Paws - Um Amor de Cão escrita por FireboltVioleta


Capítulo 5
Corrida maluca


Notas iniciais do capítulo

Oe, pessoas!
Mais um capítulo de Paws para vocês! ♥
Boa leitura!



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Estava começando a achar que viver com Teddy não seria tão estranho assim.

Por algum motivo, aquele cachorrinho me inspirava segurança e ternura. Era como se, contra todas as possibilidades, tivesse me escolhido exclusivamente como sua dona, mesmo quando algum ser desprezível já o havia abandonado.

E como eu poderia recusar aquela confiança? Nunca conseguiria.

Convencer meus pais de que queria Teddy conosco não foi fácil.

Mamãe ainda achava que os acontecimentos recentes confirmavam que não estrava pronta para outro bichinho de estimação. E papai sempre foi muito reservado quando o assunto era cachorros. Mas, com o passar dos dois dias seguintes, eles pareceram perceber que eu estava disposta ao menos a tentar.

Na manhãzinha do terceiro dia de Teddy em nossa casa, resolvi que fazer um passeio com ele seria uma boa ideia para extravasar toda a bagunça recente em nossas cabeças.

O cachorrinho ficou eufórico quando me viu segurando a coleira com guia, pulando de um lado para o outro, como uma mola com patas.

– Vamos passear, Teddy?

Ele ladrou, abanando o rabo e, para minha surpresa, já se aproximando para que eu encaixasse a guia em suas costas.

Ri enquanto ajustava a guia, observando-o ficar anormalmente quieto, como uma estátua canina. Ainda me admirava com o como era manso e amigável.

Fiquei imaginando se o último dono costumava leva-lo para um passeio, já que aquilo lhe parecia tão familiar, mas não conseguia conciliar a imagem de uma pessoa assim com a criatura horrível que o abandonara.

Meu sorriso se esvaneceu por um momento, mas balancei a cabeça, tentando dissipar aquele pensamento.

– Prontinho – me ergui, segurando a pulseira da guia – o que achou?

Teddy se sacudiu, farejando a guia presa em seu corpo, com uma expressão quase assustada, embora curiosa. E voltou o focinho para mim, latindo baixo e fazendo aquele costumeiro movimento de botar a língua para fora.

– Considero como um sim – dei risada, puxando a guia – vamos lá?

Teddy me acompanhou alegremente até a porta, parecendo completamente animado, enquanto saíamos de casa.

Uma ideia veio á minha cabeça, quando já estávamos do lado de fora.

– Espere, Teddy.

Prendi a guia á cerca, correndo para o depósito de ferramentas do quintal.

Teddy ficou me olhando, confuso, enquanto eu remexia nas coisas ali.

E pareceu ainda mais confuso quando trouxe, em minhas mãos, o par de patins que costumava usar quando estava de férias da escola.

– Gostou? – sorri, vendo Teddy fungar em um dos patins, enquanto calçava o outro – não, pare, Teddy – ralhei, quando ele tentou mordiscar a rodinha, puxando o patins restante e o calçando também.

Levantei-me, equilibrando-me nos patins e apanhando de volta a guia da cerca.

Engoli em seco, enquanto fitava Teddy.

– Teddy... vai devagar... por favor.

Teddy me encarou tacitamente.

E jurei ter visto uma sombra de malícia em seus olhinhos quando pareceu entender.

Minha nossa.

E eu achando que o cachorrinho não tinha maldade.

Patinei devagar, descendo a calçada e puxando a guia para que Teddy viesse comigo.

Ele pateou lentamente, até ficar ao meu lado, sempre observando meus pés.

Enquanto o olhava, percebi uma expressão assustadoramente calculista em Teddy, que olhou de meus patins para a calçada adiante de um modo quase diabólico.

Arfei, prevendo o que ele ia fazer.

– Teddy... nem se atreva.

Quando ele me deu uma última piscadela, percebi que era tarde demais.

Só tive tempo de agarrar a guia com as duas mãos.

Foi quando Teddy começou a correr.

– Ahhh... Teddy! – gritei, apavorada, enquanto sentia os patins deslizarem, sem controle, debaixo de meus pés.

Teddy continuou correndo, latindo como uma locomotiva desgovernada, só dando leves olhadas para trás, talvez para se certificar de que eu ainda estava ali ou viva.

