I Found Love escrita por AnnieSmith


Capítulo 8
Capítulo 7




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  Perto da meia noite a casa parece ter entrado em silêncio total. Abri a porta do meu quarto com cuidado para não fazer muito ruído e dirigi-me até ao quarto do meu irmão, espreitei pelo pequeno espaço entre a porta e a parede e pude ver que este dormia profundamente o mesmo acontecia com os meus pais. Regressei ao quarto e peguei no meu celular para avisar Steve, enviando em conjunto o endereço da casa. Tinha cerca de cinco minutos para me preparar, pus almofadas debaixo dos lençóis como forma de imitar o meu corpo, truque cliché, mas esperava profundamente que desse para enganar.

            Vesti o moletom preto que tinha separado para usar. Calcei as sapatilhas, pus o celular na mochila que tinha ao ombro. Espreitei pela janela e visualizei um carro parado à frente de minha casa, foi rápido. Desci as escadas lentamente, abri a porta e a fechei, evitando fazer muito barulho, e digeri-me rapidamente para o carro. Ao abrir a porta encontrei Steve com uma cara sorridente.

            – Pronta para a nossa “missão”? – perguntou.  

          –Nervosa, espero que corra tudo bem – respondi fechando a porta.

            – Acredito que sim – disse começando a dirigir – o pior que pode acontecer é os seus avós nos encontrar e termos de explicar o porquê de estarmos a invadir a sua cave durante a noite. 

          – Acha que encontraremos alguma informação? 

           – Não tenho resposta para isso, o mais provável é que não. Teremos de ser rápidos, não convém também que seus pais não lhe encontrem em casa – respondeu.

            – Posso sempre dizer que fugi com um garoto – disse rindo.

            – No fundo não deixa de ser verdade – disse rindo também – o quarto dos seus avós fica virado para a estrada ou para o jardim?

            – Para a estrada – respondi.

            – Isso facilita a nossa entrada, menos chances de nos encontrarem a atravessar o jardim.

            – Como tenciona entrar dentro de casa? Não vai arrombar a porta certo? – perguntei preocupada.

            – Eu tenho os meus truques Grace, os seus avós não vão reparar em nada.

Assenti e respirei fundo, tudo isto era uma loucura, mas era uma ótima chance para encontrar informações ou até mesmo a verdade. Pela estrada a minha frente pude ver que faltava virar a curva para entrarmos na rua da casa dos meus avós. Steve passou reto a esta, estacionando cem metros depois.

            – Antes de irmos vamos definir o plano. Entraremos pela parte de trás da casa, temos de subir o muro e rapidamente chegar à porta. Após aberta, você indicará aonde fica a cave, procuramos informações e regressamos pelo mesmo caminho. Temos de ser rápidos e bastante cuidadosos. Entendeu? – perguntou.

            – Sim Capitão! – respondi.

            – Então vamos lá, tente permanecer atrás de mim.

            Saímos do carro e caminhamos rapidamente até à casa dos meus avós, tudo estava sossegado e o céu estava coberto por nuvens ocultando assim o luar, permitindo que não houvesse muita claridade. Contornamos a casa, ficando frente a frente com o muro que rodeava a casa, este era alto, alguns centímetros a mais que Steve. Olhei para este, tentando perceber como iriamos subir e vejo-o a juntar as mãos e a agachar-se.

            – Eu dou-lhe impulso para subir, mas tenha cuidado ao descer.

            Assenti e coloquei o meu pé direito nas suas mãos e senti ser erguida. Fiz força nos meus braços e passei a minha perna esquerda para o lado de dentro da casa e depois a direita, já em cima do muro só faltava saltar, o fiz com cuidado e cai em pé, mas senti um pequeno ardor pela queda. Steve não teve dificuldade nenhuma e nem passado um segundo de eu ter saltado já estava a minha beira. Este começou a dirigir-se para a porta branca das traseiras da casa e segui-o.

             Até agora tudo corria como o planeado, ao chegar à entrada este agachou-se tirando um pequeno arame do seu bolso o colocando na fechadura e, após uns segundos, facilmente e sem fazer ruido, este conseguiu abrir a porta. Olhei-o surpreendida e este apenas deu um leve sorriso inclinando a cabeça como a dizer para continuarmos. Abriu lentamente a porta, deixando-me passar e em seguida ele, encostando-a. Tomei a liderança e caminhei até à porta que dava para a cave que felizmente estava aberta, descemos a escadas e tateei a parede à procura do interruptor, mas Steve me deteve, entregando-me uma lanterna.

            – É mais seguro assim – sussurrou ao meu ouvido.

