" É doloroso perder alguém que se ama. São tantas lembranças e muita saudade que as vezes o coração para de bater e sofre como se estivesse apanhando. "

Show da Rock Forever/Nova York/Ano de 2020

As luzes iluminavam o grande palco, uma multidão enorme gritava loucamente o nome da banda, Cirilo estava aflito, logo o show iria começar sem a vocalista e o baterista principal, Alicia iria substituir Valéria em algumas músicas, o restante Paulo iria cantar sozinho.

– Atenção, falta apenas 5 minutos... – gritou Cirilo entrando no pequeno camarim, ele estava completamente nervoso e abalado.

– Vai dar tudo certo galera, nós somos a banda Rock Forever, a maior banda de rock do mundo e eu confio em vocês. – falou Paulo firme.

Alicia sorriu para Paulo, o garoto se aproximou da morena e sorriu para ela, enquanto sussurrava no ouvido dela um: eu confio em você!

– Gente é o seguinte, bastante atenção Alicia quando você for cantar a nova música, não saia do ritmo viu? É que a letra é difícil. – alertou Maria Joaquina a compositora.

– Tudo bem Maria Joaquina, eu vou arrasar como vocalista, garanto que serei perfeita nesse show. – respondeu Alicia determinada.

Assim a banda já estava preparada, era contagem regressiva faltava apenas um minuto para o show começar, Paulo estava bastante nervoso, pela primeira vez na vida ele iria cantar sem Valéria, e os dois viviam brigando na pausa das músicas, o que fazia a plateia se divertir bastante.

– Boa sorte peralta. – desejou Maria Joaquina sorrindo para o amigo.

– Obrigada chatonilda, espero que a Alicia não vacile e se esqueça da música, tenho medo dela ficar nervosa. – respondeu o Peralta dando um beijo na bochecha da amiga e correndo até o palco.

– 1, 2, 3... vai! – falou Janjão tocando a bateria.

Alicia e Paulo escutavam o toque da música de olhos fechados, e antes de Alicia começar a cantar ela encarou os olhos do Guerra, e mesmo sem conseguir entender o porque a garota se sentiu mais confiante.

/Alicia/

I’m tired of walking alone in this world meaningless

( Já cansei de andar sozinha nesse mundo sem sentido )

The quest for dreams is lonely as if the dark desert

( A busca pelos sonhos é solitária, como se você estivesse em um deserto escuro)

/Paulo/

Andy you need light

( e você precisa de luz )

Needs light

( precisa de luz)

Needs light

( precisa de luz )

....

Maria Joaquina observava tudo bem orgulhosa, sua música estava sendo um sucesso em Nova York, ela estava bastante feliz, porém algo a incomodava, talvez fosse o fato de que Davi tinha sumido pela manhã e ainda não havia aparecido, o garoto tinha até mandado uma mensagem falando que estava resolvendo alguns negócios.

– Que espécie de negócios o Davi está resolvendo? Não sei porque mais estou me sentindo tão insegura. – falou Maria Joaquina entrando no camarim onde estava Marian.

– Ei para de besteira amiga, você é incrível e ele tem toda sorte do mundo em te ter como noiva, não tem porque você ficar insegura. – falou Marian animando a amiga.

– Vai atrás dele Marian, com certeza o Davi já deve ter chegado em casa a essa hora, por favor? – pediu a patroa aflita.

– Tudo bem, vou querer um aumento no meu salário. – disse Marian fazendo Maria Joaquina suspirar, as duas riram.

Marian saiu apressada como um furacão, enquanto Maria Joaquina pegava uma peruca loira para poder passear pela plateia, assim que a patricinha conseguiu se aproximar da multidão ela começou a dançar animada, foi quando dois braços a abraçaram por trás.

– E aí loirinha, está sozinha? – perguntou Daniel sussurrando no ouvida da garota, Maria Joaquina se arrepiou inteira.

– Me solta seu tarado, só podia ser você mesmo né Daniel? Como eu sou azarada. – falou Maria Joaquina se soltando do mesmo.

– Maria Joaquina? Hahaha, tá fantasiada, Isso aqui é um show de Rock viu? Não é carnaval não. – falou Daniel rindo dela.

Maria Joaquina apenas deu de ombros, sem se importar com as provocações do ex-namorado, mais logo a patricinha ficou nervosa ao ver um pacote dentro do bolso de Daniel, era semelhante aos pacotes de Drogas existentes nos shows de Rock, ela também sentiu um cheiro ruim.

– O que é isso dentro do seu bolso em Daniel? – indagou ela bem preocupada, Daniel ficou bastante nervoso. – É droga?

– Isso não te interessa! – berrou Daniel totalmente nervoso.

De repente, ela puxou o pacote de dentro do bolso de Daniel, porém antes que ela pudesse abrir sentiu alguém cutuca-la por trás, Maria Joaquina se virou e se surpreendeu, era um policial enorme.

– Posso saber o que a senhorita está segurando? – indagou o policial bravo encarando os dois.

Cemitério Santa Cruz/São Paulo/Brasil

Pequenas gotas de chuva caiam sobre as lápides do grande cemitério Jaime e Valéria tremiam de frio, a primeira coisa que eles haviam feito assim que chegaram no Brasil foi ir até o túmulo de Rafael Palilo, os dois já estavam lá há um bom tempo, porém Valéria entendia que Jaime queria ficar o maior tempo possível ali.