Ele prosseguiu me arrastando , galopando sempre em frente. Com o passar dos segundos, porém, me acostumei com a sensação de ser levada, e comecei a gostar da brincadeira.

Experimentei patinar enquanto Teddy corria, e o resultado não foi tão ruim. De certa forma, era até gostoso, como um passeio de esqui aquático – só que em terra.

– Teddy, seu doido – ri, inclinando o corpo para desviar de uma caixa de correio.

Apesar de estar me divertindo, comecei a ficar preocupada com quando Teddy iria parar. E se ele resolvesse ficar correndo eternamente pelos quarteirões.

Ou pior... e se resolvesse parar do nada?

Os freios dos patins não dariam conta.

No entanto, Teddy pareceu adivinhar minha indagação amedrontada, pois, após alguns minutos, diminuiu gradativamente o galope, o que possibilitou que eu pudesse também frear lentamente, abrandando a velocidade dos patins.

– Isso ... – falei, suspirando aliviada – com calma, garoto – equilibrei-me, por fim patinando por mim mesma outra vez.

Teddy finalmente parou de correr, andando normalmente.

Reduziu os passos e me contemplou de modo quase ansioso, como se quisesse minha opinião.

Dei risada, freando os patins e me ajoelhando para afagar sua cabeça.

– Bom, você quase nos matou – resmunguei, rindo - mas foi divertido.

Ele latiu, se inclinando preguiçosamente em reação ao meu afago.

Olhei para trás, mordendo o lábio.

–Só que estamos bem longe de casa – bufei, ainda sorrindo como uma boba – acha que consegue nos levar de volta em tempo recorde, garoto?

Teddy não poderia ter parecido mais cúmplice. Pateou minha perna, inclinando o focinho para o quarteirão que havíamos ultrapassado.

Eu pressentia que Teddy sabia muito bem onde deveríamos parar.

E foi naquele momento, bobo e crucial, que me vi finalmente confiando naquele pequeno cachorrinho.

– Muito bem, então –posicionei-me, brandindo a guia e sacudindo-a levemente – de volta pra casa, Teddy – acrescentei, brincalhona – mais devagar, se quiser.

A viagem de volta foi tão maluca e agradável quanto à de ida. Já acostumada, consegui guiar-me sem problemas, com Teddy me carregando.

Chegamos em casa em quase metade do tempo que lavamos para ir.

Mas a aterrisagem de Teddy foi tão mal calculada, que ele acabou me jogando contra a nossa caixa de correio.

Atordoada, escorreguei até a calçada, agarrada á madeira e com as pernas fendidas no chão.

– Ai... – choraminguei, esfregando os joelhos – poxa, Teddy...

Teddy se aproximou, se arrastando, com uma expressão tão culpada e arrependida, que mal consegui ter raiva dele. Parecia estar sinceramente preocupado, já que focinhou minha mão, como num pedido de desculpas.

Soltei a guia, tirando os patins e encostando a cabeça no correio.

– Tudo bem, garoto – acariciei suas orelhas – eu sei que foi sem querer.

Assim que me recuperei da pancada na caixa de correio, voltei a me levantar, tropeçando. A pancada no chão tinha feito um pequeno arranhão em meu joelho, então tive de ir mancando até a varanda.

Sentei no banco de madeira, deitando as costas no encosto.

Mas me arrepiei, surpresa, quando senti algo úmido tocar no ferimento em minha perna.

Teddy estava lambendo o arranhão, encostando a cabeça carinhosamente em minha mão.

– Ah, Teddy – ri, quase emocionada com mais aquela demonstração de carinho. Puxei-o para meu colo – está tudo bem, seu bobo.

Ficamos ali um tempinho, descansando na varanda.

Só resolvi entrar quando vi, para meu espanto, que Teddy havia adormecido em meus braços.

Ignorando o arranhão bobo – que eu curaria assim que chegasse ao meu quarto – levei-o calmamente para dentro, subindo lentamente as escadas.

Assim que cheguei ao quarto, deitei-o em sua caminha. Sentada em minha cama, observei-o ressoar suavemente, com o coração absurdamente amolecido.

Eu não sabia por quanto tempo Teddy ficaria comigo.

Mas de uma coisa eu sabia: se dependesse daquele cachorrinho, cada minuto seria realmente inesquecível.


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Notas finais do capítulo

Então? Comentários? :3
Beijinhos e até o próximo capítulo!



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