Louis Edwin

–-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Eu não dormira a noite toda, provavelmente minha face estava marcada por olheiras, ainda não havia engolido a ideia de "voltar a Paris" .

Estamos em uma fila para uma espécie de "Suporte & Atendimento Para Filhos De Olimpianos Em Missões Importantes Para Salvar O Mundo Mas Não Tem Dinheiro Para Comprar Uma Passagem No Aeroporto" que Charlotte nos recomendara, ela disse que esse serviço foi criado a pouco tempo e nos mostrou o caminho, era uma sala especial no aeroporto.

– Próximo! - Um ciclope balconista gritou, a nossa espera - Trabalhar aqui foi a pior ideia que já tive.

–Alguém quer ir comigo? - Charlotte indagou.

–Eu tenho medo de ciclopes! - Scott afirmou.

–Deixa que eu vou - Tobias levantou sua mão, se oferecendo.

"NÃO" Foi a resposta harmônica que nosso grupo deu.

–O Louis não pode ir com você? - Tommy apontou para mim.

–Eu não quero fazer is... - Tobias me empurrou em direção ao balcão - Ici nous allons ...

O ciclope me encarava com um olhar mal humorado, ele provavelmente estava analisando qual tempero combinaria melhor com a minha carne.

–Oi, a gente precisa de um avião para salvar o mundo do caos apocalíptico causado pelo desaparecimento do soleil e...

–Próximo! - Ele berrou.

–Mas...

Charlotte abanou sua cabeça em reprovação.

–Deixa comigo - Ela se apoiou no balcão - Bom dia senhor, estamos em uma missão importante e precisamos de uma viagem para Paris.

–Primeira classe ou segunda? - O balconista ciclope colocou um óculos de uma só lente enquanto carimbava um papel.

–Primeira, de preferência com água mineral.

O balconista entregou uma carta fechado com um selo especial.

–Vocês precisam entregar isso aqui para a aeromoça vestida de branco antes de embarcar.

–Muito obrigada. - Ela sorriu e se virou para mim - Você não pode dar muitos detalhes nessa companhia aérea, principalmente em uma que tem ciclopes como atendentes. Ah, eles também odeiam francês.

...

Depois dos perceptíveis problemas que Tommy tem para subir escadas rolantes e alguns comentários profundos de sua parte, questionando o modo de viver da nossa sociedade atual, como: "Se a escada sobe sozinha, por que existem elevadores?" chegamos até o pátio e ficamos aguardando para embarcar.

"Tem certeza que essas coisas pesadas não tem perigo de cair do céu?" Tommy estava muito entusiasmado, deve ser porque ele saiu pouquíssimas vezes do Acampamento.

"Essas coisas Tommy, são aviões, e eles caem sim, na verdade já houve muitos acidentes aéreos, geralmente ninguém sobrevive parce que eles caem na terra e todos são esmagados." Respondi com um pequeno sorriso no rosto, é uma prática divertida deixar pessoas com medo.

"Mas... E se ele cair no mar? "

"Provavelmente você vai morrer afogado ou vai explodir também".

"Louis, você pode parar de assustar o garoto?" Charlotte me repreendeu.

Quando eu estava com medo de algo (como um avião por exemplo), minha mãe sempre dizia as inúmeras possibilidades fatais do que poderia acontecer conosco e de alguma maneira isso espantava meu medo ao ver que não tinha acontecido nada.

O painel eletrônico anunciou que nosso voo era agora, Jake entregou a carta para a aeromoça vestida de branco (assim como o ciclope havia nos instruído); Ela nos mandou seguir por um corredor azul e no final dele havia um avião particular nos aguardando, todos estavam bem eufóricos, eu era a única exceção.

Sentei - me em um dos bancos do fundo e enterrei meu rosto na palma das minhas mãos. Eu odeio chorar, me faz me sentir fraco, vulnerável.

–Você está bem?

Virei a cabeça, procurando a origem da voz, Wendy estava sentada ao meu lado, tentei esboçar um sorriso mas ela deve ter percebido que era falso.

–Não é nada - Menti.

Acho que ela estava tentando me consolar, mas sem saber ao certo como fazer realizar essa difícil tarefa, Wendy estendeu sua mão em um gesto amigável - como se fosse pegar na minha - mas desistiu, estiquei a minha mão e coloquei - a sobre a dela.

" Je vais bien " Respondi, ela sorriu e a iris dos seus olhos tomaram uma coloração esverdeada " Verde?"

"Ah... É uma coisa de filhos de Íris, ele tipo, muda conforme meu humor. Verde é felicidade e castanho é normal . Você é francês?"

"Sou" Assenti com a cabeça enquanto falava " Como seus olhos ficam quando está brava? "

" Mel " Wendy mordeu os lábios " Por quê? "

"Para que eu possa saber quando estiver brava comigo".

"Por que eu iria ficar brava com você?"

"Azul é tristeza ?" Indaguei, pois não sabia a resposta para a pergunta dela.

"Não exatamente, dependendo da tonalidade sim mas... " Ela parou de falar e coçou o braço (um pouco tímida), depois continuou " Azul é complicado é..."

"Em quanto tempo a gente vai chegar, Edwin?" Tommy a interrompeu "Oi Wendy, a Eddie tá te chamando".

A filha de Íris assentiu com a cabeça e se levantou, a procura de Eddie, Tommy sentou - se na poltrona.

"Desculpa, mas eu precisava falar com você... Tipo, urgente".

"O que houve? " Perguntei suspirando , hoje o dia não estava sendo um dos melhores.

"O Tobias está meio estranho, eu acho que tem a ver com a picada daquela lacraia mutante." O rapaz gesticulava com as mãos enquanto falava.

"Estranho como? Ele tá passando mal?"

O garoto começou arranhar seu braço por nervosismo.

"Tommy? " Ele me encarou " O que o Tobias tem?"

"Ele... Bom, ele está fora de si tá? Ele não sabia o que estava fazendo, pelo menos eu acho... De qualquer maneira tem que ser isso ou..." O filho de Apolo virou a cabeça para o outro lado observando fixamente o chão.

"Anthony" Apoiei minhas mãos em seu ombro "O que o Tobias tem?"

Ele continuou a encarar o chão por um tempo - como se fosse seu esporte preferido - , meu coração batia acelerado, Tobias é como um irmão para mim.

De repente Tommy virou a cabeça bruscamente, como se fosse vomitar a notícia mais terrível do mundo ( e talvez ela fosse mesmo ).

"Ele tentou se matar".