O Acampamento - INTERATIVA escrita por THEstruction


Capítulo 8
Capítulo 7: Melancolia


Notas iniciais do capítulo

OLÁÁÁÁ! Há quanto tempo. Saudades de vocês. Então pessoal, mais um capítulo para vocês. 4k de palavras para vocês matarem a saudade e para eu me redimir daquele capítulo ridículo. Quero pedir atenção ao elemento: "*-*-*-*-*", ele indica que a ação entre esses sinais acontece simultaneamente à cena abaixo, utilizarei os marcadores "on" e "off" para que saibam quando termina. Espero que tenham entendido. Nos vemos lá embaixo.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/644425/chapter/8

Sentados à sala de Katrina, ela e Rosie debatiam enquanto o grupo de jovens ouvia a tudo atentamente.

— O que aconteceu com você? – Perguntou Katrina.

— O contrário do que você sempre quis – Respondeu Rosie.

— E o que você quer?

— Quero ajudá-los.

— Como? Levando-nos para a morte e nos deixando sangrar até morrer?

— Não, e nós já conversamos sobre isso. Olhe, eu fiquei sabendo que você está com o Pagpa.

— Talvez.

— Ah qual é, Katrina.

— Ok, como você sabe?

Rosie ficou em silêncio.

— Eu perguntei como você...

— Foi o Poluzi, ok?! Eu...

— Filha da puta – Katrina pegou uma adaga e se preparou para desferir um golpe em Rosie que ficou invisível.

Nesse momento Beatriz esticou o braço e segurou a mão de Katrina.

— Espera, deixe-a terminar – Disse Beatriz.

— Você tem vinte segundos para se explicar – Disse Katrina a Rosie, sentando-se novamente e cruzando os braços.

— Certo, calma. Olha, eu não fugi porque quis, depois que o Lionel morreu nos encurralaram e pegaram o Joatan, eu não podia deixá-lo, então fui atrás dele – Contou Rosie, já não mais invisível.

— E eles te pegaram, que cliché.

— Cliché, mas infelizmente é a verdade.

— E depois?!

— Eles... O mataram e me prenderam.

— Por quatro meses? Eles não costumam fazer prisioneiros.

— Eles quem? – Perguntou Alex.

— Os Creatikes – Respondeu Luna.

— Como você... Esquece – Disse Katrina – São o grupo de refugiados que fugiu junto com a gente, porém, durante o período em que fomos mantidos escravos. Houve uma desavença entre o líder deles, Poluzi e eu.

— Por que todos os nomes de vocês são tão estranhos? – Perguntou Alex.

— São nomes na língua dos moradores de Preato, alguns de nós foram pegos numa tentativa de fuga e apagaram as nossas memórias, por isso, alguns não lembram dos seus verdadeiros nomes.

— Mas o que aconteceu entre Poluzi e você?

— Ele queria fugir para se vingar do rei de Preato e se tornar o novo rei desse planeta, universo, ou seja lá o que isso for e para isso ele achava que o Pagpa pudesse dar a ele poderes para cumprir seus desejos.

— E já você queria fugir para tentar achar o Pagpa para voltar para casa – Disse Rosie.

— Exatamente.

Luna olhou para os lados e notou algo.

— Gente, cadê o Neo? – Perguntou ela.

Os demais também constataram a falta dele.

— Ele sumiu – Disse Beatriz – Deixa que eu vou atrás dele. Vem comigo, Lu?

— Acho que ele preferiria que você ficasse e que a Luna fosse. Afinal, os dois são bem íntimos – Propôs Katrina.

— Sim, somos, mas não estamos a fim um do outro, se é isso que você está insinuando – Falou Luna.

— Eu não insinuei nada.

— Enfim, já volto, fique aí Lu – Disse Beatriz.

Beatriz então saiu da sala e olhou ao redor, procurando-o. Depois de não ver nada, ela pensou:

— Está na hora de testar o que eu sou capaz de fazer.

