Nova York. A cidade onde tudo é possível. Era assim que Clementina pensava.
Ao longo da viagem de táxi, ela admirava maravilhada tudo aquilo. Jamais imaginava que um dia estaria ali.
Chegando ao luxuoso apartamento onde moraria com Maria Joaquina, ela disse a si mesma:
– Não vou desistir. Não importa o quão difícil seja, vou lutar até o fim.
Bateu na porta, e Maria Joaquina atendeu:
– Cleme! Que bom que chegou! - Ela disse, abraçando a amiga.
Clementina retribuiu o abraço e entrou no apartamento.
Era... INCRÍVEL! As paredes eram pintadas de rosa bebê e branco perolado, com pequenos lírios desenhados nos cantos.
Tinha uma enorme TV de tela plana, um sofá cor de vinho, puffs estilo anos 60.
– Majô! Que demais! – Ela disse, pulando de alegria.
– Espera pra ver o seu quarto! – Maria Joaquina disse, deixando Clementina mais ansiosa.
Quando Clementina entrou em seu quarto, esqueceu-se de tudo e de todos.
Sua cama de casal era lilás, com travesseiros estampados com rosas, e várias pelúcias. A colcha era super macia, e tinha estampa de jasmins.
Tinha uma escrivaninha de mogno, com um abajur e gavetas. Ela tinha um banheiro próprio, com um chuveiro elétrico, uma banheira e tudo mais.
Mas sua alegria logo foi embora.
– Majô... Eu gostei muito, mas acho que não vou conseguir pagar minha estadia aqui. É tudo tão chique, mas tão caro, e vai demorar pra eu arranjar um emprego.
Maria Joaquina apenas sorriu para a amiga.
– Clementina, você é uma das minhas melhores amigas, acha mesmo que vou deixar você pagar pra morar aqui?
– Mas, eu não quero dar despesa...
– Clementina! Como você é teimosa! Você sabe que vai ter que gastar com um monte de outras coisas. E eu terei o maior prazer de te ajudar. Mas, pra isso, você vai ter que me ajudar também. E só o que te peço é que não pague o apê. Economize seu dinheiro.
Clementina correu e abraçou forte a amiga.
– Obrigada, Majô.
– Disponha. – Ela disse, rindo. – Mas agora, quero te levar até a academia.
– Academia? Tipo, pra malhar? – Ela perguntou, confusa.
– Não, a academia de balé.
– Ah.
As duas riram e foram se arrumar.
Maria Joaquina vestiu um short listrado e uma blusa de alças, mas levou sua roupa do balé em uma bolsa.
Clementina vestiu uma saia florida e uma blusa de mangas escrito: Don’t Stop Believin’.
As duas pegaram um táxi e partiram para a academia.
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– Então, essa é a menina que vai morar com você, Joaquina? – A menina perguntou, apontando para Clementina.
– Sim, Annabel, essa é a Clementina. E por favor, não me chame de Joaquina.
– Ok. Chatonilda, então. Beleza, “Tina”?
– Sim, eu acho.
– É o seguinte. Estamos precisando de bailarinas. E queríamos saber se você topa ser uma.
– Mas, não precisa fazer teste pra entrar?
– Com essa escassez de meninas, o teste foi pro espaço.
– Tudo bem, acho que posso tentar, Bel.
– Opa, opa. Não é porque meu nome é Annabel, que você pode me chamar de Bel. Me chame de Anna. É mais chique e sofisticado, e tem a pegada de Hollywood.
– Ok, Anna.
– Então, mostre o que sabe! Som na caixa, DJ!
Uma das meninas ligou a caixa, e começou a tocar My Heart Will Go On, da Celine Dion.
Clementina não sabia muita coisa, mas tentou fazer seu melhor.
Ela sempre assistira muitos programas de dança, e sabia alguns passos.
Ao final, houve alguns aplausos.
– Razoável. Mas podemos melhorar.
– Yes! – Ela comemorou.