            Liguei a lanterna e apontei a sua luz para todo o espaço, Steve fez o mesmo. Sabia que era um espaço pequeno aonde meus avós utilizavam para arrumações e para os utensílios de jardinagem e ferramentas. Havia várias caixas de papelão empilhadas umas em cima das outras identificadas por nomes. Apontei para uma caixa que tinha o nome do meu pai, por isso, a caixa do meu tio deve estar por perto.

Caminhei alguns passos à frente mas parei ao ouvir a voz de Steve.

            – Encontrei aqui uma caixa com o nome do seu tio, procure outra.

            Fiz o que ele mandou, verificando o nome de todas as caixas até que encontro mais uma. Tirei a fita cola com cuidado e com a lanterna verifiquei o seu conteúdo, tinha alguns objetos, alguns troféus desportivos que meu tio ganhou, alguns cadernos da escola, algumas fotografias e no fundo tinha um caderno médio de anotações. Abri-o e na primeira página estava escrito " Para ti Grace". Com a página estava também uma foto minha em bebé junta com um clipe. Percorri algumas páginas e pude ver alguns textos, desenhos e fórmulas. Abri a boca para chamar Steve, mas contive-me. Se lhe dissesse que tinha descoberto o caderno ele iria entregar a S.H.I.E.L.D e só depois, caso fosse seguro, eu poderia o ter. Eu precisava de ler cada centímetro de todas as páginas, sentia que de alguma forma aquilo me pertencia.

            – Encontrou alguma coisa? - perguntou Steve.

            – Não - respondi tentando ser convincente.

            – Eu também não. Já o estava à espera, o seu tio não iria deixar algo importante na casa dos seus avós, qualquer um poderia descobrir.

            Percebi que este começou a aproximar-se do local em que estava, por isso, escondi rapidamente na minha mochila o caderno. Apontou a lanterna para dentro da minha caixa e suspirou.

            – Não há nada mesmo. Esta viagem foi em vão mas ao menos você pode visitar a sua família.

            – Sim é verdade.

            Continuou à procurar por outras caixas e permaneci parada a observá-lo.

            – Está tudo bem? - perguntou.

            – Sim está, só acho que não vamos encontrar nada, se não estão nestas caixas.

            – Melhor irmos embora, vamos colocá-las no sítio.

            Assenti e pus a caixa da mesma forma que a tinha encontrado. Não queria mentir a Steve, sabia que era importante para este descobrir informação que pudesse ajudar, mas eu preciso primeiro de ver aquele caderno e depois entrego-lhe. Sei que poderá dar problema, mas até lá tenho tempo de pensar em algo. Subimos as escadas com cuidado e saímos da cave, tudo estava quieto da mesma forma que entramos. Fizemos o mesmo percurso até chegar ao carro.

            – Felizmente os seus avós não descobriram – disse ligando o motor do carro.

            – Só espero que em minha casa aconteça o mesmo.

            O resto do caminho até minha casa foi em silêncio. Pelo canto do olho observei Steve, era estranho estar na presença de um vingador e a sua história era fascinante, porém atrás de todo aquele emblema podia-se ver uma tristeza nos seus olhos, provavelmente não algo deste tempo, mas sim do seu passado. Queria poder tentar entender a razão, mas, se tivesse de rotular a nossa “relação”, diria que eramos conhecidos, por isso, não tenho o direito de poder fazer alguma pergunta sobre a sua vida íntima e muito menos o direito de receber uma resposta. Tudo isto duraria apenas três dias e depois a única visão que teria deste era na televisão a salvar o mundo por um bem maior. Mas quem o salvaria da sua própria tristeza?

            Perdida nos meus pensamentos nem reparei que já estava perto de casa. Steve estacionou o carro e olhou para mim.

            – Parece que a nossa “missão” terminou – disse, dando um pequeno sorriso.

 – Foi uma experiência interessante, desculpe por não termos encontrado nada – falei sentindo uma picada atingir o meu corpo, é a dor da mentira.

     – Já o esperava, as probabilidades eram pequenas. Não importa, iremos encontrar outras pistas e deter a Hidra.

        – O que acontecerá ao meu tio? Caso o consigam capturar? – perguntei.

            – Vão interrogá-lo, depois de descobrirem tudo vai ser julgado. Independentemente do que este disser vai ser preso.

           – Prisão perpétua? – perguntei, uma vida inteira.

         – Quase de certeza. Eu sei que ele é seu tio Grace, mas ele…

        – Está a desenvolver um soro para uma das organizações mais perigosas do mundo. Eu tenho noção disso, ele merece a sua sentença, mas continua a ser uma pessoa da minha família, com quem convivi na infância – interrompi.

            – Lamento – disse Steve.

