vocês dois. – Gina insistiu, não querendo que Merliah ficasse deprimida.

— Obrigada mamãe, e agradeço o presente. É lindo.

— Quer colocar? – Gina mudou de assunto.

Merliah assentiu.

Gina a ajudou a colocar o colar, e merliah ficou o admirando encantada por poder estar com sua mãe no dia de seu aniversário. Ela queria que seu pai estivesse ali também.

Seu pedido foi atendido duas horas depois, quando a porta do quarto onde ela estava foi aberta e por ela surgiu o seu pai.

O semblante cansado, mas que logo mudou para felicidade quando viu a filha acordada. Ela lhe sorriu e estendeu os braços para ele pedindo um abraço. Harry correu na direção da filha e quando a alcançou a abraçou fortemente, porém logo desfez o abraço, quando a filha gemeu baixinho pelo seu aperto no abraço.

— Está tudo bem? Eu te machuquei? Sente alguma coisa querida? A quanto tempo está acordada? – Harry a bombardeou com perguntas.

— Eu estou bem papai, você não me machucou, meu corpo só está um pouco dolorido. - Ela o tranquilizou. - Eu acordei a....

— Duas horas atrás. – Gina a interrompeu.

— duas Horas atrás? E por que não me mandou um patrono ou coisa do tipo Gina? – Harry falou um pouco aborrecido.

— Pra você vir correndo e abandonar o trabalho? Não, nada disso Sr. Potter. – Gina respondeu autoritária.

— Mamãe está certa papai, não quero que abandone suas tarefas por minha causa. – Merliah concordou.

— Tal mãe, tal filha. – Harry brincou.

As duas se entreolharam e sorriram cúmplices uma para outra.

— Feliz aniversário querida. – Harry falou e depositou um beijo na testa de Merliah. – Vejo que sua mãe já lhe deu nosso presente.

— Sim, e eu adorei papai. – Merliah respondeu voltando a admirar o colar em seu pescoço.

— Que bom, meu anjo, ficou lindo em você. – Harry falou também admirando o colar no pescoço da filha.

Eles ficaram alguns minutos conversando, até que alguém batera na porta e entrara em seguida. Era a curandeira.

— Olá, Srta. Potter, preciso fazer uns exames para ver se estar tudo, OK.  – Ela anunciou. - E se não precisa ficar mais tempo aqui caso contrário sairá hoje à noite.

— Certo. – Merliah falou um pouco apreensiva. Queria poder sair dali o mais rápido possível.

— Não se preocupe querida, ela cuidou de mim quando aconteceu o mesmo comigo. – Gina tratou de acalmar a filha.

Gina e Harry se despediram da filha com beijos na testa e saíram para que a curandeira pudesse fazer os exames necessários na menina.

Ela fez vários exames por longos minutos, até que acabou. E então se fez ouvir.

— Bom, não há nada de errado com a Srta., exceto os olhos mais claros, mas eles voltam ao normal com o tempo. Quanto aos seus machucados, é só trocar os curativos das mãos e colocar essa poção em todos eles. – A curandeira explicou entregando a menina um frasco vermelho tamanho médio. – Tem que passá-lo todas as vezes depois do banho. Seu irmão James também estava usando, e ela também ajuda com as dores no corpo.

— Certo, obrigado. – Merliah agradeceu enquanto colocava a poção na mesinha ao lado de sua cama.

— De nada Srta. Potter. – A curandeira se encaminhou para a porta, chegou a abri-la, porém não saiu. – Srta., acho que você tem visita.

— Visita? – Quem poderia ser?  Ela pensou.

— Sim, por favor entre. – A curandeira falou com a pessoa do lado de fora.

A tal visita entrou, e Liah estacou sentada na cama quando viu Teddy entrar pela a porta, e seus cabelos antes da cor vermelho, mudar imediatamente para o azul.

Assim que seus olhos se encontraram, ele sorriu e ela sorriu de volta encantada. Ele se aproximou dela e sentou-se na cadeira que antes Gina estava. Sem desgrudar os olhos dos dela em momento algum.

Ela levantou uma de suas mãos e tocou os cabelos azuis de Teddy fazendo um pequeno carinho no local. Ele fechou os olhos com aquele gesto, e a ouviu-a dizer:

— Estava com tanta saudade dessa cor.

— E eu com saudade desse sorriso lindo. – Teddy respondeu e abriu os olhos, se inclinando sobre ela com a intenção de beija-la, mas ela se esquivou dizendo:

— Estou com mal hálito.

— E eu com saudade. – Teddy insistiu, puxando-a pela nuca e colando seus lábios aos dela em um beijo cheio de saudade, que ela logo retribuiu.