Foi quando ela fechou os olhos e se concentrou. Nesse momento ela sentiu seu corpo ficando quente e seu coração acelerar e, no instinto, decidiu correr. Quando deu o primeiro passo, ela descobriu que era portadora de uma super-velocidade, o que a levou dar a volta em toda o complexo em menos de 10 segundos. Ao retornar ao ponto de origem, ela olhou para si mesma, com os cabelos bagunçados arrumando-se naturalmente pela qualidade dos fios lisos e loiros.

— Isso é demais.

Ela então pensou:

— Pensa Beatriz, pensa... Já sei!

Ela então esticou seu braço até uma estalagmite acima da porta de entrada e puxou seu corpo até lá.

Ao descer, ela viu Neo no fim da entrada, sentado frente às gramas tóxicas.

Ela então correu até ele, parando em suas costas. Antes que pudesse dizer algo, Neo falou:

— Arruma esse cabelo, Bia.

*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*on-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*

Katrina pôs de pé, retirou uma pequena pedra da parede que ficava à sua direita, pegou um copo, espremeu a pedra e a mesma deu água potável.

— Você espremeu uma pedra? – Perguntou Alex.

— É uma pedra d’água, como chamamos aqui. Como eu estava dizendo, Poluzi quer o Pagpa para as coisas erradas – Disse Katrina.

— E temos que impedi-lo rápido, a cada dia que passa ele fica mais mortal – Disse Rosie.

— Por que diz isso?

— Ele está subornando guardas do rei e o próprio rei para dar-lhe cetros, imunidade e outros equipamentos e em troca ele dá mulheres àqueles malditos.

— Não pode ser! – Exclamou Katrina batendo na mesa – O filho da puta não pode está fazendo isso.

— Mas está, e eu seria uma delas.

— Rosie, você chegou até ele, você pode nos guiar e nos mostrar seus pontos fracos.

— Por que eu ajudaria você agora?

— Porque é o mínimo que você poderia fazer ao seu povo depois de ter deixado o Lionel morrer daquele jeito.

— Eu já disse que a culpa não foi minha. Eu não podia ajudá-lo, ele havia se contaminado com as vespas douradas.

— Pessoal, vamos deixar os problemas do passado, tipo... No passado – Disse Luna – Rosie, você conseguiu fugir, certo?

— Sim.

— Então sabe nos guiar até lá.

— Não acho seguro levar os detentores do Pagpa até Poluzi, Katrina.

— Você não tem que achar nada, Rosie. Vai nos ajudar ou não? – Perguntou Katrina.

Rosie suspirou e disse:

— Tudo bem então.

— Eu só não entendi uma coisa: – Disse Alex – Você e Poluzi tiveram algum envolvimento?

— Isso não lhe interessa – Respondeu Katrina.

— Luna... – Disse Alex olhando para a amiga.

— O que foi? Não sou binóculo de mentes para você querer ficar olhando através de mim – Respondeu Luna.

— Ui, desculpa aí – Disse ele.

Luna olhava para a porta o tempo todo.

— Que foi, Luna?! O Neo sabe se cuidar – Disse Katrina.

— Você nem o conhece – Disse Luna.

— Mas você o conhece. E se não tivesse certeza disso, você mesmo iria olhá-lo.

— Eu me preocupo com ele. Ele já me ajudou muito no passado.

— Então pode ter certeza que amigo como ele você não irá arrumar.

— Será que podemos focar em você e no Poluzi? – Pediu Alex.

— Enfim, se ele invadiu a caverna, significa que estamos em risco – Disse Katrina – Ele vai vir com tudo atrás do Pagpa e quando ele souber que o Pagpa são vocês.

— Como assim? – Perguntaram Luna e Alex ao mesmo tempo.

— Quando eu o joguei na piscina, o princípio ativo dele se soltou e penetrou em vocês. Agora vocês são os portadores do Pagpa.

— Mas... Você não nos avisou – Falou Alex.

