Escuridão. escrita por Elizabeth Watson


Capítulo 5
Capítulo 5.


Notas iniciais do capítulo

Demorou, mas chegou! Capítulo novinho em folha de Escuridão com muitas tretas acontecendo porque vocês sabem que amo fazer meus personagens sofrerem. ♥



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Ali, encarando aquele monstro, Michael só conseguia se culpar e se perguntar por que entrou de novo naquela droga de bosque.  Seu corpo agora iria repousar nas folhas secas. Logo seria enterrado pela neve e ele teria o mesmo cheiro que a garota de branco. O cheiro da morte.

Até que ele viu algo. Uma esperança. Um pedaço de ferro retorcido caído no chão, ao seu lado. Não fazia ideia se aquilo surtiria algum efeito contra aquela assombração, mas aquela era sua melhor chance.

E sem pensar duas vezes jogou-se no chão, pegando o ferro e rebateu a garota com o objeto.

Ela se dissipou como fumaça.

Michael ficou atônito, mas não tinha tempo pra pensar ou se recuperar. Precisava correr. E muito rápido.

Os olhos azuis haviam se acostumado com o escuro àquela altura, e correr pela trilha chegou a ser uma tarefa ridícula de fácil para Michael.

O medo nos faz cometer loucuras e a adrenalina aumenta nossa capacidade física, concluiu ele.

Saindo do bosque Michael percebeu que ainda segurava o ferro. Jogou-o em qualquer canto, as mãos suadas e os nós dos dedos brancos de tão forte que ele segurara o objeto. Ele ainda podia sentir o cheiro de carne podre ardendo em suas narinas. Provavelmente o cheiro impregnara em suas roupas e em seus cabelos.

Sem pensar duas vezes ligou para Bella, que atendeu ao primeiro toque.

— Já chegou em casa, Mike? – ela perguntou até que percebeu a respiração entrecortada do namorado. – Michael, o que aconteceu? Você está bem?

— Não estou em casa. – ele disse. – Fui pelo bosque de novo. Eu... Eu vi a garota de novo, ma-mas tem algo errado.

— O quê? Michael, qual o problema?

— Ela era um cadáver.

Bella arquejou do outro lado da linha, assustada.

— Você achou o corpo dela?!

— Não! Ela era um cadáver! Estava de pé, na minha frente, me encarando, não tinha a mandíbula, onde deveria ser a mandíbula era um monte de carne e sangue e tinha cheiro de podridão, tipo um bicho morto, mas infinitamente pior. E ela estava morta! E eu tentei me defender usando uma barra de ferro e quando bati nela ela sumiu feito fumaça!

— Michael, se acalme!

— Por favor, Bella, diga que eu não estou louco. Diga que acredita em mim, por favor.

— Michael, calma...

— Diga que você acredita em mim!— Michael gritou, perdendo o controle e pôs-se a chorar desesperado.

— Amor, respire. – Bella disse. – Onde você está? Vou pedir pra minha mãe te buscar de carro.

— Estou na saída do bosque. Vem rápido, por favor.

— Estou indo. Fique calmo.

Bella desligou e Michael se viu sozinho. O lugar não tinha nenhum movimento, estava escuro e o garoto sentia como se estivesse enlouquecendo.  

— Deus, por favor... – começou a rezar. Havia crescido na igreja católica, porém havia distanciando-se da religião há um tempo. Bem, aquela parecia uma boa hora pra voltar.

Pôs-se de joelhos e começou a dizer todas as orações que conhecia. Inclusive a em latim.

— Crux sacra sihi mihi lux, non draco sihi mihi dux, vade retro satana, nunquan suad mihi vana, sunt mala quae libas, ipse venena bibas.

Uma luz começou a cegar seus olhos e pôde ouvir uma buzina.

— Mike!

Abriu os olhos e viu Bella saindo às pressas do carro da mãe e correndo em sua direção.

— Amor! – a ruiva jogou-se de joelhos e abraçou o namorado. – Calma querido, vai ficar tudo bem. Vamos.

Lílian havia saído do carro e ajudava Bella á segurar Michael. O garoto tremia incessantemente.

— Michael, o que aconteceu? – Lílian perguntou, morrendo de preocupação.

— Mãe, não acho que o Mike esteja em condições de falar agora. – Bella disse, estava no banco de trás com Michael. O garoto repousara a cabeça no colo da ruiva e a mesma fazia afagos em seu cabelo.

— Temos que levá-lo para um hospital, Bella. Ele não está bem.

Bella desviou os olhos verdes para o namorado. Ele suava frio, tremia e seus olhos corriam todo o carro, não se focando em um lugar fixo.

— Por favor. Ele não está bem.

Lílian concordou com a cabeça e deu a partida no carro. Jogou o celular para o banco de trás.

