Imensidão escrita por YulYulk


Capítulo 3
Capítulo III- Promessa




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Passando algumas horas após as núpcias, por volta das três da tarde, Despertando-se do sono, Sakura procurou Sasuke em seu lado da cama e não o achou.Cobrindo-se com a coberta e sentando-se recostada na parede, olhou ao redor do quarto e novamente o procurou.

Nenhum barulho de tosse, nenhum barulho de chuveiro. Tudo o que podia ouvir era o som exasperado do pulsar de seu próprio coração.

Tomando coragem, levantou-se e apanhou um hobbe azul marinho que estava pendurado junto com um sobretudo, perto da porta.

Esqueceu-se de calçar chinelos e deixando o quarto, correu pelos outros cômodos, e não o achou. Levando a mão ao peito, tentou se acalmar para que não se adiantasse quanto as coisas más.

Um papel branco colado na geladeira lhe chamara a atenção. Andou até ele e o pegou, e leu.

"Quando acordar, venha para o parque. Estarei lá.

U.S"

Suspirou aliviada. Como poderia ter pensamentos tão grotescos? Como poderia pensar que Sasuke iria embora e a deixaria sem ao menos dizer um Tchau? Não, talvez aquilo não fosse chilique.

Tudo o que desejava era tê-lo consigo enquanto ele ainda estava vivo. Contá-lo-ia seus maiores segredos, dividiria com ele tudo o que tivesse e o faria ver, que ela ainda estava lá.

Implorar aos céus para que não o levassem seria egoísmo, não seria por ele, seria por ela.

Girou os calcanhares e voltou para o quarto. Trocou de roupa e bebeu uma taça de vinho.

Chegando ao parque, seus olhos o procuraram e o avistaram sentado num banco. Em sua volta, Naruto, Neji, Tenten e Hinata estavam.

Pode notar que a palidez de seu rosto aumentara considerávelmente. Não era preciso dar ordem aos seus pés para que eles caminhassem até Sasuke.

— Boa tarde — Os saudou.

— Parece que a senhora Uchiha dormiu até demais. — Neji falou entre risos.

— Tadinha, está tão desnorteada que mal percebeu que calçou uma sandália branca e a outra preta. — Comentou Naruto.

De imediato, Sakura olhou para baixo e confirmou o que Naruto havia dito. Seu rosto se envergonhou e seus amigos riram.

— Não zombe da minha mulher, seu idiota. — Sasuke declamou rindo.

Naruto riu com a situação e apanhou o violão. Sasuke estava de frente para os amigos que, sentados sobre um pano de frente a ele, comiam bolachas e salgadinhos. Estendendo-lhe a mão, Sasuke a convidou para sentar-se em seu colo.

Apoiou a cabeça nos ombros largos do marido e não soltou a sua mão.

— Ande logo com isso, Naruto! — Hinata mandou.

— Ah, espera, oxe. Você não manda em mim. — Exclamou.

— Não comecem, por favor! — Desta vez fora Tenten que reagiu.

Antes que os insultos começassem e uma briga de casal fosse iniciada, Tenten se manifestou para que eles parassem.

O loiro logo ajustou o violão e deu um toque em Neji, para que se aprontasse.

Logo, seus dedos tocaram belas melodias acompanhadas da voz de Neji.

— É difícil entender como trabalham as estrelas. É complicado fazer com que algo tão tempestuoso tenha sentido.

Nada vem de acordo com o que queremos, mas o que queremos?

Queremos a eternidade de nossos pensamentos.

Uma força maior trabalha no vínculo de nossos laços de criança. Oh, eu preciso enxergar a esperança.

Desenhando num papel em branco, traremos à tona memórias, memórias das nossas melhores festanças.

Uma flor, uma escada, duas garrafas de vinho rosê, escrevemos o que sentimos e cantamos para você.

O lado bom de viver, o lado bom de poder sonhar, uma mesa, giz de cera que podem anjos desenhar.

Se anjos existem? Existem, mas eles também se vão e não é por irem que eles deixam de habitar em cada coração.

Cada moldura repleta de loucura evanescendo o teu ser, e sobre tudo até agora iremos a ti agradecer.

Obrigada por existir, irmão.

Aquele imperfeição perfeita descrita numa música composta por amigos seria, talvez, a sua última lembrança. Ele seria como um baú que fora submergido pelas águas violentas do mar e, ninguém o abriria e retiraria de lá as cartas presas com chaves.