            – Não o tem de fazer. Quero-lhe agradecer por me ter acompanhado até Milton, me ter protegido e ajudado a encontrar informações sobre o meu tio, mesmo que, infelizmente, não tenhamos descoberto nada – outra picada de dor, ele não me vai perdoar por mentir, mas precisava de ser assim.

            – Eu gostei da viagem, mesmo que não tenha válido de muito. Toda esta situação envolve-me, você é só mais pessoa inocente que, sem quer, se viu metida neste problema, por isso, tenho-a de proteger de todos os perigos, eu sei que é o meu trabalho, mas não é a única razão por que o faço.

            – Obrigada Capitão – agradeci sorrindo – é melhor entrar antes que alguém acorde e sinta a minha falta.

            – Um resto de uma boa noite, senhorita Smith – desejou e a forma como ele me tratou fez-me rir – vemo-nos novamente no aeroporto.

            – Até lá, senhor Rogers – tratei-o de igual forma.

            Sai do carro indo até a entrada da minha casa e quando cheguei a esta, virei-me acenando como despedida a Steve que ligou o carro e foi-se embora. Abri a porta de casa com cuidado, subi as escadas e conferi o quarto dos meus pais e do meu irmão, tudo estava igual como quando sai.

            Abri a porta do meu quarto e pousei a mochila que tinha ao ombro em cima da cama. Retirei o caderno indo para a primeira folha escrita, "Para ti Grace", reli a frase. Olhei para a minha fotografia em bebé, devia ter um ano e sorria para a câmara. Guardei-o no criado mudo, estava muito cansada para o analisar com atenção, por isso, amanhã o farei juntamente com a carta que ainda me faltava ler. Vesti o pijama e me deitei na cama, cobrindo-me logo em seguida. Depois de muitos pensamentos, incertezas e mudanças de posição finalmente consegui adormecer.

            Acordei pelo som da voz da minha mãe chamando-me para tomar o café da manhã. Tinha saudades destas pequenas coisas. Levantei-me e desci as escadas para a cozinha, estando só a minha mãe nesta.

            –  Bom dia minha querida, desculpe por ter de tomar o café da manhã sozinha, mas o seu irmão já fui para a escola e seu pai teve de ir trabalhar mais cedo.

            – Não faz mal, não é por estar aqui que a vossa rotina tem de mudar.

            – Eu também tenho de ir, mas fiz panquecas.

            – Obrigada mamã – disse dando um beijo em sua bochecha e fui pegar as panquecas.

            – Até logo - despediu-se.

            Respondi também e comecei a disfrutar das minhas panquecas enquanto via televisão. O resto da manhã passei a descansar no sofá, prometi a mim mesma que durante esta pequena visita não iria me preocupar com o trabalho da universidade, mas sim aproveitar todo o tempo possível para descansar e conviver com a minha família. Estava atenta ao filme que passava na televisão até que sinto o meu celular vibrar. Desbloqueio-o e vejo que recebi uma mensagem da Ellie, finalmente aquela garota dava sinal de vida.

            "Oi Grace, desculpe só mandar mensagem agora, finalmente acabou a fase de exames da universidade, estava tão ocupada a estudar que mal tinha tempo para respirar. Porém já acabaram, até estou confiante. Combinei com alguns amigos festejar a um bar em Cambridge. Não se preocupe, vou-lhe buscar a casa e não aceito um não como resposta, preciso urgentemente de ter a sua presença ao meu lado"

            Ri-me com a sua mensagem, os meus pais não se devem importar por sair a noite com a Ellie, de certeza que se eu negasse o convite me forçariam a ir. Quando estava prestes a enviar mensagem aceitando me detive. Steve me pediu para não sair de Milton. Por isso, enviei mensagem à Ellie agradecendo pelo convite, mas tinha de recusar. Ela iria ficar bastante triste por negar e ia-me pedir explicações para tal resposta, explicações eu não poderia dar.

            Enquanto pensava alguma desculpa para dar à minha melhor amiga, comecei a pensar no outro lado do problema. Se não contasse a Steve, ele não iria saber que tinha saído, pensaria que estava em casa com a minha família e não havia formas para este saber. Podê-lo-ia convidar, mas não queria que este se visse obrigado a aceitar, não eramos amigos, não teria o interesse de sair comigo muito menos com a Ellie e os amigos desta. Não estaria sozinha. Estava indecisa, não queria mentir novamente a Steve, mas queria sair de casa, divertir-me e esquecer um pouco os problemas.

            Por isso, sem pensar mais no assunto peguei no celular e enviei mensagem à Ellie dizendo que afinal sairia com ela. Só espero que Steve não descubra.


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