— Prontos? Já! – Aluado resmungou sentado na grama com um livro em seu colo, sorri marota para James e passei a bola para ele por entre minhas pernas.

Ele a segurou e disparou para o campo de Sirius, Régulos e Pedro enquanto eu impedi os irmãos Black de o seguirem.

Pedro até tentou ir atrás, mas meu irmão corria muito rápido.

— Mais um ponto para os Potter! – Exclamou rindo depois de jogar a bola no chão, onde havíamos marcado ser o limite do campo do outro time. Ri saindo de cima de Sirius e soltando Régulos.

— Não é justo sendo Pontas que corre. – Almofadinhas resmunga se levantando enquanto eu limpava a grama de meus joelhos

— Justo? Vocês estão em três. – Gargalhei, fazendo-os bufar.

— E vocês são os gêmeos de ouro, ainda é injusto. – Régulos murmurou, fiz um high-five com James e trocamos de posição devido reclamações.

— Já! – E meu gêmeos jogou a bola para mim, se jogando sobre Sirius. Disparei para o campo inimigo, Régulos correu contra mim de meu lado, apenas parei fazendo-o passar direto por mim e tropeçar de cara ao chão.

Gargalhei saltitando sobre os braços de Pedro, ele tentou pegar minhas pernas. Trotei até o limite e larguei a bola no chão de modo debochado.

— Almofadinhas, está quanto a quanto agora? – Cantarolei pulando ao seu redor brincalhona, ele estalou a língua fechando a cara

— Não sei, quem está contando?

— Eu, está catorze à dois. – Remus exclamou ainda olhando para seu livro. James e eu gargalhamos com isso, não era à toa que estávamos no mesmo time de quadribol e que ele tinha ganhado por dois anos consecutivos.

— Injusto! – Pedro guinchou e trocou um olhar com Régulos

— Acho que teremos que usar a fraqueza dela... – Sirius acenou com a cabeça decidido enquanto eu arqueava uma sobrancelha, cruzando os braços e os olhando curiosa.

— E qual seria essa fraqueza? – Almofadinhas sorriu malicioso e partiu em direção a Remus junto a Pedro, eles o levantaram pelos braços enquanto o lobisomem se debatia confuso.

— Eis uma das fraquezas de Hermione Dorea Potter, pessoal! – Régulos exclamou exagerado e eu ri negando com a cabeça.

— Agora acho que está um pouco mais equilibrado. – Rabicho riu, dei de ombros convencida

— Se é o que pensa... Bem, se arrumem para perderem de modo ainda mais humilhante. – Debochei e trotei até meu irmão, ele que correria agora.

Os quatro trocaram a tática, dessa vez. Sirius e Pedro estavam bloqueando a passagem de Pedro, enquanto Régulos e Remus estavam perto do limite de seu campo.

— Prontos? Já! – Aluado gritou, fazendo sua voz ecoar com a concha que fizera com as mãos ao redor de sua boca deliciosa e que eu queria beij... CONCENTRAÇÃO HERMIONE POTTER

Joguei a bola para James, derrubei Pedro enfiando minha perna entre seus pés e jogando meu peso nele. Não caí junto, pelo contrário, comecei a correr junto a James.

Sirius o segurou, o puxando para o chão. Antes que a bola fosse para mãos inimigas, meu irmão lançou a bola para mim, voltei a correr, desviando de Régulos mais uma vez.

Encarei Remus e vi um olhar decidido e competitivo em seu rosto. Sorri de lado para aquilo e quando ele se curvou para me segurar, pulei sobre ele, consequentemente, passando o limite do campo.

Comemorei lançando a bola no chão

— Quinze à dois! Podem chorar, meninos! – Saltitei convencida até meu irmão, que ria se colocando na sua posição. Ele passaria a bola agora.

— O que os trouxas americanos veem de graça, nisso? – Almofadinhas resmungou

— Eu vejo onde fica a graça. – Jay respondeu e eu gargalhei, isso é porque estávamos ganhando. Apenas havíamos deixado que fizessem dois pontos pois queríamos que pegassem um pouco na bola e jogassem por mais tempo conosco.

— Certo, certo. Já! – James me jogou a bola e segurou Pedro e Régulos, Sirius tentou me segurar, mas eu simplesmente me desviei, corri até chegar a Remus novamente.

Talvez ele soubesse que eu fosse fazer a mesma coisa, então quando eu pulei, Aluado me segurou pelo quadril no ar e caiu junto a mim, fazendo-me ficar com os joelhos do lado de seu peito e largar a bola para apoiar minhas mãos acima de sua cabeça.

Ele sorriu um tanto malicioso e eu gargalhei me levantando rapidamente, alcancei a bola e voltei a correr. Porém, Remus segurou meus tornozelos me fazendo cair, desnecessariamente, se me permite dizer. Já que minha mão passou o limite do campo.

— Que porra, Aluado! – Sirius gritou do outro lado do campo, de modo irritado.

—------O-------

Remus Lupin

Encarei Hermione, ela estava sentada no chão de pernas cruzadas e com o rosto enfiado no livro.

Era de tarde, enquanto os meninos continuavam jogando, ela escolhera se retirar dizendo que não queria estar cheia de machucados para quando fosse ter um encontro com Andrew.

Fiz uma careta para isso e passei a observá-la por cima de meu livro.

Neve era incrivelmente linda, tinha o rosto delicado e charmoso, seus cabelos negros estavam bagunçados, como sempre. Estavam parcialmente presos, talvez aquela coisa que ela usava para prender o cabelo estivesse frouxo, mas ainda se era possível ver seu pescoço longo e pálido.