— Ligue para os pais dele. Diga o endereço do hospital mais próximo. Estamos indo para lá.

Bella o fez. Incríveis 15 minutos depois e elas já estavam no estacionamento do hospital. Tentaram carregar Michael até a entrada, porém o garoto era muito grande e pesado. Lílian correu para pedir ajuda a um enfermeiro enquanto Bella tentava manter-se de pé com o namorado apoiado nela.

Dois enfermeiros grandes chegaram e seguraram Mike, um de cada lado, já que o rapaz nem conseguia andar.

— Vamos dar entrada na emergência e colocá-lo pra dormir num quarto, em observação. Temos de ver como ele acorda. – disse um enfermeiro. - A senhora é mãe dele?

— Não. – respondeu Lílian. – Mas os pais dele já estão vindo.

— Tudo bem. Mas o que a senhora é dele?

— Ela é a sogra dele. – Bella se meteu. Lílian olhou-a com uma sobrancelha erguida. – Ele é meu namorado. Havia me ligado desesperado, tendo um ataque de pânico e me implorando para ir buscá-lo logo. Quando cheguei ele estava ajoelhado rezando e depois ficou assim.

Os pais de Michael chegaram cantando pneu no estacionamento do hospital. O pai dele estacionou o carro rapidamente na primeira vaga que viu e eles correram até os enfermeiros com o filho.

— O que aconteceu com o meu menino?! – Samantha disse segurando o rosto de Michael, que pendia para o lado.

— É o que estamos tentando descobrir, senhora. Vamos deixá-lo num quarto em observação, mas precisamos que vocês fiquem na sala de espera.  Vocês precisam preencher a ficha dele.

— Não! Eu quero ficar com ele!

— Samantha, deixe eles levarem o Mike. – o pai de Michael disse à esposa. - Não vai adiantar em nada ficarmos no quarto com ele desse jeito. Vamos esperar até ele ficar melhor.

— Tudo bem... – a mulher convenceu-se, por fim. – Mas assim que ele acordar quero vê-lo.

— Pode deixar senhora. – o enfermeiro disse. – Vamos avisá-la.

Dito isso eles pediram ajuda há mais dois enfermeiros e colocaram Michael numa maca, levando-o para dentro.

— Filha, - Lílian disse. – como assim Michael é o seu namorado? Quando vocês começaram a namorar?

Bella suspirou. Não queria ter que explicar aquilo naquele momento.

— Hoje. Ele me pediu em namoro hoje.

— Michael te pediu em namoro? – a mãe do garoto perguntou. Bella apenas concordou com a cabeça. – Já era hora! Vocês estavam nessa de vai ou não vai há quanto tempo? Dois anos?

Bella sorriu acanhada.

— Sim, Samantha. Dois anos - Samantha sorriu e segurou as mãos de Bella.

 - Estou muito feliz, querida. Vocês são lindos juntos.

 - Obrigada, Samantha. Obrigada. Vamos entrar, então?

— Vamos.

 Eles entraram no prédio, enquanto uma brisa fria conseguia deixar a noite mais escura e sombria do que já estava... Os sonhos de Michael estavam sendo conturbados. A garota da floresta em sua forma cadavérica, perturbava-o. Ele se remexia na cama, suando frio. Os aparelhos apitavam, porém não indicavam nada de errado.

É claro, aparelhos idiotas jamais conseguiriam indicar que uma assombração tentou matá-lo. O garoto abriu os olhos. O quarto do hospital estava escuro e o barulho dos aparelhos ecoou em sua cabeça.

 Meu.— uma voz sussurrou na escuridão. Michael olhou ao redor e não viu nada. Até que sentiu seu peito sendo esmagado. A cama estralou. Alguma coisa que ele não podia ver estava pressionando-o para baixo. Os aparelhos começaram a apitar mais forte e freneticamente. Michael sentia o tórax apertando seu coração. Podia sentir o coração batendo descontroladamente no peito.

 Você é meu. E de mais ninguém... – a voz sussurrou de novo. – Vamos ficar juntos para sempre

Michael gritou em agonia, a dor no peito era demais. A cama estralou mais alto e foi indo para baixo. Enfermeiros entraram correndo e acendendo as luzes. Não havia mais ninguém no quarto além deles. A cama estava quase quebrada no chão. O peitoral do garoto estava completamente vermelho e arranhado.

 - Como você está se sentindo, querido? – uma enfermeira perguntou depois que a máquina parou de apitar e Michael foi trocado de quarto.

 - Estou me sentindo um lixo. – respondeu enquanto a mulher colocava uma toalha molhada em sua testa.

 - Era de se esperar, pelo estado que você entrou aqui e pelo o quê você acabou de passar. Você está com febre querido, então estou tentando baixá-la um pouco.

— O que aconteceu com aquela cama? – Michael perguntou.

