Eu ainda estava abraçada com minha mãe, me sentia segura em seus braços. A porta se abre bruscamente e meu coração acelera ao ver Hans nervoso. Insisto em continuar abraçada na mulher que me criou, porém o rei não aceitara minha presença ali.

– Christina, nos dê licença... Agora! – ordenou.

Contra a minha vontade, fiz uma breve reverência e me retirei do quarto, pálida como nunca. Eu queria ter a certeza que Hans nada faria com mamãe, mas conhecendo bem o meu padrasto, eu só tinha certeza que aquela situação não acabaria bem.

A passos largos, eu caminhava até meu quarto, tentando segurar a lágrima que deixava minha visão um pouco embaçada. No meio do corredor, Thomas me parou.

– Aconteceu alguma coisa pra lhe deixar tão perturbada assim? – perguntou ele, preocupado como sempre.

Eu não disse nada, naquele momento eu só conseguia abraçar o meu ‘meio-irmão’. Ele me retribuiu, e me apertou forte. Talvez desconfiou qual o motivo do meu estado.

– Foi o meu pai, não foi? – ele me perguntou, soltando-se do abraço e colocando minha cabeça entre suas mãos.

– Não sei explicar. – balancei a cabeça negativamente – Seu pai não faz nada – dei uma pausa – ainda.

– É algo em relação à traição de sua mãe? – ele perguntou. Por um momento eu pude perceber que ele gostava mais de minha mãe do que de seu próprio pai.

– Sim. Você conhece Hans muito mais do que eu. Você é filho dele. Acha que ele pode fazer algo? Acha que ele pode matar minha mãe? – interrogo, deixando algumas lágrimas escaparem.

– Do meu pai pode esperar-se tudo. Ele é capaz de matar. Até hoje me pergunto se não foi ele quem tirou a vida de minha mãe... – fala com expressão de tristeza.

– Eu estou com medo, Thomas.

– Eu vou tentar resolver isso! – e dito, ele saiu rapidamente em direção ao quarto do rei. Eu corri atrás dele, tentando fazê-lo parar, o que foi em vão.

Ele parou em frente à grande porta, indeciso se abria ou não.

– Não faz isso, por favor. – implorei.

De nada adiantou. Thomas, teimoso por natureza, abriu a porta do quarto e nós vimos o que não queríamos ver. Eu não sabia se ficava aliviada por perceber que ele não tinha tirado a vida da minha mãe, ou aflita por vê-lo tentando matá-la asfixiada. Meu mundo desmoronou naquele momento. Era quase certo que ao deixá-la no chão, ela já estaria sem vida.

– Pai, eu sei que lá no fundo você não quer matar Grace. Você só vai fazer isso por orgulho. – disse Thomas, tentando mudar aquela cena – Por favor! Não faça isso. Pela mamãe. – tentou ele, até que, pela sua expressão, pensou em algo brilhante – Pela Chloe!

Ouvindo aquele nome, que eu não sabia a quem pertencia, Hans rapidamente soltou minha mãe e saiu do quarto furioso, com uma lágrima escorrendo em dia face.

– Acalme sua mãe. Se acalme, por favor! – pediu Thomas – Eu vou falar com meu pai.

E vendo ele sair, corri até onde minha mãe estava sentada e fiquei do seu lado. Ela chorava mais do que conseguia suportar. Eu, mesmo assustada com a situação, quis oferecer ajuda; coloquei a cabeça dela em meu ombro e ela finalmente se convenceu que aquele terrível pesadelo acabara. Pelo menos, era o que eu acreditava.