— Eu não avisei vocês de muitas coisas, para poupá-los.

— Foi por isso que você não se importou tanto com a invasão e nos levou através da escotilha. Você queria nos esconder!

— Sim. E daí? Vocês nem sabiam o que podiam fazer, e ainda não sabem. Com vocês eu, nós, temos uma chance contra o rei de Preato. Precisamos de vocês.

— Olha quem está pedindo agora – Disse Alex.

— Se não nos ajudar você não vai para casa ver sua irmã e nem sua mãe.

— Como você sabe?

— A foto na sua carteira – Disse Katrina colocando a carteira de Neo em cima da mesa, mostrando que havia pegado sem que ele notasse – Eu sei que você as ama e as quer de volta.

Alex se calou e pegou sua carteira, colocando no bolso de trás novamente.

— Tudo que eu peço é a ajuda de vocês. Só isso.

Alex, Rosie e Luna se olharam e depois disseram:

— Conte com a gente.

*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-off*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*

Ela sentou-se ao lado dele, arrumando seu cabelo.

— O que foi, Neo? Por que está aqui? – Perguntou Beatriz.

Neo, não respondeu e ficou atirando pedregulhos à grama, vendo-as dissolver.

— Neo, o que eram as marcas em...

— Não quero falar sobre isso.

— Por que não? Você fez aquilo?

Neo suspirou como quem suspira de tédio, levantou-se e foi voltando para a caverna. Beatriz revirou os olhos, pôs-se pé, esticou o braço, enrolando-o no abdômen do amigo, trazendo-o até si.

— Neo, estou preocupada com você. Desde que conversei com sua mãe há uns dois meses eu percebi que você estava estranho. Ela me contou que você passa a maior parte do tempo no seu quarto mexendo no computador. Você não era assim Neo e eu sei que não tem nada a ver com o Alex. Poxa, nos conhecemos há tanto tempo. Preciso saber o que está acontecendo.

Neo então colocou a mão nos bolsos e encostou-se à parede. Após respirar fundo, ele disse:

— Lembra da festa do Jarold, aquele que faz arquitetura?

— Sim, o “urubu”. Ele até brincou com você por você não beber.

— Lembra do que aconteceu no finalzinho da festa?

— Lembro que você sumiu.

— Exatamente, eu passei mal e fui ao médico no dia seguinte. E descobri que meu estado piorou.

— Como assim? Você estava doente?

Neo suspirou mais uma vez e uma lágrima escorreu do seu olho esquerdo.

— Neo...

— Sabe por que eu não jogava vôlei, mas assistia aos jogos de quase todas as turmas? Porque eu tenho uma doença que me limita, eu não posso fazer exercícios físicos por muito tempo senão meu corpo entra em colapso e eu morro em minutos.

— É o quê? Está falando sério? Neo, mas... Desde quando que você...

— Desde os nove anos que eu fui diagnosticado com um tumor explosivo. E é por isso que sempre fui excluído dos jogos, é por isso que eu tinha que fazer exercícios de três páginas para ganhar nota em educação física, é por isso que nunca tive atenção na sala porque todos se preocupavam nos campeonatos de futebol, vôlei e atletismo. Por isso o Alex era tão conhecido e tão famoso desde pequeno. Eu não estou lamentando até porque era muito sociável, você sabe, mas... Por quê? Fui limitado por uma porra de uma doença sem cura e eu posso morrer se eu simplesmente caminhar à beira da praia por algumas horas.

— Neo... Por que nunca me contou?

— Porque eu queria esquecer disso, não queria preocupar vocês. Não quero parecer uma criança que precisa de cuidados da maneira que você cuida dos animais na clínica.

— A questão não é essa Neo, somos amigos, não escondemos nada.

— Eu sei disso, Bia. Peço perdão, mas não queria contar porque não queria te preocupar.

— Ok, tudo bem, mas e essas marcas em seu braço?

Neo se calou.

— Neo, me fala. Foi você que fez?

