" Perdoe os outros, não porque eles merecem perdão, e sim porque você merece paz. " 

Aeroporto de Guarulhos/São Paulo

Cirilo estava com o coração na mão, com as mãos gélidas e um sorriso bobo estampado no rosto, ele mal podia ver a hora de reencontrar Carmem e João, sorriu ao lembrar da jovem, como ela podia ser tão boa ao ponto de perdoa-lo? Cirilo não havia dormido a noite inteira e ainda havia saído de casa bem cedo, cantarolando que nem um maluco, sendo feliz, de um jeito que ele não era há muito tempo.

O jovem sentiu seu celular vibrar no bolso, era uma ligação, olhou no visor e viu de quem se tratava antes de atender.

Ligação ON

— Cirilo? Graças a Deus você atendeu. – Maria Joaquina respirou aliviada do outro lado.

— Aconteceu alguma coisa? – Cirilo perguntou preocupado.

— Sim, eu queria saber se vai rolar mesmo a festa a fantasia amanhã, tenho que preparar tudo, afinal, homens são péssimos com decorações. – disse Maria fazendo o Rivera rir.

— Tudo confirmado Maria Joaquina, a festa acontecerá lá na mansão mesmo, quero uma grande comemoração. – Cirilo disse animado. – chame o maior número de pessoas possíveis.

— Vou tentar chefe, afinal, já está em cima da hora. – A medsen reclamou. – Cirilo Rivera com bom humor? Vai acontecer um terremoto, só pode.

— Estou tentando refazer a minha vida Maria, não estava gostando da pessoa que havia me tornado, por isso, resolvi trazer de volta o antigo Cirilo. – respondeu o Rivera naturalmente.

— Fico feliz por você, sentia sua falta. – disse Maria Joaquina alegre.

— Também sentia falta da pessoa que eu era, desculpa por toda babaquice que fiz. – disse Cirilo arrependido.

— Amigos não guardam mágoas. – Maria Joaquina disse emocionada. – Bom, agora tenho que desligar porque uma CERTA PESSOA me deixou responsável por uma festa, aí sabe como é essas coisas. – ela disse rindo.

— Tá bom maluquinha, te amo, beijos. – Cirilo disse sorrindo.

— Te amo mais, beijos. – Maria Joaquina disse feliz por ter seu amigo de volta.

Ligação OFF

 Assim que desligou o telefone os olhos de Cirilo focaram naquilo que estava esperando desde o início, a volta de Carmem e João, assim que o pequeno o avistou correu na direção do mesmo com os braços abertos, Cirilo se abaixou para poder abraça-lo.

Um abraço de um pai e um filho, um abraço cheio de saudades, o pequeno mal conseguia acreditar que estava recebendo carinho do pai, seu coraçãozinho pulava de felicidade, já o coração de Cirilo... ah, ele nunca estivera tão em paz, dizem que quando perdemos um filho é como se perdêssemos uma parte de nós, Cirilo estava completo agora, e seu instinto de pai nunca esteve tão forte.

— Você me perdoa meu anjo? – Cirilo perguntou com lágrimas nos olhos beijando o topo da testa do filho.

— Clalo. – João disse sorrindo e acariciando os cabelos do pai. – eu amo voxê. – falou o abraçando novamente.

— Eu te amo, eu te amo, eu te amo, eu te amo, eu te amo, eu te amo, eu te amo... – Cirilo falou várias vezes enquanto beijava a bochecha do filho, fazendo o pequeno rir. – Desculpe não ter dito antes pequeno.

Carmem apenas sorria encarando aquela cena, lágrimas teimosas rolavam dos olhos da Carrilho, ela não conseguia parar de reparar no sorriso de Cirilo, um sorriso verdadeiro, como a muito tempo ele não tinha dado, e aquele era sorriso mais lindo que ela já havia visto.

O Rivera pousou seus olhos sobre ela, a mulher que havia estado ao lado dele durante tanto tempo, aguentando todas as suas humilhações e defendendo João como uma verdadeira mãe, Carmem tinha uma alma admirável, e agora avaliando tudo isso, Cirilo não podia negar que ela lhe encantava, ele pegou João no colo e ficou de frente para a mesma, se aproximando cada vez mais, até que ficassem cara a cara.

E então, Cirilo a puxou para um abraço triplo, João se sentia feliz, como se finalmente tivesse uma família de verdade, e o silêncio tomou conta dali, mas, não um silêncio constrangedor, e sim um silêncio calmo, confortável, queriam apenas ouvir a respiração um do outro e saber que estavam ali, juntos, porque certas coisas não precisam de palavras para serem expressas.

