Meu paizinho Naraku escrita por Okaasan
Notas iniciais do capítulo
Dois irmãos inuyoukais e nove galinhas assadas.
Duas crias de Naraku e um pirulito.
Uma adolescente, um hanyou e alguns sorvetes de casquinha.
ALERTA: Este capítulo contém cenas fortes de Sesshoumaru abandonando a etiqueta ao comer. Se você não suporta ver o grande e belo daiyoukai branco comendo como um cachorro (ops), não leia.
Boa leitura!
Inuyasha versus Sesshoumaru: a Batalha
— Aprendam, humanos... — dizia Jaken, satisfeito, enquanto retirava uma das nove galinhas assadas de um espeto improvisado. Estavam no quintal de Kaede. — Aprendam com o senhor Sesshoumaru como se faz um banquete!
Todos ficaram boquiabertos ao ver o youkai branco com aquela enorme quantidade de aves, dizendo que era para lhes mostrar "uma lição de fartura". Rin agora comia com vontade uma porção de risoto, legumes e linguiça. Afinal, ela ainda estava com fome, depois de Sesshoumaru ter se empolgado e comido quase todo o conteúdo do prato, deixando apenas duas batatas assadas para ela.
— Taijiya, monge, miko — ordenou ele, altivo. — Não percam tempo, cortem as aves. Este Sesshoumaru faz questão de que todos aqui fiquem fartos.
— Mas já estamos satisfeitos — replicou Miroku.
— Não creio nisso. Vocês não comeram quase nada. Comam de novo.
— Mas, Sesshoumaru, nós somos humanos... Não suportaríamos tanta comida — disse Kaede. InuYasha, até então quieto, deu um berro.
— Nada disso, velhota! VOCÊS são humanos. EU sou um YOUKAI!
— MEIO-YOUKAI, InuYasha — zombou Sesshoumaru. — E tenho algumas dúvidas, será que um inútil como você consegue pelo menos comer à maneira de um youkai de verdade? O nosso pai comia muito bem, mas você é apenas um híbrido...
O hanyou rosnou furioso.
— Eu consigo comer mais do que você, maldito!
— InuYasha, é melhor você não... — ia dizendo Miroku, preocupado com aquela contenda.
— Cale a boca, Miroku! Eu vou dar uma lição nesse idiota!
Rin acabara de comer, sentada no batente da casa, quando Shippou apareceu ao seu lado, com as mãozinhas para trás.
— Gostou da nossa comida? — perguntou ele.
— Claro! Estava uma delícia... Muito obrigada! — respondeu ela, feliz.
— Olha, Rin — cochichou Shippou — eu tenho uma coisa bem legal e gostosa aqui, quer experimentar?
— Ah, eu quero, Shippou! O que é?
O pequeno kitsune fez um gesto indicando à menina que deveria se aproximar mais. Ela se inclinou ligeiramente. Num sussurro, Shippou lhe fez a proposta.
— Eu te dou se você prometer que vai convencer o Sesshoumaru a beber uma coisa...
Enquanto isso, Kaede e Sango acabaram pegando um dos frangos, que cheiravam maravilhosamente, e guardaram, enquanto os dois irmãos se encaravam. Miroku ficou preocupado. Aquilo era o prenúncio de um confronto. Para o espanto geral, Sesshoumaru se sentou rapidamente no chão e estalou os dedos. Jaken se materializou ao seu lado:
— Sim, mestre Sesshoumaru?
— Sirva-nos, Jaken — disse ele, esboçando um tenebroso sorriso e despertando pavor no pequeno youkai verde. — Sirva a este Sesshoumaru e ao seu prezado irmãozinho InuYasha.
A aposta! Agora é para valer! Pensaram Miroku, Shippou e InuYasha. O monge daria uma barra de chocolate aos amigos se Sesshoumaru não se comportasse como um nobre ao comer. Contrariando Miroku, o hanyou apostara suas batatinhas se seu irmão não desse ao menos um arroto. Já Shippou daria sua Nutella se Rin não o convencesse a beber refrigerante.
Rapidamente, Jaken reaparecera perante o youkai branco, com uma galinha inteira dentro de um dos pratos de porcelana enfeitados da era atual (presente de Kagome para a velha sacerdotisa). Fizera o mesmo diante do hanyou, que entendera a ideia e também se sentara no chão, olhando com altivez para Sesshoumaru.
— Quando Jaken disser "agora", veremos quem de nós dois é capaz de comer como um verdadeiro youkai! — exclamou o youkai branco.
— Como quiser! — retrucou InuYasha.
— Eles estão loucos — cochichou Sango, abismada. — Vão comer uma galinha inteira?