Passei uns minutos encarando minuciosamente seu cabelo, era bonito, brilhante e diferente. Não conseguia explicar, era lindamente bagunçado.

Algo que os Potter tinham em comum, os cabelos bagunçados. Não só James e Mione, como também tio Charlus, mas esse se superava. Os gêmeos ainda se salvavam por conta do derivado de tia Dorea, que parecia controlar um pouco os genes Potter. Enquanto os filhos tinham os cabelos bagunçados em apenas algumas partes, o senhor Potter tinha os cabelos para todos os lados com alguns fios brancos pelos cabelos cheios.

Voltei meu olhar para seu belo rosto;

Mione era o tipo de pessoa que sempre expressava tudo nele e em seu timbre de voz, não sabia se mais alguém notava. Provavelmente sim, pois eu não era o único apaixonado por ela.

Não importava o que, sempre expressaria em seu rosto. Se estava irritada, seu franzir de nariz mostrava a emoção. Se estava feliz, um sorriso de ponta mostrava a emoção. Se estava triste, um abaixar de sobrancelhas mostrava a emoção, e assim por diante.

Era incrivelmente interessante observá-la.

Ela estava pensativa esses últimos tempos, havia notado desde Hogwarts. Talvez fosse a parte da guerra, mas parecia ser algo mais e eu temia que a culpa fosse minha. Não queria que ela ficasse com a cabeça cheia por alguém que não merecia seu sofrimento

Um vinco se formou entre suas sobrancelhas enquanto ela olhava para um ponto fixo na folha, estava fora de órbita. Outra coisa que ela fazia muito, desaparecia para longe sem realmente o fazer.

— Aluado, se sua intenção não for aceitar um beijo meu, peço encarecidamente que pare de me encarar desse modo. – Murmura fazendo com que eu me sobressalte no sofá.

Estávamos na pequena e aconchegante biblioteca da senhora Pettigrew, por sinal.

Ela levantou os olhos lindos para mim e sorriu maliciosa de lado, como se estivesse ali completamente, engoli seco com isso. Almofadinhas dizia que eu era a visão de controle por não trair Emmeline com Mione, e eu concordava com ele. Principalmente agora em que Hermione estava... hm... Crescida.

— Desculpe. – Minha voz tinha sumido, seu sorriso aumentou ao notar o efeito que causava em mim. Diabinha. Limpei minha garganta, voltando os olhos ao livro tentando não olhar para seu belo rosto e pernas

— Aluado, posso te fazer uma pergunta? – Seu tom deixou claro que ela faria de qualquer maneira, senti meu corpo ficar tenso, temendo a tal pergunta

— Você vai perguntar mesmo se eu disser não, Neve. – Abaixei meu livro e a encarei, ela já havia fechado seu livro e o descansava nas maravilhosas pernas longas. Sua risada baixa e controlada preencheu o ambiente, fazendo alguns pelos de minha nuca se arrepiarem. Isso acontecia a anos e eu ficava surpreso que nada mudasse.

— Vou mesmo, mas gostaria de pedir que você a respondesse verdadeiramente e que ignorasse o fato de que eu estar fodidamente apaixonada por você e vice e versa. – Engoli seco, dando-lhe toda me atenção e sentindo meu coração acelerando com sua afirmação – Responda-me como amiga e que quer seu bem, sim?

— Ok... – Ela sorriu com meu murmúrio e colocou uma parte de seu cabelo, que caía constantemente em seus olhos, atrás de sua orelha.

— Você ama Emmeline? – Prendi a respiração com sua pergunta, nem eu tinha uma resposta para isso. Eu gostava de Emm, mas eu a amava? Não iriamos demorar a fazer um ano de namoro e eu ainda não tinha lhe dito as três palavras. Porque eu estava com ela? Eu gostava de conversar com ela e os momentos “românticos” e nos armários de vassouras eram bons. Mas o que eu sentia por ela? – Remus?

— E-eu não sei. – Ela franziu o cenho confusa e se levantou, caminhando até mim, sentando-se ao meu lado e me dando a oportunidade de sentir seu cheiro de lavanda e algo mais doce. Maçã do amor?

— Certo, você precisa ter essa conversa. E os meninos são muito bestas para que você a tenha com eles, então... – Ela respirou fundo e me olhou determinada – serei seu ombro amigo!

Ri nervoso, porque sentia que aquilo não acabaria bem?

— Obrigada, Neve. Mas...

— “Mas” nada, vamos, desembucha. O que você sente exatamente por ela? E não poupe palavras, no momento eu sou apenas Neve. A marota.

— Hm, não acho isso uma boa ideia, Neve. – Ela me olhou insistente e eu suspirei, me afundando no sofá – Certo, certo... Eu... Eu não sei o que eu sinto por ela, exatamente...

— Mas vocês estão namorando a um bom tempo, Remus. – Disse, virando de lado e ficando em posição de lótus. – Vamos fazer uma pergunta mais fácil, então. Você se sente bem junto a ela?

— Sim?

— Você está me perguntando ou afirmando? – Estreitou os olhos enquanto eu desviava o olhar para um ponto acima de sua cabeça

— Como eu posso dizer? Eu.. Eu gosto de estar junto a ela mas... – Olho para seu rosto, tentando descobrir se eu estava dizendo alguma coisa que havia lhe machucado, se tinha, ela escondia muito bem. – Mas não me vejo tendo um futuro com ela. – Mione assentiu calma, suspirei aliviado depois de falar isso. – Eu gosto dela, gosto de estar e conversar com ela. Mas sinto que nossa relação está virando algo mais de...

