A outra dimensão; escrita por Val-sensei


Capítulo 4
A profecia.




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Ele tirou a mão diante dos meus olhos e eu o acompanhei até ele colocar a mão novamente no cristal.

— E tão gostoso sentir essa emoção.

— Sim, muito - mas ele abaixou a cabeça.

— O que ouve?

— Nesse cristal estão todos os sonhos, as expectativas de todas as pessoas, de todos os mundos, mas...

— Mas o que? - eu olhei aflita, vasculhei o lugar e vi que algo me chamava, sim olhei algo brilhar em prata, não muito distante de mim, virei-me e caminhei até lá. Vi um livro com capa prateada, um desenho estranho na capa, não soube definir o que era, coloquei os dedos na capa para abri-lo, e quando o fiz vi as letras se transformarem e eu pude ler cada uma delas.  - O mundo dos sonhos foi criado para sustentar a esperança, a motivação, o otimismo e as expectativas das pessoas, cada uma que consegue o que mais deseja no mundo fica guardada aqui nessa sala, é uma joia, como se fosse a mais rara do mundo. Essa joia é dividida em dez partes e guardada por dez guardiões evitando que o negativismo e a frustração por algumas pessoas não ter conseguido conquistar o que desejam. Mas casos um desses guardiões for tomado pela cobiça, pelo ódio, e abandonar o seu papel, o cristal se contaminará pouco a pouco, ficando cada dia mais negro... No entanto, um forasteiro(a) de bom coração pode vir do outro mundo e mudará isso, fazendo o cristal ficar ainda mais puro, e fazendo com que cada uma das pessoas motive-se a tentar de novo e conquistar o que desejam no seu mundo, só ela pode mudar o coração de todos, só ele (a) pode lutar ao lado dos guardiões para salvar o cristal, mas se caso ele(a) não chegar a tempo  o cristal será tomado pela força das trevas e os dois mundos cairá na tristeza e no desespero, deixando as pessoas sem esperança, sem vontade de lutar e ter os seus desejos alcançados... - virei a página para continuar lendo, mas não a vi, há procurei no chão e nada. - Alguém rasgou as folhas.

— Sim, foi o Deci, o decímo guardião, ele foi tentado pelos Surpiers e foi para o lado deles, agora o cristal está escurecendo a cada dia, veja - ele apontou para uma parte pequena, mas já negra o suficiente para eu ver a verdade diante dos meus olhos.

— Não, eu... Eu não posso, eu... Eu não sou essa pessoa... - apavorei-me.

— Ayane, fique calma, você...

— Não, de forma nenhuma, eu não sou a forasteira... - senti a minha cabeça doer muito, coloquei a mão na mesma, meu coração bateu mais forte e senti falta de ar... Foi quando tudo se escureceu de novo...

— Ayane...  - ele correu até o corpo desfalecido dela, há pegou no colo e saiu dali o mais rápido possível, vendo o corpo dela piscar como se fosse sumir.

— Tiana - ele entrou desesperado na casa. - Venha fazer alguma coisa - ele a levou para o quarto que ele usava e a colocou na cama.

O corpo piscava sem parar...

*****

No hospital os aparelhos faziam barulho de que havia algo errado, os médicos corriam para a UTI, viram que a cabeça dela sagrava no corte feito, os médicos a levaram para sala de cirurgia rapidamente, a enfermeira foi até a sala de espera e viu Décio lendo um livro.

— Eu tenho uma notícia - ela disse o fazendo olhar preocupado.

— Aconteceu algo com a minha irmã?

— Sim, a cabeça dela voltou a sangrar, tivemos que levar ela o mais rápido possível para mesa de cirurgia...

— Ela vai sair bem, não vai?

— Não sei. Só médico pode dizer, agora eu tenho que acompanhar o doutor, com licença.

Décio juntou as mãos e em meio às lágrimas começou a rezar, para que sua irmã pudesse sobreviver, esse era o seu maior desejo.

****

Tiana já estendia as suas mãos diante da garota e das mesmas saiam uma energia meio esverdeada de suas mãos indo para o corpo da moça diante dos seus olhos.

A moça piscava diante de si como se fosse sumir a qualquer momento. A deusa usava seus poderes com toda a sua vontade e determinação. Porém as horas se passavam rapidamente e a moça continuava da mesma forma, então a deusa parou e se ajoelhou, estava cansada e parecia esgotada.

— Tiana... - Royne correu até ela, pegou pelos ombros e a ajudou se levantar. - Tudo bem? - ele olhou a garota piscando.

— Eu não consigo mais Royne, me desculpe... Eu preciso descansar... Voltar à floresta e pegar as energias.

— Tudo bem. Eu posso acompanhá-la se quiser.

Ela deu um sorriso leve.

— Fique com ela, pois ela precisara de você, tem algo muito maior nesse meio, se ela ficar normal, precisará levá-la ao oráculo.

— Eu ficarei. - ele a ajudou a ir até a janela. - Obrigado, amiga, descansa bem - ele a viu transformar em um pontinho verde e sumir como um vagalume brilhoso.

