A Incrível História do Garoto que Ofegava escrita por PepitaPocket


Capítulo 13
Epílogo




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De volta ao tempo presente, as crianças que antes estavam apenas brigando, olhavam com admiração para Ukitake que sorriu para eles, vendo um pouco de si em seus olhares curiosos.

— Então gostaram da história? – O taichou perguntou com suavidade.

— Gostei da luta das espadas, Pepe disse com entusiasmo.

— Mas, quem segurava a arma, não era o oji-san, e sim uma menina, eca! – Kikito disse se levando pelo julgamento típico da idade, de que meninas são todas umas bobocas.

— Eu achei MUITO LEGAL! – Já Cora, achou apenas o máximo, o detalhe que uma mulher pudesse empunhar uma espada, e lutar contra monstros e outras pessoas, inclusive homens.

— Eu nem sabia que garotas podem lutar. – Ela disse com um olhar tão admirado, que Ukitake acabou dando um sorriso.

— Qualquer um pode lutar, até menos um garoto franzino e ofegante, como eu. – Ukitake dissera alargando ainda mais o sorriso.

— Mas, na história você não fez nada, caiu no chão, rolou e quase morreu. – Pepe e Kikito disseram em uníssono, e uma gota surgiu na testa de Ukitake, porque eles sendo muito pequenos, obviamente prestaram atenção, apenas no que era mais conveniente para eles.

— Talvez. – O taichou defendeu-se coçando a bochecha. – Mas, não faltou oportunidade depois.

Ele disse sendo tomado por uma emoção particular.

E, pensar que pouco tempo antes de aceitar se tornar aluno, de Yamamoto-dono, ele estava com medo de não durar quase nada.

Mas, a verdade é que ele estava durando... E, Unohana estava certa, nesse tempo ele vira centenas de jovens, com mais vitalidade do que ele, perecerem no campo de batalha.

E, isso sempre o deixava triste, porque mesmo lutando milhares de batalhas, as lutas nunca chegavam ao fim, e também as mortes desnecessárias em sua opinião, e ao mesmo tempo necessárias. O que continuava sendo um eterno paradoxo.

Se bem que ele aprendera naquele tempo, que a morte nada mais é do que um ciclo, interminável de idas e vindas, encontros e desencontros, vitórias e derrotas.

— E, a moça bonita, que você disse que havia se apaixonado (naturalmente Ukitake, ocultou alguns detalhes das crianças, verbalmente, mas sua memória não escondeu nada de si mesmo).

Um sorriso fraco surgiu nos lábios de Juushirou.

Pensar em Unohana, o fez sentir-se estranho.

Naquela época, ele acreditou que o amor deles duraria para sempre, um pensamento romântico e juvenil, daqueles que não sabiam que tornar-se centenário, em uma única existência cobrava seu preço.

Fazia muito tempo que ele e Unohana, já não estavam mais juntos.

Mas, ainda ele lembrava-se da textura de seus lábios, da suavidade de seu toque, das conversas mais íntimas, com a voz sussurrada ao pé do ouvido, a troca intensa do olhar... E, sua capacidade aparentemente infinita de ouvi-lo.

De não se abalar perante o maior dos impropérios.

A admiração e o amor, continuavam.

Mas, de uma maneira distinta do que fora antes.

Nenhum dos dois já era um mocinho ou mocinha. Eles eram dois velhos guerreiros, com responsabilidades pesadas em cima de seus ombros.

Além do mais, cada um lidava com seus demônios. Com suas responsabilidades, e tudo isso os afastava, mesmo eles ainda mantendo uma relação cordial.

Se ele estava vivo era graças aos cuidados intensivos de Unohana, que dedicava-se a pesquisar medicamentos e tratamentos, para seu male, que não tinha cara, por conta do que estava selado dentro de si, e que o mantinha vivo como um eterno paliativo, mas não lhe fornecia a cura.

Estava ciente de que esta não existia, para dizer a verdade.

E, diferente de quando ele era jovem, ele atualmente conseguia viver bem com isto.

Como Unohana bem lhe dissera, o tempo sabia ser generoso, com quem se dispunha a aproveitá-lo bem.

Teve seus pensamentos interrompidos, por uma mãozinha pequenina, de Cora que o olhava com seus olhos vivazes.

— Vocês não se casaram? – Ela perguntou parecendo triste com esse detalhe.

— Claro que não, nem sempre adultos se casam. Meus pais não são casados. – Kikito dissera com seriedade.

— Eu nem tenho pai, quem cuida de mim é minha mãe. – Pepe dissera como se não fosse grande coisa, mas aquilo o abalava profundamente. – Ela trabalha como camareira do clã Kuchiki, conhece?

Pepe perguntou já sabendo a resposta, Ukitake concordou.

— Não deixam ela me levar, para morar comigo. Então, eu fico em Rokungai, e quando pode ela me joga comida por cima do muro. Mas, nem sempre dá.

Ukitake conhecia a severidade das leis do Clã Kuchiki, mas Byakuya era jovem, se quisesse poderia abrandá-las. Mas, a viuvez o tornou alguém ainda mais árido, e severo.

Ele de certa forma perdeu a pessoa que amava.

Ele, estava ciente de que sua relação com Unohana não tinha mais retorno.

Depois de um tempo de relativa paz, ela entrava com frequência, em uma espécie de frenesi, que a fazia sair sem rumo, matando a tudo e a todos que estavam por seu caminho.