— Foi.

— Por qu...

— Porque eu sou fraco. Não consigo nem mesmo me matar.

— Não é questão de ser fraco, é questão de procurar ajuda.

— Para sentar num divã e ouvir sermão de psicólogo?

— Você nunca acreditou mesmo neles. Em praticamente nada, por isso que recusou minha ajuda, não é?

— Eu já te falei o motivo. Não é nada mais do que isso. Sempre confiei em você, em Luna e até mesmo no merdinha do Alex, mas isso era algo que eu queria guardar para mim. Eu via minha mãe me levando em todos os tipos de médicos de maiores renomes, em terreiros de macumba, em centros budistas, igrejas católicas, evangélicas e todos os tipos de religiões existentes na nossa cidade. Já chegaram a me dizer que eu tinha um demônio no corpo. Eu via minha mãe gastar grande parte da poupança dela que era para coisas importantes em meses procurando tratamentos internacionais para mim, mas tudo em vão. Meu pai nunca entendeu a gravidade disso e continuava com sua bebedeira porca de sempre enquanto minha mãe se desdobrava para fazer de tudo para me dar do bom e do melhor, mas eu via, Bia, eu via o desespero em seus olhos. Ela chegava na porra do quarto, ajoelhava e orava para tudo quanto é entidade divina pedindo ajuda a cada um deles sem saber o que fazer. Eu sentia que ela já chegava num ponto onde estava melhorando a minha morte iminente – Neo lutava bravamente contra o mais profundo choro de desespero – e eu... Eu simplesmente voltava para minha cama e chorava no travesseiro para que ela não pudesse ouvir.

O coração de Beatriz apertou tanto de ver o amigo chorar pela primeira vez que não resistiu e deixou com que suas lágrimas de tristeza irrigassem seus olhos verdes, escorrendo sobre sua pele que começava a ficar avermelhada.

Neo tentava se conter, porém as lágrimas não paravam de cair de seus olhos. Sua voz trêmula indicava alguém que lutava com muito vigor para não desabar no chão. Beatriz foi até ele e o abraçou, porém ele permanecia imóvel.

Neo enxugou as lágrimas. Os dois ficaram em silêncio por alguns segundos, Beatriz digeria as informações enquanto olhava para baixo.

— Luna sabe? – Perguntou ela.

— Não, ela não pode saber de jeito nenhum.

— Por que não? Você é mais íntimo dela do que de mim.

— Porque Luna sempre viu em mim a imagem de alguém confiante, seguro, amante da vida e da alegria. Ela nunca soube desse meu lado. Contar para ela seria um choque agora. Se bem que agora ela já deve ter entrado na minha mente.

— Não, Neo. Eu a conheço. Ela gosta muito de você, mais do que dela mesma. Ela te vê como um irmão, um pai ou um anjo. Ela nunca entraria na sua mente sem sua permissão.

— Como tem tanta certeza?

— Me diga você, você a conhece bem.

Neo parou e pensou.

— Sabe por que eu não conto à Luna? Porque uma vez eu a encontrei deitada no chão, desmaiada, com três latas de remédio em cima da mesa.

— O quê? Ela tentou se matar? Mas quando?

— Lembra quando eu a chamei de “adotada de merda”? Foi assim que as meninas a chamaram alguns dias depois dela perder seus pais no seu aniversário de 14 anos. Ela teve que morar com seu tio que a negligenciava. Um dia, quando eu estava voltando da escola, fui à casa dela para entregar o livro que ela me emprestou, foi quando entrei pela janela, como sempre fazia para o tio dela não nos ver juntos, fui até a cozinha e a vi.

— Mas como o tio dela não sabia disso?

— Ele não se importou, achou que ela estivesse fazendo hora com a cara dele. Eu que tive que ligar para a ambulância e enfrentar o tio dela enquanto eu tentava a reanimar e ele corria atrás de mim com um bastão de beisebol.

— Espera, isso foi na terça feira? Aquela terça que você perdeu a prova?