Tenten e Hinata fotografaram o tempo todo. Pois, sem demora fariam um quadro com todas as imagens em prol do amigo. Não se podia fazer muito, apenas manter tudo para jamais esquecer.

Serviram-se com vinho, e comeram e beberam. Cantaram juntos, cantaram por ele e ele cantou por eles.

— Vamos até a cachoeira. — Tendo dito isto, verificou o horário em seu relógio. — Nos vemos neste mesmo lugar daqui a uma hora.

— Certo! - confirmaram.

X

Chegando ao mesmo local, desta vez com a família e a esposa, Ergueu a mão em saudação.

O carro estava cheio e precisavam partir antes que a noite caísse.

— Você sempre chega atrasado, Sasuke! — Naruto exclamou.

— Eu? Você que quer chegar antes de todo mundo. Nem vem, cala essa boca e entra logo no carro.

Entrando, pois, no carro, Itachi dera partida no veículo, levando-os até o lugar preferido de Sasuke.

A cachoeira era linda, e as árvores cobriam metade do céu. Como se fosse uma proteção para fugir do olhar dos Deuses e de suas flechas inflamadas.

Uma ponte de pedras dava acesso a uma casa de madeira. A janela da mesma permitia a vista para a cachoeira e as escadas os levavam até quartos, onde os tetos eram, em sua diagonal, trocados por vidros blindados, possibilitando então uma vasta visão de parte da natureza.

Sucedeu que após a chegada, atravessaram a ponte e adentraram a casa. Tiraram os sapatos e abriram as janelas. Colocaram as bebidas no frigobar e tiraram para fora os ingredientes para fazer tortas e bolos.

Os homens sentaram-se juntos para jogar dama, enquanto as mulheres foram para a cozinha. Mikoto assou um bolo de cenoura, enquanto Tenten e Hinata preparavam bolinhos de arroz e siri. Sakura, com suas mãos, fizera torta de pêssego e juntas preparam sucos.

Logo se reuniram para comer e beber. Após se fartarem, Jogaram-se no extenso sofá para descansar.

— Eu comi demais. — Hinata afirmou.

— Nunca se sabe quando se irá comer pela última vez, então apenas coma.

A voz rouca de Sasuke fez com que se calassem. Aquela frase que evanescia neurastenia e enfado, trouxe consigo uma brisa gelada, da qual pairou sobre o ar e o pesou.

— Por que não nadamos um pouco? — Madara perguntou. — Vamos, viemos aqui para isso.

Não esperou que o seguissem para subir e trocar as roupas. Mikoto pigarreou e segurando o braço do marido, subiu com ele.

Sasuke se levantou e sem delongas, subiu. Hinata e Tenten fizeram o mesmo.

Tudo estava indo bem. Aquela, talvez, fosse a chance para que ela se distraísse de toda a tristeza que sobre si viria. Entretanto, pensar no futuro insulado que a aguardava, fazia evanescer explosões que somente ela podia escutar.

Fechou os olhos e respirou fundo. Destarte, Seus ombros foram envoltos por mãos másculas e seus cabelos afagados.

— Sakura, nós estamos aqui com você.

— É, cunhadinha. Suba, se troque e vá nadar. Façamos o mesmo.

Subir as escadas era o mesmo que subir uma montanha repleta em trevas. Ela podia escutar as vozes que precediam do quarto de segundos. Suas lamúrias atormentavam-lhe os ouvidos e o silêncio de Sasuke a destroçava.

Girando a maçaneta, entrou no quarto e fechou a porta atrás de si. Seu desejo era trancar-se numa caverna e deixar que seu rosto inundado por toda a dor que crescia em seu peito.

Observou o homem que usava uma sunga preta e massageava os pés com creme, cobrir a boca com um lenço e tossir. O viu dobrar três vezes o mesmo lenço, para esconder algo que havia caído sobre ele.

— Não vai se trocar? - Sasuke indagou sem olhá-la.

As palavras fugiam de sua boca e seu corpo permanecia inerte. Seus olhos transbordavam agonia. Não queria fazê-lo saber, entretanto, era quase impossível manter-se com ânimo. O pedido para fazer que suas últimas horas fossem especiais, soara como uma súplica lançada ao fogo do sol.

