O Desafio dos Deuses escrita por moriartea


Capítulo 2
Lembranças




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Agi por impulso, como na maioria das vezes.No momento em que ela já estava quase em cima de mim, eu me joguei para o lado e caí em cima de uma mesa, derrubando-a junto com a cadeira atrá dela.Imaginei que esse estardalhaço pudesse chamar a atenção de alguém, mas até chegarem ali eu já estaria morta.Me levantei o mais rápido que pude enquanto ela freiava a tempo de não dar de cara na porta.

- Não resista meu bem.Será muito menos doloroso assim.Estou oferecendo uma morte melhor do que teria nas mãos dos deuses - Rudolph disse num irritante tom meigo.

Nem parei para processar o que ela tinha acabado de dizer.Tudo em que eu conseguia pensar é que eu tinha que sair dali inteira, de preferência.Mas não tinha como, não havia ninguém para me ajudar. Mal acabei de pensar nisso e senti uma queimação no meu pescoço.Olhei para baixo e tomei um susto.Um colar dourado com um pingente em forma de caduceu tinha surgido ali.Quando eu toquei nele, sua forma se alongou, o colar se soltou do meu pescoço e a parte onde eu segurava virou o cabo de uma espada longa feita de uma espécie de bronze, com a ponta fina e irregular.

- Mas o que...? - ela começou mas ao ver no que o pingente tinha se transformado sua expressão ficou furiosa - MALDITO seja o seu pai!!! - e partiu para cima de mim.

Fiz o que seria óbvio nessa situação.Levantei a espada, que parecia ter sido feita especialmente para mim, e me preparei para dar o golpe.Mas nesse instante, a empousa parou o ataque e para a minha total surpresa, fez uma cara de terror e começou a gritar:

- O que você está fazendo???Ficou louca??Fique longe de MIM!!!

Só havia um motivo para ela estar fazendo aquilo.Mas já era tarde demais, estava com a espada quase em cima dela.Ataquei e ela se jogou para o lado, fazendo a espada cravar em sua mesa.Nesse exato instante, a porta se abriu com violência e um inspetor Miles com uma expressão ao mesmo tempo assustada e eufórica surgiu no portal.

- O QUE SIGNIFICA ISSO???

- Inspetor Miles, SOCORRO!!!Essa louca está tentando me atacar com uma faca!!!

Ei, espere aí, uma faca??

Mal tive tempo para pensar.O inspetor veio até mim, agarrou o mesmo braço que ele tinha machucado há pouco tempo e disse:

- Agora você está muito encrencada mocinha!!- abrindo um sorriso insano, enquanto me arrastava para o corredor ainda cheio de pessoas às gargalhadas.

Arrisquei a dar uma olhada para trás e vi Rudolph se endireitando e me olhando com raiva.Esperava do fundo do meu coração que ela deixasse de dar aula no orfanato, mas eu não tinha esse tipo de sorte. Olhei para minha mão esquerda e vi que a espada tinha voltado a ser um cordão, que balançava inocentemente entre os meus dedos.Como aquilo aconteceu?

- Quero ver agora se o diretor não vai te colocar na rua, atacando uma professora com uma arma letal. Ahhhh, hoje é o meu dia de sorte!! - ele disse, feliz com o rumo que as coisas estavam tomando.

Miles era o único inspetor que fazia de tudo para me pegar fazendo alguma coisa errada.Minha expulsão causaria a mesma reação que ele teria se ganhasse uma aposta feita na corrida de cavalos, um dos seus vícios.Enquanto ele me arrastava pelos corredores até a sala do diretor, eu percebi uma coisa estranha.À medida em que nos aproximávamos de lá, uma presença poderosa e familiar ia ficando mais nítida.Eu já tinha sentido antes, mas há muito tempo atrás.

Eu tinha 10 anos quando a campainha da minha casa tocou, e ao abrir a porta dei de cara com um homem um pouco alto, com cabelos negros cacheados e um sorriso travesso.

- Olá!! - ele disse com um sorriso amistoso - Sou um amigo da sua mãe, ela está? Fiquei parada ali, desconfiada, mas de algum jeito eu sabia que ele conhecia a minha mãe muito bem.E sabia também que eu o conhecia de algum lugar.

- Katie, quem...Ahh!! - minha mãe arfou enquanto descia as escadas apressada. Ela era muito bonita.Tinha longos cabelos loiros que batiam na altura da cintura e olhos da cor do mel brilhantes.Era alta e esguia e seus passos eram elegantes. A única coisa que eu havia herdado dela eram os olhos, o resto eu tinha puxado do meu pai, de acordo com o que ela dizia.

- Filha, você pode subir para o quarto por favor? Parece que tenho uns assuntos a tratar.

- Tá bom mãe. - eu disse curiosa.De onde ela o conhecia?De onde eu o conhecia? Dei uma última olhada no cara estranho, mas ao mesmo tempo conhecido e vi que ele me olhava também, com um ar satisfeito e até mesmo saudosista, como se estivesse feliz em me ver depois de muito tempo.