— Carinho? – Acenei com a cabeça, sorrindo ao ver que ela estava me entendendo.

— Isso! É como se eu não sentisse mais nenhum sentimento romântico em relação a ela, mas sim um sentimento de proteção. – Comecei a falar, Neve apenas me escutava em silêncio, assentindo e completando algumas palavras perdidas minhas. Ficamos um bom tempo assim, até que eu parei por alguns segundos para observá-la. Ela tinha três sinais que chamavam atenção em sua pele pálida, um entre seu nariz e lábio, um pequeno embaixo de seu olho e o último em sua clavícula. James apenas tinha o da clavícula.

Hermione sorriu calma, quase de modo divertido.

— Melhor? – Senti meu rosto esquentar um pouco ao notar que havia tagarelado sem parar por mais tempo que eu normalmente o faria.

— Sim... Obrigado, Neve. – Ela riu dando de ombros e se esticando no sofá. – Porque fez isso?

— Hm?

— Porque me escutou? – Mione me olhou incrédula

— Eu sou sua amiga, Remus Lupin! – Me deu um tapa no braço e eu ri

— Uma amiga que está fodidamente apaixonada por mim. – A imitei, lhe causando deliciosas gargalhadas

— Como se você não estivesse por mim também, seu safadinho – Cutucou, mas eu ignorei perguntando novamente;

— Porque me escutou? – Ela deu de ombros enquanto puxava uma almofada para suas pernas e ficava mexendo nas pontas do mesmo. Não estava incomodada, eram apenas, o que Pedro e eu chamávamos, seus dedos nervosos.

Ambos os Potter os tinham, as mãos deles nunca estavam paradas. Sempre estavam tamborilando nas mesas, mexendo nos cabelos, rodando as varinhas e etc.

Mesmo que eles estivessem concentrados em algo, com as atenções presas, seus dedos estariam habilidosamente mexendo em algo ou seria o contrário. As mãos estariam paradas e seus olhos voariam para todo e qualquer lugar possível.

— Acho que é a minha parte Potter finalmente amadurecendo. – Falou com uma careta depois de um tempo, eu me lembrava de ela ter falado algo do tipo um tempo atrás, sobre suas partes Granger e Potter. – Além de que ontem você fez o mesmo comigo.

Seus olhos focaram em meu rosto e ela sorriu levemente, parecendo perdida em seus pensamentos

— Fiz? – Acenou com a cabeça

— Ontem você podia ter me ignorado, mas você escolheu me escutar falando sobre algo que lhe incomodava. – Isso era verdade, levou muita coragem para que eu conversasse com ela. – Se você o faz, porque eu não faria?

— Mas isso foi totalmente diferente, apenas trocamos poucas palavras sobre... Ele. Então, por favor. Vamos trocar de posição! Você fala agora. – Hermione gargalhou negando com a cabeça.

— Não há nada a se falar, o conheci ontem. Apenas achei que ele beijava bem e bonitinho. Não significa que eu esteja babando, completamente apaixonada por ele. – Riu e eu dei de ombros.

— Então alguém de Hogwarts? Vamos lá, alguém deve ter chamado sua atenção. – Suas bochechas adquiriram um tom rosado. Engula a porra do ciúme, Remus Lupin. Você não é caralho nenhum dela para ter esse direito. – Acertei? – Ela deu de ombros, apertando a ponta da almofada. – Vou ter que apelar, Hermione Potter?

Avancei nela, cutucando suas costelas e barriga, fazendo-a se contorcer e gargalhar. Ela era incrivelmente sensível para cosquinhas, seu ponto fraco.

— C-certo, certo! E-eu falo! – Soluçou tentando se livrar de meus dedos em sua barriga – M-mas para com isso!

Sorri de lado e me afastei, levantando as mãos em sinal de rendição

— Pode ir abrindo a boca! – Hermione arfou se recuperando e soltando pequenos risos, ela se arrumou no sofá murmurando alguns xingamentos

— Não é nada demais, para falar a verdade. Eu apenas achei Selena bonita. – Tentei lembrar de quem ela estava falando. Selena, Selena... — A monitora da corvinal... Amus perdeu Lily dando em cima dela. – Lembrei-me dela, era bonita. Normal que Neve tenha lhe notado, não podia nem ao menos competir com ela. Droga.

— E porque você não a chama para Hogsmeade? Sei lá, ela parece ser legal. – Mione olhou para a parede e se levantou num pulo

— Eu preciso me arrumar, cacete. – Chiou e partiu biblioteca a fora, eram seis e vinte ainda. Suspirei, quase deitando no sofá.

— Hermione e Selena... hm... – Ouvi a voz maliciosa de Sirius e virei a cabeça, vendo-o encostado no batente da porta que separava a biblioteca do corredor para as escadas.

— Estava fuxicando, cachorro? – Ele riu e veio até o sofá, empurrando meus pés e se jogando no lugar que Mione ocupava minutos atrás.

— Eu vim verificar se Emmeline tinha ganhado um par de galhas, mas encontrei vocês quase trançando o cabelo um do outro. – Ri cobrindo meus olhos com o braço – Não estou julgando, até porque eu sempre converso com ela assim. – Sua gargalhada de latido ecoou no ambiente, até que ele parou repentinamente. Tirei meu braço dos olhos e o encarei, Sirius tinha o olhar distante.

— O que foi, Almofadinhas?