Mansão RF/Brasil

No dia seguinte, a noite estrelada já iluminava as ruas da cidade, em algumas horas a festa a fantasia teria seu início, Maria Joaquina andava de um lado para o outro supervisionando tudo junto com Marian que havia acabado de voltar de viagem, nem Maria Joaquina entendia como Marian havia arranjado tanto dinheiro de uma hora para outra.

Todos estavam ocupados, aquela festa tinha que ser perfeita, já que havia um pouco mais de mil convidados. Alguns membros da banda nem ao menos sabiam que fantasia escolher, e Jaime era um deles, o jovem andava de um lado para o outro experimentando suas fantasias.

— Já que você me convenceu a ir, vai ter que me ajudar a escolher minha fantasia. – Valéria disse entrando no quarto do amigo com as fantasias em mão.

— Você nunca vai bater na porta? – Jaime perguntou rindo.

— Nunca. – Valéria respondeu brincalhona.

Jaime virou de frente para a Ferreira, que caiu na gargalhada ao ver a fantasia do garoto, Jaime estava vestido de Peter Pan, e bem, digamos que essa fantasia não lhe caia muito bem.

— Ah Meu Deus! – Valéria esbravejou rindo e se jogando em cima da cama. – você está parecendo um milho verde. – gargalhou.

— Nossa, você é péssima em arranjar apelidos. – disse Jaime.

— E você é péssimo em escolher fantasias. – Valéria falou ainda rindo.

— Okey, vou trocar. – Jaime disse se referindo a fantasia. – mais e você? Vai fantasiada de quê? – perguntou deitando ao lado da amiga.

— Eu não sei. – Valéria deu de ombros. – por isso vim pedir sua ajuda, grandão. – falou apertando as bochechas do amigo.

— Para Valéria. – reclamou Jaime do aperto forte em sua bochecha.

— Ui, ele tá bravinho – falou a Ferreira pulando em cima do amigo.  

Jaime encheu Valéria de cocegas, fazendo a mesma rir alto, eram momentos assim que eles prezavam, momentos felizes ao lado um do outro, a verdade é que eles não conseguiam estar tristes quando ficavam juntos.

— Acho que vou fantasiada de policial. – disse Valéria depois que parou de rir, a mesma se levantou da cama. – ou quem sabe de feiticeira, bombeira, fada, princesa... o que você acha? – disse cruzando os braços.

— E-eu não sei Val. – Jaime coçou a nuca. – você fica bonita de qualquer jeito. – disse sentindo as próprias bochechas esquentarem.

— O-obrigada. – Valéria disse encarando o chão, ela havia ficado estranhamente nervosa com o elogio. – acho que vou de bruxinha mesmo, quero algo mais clichê hoje. – falou sorrindo.

— Boa escolha então. – disse Jaime pegando outra fantasia para experimentar e entrando dentro do seu closet. – espera aí Val, quero ver se você vai gostar dessa. – gritou o Palilo.

Valéria se jogou na cama e ficou pensando na tal festa, teria que encarar Maria Joaquina, Davi e Paulo, droga, o noivo de Maria Joaquina ainda a deixava tensa, ainda mais agora que não tinha Paulo ao seu lado, o Guerra estava dando um gelo na Ferreira, evitava falar com a mesma e nunca respondia os torpedos que ela enviava, será que essa mágoa toda era apenas porque Valéria tinha dormido com Jaime? A intuição feminina da mesma insistia em dizer que tinha mais alguma coisa por trás desse comportamento estranho de Paulo.

— Jaime, você vai morar aí dentro? – Valéria perguntou apressada.

— Pronto, apressadinha. – Jaime falou enquanto ia ao encontra da Ferreira que estava deitada na cama encarando o teto. – e então, como estou? – perguntou nervoso.

Valéria sentou na cama para poder encara-lo, e assim que o viu a mesma sentiu seu coração disparar por alguns instantes, Jaime estava vestido de Batman, e aquela fantasia caia perfeitamente bem sobre seu corpo escultural, além disso o dava um olhar sombrio, que lembrava o cavaleiro das trevas, Jaime sorriu envergonhado pela forma como a Ferreira o olhava, e isso só vez com que Valéria o admirasse ainda mais, Jaime tinha, com toda certeza, o sorriso mais encantador que ela já vira.

— Val? – Jaime disse libertando a amiga do transe.

— Ãh... eeer – Valéria estranhou seu nervosismo novamente. – Você está ótimo, maravilhoso. – falou sendo sincera e encarando os olhos dele.

— Obrigada linda. – Jaime disse abraçando a amiga de lado.