— Feliz aniversário, pequeno lírio. – Ele lhe desejou chamando-a pelo apelido carinhoso que ele lhe dera.

— Obrigado, lobinho. – Ela agradeceu, também usando do apelido carinhos de Teddy.

— Depois eu te dou meu presente. Não quero te dar aqui no St. Mungus. – Teddy avisou.

— Não precisa me dar presente Teddy. – Merliah discutiu.

— Você me diz isso todos os anos, e eu ignoro. Então esse ano não vai ser diferente, não é mesmo? – Expressou Teddy.

Merliah apenas o ficou olhando, com a ponta se um sorriso. Sabia que não adiantava discutir.

— A curandeira já te deu alta? – Ele recomeçou a conversa.

— Ela disse que se estivesse tudo OK eu poderia sair daqui hoje à noite. – Merliah respondeu dando de ombros.

— E está tudo OK? – Teddy perguntou.

— Sim, está, só falta ela me liberar. – Merliah confirmou.

— Então é melhor a gente ir logo arrumando as suas coisas. – Teddy falou levantando-se.

— Está com pressa Lupin? – Merliah caçou.

— Um pouco. – Teddy respondeu divertido.

Os dois riram até que ouviram uma batida na porta. Era a curandeira novamente.

— A Srta. já pode ir. – Anunciou ela.

— Obrigado. – Merliah agradeceu novamente.

A curandeira saiu e eles começaram a arrumar as coisas de Merliah, que durante aqueles meses estavam lá junto com ela.

Merliah separou uma roupa para vestir e tirar o pijama que usava. Ela separou uma blusa com mangas compridas da cor verde escuro, uma calça preta jeans e calçou o único calçado que ali estava; um tênis preto e confortável.

Ela se trocava enquanto Teddy ainda arrumava suas coisas. Terminaram ao mesmo tempo, e merliah sentiu falta de um alguém. Ou melhor, de dois alguéns.

— Onde estão os meus pais? – Merliah perguntou a Teddy.

— O padrinho E a tia Gina já foram, e me encarregaram de te levar. – Teddy respondeu prontamente.

— Está bem, estamos prontos? – Indagou Liah.

—Sim. Sua folgada que não ajudou a arrumar as próprias coisas – Teddy respondeu brincalhão.

— Vamos. – Merliah o apressou rindo.

Ela pegou na mão de Teddy, ele entrelaçou os seus dedos com os dela, e merliah sentiu a desconfortável sensação da aparatação. E em um instante se viu diante da casa na qual nasceu e cresceu.

Ela sorriu por estar de volta. Ainda de mãos dadas, ela e teddy se encaminharam para a entrada. Ele soltou a sua mão e fez sinal para que ela entrasse primeiro; estranhando, ela se aproximou da maçaneta e abriu a porta.

Assim que entrou, percebeu que a casa estava muito quieta, mas não deu muita importância já que estava encarando todos os pedacinhos da casa. Matando a sua saudade daquele lugar.

Sem nem perceber, ela seguiu para a sala de estar, sendo seguida o tempo todo por Teddy. Quando Merliah entrou na sala, ela estava escura, e ela estranhando, apalpou a parede a procura do interruptor.

Quando finalmente achou, ligou a luz e várias pessoas gritaram “Feliz Aniversário! Merliah! ”  Ela completamente assustada, mal percebia os abraços e parabéns que recebia, e muito menos percebia que estava sendo zoada por Teddy que ria da cara dela. Ela só pareceu se recuperar quando Lilian se jogou em cima dela lhe dando um forte abraço.

— Feliz aniversário Liah! – Lilian falou com um enorme sorriso.

— Obrigado pequena. – Merliah agradeceu e depositou um beijo na bochecha da irmã mais nova.

— Ei deixe um pouco dela para nós também! – James exclamou se aproximando delas com Alvo a seu lado.

— Jay! Al! – Merliah os abraçou forte.

— Feliz aniversário maninha. – Alvo e James desejaram ao mesmo tempo.

— Obrigado pessoal. Isso é realmente uma festa surpresa? – Merliah falou estupefata.

— Sim, mamãe não perdeu tempo. Assim que saiu do St. Mungus disse a todos que você tinha acordado. E ela quis fazer essa festa comemorando a sua volta e seu aniversário. Claro que tudo foi feito por magia. – Alvo esclareceu a situação.

— Mamãe tem cada ideia, não precisava de festa. – Merliah falou olhando a sua volta.

— Você sabe, quando o assunto somos nós quatro, mamãe não pensa como Gina Potter, e sim como, Mamãe Gina Potter. – James falou sorrindo.

— Pior que eu sei. – Merliah o respondeu, e ela os abraçou novamente. Dessa vez Lilian também estava no abraço.

Estavam felizes por estarem de volta.