— Apenas pensando em como Mione sofre mais do que merece. – Soltei um grunhido, cobrindo o rosto novamente, lhe fazendo rir – Não incluí você. Estava falando do que ela foi destinada a fazer... Não me parece muito justo. Ter... Ele ligado a si, ter tantas responsabilidades nos ombros... É incrível que ela ainda esteja se mantendo em pé.

Apenas acenei com a cabeça, não podia falar nada. Minha garganta havia trancado ao imaginá-la batalhando com você-sabe-quem novamente.

Meus pensamentos voaram para aquele dia de Hogsmeade, ela era uma líder, aquilo era um fato pela forma como lidou com a situação. Uma menina do terceiro ano comandando e acalmando um bando de adolescentes desesperados, eu havia ficado perto da janela depois de acalmar Emmeline.

Vi quando ela batalhou com... Voldemort.

Um arrepio percorreu todo meu corpo ao lembrar de Hermione saltando em cima de você-sabe-quem, foi a única coisa que todos havíamos conseguido ver. Depois daquilo, uma luz branca e ofuscante tomou conta dos dois. Era como se a neve estivesse brilhando e tivesse feito uma bolha protetora ao redor dos dois.

Ninguém comentou aquilo, apenas pensavam ter sido algum feitiço que ela havia lançado. Mas não era, e eu sabia.

— Enfim, não vim aqui para ficar cheirando poeira. James está nos convocando para uma “reunião de emergência”. – Ele rolou os olhos e eu ri, já imaginando sobre o que era aquela reunião. – Vamos antes que ele venha aqui encher o saco.

***

— Certo, deixa eu ver se eu entendi... – Pedro começou, cruzando os braços – Você quer que nós usemos essas coisas estúpidas, para ficar de olho na Mione? – Ele levantou uns acessórios que James havia ido comprar enquanto eu passava a tarde lendo.

— Estúpidas?— James se ofendeu, me fazendo rir junto a Almofadinhas e Régulos – Vai dar certo!

— Não vai, é possível que Neve bata em nós lá mesmo. – Sirius sorriu se encostando na árvore e olhando debochado para Pontas

— Bem, não cabem mais nem dois de nós na capa! – Resmungou e eu neguei com a cabeça rindo

— É melhor irmos depois que ela sair, e simplesmente ficarmos quietos observando. – Pedro me olhou quase com raiva e surpreso

— Você concorda com isso?! – Dei de ombros e bocejei

— Pontas não vai desistir da ideia, de qualquer maneira. É melhor irmos com dignidade, ao menos.

— Oh, sim. Porque tem muita dignidade em observar a irmã e amiga em um encontro... Numa sorveteria. — Rabicho estreitou os olhos

— Bem, quem vai? – Pontas perguntou irritado, Sirius deu de ombros e levantou minimamente a mão enquanto eu acenava minha cabeça quando James me olhou esperando confirmação.

— Eu vou pelo sorteve. – Régulos murmurou enquanto Pedro apertava os lábios até formarem uma fina linha, logo soltando o ar que havia prendido.

— Eu vou para impedir que vocês estraguem qualquer coisa que acontecer. – Bufou e James abriu um sorriso malicioso e maldoso.

— Nada vai acontecer, meu querido Rabicho. – Régulos rolou os olhos e saiu junto a Pedro enquanto eu segui com Sirius e James para a sala.

— Estou saindo. – Ouvimos Hermione da porta e eu olhei pela janela, vendo tudo escuro e me preocupando com a segurança da nossa mais amada Potter. A senhora Pettigrew sabia que iriamos lhe seguir, aparentemente, Pedro havia ido lhe contar.

Alguns minutos depois, James já estava voando porta a fora. Fui atrás com a mão na varinha, que se encontrava no bolso do moletom. Afinal, não era a época mais segura de todas.

A sorveteria era incrivelmente brilhante, entramos com as cabeças abaixadas e nos sentamos algumas mesas ao lado de Neve.

Ela estava bonita, muito bonita. Tinha se arrumado, mas a companhia não chegara ainda.

Puxei o pulso de Pedro, vendo que o cara estava alguns minutos atrasados. Bem, se ele queria causar uma boa impressão, não conseguiu!

Mione tinha os cotovelos na mesa e mexia na ponta dos cabelos de modo nervoso, como sempre. Mas tão logo quanto ela se distraiu, sua atenção foi tomada pelo cara que se sentava sorrindo e com uma grande taça na mão.

Neve lhe mandou aquele sorriso e aceitou a colher que ele lhe oferecera.

— Parece que ele não se atrasou, apenas estava pegando o sorvete. – Almofadinhas murmurou debochado querendo irritar a mim e a James.

— Oh, sério? Nem notei. – Pontas sibilou e Régulos soltou uma risada baixa antes de perguntar

— Alguém vai comprar sorteve? – Pedro rolou os olhos e se levantou, indo ao balcão e fazendo os pedidos antes de voltar à mesa. – Cadê?

— O monitor vai trazer para cá, calma. – Murmurou bagunçando os cabelos de Régulos.

Era diferente ver Rabicho daquele jeito, mas em alguns dias meus olhos já se acostumariam completamente.

— Monitor? – Sirius franziu o cenho e Pedro apontou com o queixo para algo, seguimos o olhar e eu arqueei ambas as sobrancelhas ao ver Joshua, o nosso monitor, vindo com uma bandeja e alguns sorvetes em cima.

— Carter. – Cumprimentei educado recebendo um aceno de cabeça em retorno, estreitei os olhos para ele, vendo algo familiar e estranho nele.

Voltei meus olhos para a mesa de Mione e para Carter diversas vezes enquanto ele colocava as coisas na mesa.