Royne via a moça piscar, estava apavorado por não saber o que estava acontecendo e por horas ele ficou ali a olhando sem saber o que fazer e não sabia por que aquilo ocorria. Mas ficou ali ao lado dela vigiando o seu sono.

****

Lin entrava no hospital e viu toda a família da moça apreensiva e em oração.

Ele foi até eles lentamente e tocou o ombro do Décio, pensando no pior.

— O que aconteceu? - ele estava com um aperto no coração.

Décio virou-se para ele com os olhos carregados em lágrimas e o pegou pelo colarinho com raiva.

— Por sua culpa, nada mais que sua culpa, a minha irmã está novamente em uma sala de cirurgia e por sua culpa ela pode não voltar viva de lá.

Lin desviou o olhar do dele, seus olhos começaram a marejar e ficou calado.

O médico apareceu e Décio o largou de qualquer modo. O rapaz caiu no chão de mau jeito.

— Então doutor, como ela está? - a mãe da Ayane estava aflita.

—Fizemos o possível, mas se ela acordar do coma... Ela vai vegetar, pois o sangue atingiu uma grande área do cérebro e só um milagre para ela agora - o médico soou triste.

A mãe de Ayane chorou abraçada ao esposo.

— Vamos ter esperanças - Lin se levantou e encarou todos de um modo sério.

— Que esperanças? - Décio foi para cima dele e o pai o segurou. - Por sua culpa, minha irmã está lá dentro e pode... - ele desabou de joelhos no chão em lágrimas. - A minha anãzinha, pode não acordar mais... - Lin abaixou-se a altura que ele estava.

— Vou trazer os melhores médicos, podemos transferi-la para um hospital melhor... Farei o possível e o impossível para trazê-la de volta - ele o encarou determinado.

— Não podemos transferi-la - o médico aproximou deles. - O estado dela é bem delicado, mas autorizo a trazer um médico especialista - ele encarou os que estavam ali.

— Sempre há esperança - Lin dá um leve sorriso. - Vou falar com o meu pai e volto mais tarde- ele saiu do hospital os deixando ali.

— Ele apesar de tudo está assumindo a responsabilidade, filho, temos que acreditar nele ao menos.

— Eu sei pai... Eu sei - ele olhou o pai. - Mas não vejo esperanças de a Ayane voltar - suas lagrimas escorriam pelo rosto dele. Décio saiu dali os deixando e foi dar uma volta pela cidade.

*****

Royne estava de mãos dadas com a garota, ela parou de piscar e voltou a respirar tranquilamente em um sono profundo. Ele suspirou aliviado, apesar de não ter muitos poderes ele conseguiu passar um pouco de sua energia a ela.

— Qual o seu sonho em Ayane? - ele sussurrou, sentando na cadeira, com a metade do corpo apoiado na cama.

Ele encostou a testa dele na dela, fechou os olhos e tentou sentir o seu sonho.

Ele a viu sorrindo com a família unida. Viu-a entrando no quarto e olhando um livro, passou a mão nele como se fosse o mais precioso dos livros, sentiu o grande desejo dela de estar em um mundo cheio de magias, de aventuras e sua imaginação voava quando ela começava a ler.

 Afastou-se dela e sorriu ironicamente, para depois se deitar e ficar olhando-a.

— Acho que seu sonho está se realizando - ele comentou baixinho e adormeceu do lado dela, com a metade de seu corpo em uma cadeira.

As horas se passavam rapidamente, Royne continuava ali cochilando, pois, ficar de vigília e passar um pouco de seus poderes a ela o cansou muito. 

*******

Senti meus olhos arder, senti alguém segurando a minha mão, tentei abrir meus olhos, a claridade ardeu ainda mais, tentei me acostumar com a mesma então finalmente consegui olhar aquele lugar. O mesmo quarto com a mesma janela, e de mãos dadas comigo o rapaz de olhos azuis e cintilantes, estava deitado ao meu lado, com metade do corpo na cadeira.

Senti meu corpo pesado para virar, mas de certa forma consegui, levei a minha outra mão até ele, mas não tive coragem de tocar, puxei a mão de volta, mas ele abriu lentamente aqueles olhos azuis, brilhantes e penetrantes.

— Olá - ele me deu um sorriso.  - Como se sente? - ele perguntou ainda segurando a minha mão.

— Só sentindo o meu corpo pesado, mas estou bem, obrigada - ele me ajudou a sentar.

— Vamos esperar a Tiana, preciso que vá ao oráculo comigo.

— Eu também? - ergui a sobrancelha curiosa.

— Sim, você está no mundo dos sonhos, de alguma forma faz parte da profecia, mas você se sentir mal e ficar no estado que ficou é muito estranho, pois não sabemos o que acontece.

Eu o olhei fixamente e abaixei a cabeça.

— Eu sou mesmo quem vai ajudar a purificar aquele cristal?

— Tudo indica que sim - ele me olhou de uma forma meiga.

— Está bem, eu vou com vocês, pois quero descobrir uma forma de voltar para o meu mundo - eu me levantei determinada e vi um pontinho verde aparecer diante dos meus olhos.