— Tomara que isso não resulte em problemas — disse Miroku, no mesmo tom. — Hoje é noite de lua nova. InuYasha está se arriscando muito, isso pode ser uma armadilha do Sesshoumaru...
— Talvez sim, talvez não, monge. Contudo, eu quero ver se Sesshoumaru conseguirá manter os bons modos durante esse desafio, como você sugeriu na aposta — disse Kaede, pensativa.
Só não quero perder meu chocolate, pensou Miroku.
— Err... Prontos? — gaguejou Jaken. — Então... AGORA!
As garras afiadas de Sesshoumaru se alongaram e investiram impiedosamente contra a ave. Em segundos já não havia mais peito. Em contrapartida, a galinha de InuYasha já estava sem as duas coxas.
— Odeio admitir, mas que tempero gostoso! — resmungou ele, com a boca cheia e as garras brilhantes de gordura.
— Gengibre, alho, saquê, pimenta e ervas finas — volveu o youkai branco, também com a boca cheia, jogando um ossinho para o lado. — Este Sesshoumaru faz questão de temperar todo e qualquer alimento que vá para sua mesa.
Junto às aves, Jaken estufou o peito, orgulhoso. Sentados sob a mangueira, Kaede, Sango e Miroku controlavam minuciosamente a hora através de um reloginho digital do Ben 10 (presente de Kagome a Shippou).
— 3 minutos e 47 segundos para Sesshoumaru! — anunciou Miroku. — InuYasha, 3 minutos e 39 segundos!
— Keh! — riu o hanyou. — Já começou perdendo, hein, seu metido?
Sesshoumaru não se importou e deu um sorriso de lado, irônico, lábios e mãos engordurados.
— Ainda é cedo para comemorar, estúpido. Jaken!
— Sim, mestre! — respondeu ele, trazendo mais duas galinhas.
Afastados dos demais, Rin e Shippou confabulavam:
— Posso levar agora, Shippou?
— Ainda não, Rin, deixe ele comer mais.
— Se você diz... — volveu a menina, mascando um chiclete. — Ué, Shippou, esse clichete não acaba? Já tem um tempinho que estou mastigando. Por que não posso engolir?
— Isso não é para engolir, é para fazer bolas assim! Ploct! — e o pequeno demonstrava com seu próprio chiclete, fazendo Rin gargalhar.
***
— Kanna, até agora nada de Naraku, né? — disse a Mestra dos ventos, suspirando.
A pequena albina baixava o espelho mais uma vez. O poço Come-Ossos, que era o alvo da observação das duas, continuava tranquilo, sem movimentação alguma.
— Devemos mesmo confiar naquele youkai coisa?
— Não temos outra escolha, Kagura. De qualquer forma, sempre que o chichi-ue está em perigo, somos as primeiras a sentir. Eu acredito que ele esteja bem.
Kagura torceu o nariz arrebitado.
— Kanna, você se deixa levar muito facilmente... Imagina, chamar aquele maldito de chichi-ue? De pai? Nem sabemos se ele voltará sob efeito do encantamento. E, mesmo que volte, um dia já se foi! Não são três dias o tempo máximo do feitiço?
— Sim, três dias. Mas eu acredito em Ishiteimei. E no meu paizinho Naraku também — respondeu ela, olhando pela porta principal do salão. O youkai pedra estava escondido na área verde do castelo, devidamente cercado de moitas e mais moitas de azevinho.
— "Paizinho"... Hunf! Aquele desgraçado... Por mim, poderia morrer por lá...
— Não seja boba, Kagura, você está sentindo falta dele tanto quanto eu. O encantamento reforça nossos laços afetivos.
Kagura fechou a cara e saiu andando pela varanda. Parecia contrariada, afinal fora descoberta por sua pequena companheira. Acabou voltando com passos arrastados para o salão principal, onde Kanna estava sentada.
— Kanna! — exclamou.
— Huh?
— Pegue — disse ela, lhe atirando algo colorido. A menina apanhou o objeto no ar: era um pirulito. Olhou para Kagura.
— Uma comida colorida da terra de Kagome?
— Aquele filhote de raposa deixou cair no chão, no dia em que eu fui até o poço, sabe, e... — calou-se, incomodada.
— Tudo bem, Kagura — disse Kanna, impassível. — Você estava cumprindo ordens. Não se incomode com isso. Como se descasca essa fruta dura? — perguntou, incerta sobre como tirar a embalagem do doce. Kagura a ajudou e logo ela experimentava a guloseima, curiosa.
— Doce demais, mas eu gostei. Não quer experimentar?
— Não, é para você, Kanna. Fique à vontade.
Ambas fizeram silêncio por uns instantes.
— O que será que Naraku está fazendo agora? — perguntou a mestra dos ventos.