Ela queimava em desprazer e prazer, transformava em cinzas as gotículas de esperança, cremava os ossos e consumia a alma.

Seus olhos pairaram sobre as costas largas do moreno, que se privava de olhar a esposa.

— Não está chorando, está? — Lhe perguntara.

Parando, pois, os movimentos circulares das mãos, descruzou a perna e apoiou as mãos nos joelhos. Entendendo que o silêncio dela — Assim como o dele — resplandecia dor.

Naquele instante, sentiu-se culpado, por conseguinte, tornara a boa calmaria em forte neblina.

— Sei que não posso pedir para que não chores, isso seria o mesmo que pedir para que arrancasse de seu peito o seu coração. — Contrapôs outro lenço sobre a boca e tossiu mais alto, desta vez. — Mas, por favor, esposa, não o faça na minha frente.

— Eu também sei que não consegue me olhar chorar, Sasuke, mas o que eu devo fazer depois?

O moreno curvou a cabeça e deixou que a franja lhe cobrisse o rosto. Ele poderia buscar em um dicionário as palavras propícias para ficar bem e fazê-la seguir bem, entretanto, nem o mais vasto vocabulário descreveria o verdadeiro significado de viver.

Correndo de encontro ao Uchiha, Abraçou-lhe por trás, respousando a cabeça em seu ombro, e apreciando seu perfume fechou os olhos.

Despertando-a, Sasuke a virou colocando-a sentada ao seu lado. Olhou em seus olhos e tocou-lhe a face.

— Não solte a minha mão.

Sua voz embargada o fez ter a sensação de mil facas perfurando seu corpo. Aquele era o mesmo pedido que ele havia feito na noite em que a recebera no hospital.

Seu corpo estava imóvel. Durante anos andaram de mãos dadas, e o rompimento de seus pedidos seria feito por ele. Ele soltaria a mão dela sem dar-lhe a chance de se firmar.

Sakura jogara seu corpo contra o do moreno e seus braços o abraçaram com força. Ele estava tão assustado quanto ela, tão lúgubre quanto ela. Seu lapso fora seu pedido egoísta que a faria enxergar um futuro sem esperança.

Que antes a tivesse mandado embora e nunca tê-la súplicado como um verdadeiro tolo que se acha o mais sábio entre os sábios da terra.

— Não solte a minha mão...

— Venha comigo...

Arrancando-lhe o vestido e a deixando com trajes de banho, puxara a sua mão e correndo atravessaram a ponte. A segurou no colo e se jogou contra a água.

Seus familiares se divertiram com a cena. Se divertiram porque ele se divertiu. Prova disso é ter subido superfície e ter rido. Sakura rira junto com ele.

Havia música tocando e eles dançavam na água mesmo. A luz da lua adentrava por entre brechas das árvores e iluminava a cachoeira, fazendo-a brilhar. Encantavam-se com a visão maravilhosa do lugar, celebravam aquela noite.

— Gente! Venham até aqui! Todos! — Forçara sua voz para conseguir gritar e chamá-los. Nadaram até o meio, onde Sasuke e Sakura estavam. Ficando juntos, de costas para a cachoeira. — Sorriam. — Puxara a câmera de Tenten e erguera para cima, fotografando-os. — Moldem isso com a escrita "Família", e tomem para si mesmos.

Um abraço coletivo fora formado. Itachi ergueu o irmão para o alto e gritou:

— Por você, Sasuke! — E o jogou de volta a água.

— Aumentem essa música! — Madara gritou.

Deste modo, permaneceram na água, dançando e sorrindo pela única pessoa que lhes trouxera aquele lugar.

Por volta das onze da noite, após terem se banhado com água quente e bebido Sakê, fecharam as portas e deitando se cobriram.

X

Pouco mais de três horas após terem dormido.

Madara se restringiu ao sono, mantendo-se sentado na cama, frente ao teto de vidro blindado que iluminava o quarto.

Olhara para a lua e sentira o seu brilho. Logo ela não mais brilharia da mesma maneira.

Moveu o olhar a própria bolsa e pensou fervorosamente no que havia lá dentro. Levantando-se, apanhou a bolsa e retirou de lá um pequeno porta-jóias.

Deixou o quarto e fora até a sacada da sala, onde encontrara Sasuke e Itachi, deitados numa rede de frente para Fugaku, deitada em outra.