Por duas vezes, ela o feriu, não matando-o apenas por uma questão de sorte ou azar dos dois.

Quando ela fora treinar com um dos membros da família real, não tendo previsão de volta, ela terminara a relação deles.

Mas, ele acreditou que teria volta. No entanto, quando ela voltou estava diferente.

Mais centrada.

Porém, mais fechada.

Além do mais ela tomou para si, uma afeição estranha com Kenpachi.

Diziam que eles eram amigos, outros diziam que eram amantes.

Ukitake nunca soube com certeza, nem teve certeza.

De certa forma, esse era o tipo de coisa que não fazia diferença saber ou não, pois as coisas entre eles já não tinha remédio.

— Você parece gostar dela. – Cora dissera com um olhar meigo. – Porque não conversa com ela?

— Nós conversamos, sim... Querida! Só que de outras coisas. – Ukitake dissera com sinceridade. – Pois, somos amigos ainda.

— Mas, você gosta dela. – Cora insistiu, e vendo que ela não ia parar de colocar as coisas daquela maneira decidiu dizer que gostava dela de uma vez.

O que ele não sabia é que indo visita-lo, estava indo justamente a taichou responsável pelo departamento médico de toda Seireitei.

Ela acabara “sem querer” ouvindo a conversa de seu colega com a divisão e sentiu seu coração disparar, em especial quando o vira admitir que ainda gostava nela.

Unohana estava ciente de que ela cometera seus erros, e esses eram irreparáveis.

Mas, ela acreditava que todos seres humanos, shinigamis ou não, mereciam uma segunda chance.

Entretanto, só que contrariando tudo o que ela disse um dia, se via hesitando em procurar Ukitake, tocar no assunto da relação fracassada deles dois, em uma tentativa de redenção.

Esperara pacientemente as crianças irem embora, quando já estava perto do entardecer.

E, fora uma espera prazerosa, diferente de tantas outras. Pois, Ukitake era um bom homem, e levava jeito com crianças. Se as coisas entre eles tivessem sido diferentes, quem sabe eles tivessem tido uma família juntos.

Se vira ali fantasiando sobre o tipo de crianças que seriam. E, o quanto algo assim teria mudado suas vidas.

Já estava entardecendo quando, os pequeninos foram embora. Levando uma trouxinha de comida, e cobertores novos e limpos.

Eles prometeram voltar no dia seguinte, e com certeza o fariam.

Ukitake continuou ali sentado, e ela notou que a friagem da noite lhe provocou um certo tremor.

Aquilo não era bom, para sua saúde.

Por isso, acelerou o passo, para ir até ele, e dar-lhe um corretivo, para que buscasse abrigo o quanto antes.

Mas, o que vira em seus olhos a fez parar no mesmo lugar, mais uma vez comovida com suas lágrimas.

— Algum problema, querido? – Manifestara-se de lado deixando toda a formalidade de lado.

Ele sobressaltou-se com sua presença. Não exageradamente, mas com certeza não esperava vê-la ali.

— Unohana-san, o que faz aqui? – Ele perguntou tentando usar da formalidade que no dia-a-dia servia de escudo entre eles dois.

Mas, que agora não fazia sentido, porque um deles estava quebrando isso, e esse alguém era ela.

Ouvir o que ele disse, vê-lo interagir com aquelas crianças, a fez resgatar velhos sentimentos.

Na verdade, despertar... Porque eles sempre estiveram lá em algum lugar, esquecidos.

— Sou sua médica pessoal, é natural que eu venha visita-lo. – Ela disse educadamente. – Além do mais, somos amigos, então não entendo do porque a surpresa.

Ela jogou propositalmente com as palavras e o vira corar graciosamente, como fazia quando jovem.

— Gomensai. – Ele disse educadamente. – Estava distraído.

Ele falara com sinceridade.

Um silencio formou-se entre eles. Era um silencio em parte confortável, mas havia uma inquietude crescente entre eles dois.

E, isso ficou implícito quando os dois se olharam e trocaram um olhar cheio de significados.

— Você ouviu o que disse? – Ele perguntou já sabendo a resposta.

Apenas para ganhar tempo, sobre o que ele iria dizer.

— Hai.

Ela disse com sinceridade, e ele tomou fôlego, inspirando com mais força não porque estava com falta de ar, e sim porque....

— Aquilo era a chance que ele esperara um bom tempo, e ele não desperdiçaria.

— Unohana-taichou, gostaria de entrar, para conversar? – Ele perguntou querendo fazer graça, mas a mulher nunca foi do tipo que usava meias palavras.

Então, sem aviso ela aproximou-se dele, e aproximou para tudo ou nada.

O coração estava na boca, mas seus gestos eram controlados, quase calculados, e ela tomou seus lábios.

Um sorriso brotara nos lábios de Ukitake, que vira aquilo uma chance tardia de recomeço.

Ele não sabia se duraria o tempo o bastante... Mas, tem coisas que valem sua intensidade!

E, de mãos dadas eles caminharam em direção ao interior, começando uma nova etapa naquela incrível história, cheia de idas e vindas, como toda boa história tem que ter.

FIM!


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Notas finais do capítulo

Obrigada quem acompanhou, o que nem de longe é uma boa história, mas quis terminá-la, mesmo assim.



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