— Deve estar infernizando Kagome. Ela com certeza está padecendo nas mãos dele... — murmurou Kanna, olhando para o pirulito. — Por que me olha assim?
— Sua língua ficou azul — respondeu Kagura. Kanna imediatamente sacou o espelho e se pôs a analisar a língua tingida pelo corante do pirulito. A Mestra dos ventos sorriu, achando graça naquela figurinha que era sua companheira.
***
— NARAKU! DEVOLVA! — gritava Kagome para o hanyou, que lhe roubara o sorvete de casquinha. As pessoas que passavam por eles no parque próximo à Ice Cream City riam sem reservas.
— Huhuhuhu! Tome de mim, se puder! — zombou ele, se esquivando facilmente dela, por ser mais alto e ágil. Guardara o chapéu e o paletó numa das sacolas e seus cabelos estavam presos com uma presilha prateada.
— É meu! Você já tomou três! Seu guloso! — protestava ela, furiosa.
— Sério? — fez o vilão, com uma expressão falsamente inocente. — Ora, ora, Kagome... Eu quis um quarto, qual é o problema?
— Mas eu nem tinha provado esse! — choramingou a jovem.
— Pare de fazer algazarra, miko maldita. Vá comprar outro e fique longe de mim, se não quiser perdê-lo — retrucou ele, ainda rindo, e entregando uma cédula de cinco mil ienes a Kagome. — Vá logo!
Kagome se foi, não sem antes dar a língua para Naraku, e o deixou tomando conta das diversas sacolas e embalagens. Quimonos, sandálias, adereços para cabelo, uma estranha aranha de pelúcia, dois estojos de maquiagem, caixas de bombons, biscoitos de diversos sabores, embalagens fechadas de pirulitos e balas, produtos capilares, malas de viagem, um micro system, CDs de coletâneas do Michael Jackson e até um gerador de energia elétrica não foram suficientes para gastar nem metade do dinheiro do hanyou. Ele olhava distraído para um batom fúcsia quando a colegial voltou, atrapalhada, com cinco casquinhas. Ante o olhar interrogativo, Kagome explicou:
— Essas duas de chocolate branco são minhas e as outras são para você.
— Quanta gentileza, Kagome — disse o hanyou, zombeteiro.
— Gentileza? Isso é para você não me roubar de novo!
Naraku riu mais uma vez.
— Você se aborrece muito facilmente. Que sabores são estes?
— Creme, cerveja e morango — respondeu ela, se sentando ao lado do hanyou e das sacolas.
Ficaram calados, degustando os sorvetes. Ele, observando o movimento contínuo das pessoas naquele parque. Ela, pensando em como faria para voltar para a era feudal com aquele que era seu pior inimigo.
— Kagome, proponho-lhe outro acordo.
— Oi? — fez ela, surpresa.
— Uma semana sem confrontos. Preciso de sossego para desfrutar um tempo de qualidade com minhas crias.
O queixo de Kagome caiu.
— Depois, é óbvio, vou matar todos vocês, mas quero não pensar nisso por ora. Kagura é rebelde e não se importa tanto com minhas ausências, mas Kanna é uma criança que precisa de mim.
— Mas... O que...
O hanyou revirou os olhos maquiados.
— Francamente, Kagome, eu lhe disse que seríamos parceiros somente enquanto eu estivesse aqui! Ao voltarmos para minha era, vou recuperar meu corpo de youkai e vamos continuar guerreando!
— Ei, eu sei muito bem disso! — volveu ela, irritada. — O que me surpreende é ouvir você me pedindo uma trégua... Você teve inúmeras chances de me matar aqui, mesmo sem poderes, e não o fez. Eu não consigo entendê-lo.
Naraku terminou de tomar o sorvete e voltou-se para Kagome, olhando diretamente em seus olhos.
— Kagome, eu, Naraku, sou o youkai mais poderoso de todos os tempos. Tenho a Joia de Quatro Almas quase completa em minhas mãos. O mundo tem motivos de sobra para me odiar e temer... — parou e suspirou. — Contudo, tudo o que eu quero no momento é ser um, um... pai... para minhas meninas. Entendeu agora?
Vendo a expressão espantada da jovem, ele concluiu:
— Não tramei nada contra você porque fizemos um acordo. Sou mau, não me envergonho disso. Mas não sou ingrato — e, sorrindo tranquilo, concluiu: — Como prova disso, dou-lhe minha palavra que não atacarei nenhum de vocês durante uma semana.
— Nem o Sesshoumaru?
Ele torceu o nariz.
— Se você faz questão, não tenho por que atacar aquele cach-
— Nem o Kouga? Nem a Kikyou? Nem o Kohaku?