— Sim. Fiquei no hospital com ela até ela acordar. Depois disso dei um baita de um sermão sobre não se matar. Que hilário minha hipocrisia.

— Foi depois disso que vocês ficaram inseparáveis?

— Sim. Ela começou a passar mais tempo comigo. Eu tinha medo de que ela tornasse a fazer aquilo de novo.

— Da mesma maneira com que você fazia a si mesmo?

Neo se calou.

— Olhe Neo, somos amigos, estou aqui para o que der e vier. Olha para mim – Disse Beatriz olhando nos olhos vermelhos e inchados de Neo – Eu te amo amigo.

— Eu também te amo, Bia. Obrigado, por tudo. Por levar a sério e...

— Por guardar segredo? Não se preocupe. Ainda não contei à Luna que você se urinou com 16 anos – Brincou.

— Eu já falei que sonhei com uma cachoeira e estava apertado, não foi culpa minha – Disse Neo, rindo.

Eles se olharam e se abraçaram.

— Agora vamos voltar? – Perguntou Beatriz.

— Ok, vamos lá.

Beatriz então pegou na mão de Neo e esticou seu braço até uma estalagmite. Porém, ela olhou para Neo e disse:

— Está na hora de você descobrir seus próprios poderes.

— Isso se eu ganhei poderes.

— Como assim?

— Sei lá, eu me sinto o mesmo. Não leio mentes, isso eu tenho certeza, não vejo nada em câmera lenta, não corro mais rápido do que eu corro normalmente...

— Que tal superforça?

— Muito menos, isso é com Alex. E por sinal combinou muito bem.

— Não se preocupe, vamos descobrir.

Ao chegarem na sala de Katrina, Luna perguntou:

— Neo! Onde você estava, seu merda?

— Na saída da caverna, olhando o horizonte – Respondeu Neo.

— Isso mesmo, sai sem avisar.

— Desculpa mãe – Brincou – Então, sobre o que conversaram?

— Sobre a ajuda de vocês – Respondeu Katrina – Sua amiga e o gostosão aí aceitaram nos ajudar a partir até a Ilha de Nuvens, lar dos Creatike.

— E qual o motivo da viagem? – Perguntou Beatriz.

— Vamos tentar propor uma trégua ao Poluzi. Vamos ver se depois de anos ele aceita minha proposta.

— Acha mesmo que você vai convencê-lo? – Perguntou Alex.

— Quando ele estiver com minha adaga no seu boga, ele vai pensar bem sobre isso.

— Ok, vamos lá então.

Alex deu as costas para Katrina, ela então jogou uma adaga entre seu dedo indicador e o dedo médio quando ele colocou a mão no marco da porta. Ele então parou e olhou para trás.

— Está vendo por que não podem simplesmente ir? – Disse Katrina – Vocês têm habilidades das quais nem sabem usar. Não podemos ir à superfície se não treinarmos primeiro. Vocês têm que dominar os poderes que ganharam. Sintam o Pagpa fluindo em suas veias.

Alex devolveu a adaga.

— Vou arranjar um lugar para vocês. Estejam prontos em uma hora. Nos encontraremos no jardim principal, subindo aquela escada ali – Disse Katrina apontando para a direita, fora da porta.

— Certo – Respondeu Alex.

— Rosie, por mais que me doa dizer isso, seja bem-vinda de volta.

— Obrigada.

Eles então foram até uma casa que era parecida como todas as outras no interior do complexo. Feita de rochas, quadrada, com portas de madeira feitas pelos troncos das árvores não venenosas da superfície. Não possuía janelas, pois as rochas eram geladas e externavam um vento frio e refrescante. Havia um banheiro improvisado onde eles se banharam nas águas geladas. Beatriz deixou o bastão lá. Após trocarem de roupa e estarem prontos, eles então foram em direção à escada.

Rosie decidiu puxar assunto.

— Então, meu nome é Rosie. Qual o nome de vocês?