Tínhamos chegado à sala de espera do diretor.Veja bem, todas as crianças que viviam ali ou eram orfãs sem família ou tinham sido abandonadas pelos pais, o que significava que a maioria era rebelde e revoltada.Então, como causavam confusões dignas de merecer uma advertência, o diretor teve a brilhante idéia de fazer esta sala. Assim não haveria dezenas de crianças abarrotando o corredor e arrumando mais encrenca.Hoje a sala estava vazia.Ela era um pouco menor que uma sala de aula, com grandes janelas que davam para o jardim dos fundos.Uma lareira ocupava a parede do lado oposto das janelas, e logo acima ficava um espelho antigo.Aliás, toda decoração da sala era assim, desde as estantes cheias de livros até os sofás e poltronas espalhados pelo lugar, onde o diretor gostava de se sentar à noite para relaxar.Eu sabia disso porque ela havia me convidado várias vezes para tomar um chá enquanto contava mitos gregos, seu assunto favorito. Ao lado da lareira ficava uma porta, que dava para o escritório, onde ele dava o seu veredicto.O inspetor Miles me arrastou até essa porta e me soltou com violência, fazendo com que eu quase batesse nela.Lá dentro parecia ter gente, pois eu ouvi vozes, mas ele não pareceu se importar. Deu 3 batidas e sem esperar pela resposta, entrou na sala. O que quer que ele tenha visto lá dentro, o fez congelar.

- Ah, me d-desculpe diretor!!Não sabia que estava com visitas.

- Não se preocupe Miles.Aguarde lá fora por favor, já estamos terminando. - disse uma voz masculina que eu reconheci ser a do diretor Johnson

- Sim, sim é-é claro - disse Miles nervosamente, dando meia-volta enquanto fechava a porta.

E em seguida ele saiu da sala quase correndo, esquecendo completamente que eu estava ali.Aquilo era muito estranho, Miles nunca perderia a chance de mer ver sendo castigada.Passada a surpresa, finalmente percebi que a presença familiar estava vindo de dentro do escritório. Senti vontade de abrir a porta e saber quem estava lá dentro, mas ao mesmo tempo eu tive medo do que iria encontrar.Mas eu já estava ali, era só bater e dar uma olhadinha lá dentro, não seria uma coisa tão ruim.Mas logo que eu acabei de pensar nisso a presença desapareceu.As vozes lá dentro foram cessando e ouvi o barulho de cadeiras sendo arrastadas, provavelmente a reunião tinha acabado. Me virei para o lado e andei até a lareira, ficando de frente para o espelho e fiquei ali, olhando para o meu reflexo.

Meu rosto quadrado e o nariz pontudo davam um ar travesso à minha expressão.Mas os meus olhos, antigamente brilhantes agora eram apagados e tristes.Meu cabelo castanho escuro levemente cacheado caia na altura dos ombros, escondendo minhas orelhas pontudas como as de um elfo.No limite entre a minha testa e o meu couro cabeludo tinha um cicatriz comprida e fina, uma das marcas do acidente de carro em que minha mãe morreu e eu passei 2 meses em coma.Como eu consegui sobreviver àquilo?Foi um acidente muito violento, todos os médicos diziam que era um milagre eu ter ficado viva e sem sequelas.E a pergunta mais intrigante, como isso aconteceu?Não havia nada por perto, tudo o que eu vi foi um clarão azul e em seguida o carro começou a capotar.

A porta do escritório se abriu, saindo três pessoas.A primeira era o diretor Johnson, um cara de estatura média, cabelos castanhos lisos, que sempre carregava uma expressão amigável no rosto, mas dessa vez havia uma mistura de alívio e preocupação.A segunda era Amber Jules, a assistente social responsável por mim e mais algumas crianças do orfanato.Ela também tinha uma expressão preocupada no rosto.Eles eram o mais próximo que eu tinha de família.A terceira pessoa eu não conhecia.Era um garoto que devia ter a mesma idade que eu, só que era um pouco mais alto.Ele tinha cabelos pretos e lisos, com uma franja quase na altura dos seu olhos verdes, que eram calmos como o mar. Seu rosto tinha um ar sério, mas de algum modo eu sabia que ele estava longe de ser assim.Ele se voltou para mim e começou a me observar, assim como eu estava fazendo com ele.Algo em sua expressão me disse que ele tinha visto alguma coisa em mim que comfirmou algo que ele já imaginava.

- Ahhh, Katie você está aqui!!Espero que não tenha feito alguma coisa grave - disse o diretor ao notar a expressão séria e confusa no meu rosto - Deixe-me apresentar o nosso novo interno, Percy Jackson!!


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Notas finais do capítulo

Ta aí mas um capítulo people, reviews por favor =D
Espero que estejam gostando q



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