– Jaime? O Jonas ligou e disse que está vindo pra cá agora, o seu irmão mais novo vai vim também. – disse Valéria tremendo de frio, o garoto apenas assentiu com a cabeça.

O Brasil não era um país frio, mais aquela noite em especial, o frio tomava conta de São Paulo, e para completar uma pequena garoa havia começado, mais isso tão pouco interessava a Jaime, a única coisa que ele conseguia pensar era em Rafael, várias lembranças invadiam sua mente.

“Jaime arrumava suas malas entusiasmado, o garoto ainda não acreditava que estava indo embora para Nova York, era como um sonho para ele, antes de ir embora ele colocou uma foto de Eloísa em sua mala.

– Você vai levar a foto dela? – perguntou Rafael encostado na porta do quarto, Jaime sorriu como resposta.

– Tenho certeza que... onde quer que a mamãe esteja ela está torcendo por mim. – falou Jaime com os olhos cheios de água.

Eloísa havia morrido por culpa do vício pele cigarro, deixando para trás Jonas, Jaime e Pedro o irmãozinho mais novo de Jaime, a morte da mãe estava sendo um trauma enorme para toda família, principalmente para Rafael.

– Vê se não engorda de novo por lá. – zoou Rafael fazendo Jaime rir, o pai nunca perdia uma chance de brincar com ele.

– Pode deixar chefe! – respondeu Jaime fazendo referência, os dois riram, Rafael abraçou o garoto e eles seguiram até a sala.

Assim que os dois chegaram na sala encontram Jonas, Pedro e Jurandir, o leal e atrapalhado ajudante de Rafael, Cirilo também estava em frente a casa gritando para que o garoto entrasse logo no carro para irem até o aeroporto.

– Bom gente, Até breve. – falou Jaime sorrindo para a família, ele abraçou Jonas e sorriu. – cuida bem do nosso pai.

– Pega Jaja é pra você nunquinha no mundo se esclecer de nois viu. – falou Pedrinho entregando um retrato da família.

– Obrigada tampinha, e você Jurandir? Tente não colocar fogo na oficina! – ordenou Jaime abraçando o amigo.

Finalmente o garoto tomou fôlego para se despedir do pai, os dois se abraçaram forte, as lágrimas de Rafael já molhava o ombro de Jaime, era uma situação difícil para ambos.

– Eu te amo seu cabeça de vento, promete que nunca vai esquecer do seu velho e humilde pai? – perguntou Rafael abalado.

– Prometo chefe, nunca vou esquecer de você pai, eu te amo muito, você é e sempre será a pessoa que eu mais admiro no mundo inteiro. – falou Jaime emocionado"

– Jaime? Jaime! – ele foi tirado de seus pensamentos por um grito de Valéria, o garoto limpou as lágrimas e caminhou até onde ela estava.

Valéria estava abalada olhando aquela lápide, Jaime logo percebeu de quem era aquele túmulo, era de Firmino, o antigo zelador da escola e grande amigo da turma, parece que muitas coisas haviam acontecido desde a ida deles a Nova York, Firmino havia morrido há dois anos atrás com quase noventa anos de idade.

– Eu sabia que ele estava doente, mais ninguém tinha me contado da morte dele. – falou Valéria emocionada.

– Já faz tanto tempo que o nosso velho amigo morreu, engraçado que enquanto tudo isso acontecia por aqui nós estávamos em Nova York só aproveitando a nossa fama. – falou Jaime com arrependimento na voz.

– Nesses últimos tempos eu tinha esquecido de tudo que realmente importa na vida Jaime, mais agora eu vejo como eu estava sendo egoísta sabe? Ah seu eu pudesse voltar a ser criança. – falou Valéria colocando uma flor branca no túmulo de Firmino.

Jonas gritou o nome do irmão de longe enquanto descia do carro, Jaime caminhou em direção ao irmão e o abraçou chorando, Valéria logo abraçou Vanessa a esposa de Jonas, ela estava grávida de gêmeos.

– Jaja que saudade! – gritou Pedrinho indo abraçar o irmão, Jaime ficou emocionado ao vê-lo em tão pouco tempo ele tinha crescido tanto.

– Bom Jaime eu vou indo, tenho que ir ver meus pais, me liga se precisar está bem? – falou Valéria sorrindo para o amigo.

– Pode ir Valéria, fica tranquila, eu vou ficar bem. – falou Jaime se aproximando da amiga. – obrigada por tudo.

Valéria sorriu em resposta e seguiu até o táxi que a esperava, ela também estava muito nervosa, finalmente iria reencontrar os seus pais.

Mansão rabinovich/Nova York

Marian procurava por Davi em cada canto da mansão, os seguranças tinham falado que ele havia entrado junto com Duda, ao passar pelo jardim de Davi a garota ouviu uma conversa.

– Por isso eu acabei deixando ela ir embora com aquele babaca do Jaime, eu estava com medo do resto da banda ver a confusão e descobrir tudo sobre o meu caso. – falou Davi nervoso.

– Cara, eu posso te dar um conselho? Esqueça essa Valéria, a Maria Joaquina não merece isso, pensa no seu casamento. – aconselhou Duda.

– Eu não consigo esquecer a Valéria, ela é minha cara, só minha e de mais ninguém. – falou o judeu um pouco irritado.

– E a sua noiva? Já pensou o que pode acontecer se ela descobrir que você tem um caso com a madrinha do casamento? – falou Duda em tom de reprovação, porém Marian saiu detrás da árvore e os surpreendeu.

– Você tem um caso com a Valéria? – perguntou Marian surpresa.