— Já entendi, já entendi! Não atacarei ninguém durante uma semana — fez ele, erguendo as mãos, impaciente.
— Então eu aceito! — sorriu Kagome, mas, logo em seguida, ficou preocupada. — Mas não sei como convencer InuYasha a não atacar vocês...
— Eu tenho um plano, não se preocupe — respondeu ele maliciosamente, fazendo Kagome sentir um calafrio. — Huhuhuhuhu!
***
Vinte e cinco minutos se passaram. Kaede e Sango desistiram de ver aquela glutonaria e foram arrumar a casa. Sesshoumaru, após comer a quarta galinha, aparentava estar muito bem, apesar de ter sujado bastante as mãos e o rosto. InuYasha, porém, se deitou no chão, suando e parecendo sofrer de indigestão. Também comera quatro galinhas.
— Hanyou imprestável... Veja bem como este Sesshoumaru é superior. Nada o incomoda! Você, no entanto, está quase morto!
Nesse momento, Rin se aproximou do seu protetor com algo cilíndrico em mãos, sorrindo inocentemente, sem saber que estava sendo vítima de uma peraltice do kitsune.
— Olha, senhor Sesshoumaru, um refrirejante, eu adorei! É gostoso e gelado! Quer? — e, antes que conseguisse se conter, arrotou. Sesshoumaru fechou a cara e ela corou.
— Rin, que modos são estes? — indagou ele, austero. Jaken, que juntava os ossos de galinha espalhados, grasnou:
— Menina humana desajeitada! Como ousa fazer uma porcaria dessas diante de um príncipe?
— D-desculpe... — gaguejou a garotinha. — Eu não pude evitar...
InuYasha, caído, exclamou com certa dificuldade:
— Aposto como você é tão idiota que nem arrotar como um youkai consegue, Sesshoumaru.
Isso! Agora é só ele beber a Coca-Cola! Pensou Shippou, alegre e ansioso, observando o desenrolar dos acontecimentos sentado um pouco atrás dos amigos.
— Você não se cansa de ser patético, hanyou? Este Sesshoumaru é um dai-youkai nobre. Nobres têm boas maneiras, mas você não passa de um híbrido nojento e...
O som de um arroto espetacular soou no local. InuYasha, com isso, interrompia o irmão, sorrindo desafiador. Miroku, que continuava ali, escondia o rosto, enquanto segurava o riso: "acho que vou ganhar!".
— Tanta lorota! De que adianta essa pompa toda? Nem arrotar igual a mim você consegue!
— E por acaso você acha que isso indica uma suposta superioridade sua em relação à minha pessoa? Não seja ridículo! Eu tenho clas-
Outro arroto, seguido de uma gargalhada. Sesshoumaru perdeu a paciência.
— Seu maldito... Rin, foi isto que lhe provocou os gases, não foi?
— F-foi — respondeu ela assustada. O youkai branco tomou a latinha de Coca-Cola das mãos dela e entornou o conteúdo garganta abaixo. Sentiu os olhos lacrimejarem, mas não deu importância a isso. Todos observavam a cena, atentos.
— Isto não é nada ruim — disse ele para Rin. — Jaken!
— Sim, mestre? — disse Jaken, fazendo uma reverência diante do youkai branco.
— Permaneça aqui diante de mim.
O youkai verde ficou parado diante de Sesshoumaru, à espera. De repente, o youkai branco arregalou os olhos.
Arrota logo! Pensava InuYasha.
— O senhor está bem, senhor Sess-
Um ruído colossal se fez ouvir; o forte deslocamento de ar empurrou Jaken, que caiu longe. As aves que estavam nos galhos próximos voaram assustadas. Rin deu um gritinho. InuYasha, apesar de surpreso, continuou sorrindo vitorioso; Shippou deu um pulo de alegria. Miroku meneou a cabeça, desanimado.
Contudo, após arrotar como um dai-youkai, Sesshoumaru não conseguia se vangloriar, pois o refrigerante lhe deixou com uma terrível sensação de estufamento no estômago. Afastou-se sem dizer nada e foi se sentar sozinho sob a mangueira, não sem antes ordenar a Jaken e Rin que não o seguissem.
— Ainda bem que Kagome sempre traz antiácidos de sua era... — disse Sango, dentro da casa, vendo InuYasha quase desmaiado no quintal, enquanto Shippou discutia com o monge.
— Esses inuyoukais são loucos — resmungou Kaede, fazendo um muxoxo aborrecido.
Continua...
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Me desculpem, fãs do Sesshy. Mas desconstruir poses é muito necessário, principalmente em fics de humor. ;-)
Obrigada a quem tem acompanhado a história!
~TheOkaasan