— Sim, Lupin. O cara com quem a Potter está tendo um encontro, é o idiota do meu irmão. – Resmungou e eu apenas acenei com a cabeça satisfeito ao ver que estava certo em achar algo de familiar.

Joshua era como uma versão mais “arrumada” e menos... pesada de seu irmão mais velho. Ou como Neve simplesmente diria, uma versão mais nerd e chata.  

— Ei, cabeção! – Andrew chamou acenando para Joshua, que ainda estava em nossa mesa. Régulos e eu fomos rápidos em levantarmos os cardápios e criarmos uma barreira para nossa mesa.

— Babaca. – Resmungou antes de sair pisando duro, James se esticou e olhou por cima do cardápio fazendo uma careta culpada. Logo ele voltou a se sentar começando a tomar seu sorvete olhando fixamente e de modo um tanto assustado uma ponta da mesa.

— Pontas? – Almofadinhas prolongou e James levantou os olhos arregalados. – O que você viu?

— Hm... Nada demais... Apenas... – Murmurou baixo e eu franzimos o cenho chegando mais perto

— O que você viu?

— Eu vi a...

— Fala direito, caralho! – Pedro resmungou e quando ele abriu a boca para falar novamente, os cardápios foram abaixados e Neve rosnou

— Ele falou que me viu olhando para vocês, babacas. – Engoli seco olhando desesperado para meus colegas de tumulo. – É, vocês estão fodidos.

A seguimos para fora, tentando acompanhar seus passos rápidos;

— Desculpa, Mione! Eu só fui pelo sorteve! – Régulos falou manhoso andando atrás de Neve e eu estreitei os olhos para ele, Hermione acabou voltando para a casa de Pedro depois daquilo. Alguma coisa havia acontecido, ela não ficaria com raiva apenas porque nós fomos espioná-la.

— Eu fui para impedir esses otários de estragarem tudo. – Pedro deu de ombros com o olhar entediado.

— Bem vocês não precisaram fazer nada, ele fez sozinho. – Eu sabia.

— Deixa eu adivinhar, ele pegou na sua coxa linda. – Almofadinhas deu passos mais longos e ficou ao seu lado, passando o braço por seu ombro.

— Errou. Antes fosse isso. – Resmungou cruzando os braços de modo chateado – Ele é irmão de Joshua Cartes, só que é trouxa. E quando descobriu que eu era da mesma escola que o irmão, começou a me chamar de aberração e entre outros. Eu não me importaria se ele tivesse apenas me mencionado, mas o filho da puta falou de vocês.

Isso explica o porquê de ele estar curvado sobre a mesa quando passamos por ela ao sair, Hermione deve ter lhe dado um soco na cara.

— Você bateu nele, não foi? – James perguntou orgulhoso e ela o olhou como se fosse burro

— Claro! Quem você acha que eu sou? – Bufou – Mas só porque ele falou de vocês, não ameniza que estavam lá para me espionar!

Entrou pisando duro e nós a seguimos enquanto a mesma bagunçava o cabelo, tirando-o do rosto irritada

— Mas olha só! Eu sabia que ele era um babaca! – Seu irmão exclamou, ela o imitou fazendo careta

— “Eu sabia que ele era um babaca” ah, vai se foder, Pontas. – E entrou em seu quarto batendo a porta em nossa cara

— Bem, pela manhã ela vai estar mais calma... Eu acho.

— Vai se foder também, Lupin! – Gritou abafada de dentro de seu quarto e Rabicho gargalhou – CALA A BOCA, PORRA!

Nos calamos e recuamos assustados. É, talvez não seja a melhor hora para brincadeiras.

***

As semanas na casa de Pedro já estavam acabando, era a nossa última noite ali e então teríamos quatro dias até 1º de Setembro.

Foram semanas divertidas e animadas, mesmo com Hermione tendo algumas recaídas com você-sabe-quem.

Aconteciam aleatoriamente, mas aconteciam.

Estávamos na biblioteca uma vez quando ela ficou tensa e começou a grunhir, apertando a cabeça. Fiz o que pude para mantê-la focada em mim, assim daquele modo ela não desistia.

Depois daquele episódio ela passou algumas horas de cama com dor de cabeça com Almofadinhas e senhora Pettigrew a mimando, não demorou para que ela agisse como se nada houvesse acontecido.

Já era noite, estávamos sentados perto da piscina de Pedro conversando. Neve estava sentada no colo de Rabicho e com as pernas por cima de Pontas, ela mexia no cabelo de Pedro com os braços ao redor de seus ombros.

— Seu cabelo está grande, Rabicho. – Ele deu de ombros a abraçando pelo quadril, observei sua mão com um pouco de incomodo

— Querida, voltei! – Almofadinhas chegou cantarolando, voltamos nossos olhares para ele e Régulos; eles tinham ido se encontrar com algumas garotas aí.

— E voltou cedo. O que aconteceu? Elas tinham namorados? – Hermione brincou e nós rimos com seu tom um tanto debochado, Sirius colocou a mão no peito como se estivesse ofendido

— Como você me toma, Senhorita Neve? – Ela deu de ombros rindo levemente

— Como uma vadia, mas sabe como é... – Gargalhamos e Almofadinhas riu negando com a cabeça;

— Elas não tinham namorados... Pelo menos não que eu saiba. – Suspirou e Mione sorriu de lado – Mas eu voltei para avisar que temos uma festa para ir! – Pedro arqueou ambas as sobrancelhas

— Você realmente acha que mamãe vai nos deixar sair para uma festa um dia antes de você irem embora? – Mione e James sorriram maliciosos se entreolhando.