 - De algum jeito ela quase se partiu ao meio, o que é estranho porque ela era nova e você poderia ter dançado break nela que ela ficaria intacta.

— Bem, graças a Deus que eu não sei dançar break, então. -  A enfermeira riu.

— Sim. Mas, você tem alguma ideia do que aconteceu no seu peito? Quando você deu entrada só estava com um hematoma, mas agora ele está todo machucado .

Michael olhou para o próprio peito nu, que ainda estava vermelho e arranhado e com o hematoma que havia surgido magicamente no outro dia.

 - Eu não sei o que aconteceu aqui, sinceramente. E provavelmente se soubesse você não acreditaria. A enfermeira levantou uma sobrancelha.

— Por que diz isso? - Michael olhou-a nos olhos. A enfermeira que não deveria passar dos 27 provavelmente acharia que ele estivesse delirando por conta da febre, mas ele achou melhor não arriscar.

 - Esquece. Estou cansado e morrendo de frio, posso voltar a dormir?-  A enfermeira sorriu doce.

— Tudo bem. Boa noite. - Secou a testa do garoto e saiu do quarto, apagando a luz. Tentou dormir de novo, rezando para que pudesse ter algumas horas de paz.

 - Por favor, Deus, não quero morrer agora...

Michael ainda estava exausto pela manhã, porém a febre havia baixado durante a noite, o que era bom. Depois tomar o café mais sem graça que já teve, o garoto pôde receber visitas. Primeiro foram seus pais. Sua mãe parecia exausta, Michael odiou ser o motivo daquilo.

— Oi mãe. – disse quando a mulher entrou e abraçou o filho sem dizer nada.

— Acalme-se dona Samantha, eu vou ficar bem. - O que aconteceu com você, filho? Por que você entrou naquele bosque de novo? - O garoto suspirou.

 - Não sei mãe. Só queria chegar mais rápido em casa. Eu não pensei direito, desculpa.

 - Não precisa pedir desculpa querido. Só me prometa que não vai mais passar perto daquele lugar de novo.-  Michael ficou confuso com o pedido da mãe, mas aquela não era a hora de fazer perguntas.

 - Eu prometo mãe. Eu prometo. - A mulher sorriu.

 - Obrigada. – colocou a mão no rosto do filho, o olhou e desceu o olhar até o peitoral do garoto. – Agora, me diga uma coisa... Foi a Bella que fez isso no seu peito?

— Está se referindo ao hematoma que parece um chupão, à vermelhidão ou aos arranhões?

 - Então ela não foi a única que fez isso? - Michael deu um sorriso sacana.

 - Michael! – a mãe o repreendeu.

 - Ela não fez nada disso, mãe. Na verdade, quando dei entrada eu só estava com o hematoma. - Seus pais trocaram olhares confusos.

— Bem, pelo menos você está melhorando. Vamos deixar Bella vir te ver agora, tudo bem?

 - Tá. Diz pra tia... Quer dizer, pra Sra. Khan que eu estou bem e que eu pedi desculpas pelo transtorno de ontem. - Samantha sorriu para o filho.

 - Pode deixar.

Seus pais saíram e Michael aproveitou para se ajeitar na cama. Relembrou o que acontecera de madrugada. A voz... Ele conhecia aquela voz... Era doce, sombria, sem vida e...

— Mike! – um furacão ruivo praticamente se atirou em cima de Michael e beijou-o nos lábios.

— Ei, vulcão ativo! – ele sorriu. – Estão pensando que você fez essa obra de arte no meu peito, o que é ridículo porque não chega nem aos pés do que você já fez nas minhas costas.

Bella olhou para o peito do namorado e passou a mão delicadamente nos arranhões.

— Arde? – perguntou.

 - Um pouquinho.

A ruiva recolheu a mão e olhou para a porta.

— Tenho que te mostrar uma coisa. - Retirou da bolsa o diário que Michael havia achado em sua estante. - Seus pais me pediram pra ir pra sua casa ontem à noite, levar as suas coisas da escola. Estava colocando alguns dos seus livros na prateleira do seu quarto quando achei isso. – ela tirou da bolsa outro diário, idêntico ao outro. – Eu folheei um pouco, é outra letra, outra pessoa que escreveu, mas o assunto é o mesmo que o outro. Um guia de como caçar monstros.

 Michael tomou o diário em mãos e o folheou. Nesse havia desenhos das criaturas também.

 - Bella? Acho que isso é um sinal. E não é um dos bons.

 


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Notas finais do capítulo

Ficou um pouco curto, mas é que eu meio que preciso manter assim.
Espero que tenham gostado. E me digam: o que acham que está causando esses machucados no Mike? O que acham que foi aquela coisa no meio da madrugada, tentando matá-lo? E por que os diários não são um bom sinal?
Tchau, Beijão.



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