— Bom, agora tenho que ir, ainda vou vestir minha fantasia. – Valéria disse meio desanimada se levantando.

— Paulo continua sem falar com você não é? – Jaime perguntou e ela assentiu. – Olha, se você quiser eu posso tentar conversar com ele, sei lá, posso tentar ajudar. – disse meio sem jeito.

— Não precisa. – Valéria disse sorrindo fraco.

Jaime se sentia culpado, tudo que ele mais queria no mundo era passar o resto da vida ao lado de Valéria, mas, se a mesma não podia corresponder a tal desejo, então, o mínimo que ele queria era que ela fosse feliz, mesmo que fosse na mãos de outro, porque quando amamos alguém de verdade não somos egoístas.

As vezes ele até pensava em se afastar da amiga, afinal, Paulo ia contra a amizade deles, e já que Valéria estava mesmo gostando do Guerra, Jaime não queria atrapalhar a felicidade dos dois.

— Desculpa ter atrapalhado a sua vida. – Jaime falou sentando na beirada na cama e encarando a parede à sua frente.

— Você nunca atrapalha nada, ouviu? – Valéria disse beijando a bochecha do amigo e o abraçando de lado.

— Me escuta. – Jaime disse segurando as mãos da Ferreira e fazendo ela o encara-lo. – Eu sei que você gosta do Paulo, que está feliz com ele, e acho que ele gosta de você também, sei o quanto a relação de vocês é especial, por isso, acho que é melhor nos afastarmos um pouco, não quero ser o culpado das brigas de vocês, okey? – Jaime acariciou sua bochecha.

— Agora quero que você me escute. – Valéria disse firme o encarando. – Jaime, você é a pessoa que esteve ao meu lado esse tempo todo, o meu confidente, o meu protetor, o meu tudo, e eu vou precisar de você e da sua companhia até o fim da minha vida, então, se você quiser se afastar, fique sabendo que não é pela minha felicidade, porque eu só sou feliz com você. – disse sendo o mais sincera possível.

Jaime apenas sorriu e abraçou Valéria com força, enquanto ela inalava o cheiro embriagante dele para si, sim, Jaime era o melhor presente que ela havia ganhado da vida, era quem mais lhe ajudava, mesmo quando ela estava triste, Jaime sempre dava um jeito de fazer Valéria feliz, ele a levantava quando ela caia, ele remendava a alma da Ferreira todas as vezes que ela pensava em desistir, Jaime secava suas lágrimas, a fazia ser forte, e ela sempre tentava fazer o mesmo por ele.

O abraço não durou muito tempo, pois logo ela teve que ir para seu quarto e vestir sua fantasia, mas, aquele abraço durou o suficiente para Valéria ter certeza que não trocaria Jaime por nada nesse mundo.

Pov Maria Joaquina.

Andava de um lado para o outro, conferindo cada detalhe da decoração, os convidados já estavam chegando aos poucos e nada do restante banda descer para o salão, só conseguia ver Alicia vestida de vampira conversando em um canto afastado com Paulo, que estava fantasiado de Jack Sparrow, o pirata.

— Você está linda de anjinha. – Davi falou me abraçando por trás, sorri.

— Obrigada meu coringa. – falei rindo o abraçando, Davi estava fantasiado de coringa, o inimigo imortal do Batman, é acho que é isso, sei lá, não sei muito sobre essas coisas de super-heróis.

— Maria Joaquina! Maria Joaquina! – Duda gritou desesperado.

— Ai, o que foi? – perguntei assustada.

— Tem um rapaz querendo entrar na festa, ele disse que é amigo do pessoal da banda. – Duda falou cruzando os braços.

— E porque ele não entrou? – indaguei sem entender, porque se realmente fosse amigo da banda já teria entrado.

— Porque ele não está na lista de convidados, não veio com fantasia e está causando alvoroço na portaria, disse que terão que deixa-lo entrar de qualquer jeito. – Duda falou dando de ombros. – Vamos deixar ele ser levado pela polícia? – indagou.

— Não, sem exageros, não quero escândalos na festa, vou lá ver quem ele é primeiro. – falei já sem paciência.

Dei um selinho rápido em Davi e segui rumo a portaria, só me faltava essa, um louco escandaloso tentando invadir a festa, fala sério, cheguei em frente a portaria e me surpreendi a ver quem estava lá, fazendo o tal escândalo no meio dos convidados.

— Daniel? – indaguei surpresa o encarando.

— Majo? – Daniel disse me encarando.

“Há quanto tempo eu não ouvia esse apelido vindo de sua boca.“