— É para isso que...

— Existem janelas. – Hermione completou a frase de James, Almofadinhas gargalhou

— Às vezes esqueço que esses dois são gêmeos.

— Claro que esqueceria! Eu sou linda demais comparada a ele. – Lançou uma piscadela a Pontas antes de saltar do colo de Rabicho – Que horas começa a festa?

— Já começou. – Ela deu de ombros

— Festas nunca são legais no começo, andem, vão se arrumar. Encontro vocês perto da janela do final do corredor em meia hora, se vocês não estiverem eu vou sozinha com Almofadinhas e Pontas. – Resmungou enquanto nos dava as costas e entrava na casa, ficamos uns momentos nos encarando.

— Bem, vocês ouviram a chefe. – Almofadinhas exclamou e se virou, provavelmente indo se arrumar.

— Isso não vai dar certo. – Suspirei e Pedro acenou com a cabeça enquanto se levantava

— Principalmente para mim, mas tudo bem. Apenas quatro dias de reclusão até Hogwarts.

— Isso se ela descobrir. – James completou rindo e fazendo Rabicho dar de ombros

— Tem isso, também.

Meia hora se passou e eu estava me arrastando até a janela, todos já estavam lá. Menos, obviamente, Almofadinhas e Neve. Ri com isso enquanto negava com a cabeça

— “Se vocês não estiverem eu vou sozinha com Almofadinhas e Pontas”— A imitei fazendo-os rirem, mas eles tão logo se calaram olhando para algo atrás de mim

— Eu falo assim, Aluado? – Ouvi um sussurro perto de meu ouvido e tremi com o arrepio tomando conta de minha nuca depois de Hermione ter soprado no lugar.

— Hermione, não fique tentando Aluado, por favor. – Sirius riu e eu virei sobre meus calcanhares e suguei o ar recuando um passo ao vê-la tão perto.

E ela se superou.

— V-você e-está...

— Linda, gostosa, maravilhosa, a visão do paraíso? – Riu e Sirius passou o braço por seu quadril, sorrindo malicioso para mim por trás dela. Filho da puta. – Almofadinhas já me disse tudo isso, mas obrigada mesmo assim.

Estreitei os olhos para Sirius, não era possível ele não gostar dela.

— Bem, vamos antes da senhora Pettigrew voltar do chá dela. – James murmurou e já estava com parte do seu corpo para fora da casa quando ouvimos a voz meiga da mãe de Pedro;

— Vocês sabem que existem porta, não é, meus queridos? – Travamos na mesma hora, virei com os olhos arregalados apenas para encontrar uma senhora Pettigrew de braços cruzados e roupa de dormir

— Huh, boa noite, senhora Pettigrew. Nós só estávamos... Huh... – Sirius começou e ela estreitou os olhos

— Saindo pela janela para ir a festa de aniversário de Alex? Vocês realmente pensaram que iam conseguir sair sem que eu conseguisse saber?

— Sim. – Almofadinhas respondeu prontamente e Neve lhe deu um forte tapa na nuca – Quer dizer, NÃO, CLARO QUE NÃO! PORQUE NÓS PENSARÍAMOS ISSO? – Sua voz aumentou e Mione deu um tapa na própria testa rindo de modo nasalado

— Bem, existe uma porta para isso. Eu já fui jovem uma vez, sabiam? Acham que essa velha aqui não requebrava não?

— Descul... Espera, a senhora está nos deixando ir? – Mione franziu o cenho confusa, nós nos entreolhamos e voltamos a encarar a mãe de Rabicho

— Mas é claro! Eu sei muito bem que você e Remus vão por juízo na cabeça desses pestinhas. – Neve riu fazendo a senhora Pettigrew sorrir – Você está linda, por sinal, Mione.

— Obrigada, senhora Pettigrew. Prometo trazê-los inteiros.

— Não faça promessas que não pode cumprir, Neve. – Sirius sussurrou, fazendo-a dar um tapa em seu ombro

— Voltem antes do sol nascer, por favor. – E se virou, ela estava entrando no próprio quarto quando parou e virou para olhar para Pedro – Por sinal, você está de castigo.

— Porque?! – Guinchou confuso

— Por tentar sair escondido. Bem, aproveitem a festa. Boa noite. – E desapareceu em seu quarto, Mione riu e se dirigiu a escada descendo cuidadosamente

— Bem, foi melhor que o esperado. – Observei como ela também era incrivelmente bonita, mesmo de costas. Foquei meu olhar em sua nuca, sempre na nuca, nunca mais a baixo, nunca. Isso. Continue olhando para a nuca dela, Remus.

— Cara, você parece estar prestes a ter um aneurisma. – Pedro murmurou para mim, pisquei algumas vezes e o olhei como se fosse louco – Sério, se você não parasse de olhar para Neve você ia colocar um buraco na nuca dela.

— Não, eu não ia. – Sussurrei de volta

— Sim, você ia, Aluado. Eu estava sentindo na minha alma, pelo amor de Deus. – Fiquei tenso com a fala calma de Mione, que olhou sobre o ombro e sorriu de lado, era incrível como ela sabia que era bonita e que causava esse tipo de efeito nas pessoas – Ei, Rabicho, essa é a mesma Alex que te zoava?

Sua voz soou incrivelmente protetora, ele acenou com a cabeça encolhendo os ombros levemente

— Bem, pelo menos você vai poder mostrar que está gostoso. – Régulos e Pedro olharam para James com sobrancelhas arqueadas

— Gostoso? – Rabicho sorriu malicioso e Neve riu junto a Almofadinhas

— O que? Eu sou confortável o suficiente com minha sexualidade para admitir que ele está, ué.