— O que fazem acordado a essa hora? — Indagou o mais velho da família.

— Não conseguimos dormir, pai. — Fugaku respondeu estendendo-lhe a mão para que se juntasse a eles.

— O que tens nas mãos? — O mais no perguntou.

— Bem — Juntando-se ao filho, observou os netos deitados e sentiu alegria. Riu levemente e abriu a caixa de maneira que somente ele pudesse ver.

Sasuke olhou confuso para o irmão que arqueou as sobrancelhas. Fugaku tentou olhar o que era aquilo dentro da caixa. A pouca iluminação não facilitava nenhuma pouco sua visão.

— Quando eu casei com Kaori, eu não pensei que minha família se tornaria tão grande. Vocês conhecem a história...

—... Ela morreu durante um assalto... — Fugaku completou.

— É. - Pausou a fala e sentiu o vento gélido bagunçar seus cabelos. — Eu cuidei bem de Fugaku para que ele cumprisse o seu papel de Homem. Ele cresceu e me seguiu. — Segurou a mão do filho — Formou uma família e criou grandes homens.

— O bom filho comete o mesmo bem que o pai. — Itachi disse.

— O bom pai ensina o filho a andar para que, no futuro, ele faça o mesmo. — Fugaku corroborou. — Obrigada, pai.

Sasuke tinha profunda admiração por estes homens e, observava-os com atenção. Não era como se não quisesse falar, era que ele não sabia o que falar.

— Hm, eu já estou velho. Já tenho quase setenta anos. Eu pude contemplar tudo o que lhes envolve e queria que isso não parasse. Nunca disse mas, quando vocês nasceram, metade do cordão umbilical de cada um fora cremado e misturado com areia e o pó de ouro da minha ampulheta. Doentio, eu sei.

— Por que fez isso, Vovô? - Itachi indagou.

— Porque nada pode separar uma família, nem a vida e nem a morte...

Fugaku deixou que seu semblante caísse. Itachi sentira sua cabeça pesar e como num ato inpensado, abraçou o irmão.

— A outra metade ainda está aqui foi coberta por bálsamo e enrolada por ataduras. Minha memória funciona como um álbum de fotos. — Abaixou a cabeça e guardou a caixinha no bolso. — Sasuke, eu não entendo a lei da vida e da morte, mas saiba que independente de tudo o que vier, ainda será o meu neto caçula e eu serei o seu avô.

Itachi não se conteve. Não como fizera dês que o doutor os desenganaram. — E não importa o que aconteça daqui pra frente, irmãozinho, eu sempre vou te amar.

Cobrindo o rosto com a mão, Sasuke chorou em silêncio. Sua voz estava fraca, rouca e muito baixa. Ele conhecia sua família e conhecia o amor que vivificava o espírito de todos. Seu corpo faleceria sem sua permissão e partindo, romperia os elos e laços que havia formado com a família. Como seria a morte? Um lugar deserto do qual as flores não floreciam?

Presenciando aquilo, Fugaku e Madara juntaram-se a Itachi e afagaram a Sasuke.

— Prometam que ficarão bem. - Forçou a voz.

— É uma promessa. Eu te amo, meu filho. — Fugaku disse por eles.

— Deitem-se. Eu tenho muitas histórias para contar. — Madara se pronúnciou.

Deitando-se, permaneceram a ouvir inúmeras histórias sobre mitologia grega e Japonesa.

X

Pouco tempo depois dos contos.

Ainda era madrugada, e acabando de ouvir os contos, todos deitaram. Sasuke observou bem a mulher em sua cama. Ela havia demorado para dormir aquela noite e, quando finalmente havia conseguido, resmungava ora ou outra algo como: Eu não quero te deixar ir, eu estou assustada. Aquilo lhe havia desestruturado. Os contos do avô lhe forticara por instantes.

Chegando perto da cama, deitou-se com cuidado e abraçou sua cintura. Pode respirar embevecidamente o perfume que exalara de suas madeixas tingidas de rosa. Tocando-lhe então, massageara a extensão dos fios.

— Me sinto imenso.

Ela dormia, agora em seus braços. Deixara cair as pálpebras e perder a lucidez. Sentindo o calor que emanava de seu corpo magro, adormeceu.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Lembrem-se: Críticas construtivas são sempre bem-vindas!
Shalom!



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