— Eu sou Alex.

— Luna.

— Beatriz.

— Neo.

— Há quanto tempo estão aqui?

— Há menos de dois dias – Respondeu Beatriz – Me explica uma coisa: como você consegue ficar invisível sem ter sido afetada pelo Pagpa?

— Na verdade eu fui afetada. A primeira vez que testaram, viram que eu estava inconsciente e julgaram que eu estava morta, mas meus poderes demoraram meses a se desenvolver. E vocês, quais são seus poderes?

— Pelo que parece eu posso esticar meus membros e alterar a forma do meu corpo. E quando eu fui buscar o Neo, eu descobri que tenho supervelocidade – Disse Beatriz.

— E você Alex?

— Acho que tenho super força. Eu sinto como se fosse quebrar tudo que toco – Respondeu ele.

— Bem, pelo que parece eu consigo prever o futuro, mas somente alguns segundos, no máximo poucos minutos e consigo entrar na mente das pessoas.

— Então quando aqueles soldados começaram a se matar, foi você?

— Sim, não faço ideia de como fiz aquilo. Foi muito surreal.

— E então, Rosie, qual sua história? – Perguntou Neo.

— A bonitinha aí – Disse Rosie apontando com a cabeça para Luna – pode te falar.

— Gente, por que vocês acham que eu fico lendo a mente de vocês o tempo todo? – Perguntou Luna.

— Porque se fosse eu, eu o faria – Respondeu Alex.

— Alguém quer adivinhar? – Perguntou Rosie.

— Neo! – Gritou Alex, Luna e Beatriz no mesmo instante.

— Ah meu Deus... Ok, vou tentar – Falou Neo.

Ele olhou para Rosie por completo.

— Está me analisando ou me comendo com os olhos? – Perguntou Rosie.

— Qual te deixa mais feliz? – Perguntou Neo fazendo Rosie dar um sorriso de canto de rosto – Eu diria que você era uma adolescente daquele tipo que andava com um grupo de no máximo quatro amigas e era a mais bonita entre elas...

— Não adianta elogiar.

— Deixa eu terminar. Você gosta, ou ao menos gostava de música como todo adolescente, e por julgar pelo seu rosto, você sempre foi vaidosa, menos agora que a única maquiagem parece ser o sangue de inocentes morrendo todos os dias para tentar sair daqui. Você não parece ser revoltosa, seu jeito calmo indica que você nunca foi de se estressar, o que indica boa convivência familiar. Acho que só consegui extrair isso.

— Quem lê mentes aqui, é a bonitinha ou você?

Neo sorriu.

Ao chegarem no enorme jardim, eles não encontraram ninguém, não ser uma árvore.

— Ué, cadê a Katrina? – Perguntou Alex.

Foi quando a copa da árvore começou a chacoalhar, caindo folhas e galhos. Os galhos que caíram no chão começaram a se esticar, criando pernas, braços, e por fim uma pessoa por completo. Pessoas eram semelhantes aos cinco jovens, porém, elas tinham um aspecto de madeira por se tratarem de galhos. Esses galhos, ou pessoas, externavam algo parecendo com uma estalagmite da palma de sua mão. Foi então que o galho com o aspecto do Neo ele partiu para cima dos jovens.

Alex se pôs na frente dos outros quatro e, com um soco fraco destruiu o galho por inteiro. Porém, cada um dos pedaços se tornou mais seis Neo’s.

— Está de brincadeira não é? – Disse Beatriz.

— Droga, essa é uma das árvores-clone – Disse Rosie – Temos que arrancá-la de sua raiz antes que dê mais clones.

Foi então que todos os clones partiram para cima dos jovens.

— Se separem, eu tento arrancar a árvore! – Disse Alex.

Rosie ficou invisível e nem os clones e nem os jovens a podiam ver, então ela aproveitava para usar o próprio galho que saía da mão dos clones e destruí-los. Os galhos também ficavam invisíveis em sua mão.