— Esse é o meu irmão. – Gargalhamos enquanto James dava de ombros de modo convencido chutando o chão;

— Favor, não ficarem bêbados. – Ela murmurou chegando perto de Pedro e passando o braço dele ao redor de seu ombro enquanto Sirius batia na porta se encostando no batente da mesma.

— Sirius! Você veio! E trouxe seus amigos gost- seus amigos! – Uma loira abriu a porta e eu ouvi Hermione rir baixinho, olhando a menina desde o cabelo incrivelmente alto aos saltos com frufrus rosas.

A loira olhou cada um de nós com fome, entortando a boca para Mione e fazendo-a sorrir de lado debochada.

Era um contraste interessante do estilo das duas; Alex – creio que seja ela -, estava toda de rosa com frufrus em seu vestido brilhante, enquanto Mione estava de calças escuras com uma blusa curta e uma jaqueta de couro, provavelmente de Sirius que ela havia diminuído o tamanho. (N/A: É a visão de Remus e por isso ele não sabe descrever, então... Aqui)

Acho que já ouvi Lily chamando Neve e Almofadinhas de Punk, e naquela noite eu havia entendido onde os dois se encaixavam na classificação.

— Pedro, que horas são? – Mione perguntou, fazendo questão de entonar o nome do nosso amigo. Ele arqueou uma sobrancelha, Neve lhe deu uma cotovelada leve nas costelas fazendo-o suspirar e olhar para o relógio que estava ao lado do rosto de Hermione;

— São oito e quarenta, Hermione.

— Pedro? Pedro Pettigrew? – Alex arfou e eu vi um sorriso vitorioso estampar no rosto de Mione

— O próprio, Alexia. – Rabicho sibilou de volta e a olhou frio

— Bem, vamos ficar aqui a noite toda? - Neve interrompeu e entrou passando pela aniversariante olhando-a debochada, a seguimos rindo e não demorou muito para que nós nos separássemos.

Os Black já estavam sendo arrastados por algumas garotas, James estava dispensando algumas e se dirigindo ao montinho de dança junto a sua irmã, a rodando com força.

A risada dela era abafada pelo som alto, mas ainda assim, era hipnotizante assisti-la rir e sorrir, e eu não era o único a pensar aquilo.

Balancei a cabeça e segui a mesa de bebidas, pegando a primeira garrafa que vi e a virando;

Não era gostosa como cerveja amanteigada ou até mesmo Whisky de Fogo, os trouxas eram estranhos.

Quando a garrafa acabou depois de alguns minutos, eu arfei buscando ar, ri com o nada e fiquei mais algum tempo bebendo o que aparecia até que alguém enfiou uma grande caneca em minhas mãos

— Vira! Vira! Vira!

O coro começou me fazendo gargalhar e atender os pedidos, a bebida queimava minha garganta, mas eu deixei a caneca vazia e a levantei sobre a cabeça rindo causando palmas e assobios.

— Aluado? – Uma voz confusa chamou minha atenção, olhei para Hermione, a linda Potter

— Neve! – Alguma coisa era engraçada, eu ainda não havia descoberto, mas era engraçada! – É engraçado não é? Neve! Combina com Aluado. Aluuuado.

— Por Godric, quanto você conseguiu beber em menos de duas horas?

— Um pouco? – Ri e ela negou com a cabeça esticando o pescoço para olhar algo do outro lado da casa – Hm, você tem um pescoço bonito. – estiquei minha mão e alisei uma parte que se sobressaltava por conta de sua virada de cabeça, ela se sobressaltou e eu sorri com aquilo

— Está bem, Aluado. Vamos tomar um ar, eu não vou conseguir levar você, James e Sirius bêbados e silenciosos de volta à casa de Pedro. – Mione pegou minha mãe e começou a me puxar para fora, a segui rindo, não conseguia negar, mesmo.

Olhei ao redor e ri ao ver uma árvore

— Mioooone, eu aposto que eu consigo subir na árvore mais rápido que você. – Vi um brilho divertido e competitivo aparecer no fundo de seus olhos castanho esverdeados

— Não invente, Aluado. Você mal se aguenta em pé. – Ela riu colocando as mãos nos bolsos da jaqueta de Sirius, ela cheirava a ele. Franzi o nariz para aquilo e Mione arqueou uma sobrancelha quando cruzei os braços

— Se eu conseguir subir antes que você, você vai ter que responder tudo que eu perguntar e sem mentir! – Ela riu negando com a cabeça, o efeito da bebida já estava saindo.

A parte lobisomem se regenerava mais rápido.

— Esse cheiro que eu sinto, é medo, Potter? – Cutuquei a parte exposta de sua barriga, ela riu se encolhendo e me dando um tapa na mão. Vi a oportunidade de lhe ver rir e voltei a lhe cutucar, e como esperado, altas gargalhadas escaparam de seus lábios.

Mione se encolhia e se debatia, quase caindo.

— Está certo! – Ri com aquilo e nós chegamos perto da árvore, vi um sorriso competitivo rasgando seu rosto e o espelhei. – Pronto?

— E... Já!

— Ei! – Resmungou por eu ter subido antes e eu ri, quando olhei para o galho que havíamos combinado subir, a vi sentada sorrindo maliciosa. Ela me estendeu a mão e eu suspirei a aceitando.

Mione me empurrou para ficar encostado no tronco e com ambas as pernas ao redor do galho, disse que assim as chances de eu cair diminuíam.