— Isso é ótimo – Tiana dava-me um abraço gostoso. - Meus poderes te ajudaram, ainda bem, pois eu fiquei com medo, mesmo quase o usando todo em você.

— Obrigada por se preocuparem comigo - estava com a mesma roupa.

— Vamos o mais rápido possível Tiana, não podemos perder tempo.

— Mas se formos juntos o portal do cristal vai ficar exposto – Tiana estava preocupada

— Não se preocupe, eu pedi o Dil para ficar de olho.

— Mas você disse que só os guardiões podiam ir até lá? – fiquei na dúvida e curiosa.

— Dil é um guardião – ele apenas deu os ombros e um sorriso maroto;

— Aí que eu tenho que me preocupar mesmo - Tiana riu extrovertido e eu apenas olhando os dois. - Se é assim então vamos - ela me deu uma piscadela e ele me ajudou a levantar.

— Eu que tenho que me preocupar com minha parte do cristal e a do Royne também - ele cruzou os braços enfezados.

Royne tinha mandando preparar os cavalos.

Logo estávamos montados e a caminho de onde o Oráculo estava. Tiana estava em um cavalo marrom e Royne estava comigo na garupa de outro totalmente branco coberto com uma manta com um emblema por baixo da sela.

Eu sentia o vento tocar meu rosto enquanto eu segurava nas rédeas junto com ele. Estava sentada em sua frente aproveitando aquele sonho de um mundo diferente.

Passávamos por uma estradinha de chão muito bem desenhada em curvas, e nas laterais, árvores que deixavam seus caules formar desenhos engraçados, as copas de algumas eram coloridas, havia verde no chão, parecia uma grama, enquanto pássaros, borboletas voavam enfeitando o lugar.

Tudo se passava rapidamente diante dos meus olhos e eu estava amando, pois era como se eu estivesse dentro de uma história de magias, princesas, ladrões, essas coisas.

Senti-o parar o cavalo de uma vez, seu rosto se fechar em um semblante mais ríspido.

— Tiana está sentindo? - ele buscava com os olhos atentos e movia o cavalo no mesmo lugar dando voltas.

— Sim eu senti, são Surpiers - Tiana soou preocupada.

— Consegue cuidar deles? - ele perguntou encarando a moça.

— Posso ao menos atrasá-los - ela sorriu para nós e Royne foi para tocar o cavalo.

— Ora, ora, ora se não é o primeiro guardião do cristal do sonho, Royne - o ser apareceu em nossa frente. - Onde pensam que vão? - ele estava com um sorriso malvado no rosto.

— Não é da sua conta Deci - ele encarou o homem e tentou me proteger.

— Quem é a garota? - Deci se aproximou de mim e seu rosto era muito familiar que se Royne não tivesse dito o nome dele, eu acharia que era o meu irmão.

— Ninguém de importância - ele apertou as rédeas e cerrou os olhos a ele.

— Mentira - ele esbravejou e aproximou-se um pouco mais de mim.

Senti o seu dedo me tocar, então afastei o meu rosto das mãos dele.

— Não me toque - eu o encarei, destemida.

— Forasteira que veio pela profecia, será que você conseguirá em? - ele usou um poder e me tirou do cavalo tão rápido que nem eu e nem o Royne vimos.

Royne se desesperou e me olhou enquanto o homem que lembrava muito meu irmão se aproximava de mim.

— Não parece forte como dizem, aliás prece ser uma humana fraquinha e melequenta - ele vai para me lançar um poder, mas Royne se lança na frente e é jogado longe.

— Royne - eu ia até ele, mas o homem me pegou pelo braço e me fez olhar bem nos olhos dele.

Sim aqueles olhos eram exatamente iguais o do meu irmão, achei estranho, mas sabia que ele não era ele. Sabia que ele era um dos guardiões que saiu do seu caminho, sabia que poderia fazer algo.

— Me larga - eu puxei o meu braço e dele saiu pequenos feixes de luz que o fez soltar na mesma hora, depois saltei e dei-lhe um chute para depois colocar minhas mãos em posição e o lançar para longe com um poder que nem eu sei de onde saiu.

— Sua humana idiota.  Você vai me pagar por isso - ele saiu grilado sumindo dali.

Corri até o Royne e vi Tiana o curando, os Surpiers já haviam ido embora junto com o seu mestre.

Ele se levantou e me abraçou.

— Graças aos sonhos você está bem, mas como você fez aquilo? - ele me encarava admirado.

— Não sei, eu senti só isso - eu vi ele me soltar, ir ao até o cavalo, montar e estender a mão para mim.

— Você foi bem, mas ele queria te testar por enquanto, pois a verdadeira luta vem no final de tudo - Royne me puxou me ajudando a montar e após montar vi Royne se virar para Tiana que também estava com as redais nas mãos.

— Vamos Tiana, pelo visto temos muito a descobrir.

Tiana apenas sorriu e saímos a galopar pela estrada de terra como se aquele caminho não fosse acabar.


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