Beatriz correu entre seis deles e quando parou, eles se partiram, gerando mais e mais clones.

Luna tentou acessar a mente deles, mas por se tratar de madeira, ela não conseguiu nada. Neo observava tudo com a mão no bolso. Foi quando um dos galhos pulou sobre ele sem que ele pudesse ver. Luna então, no reflexo, lançou uma rajada de energia cinética no galho, destruindo. Neo olhou o galho, assustado.

— Neo, é uma boa hora de descobrir seus poderes – Disse Beatriz enquanto se esticava, escapando dos golpes do clone da Luna.

Rosie então sussurrou no ouvido de Neo, enquanto a mesma estava invisível:

— Neo, eu também achei que não tinha poderes, mas se concentre. Às vezes o poder está dentro de você.

Neo então olhou para Alex que tentava lutar contra sete clones ao mesmo tempo enquanto tentava arrancar a árvore percebendo que ela era vulnerável a todos os seus ataques. Ele então olhou para Luna e Beatriz que utilizavam seus poderes com maestria. Luna criando barreiras de energia e Beatriz esticando-se e batendo nos clones.

— Já sei!

Neo então olhou para suas mãos e elas se tornaram gelo, logo em seguida fogo e depois raios saíram dela. Ele então congelou os clones e todos ficaram olhando para ele.

Neo então criou clones de si mesmo e cada clone destruiu um galho-clone. O gelo criado por Neo congelava cada um dos pedaços dos galhos, impedindo-os de virem novos clones.

— Como você sabia Neo? – Perguntou Rosie.

— Você me disse que às vezes o poder está dentro de mim. Foi quando eu percebi que o poder de cada um é um reflexo das características de cada um de nós. Bia, você sempre se desdobrou para cuidar do seu irmão e arranjar dinheiro através da clínica. Luna, você sempre olhava para mim e me perguntava o que eu pensava quando decidi ser seu amigo e sempre assistia aquele seriado em que uma mulher criava uma barreira de energia e sempre quis ser ela porque a atriz era muito bonita. Alex, você sempre foi um bom atleta, sempre se preocupou em ser forte e quando você jogava basquete, você sempre quis ser o que pulava mais alto, se minha teoria estiver certa, você pode voar.

Alex então tentou voar e conseguiu.

— Neo você é um gênio seu filho da mãe – Disse ele.

— Então por que você pode criar clones e controlar os elementos? – Perguntou Rosie.

— Porque eu sempre me imaginava congelando, queimando e eletrificando algumas pessoas das quais eu não gostava, principalmente alguns metidos a besta que ficavam enchendo meu saco no colégio. E clones... Bem... Digamos que uma amiga minha sofreu uma tentativa de...

Luna que estava com a cabeça baixa olhou para Neo com os olhos arregalados, achando que ele contaria o que aconteceu.

— ... assassinato. Desde aí eu sempre quis estar com ela para saber se ela estava bem e também porque meu pai ficava bêbado pelas esquinas e era eu que tinha que sair do conforto da minha cama para buscá-lo, pois minha mãe chegava tarde do trabalho, hipercansada e dormia profundamente.

— Sinto muito – Disse Rosie.

— Parabéns Neo – Disse Katrina pulando do topo de um muro que protegia o jardim – Acho que vocês estão prontos para ir à superfície.

Alex então olhou para a árvore e disse:

— Neo, queima a copa da árvore para mim.

Neo então lançou uma rajada pirocinética, queimando a copa da árvore e seus galhos remanescentes. Alex então voou até o tronco, segurou e o puxou com toda sua força. Após alguns segundos as raízes iam ficando visíveis. Beatriz correu até cada uma das raízes e as arrancou. Luna criou um escudo de energia que envolveu a árvore, impedindo que ela criasse novas raízes.

Eles então olharam para Katrina e ela disse:

— Vamos!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E então, o que acharam? Deixem seus comentários! Nos vemos na próxima e beijos do THE!