Os meninos chegaram em casa por volta das sete horas.

— Cara, essa viagem está tão maluca. — Tom pegava alguns mantimentos de dentro da sacola.

— Só acho que tudo é culpa do Bill, por ter nos trazido para cá. — Georg guardava um refrigerante na geladeira.

— A viagem não está tão maluca assim. — Bill guardava uns biscoitos no armário.

— Não, imagina. É bem normal você ir em uma lanchonete e ter um ''garçom bom de papo'' que senta na sua mesa e fica anotando tudo o que você fala. — Ironizou Gustav colocando algumas frutas na fruteira.

— Ele disse que você é uma pessoa positiva e que sabe se lidar com qualquer tipo de conversa, isso não me parece nada educado —  disse Tom zoando com Gustav.

— Nem eu sabia que eu sei fazer isso — respondeu rindo. 

Continuaram a guardar as compras. Quando terminaram, tomaram banho, escovaram os dentes e ficaram um pouquinho na sala assistindo televisão. A televisão deu sono e todos adormeceram lá mesmo.

Eram dois sofás de dois lugares. Bill dormiu com a cabeça apoiada no braço do sofá e Tom com a cabeça em uma almofada apoiada no bumbum de Bill. No outro sofá, Georg estava deitado com as pernas em cima de Gustav, que dormia sentado com a cabeça apoiada no braço do sofá.  

[...]

Já estava de dia, estavam dormindo feito uma pedra, até que um barulho despertou Bill que tinha sono leve. O celular de Tom estava tocando. Bill o pegou e atendeu.

— Tom? — disse a voz.

— Sim. — Bill estava bêbado de sono que quase deixou o celular cair de sua orelha. — Não, espera. É o Bill, quem é?

— Sua mãe, filho. Não vai me dizer que ainda estão dormindo? — perguntou Simone.

— Estamos sim. Por que? — Bill bocejou.

— Porque já são duas horas! Por isso que ninguém estava atendendo o celular, eu já estava ficando preocupada. Vocês viajam para ficar dormindo? Eu liguei para saber o que vocês estão fazendo aí, mas só fiquei sabendo que estão dormindo, então quando chegarem da viagem me contem. Trate de levantarem agora, hein! Então vou desligar agora porque vou levar o Pumba para passear, ele está com saudade de você. Um beijo filho, amo vocês. — E desligou.

Bill desligou o celular de Tom e colocou o mesmo na mesinha de centro. Quando se virou no sofá, sentiu seu corpo arder por ter ficado na praia um tempo sem protetor solar.

— Ai, eu devia ter escutado o Georg e ter passado o protetor quando cheguei — pensou.

Queria dormir mais um pouco, mas achou que era melhor não, já estava tarde. 

Uma chuva forte começou e Bill levantou do sofá correndo indo fechar as janelas e depois voltou para a sala.

— Acorda, acorda, acorda. — Bill sacudiu um de cada vez. 

Eles continuaram dormindo. 

Bill foi até a cozinha. Pegou uma frigideira e uma colher de arroz e começou a bater na frigideira.

— Acordem!

Acordaram colocando as mãos em seus ouvidos.

— Ótimo. — Bill parou de fazer barulho.

— Hoje, provavelmente, nem vamos passear porque está chovendo forte e quando chove aqui demora para ela passar. Já são duas horas da tarde, acabamos de acordar. A casa está uma bagunça, ainda nem tomamos café.

Todos estavam no sofá na maior preguiça escutando Bill falar.

— O nosso dia está começando agora. Parem de ficar que nem lesmas aí e vamos nos mexer! Os produtos de limpeza estão aqui neste armário. — Bill apontou para o armário, em seguida subiu as escadas cantando em direção ao banheiro e escovou os dentes, depois foi para o quarto. Separou algumas roupas para lavar e colocou dentro de um cesto e levou para a máquina. — Nossa Tom, essa blusa sua aqui está um pouco encardida, vai ter que ficar de molho.

Estranhou o silêncio colocando as roupas dentro da máquina. Quando virou para trás para pegar mais roupas, os meninos estavam capotados no sofá. — Estão de brincadeira com a minha cara, eles vão ver. — Os deixou dormindo e foi tomar café. 

Quando terminou de tomar café, colocou a mão na massa. Lavou o banheiro, lavou as louças, lavou as roupas, tirou o pó dos móveis, trocou os lixos, organizou as roupas nas malas, varreu e passou pano no chão. Quando terminou, jogou o rodo de lado, sentou no chão e respirou fundo. Era quatro horas quando terminou a faxina.  

— Eu não acredito que eu fiz tudo isso. — Passou a mão na testa limpando o suor. 

Estava todo vermelho e ardido. Olhou para a janela e ficou observando a chuva. Para resfrescar o corpo, levantou-se, abriu a porta e foi tomar um banho de chuva. Ergueu a cabeça e ficou de olhos fechados.
Cinco minutos depois Georg acordou e foi escovar os dentes. Quando voltou viu Bill lá fora.

— Sai da chuva, vai pegar um resfriado. — disse perto da porta.

— Não vou nada. — Foi em direção a Georg, pegou o braço dele e o puxou para a chuva.

— Bill, seu maluco! — Deu um soco de leve no ombro dele.

— Não encoste em mim, por favor — pediu.

— Quem avisa amigo é. 

Os dois riram.

Com o barulho da conversa deles Gustav acordou e foi escovar os dentes. Depois voltou para a sala e foi ver o que os dois estavam fazendo lá fora. Bill acenou para ele ir para a chuva, Gustav não quis, na mesma hora alguém o empurrou para fora. Era Tom, que foi tomar banho de chuva também.

Começou a ter muito ventos, eles decidiram entrar e tomar banho para não pegarem um resfriado.

— Que fome, mano. O jantar está pronto? — Tom esfregava a cabeça com a toalha.

— Não. Está vendo como está a casa?

— Sim, arrumada.

— Isso mesmo. Eu que arrumei tudo sozinho. Então, trate de vocês irem para a cozinha. Eu vou sentar um pouco e assistir televisão.

— Mas você cozinha melhor do que nós.

— Eu sei disso. Mas a comida de vocês não é ruim. Escolhem aí o que vão fazer.

— Já escolhi. Macarrão instantâneo — Tom disse brincando.

— Fala sério mano, não queira levar uma vassourada na cabeça. Eu faxinei a casa inteira sozinho — Bill respondeu a brincadeira.

Os meninos fizeram a janta e uma torta de morango de sobremesa, colocaram tudo sobre a mesa.

— Olha só, hein. Os meus empregados estão de parabéns! — Bill brincou e sentou na mesa.

— E o nosso empregado deixou a casa uma maravilha! — respondeu Tom colocando suco de laranja no copo.

— Agora está um a um. — Gustav colocava os talheres na mesa.

Todos riram.

Terminaram a janta oito horas da noite, a chuva ainda estava forte. Ficaram na sala montando um quebra-cabeça.

— Hoje está tão tedioso. Só falta a luz faltar de novo para piorar. — Tom montou uma pecinha.

Um minuto depois que Tom disse isso as luzes apagaram.