Ela ficou de frente para mim e do mesmo modo, ficamos em um silencio confortável. O vento clareava minha cabeça e a olhar também.

Neve tinha os olhos na rua quando começou a cantarolar;

Ela tinha uma voz bonita, Pedro até havia lhe dito para participar das raras apresentações de natal. Raras pois quase ninguém se candidatava para fazer algo, mas ela sempre resmungava que não cantava bem o suficiente para outros ouvirem daquele modo.

Suspirei com a voz meiga e calma de Hermione invadindo meu sistema, ela cantava quando cuidava de mim. Mas nunca quando eu estava acordado, das vezes que eu consegui escutá-la cantar, eu estava de olhos fechados tentando dormir ou só mesmo sofrendo em silencio.

Eu não reconhecia as músicas que ela cantava, devia ser alguma música de sua época...

A época dela. Um dia ela retornaria a ela?

— Vai, pergunta, Aluado. Estou me sentindo solidária hoje. – Riu enquanto eu a estudei vendo-a balançar as pernas de um lado ao outro – Eu não vou ficar mais nova, Remus.

— Você vai voltar? – Foi a primeira coisa que me veio à cabeça – Para a sua época.

— Essa é minha época, amor. – Murmurou e sorriu de lado para mim – Mas, não, eu não vou voltar a época de Hermione Granger. – Suspirou olhando para o céu pensativa – A minha “época” está destruída, pois eu a mudei no momento que renasci como Potter. Além de que eu não poderia, de qualquer maneira, não há nenhum meio de avançar e...

— E?

— Eu não gostaria disso. – Suspirou e olhou para mim, ela não precisou falar mais nada, pois eu entendi o que ela dizia.

— Eu também não gostaria disso. 

— Nos encaramos por um tempo até ela desviar o olhar rindo nervosa

— Não me olha assim, Remus. – Neve se arrumou no galho, escondendo o rosto nos cabelos negros.

— Assim como? – Já não tinha mais efeito da bebida para nublar minha mente, eu sabia disso. Ela não.

— Desse... Jeito. – Murmurou me fazendo rir – Você está bêbado, seu lobisomem abusado.

— Estou? – Ela estreitou os olhos em minha direção e um sorriso frouxo despontou de seus lábios – Você não vai abusar de mim, vai?

— Claro que não, seu idiotinha. – Gargalhou – Quantas vezes eu falei para os meninos que nunca se deve ficar com alguém bêbado pois ele não está pensando por si próprio? Acha que eu traíria meus próprios ensinamentos?

— Nunca se sabe. – Dei de ombros e ela riu novamente – Andrew estava lá, não estava? Eu vi você falando com ele alguma hora.

— Sim, ele tentou me levar para um quarto. – Rolou os olhos – Maldito, ele tentou me forçar. – Fiquei tenso, sentindo um ódio me subir ao peito e me cegar – Mas tudo bem, no momento ele deve estar procurando o pulmão, ainda.

— Você deu uma surra nele, não deu?

— Claro que sim! O irmão dele me “ajudou”. Ainda o ouvi gritar depois que saí e encontrei você quase caindo nos peitos de uma ruiva aí.

— Eu?

— Você! – Franzi o cenho tentando me lembrar, era tanta gente que eu mal me lembrava de ter alguma garota lá.

— Bem, eu não trairia Emmeline. – Mione acenou com a cabeça

— Sei que não... – O seu olhar voltou a rua mal iluminada, e a Hermione pensativa estava de volta.

— Desculpe, não queria trazer ela para a conversa... – Murmurei, Neve me olhou de esguelha antes de sorrir calma

— Não estou pensativa por causa disso, já me acostumei com essa dorzinha. – Franzi a cara – Estava me lembrando da minha última juventude, não foi tão divertida quanto essa.

— Porque?

— Bem, a cada ano aparecia um problema. – Sorriu para o nada, parecia estar longe – Harry e Rony realmente eram dois patetas! Mas eles não procuravam confusão, a confusão que os encontrava! – Gargalhou e eu apenas a observei contar suas estórias. – Sabe, no segundo ano eles perderam o trem de hogwarts e dirigiram sozinhos um carro voador! E não é que os malditos acabaram chegando?! – Ri imaginando um mini James fazendo algo do tipo – Eles acertaram o salgueiro lutador. Quer dizer, o salgueiro lutador os acertou.

— E você? Não fazia esse tipo de coisa? – Perguntei depois de várias risadas

— Eu? Bem, não. Eu meio que era arrastada para esse tipo de coisa. No quinto ano, nós invadimos o ministério porque Harry pensou que... – Ela franziu o cenho e engoliu seco, seu olhar se tornou triste – Ele pensou que Voldemort tinha pego Sirius. – Me encolhi com o nome, Mione suspirou, voltando a balançar os pés.

— Neve, posso te fazer uma pergunta? – Ela acenou com a cabeça sem realmente prestar atenção no que eu havia falado – Eu... Eu me casei?

Aparentemente eu havia dito algo engraçado, pois ela me olhou e riu alto

— Oh, sim. Você se casou... E teve um filho, na verdade. Harry até era o padrinho. – Hermione voltou a rir enquanto eu ainda me recuperava do choque, eu fui pai?

— E... Emmeline?

— Eu não vou te dizer, Remus. Não quero afetar sua decisão, caso... – Franziu o cenho novamente, onde a mente dela estava indo?

— Caso...

— Caso eu não sobreviva. – Uma dor enorme me atingiu, trincando minha garganta ao imaginar um mundo sem Hermione Potter. – Pode acontecer, sabe? O futuro é sempre incerto...

Porra de futuro.