A lenda do Mago Negro escrita por Tenebris


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

E aqui vamos nós.



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Eu caminhava em meio ao deserto de neve que se juntava à grande floresta dos arredores dos pés das montanhas. Ventos batiam em meu rosto como se fossem golpes, deixando congelados até minhas sobrancelhas, nada do que já não estivesse acostumado. Raios de sol eram raridade ao norte de Keirot, portanto não era estranho caso acabasse vendo pessoas cobertas de pele ou tecidos pesados. Vivia em uma pequena cidade chamada Wash. Passando pela floresta cheguei até um caminho que dava no pico de uma montanha baixa. Era meu local de refúgio, onde ia sempre que precisava pensar. Ao chegar, observei toda a pequena imensidão da cidade onde vivi por todos meus 16 anos.

Estava tão concentrado em meus devaneios que nem percebi uma sombra chegando sorrateiramente, me dando o maior susto.

­­- Cale!! – Gritou Dayla, me fazendo escorregar da pedra e cair na neve.

- Droga Dayla, por que você sempre faz isso? – Pergunto me levantando.

- Porque é sempre engraçado. – Diz ela com um sorriso no rosto – Então...por que está aqui?

- Tentando espairecer

Olho-a por um instante e vejo que ela me olha com aquele olhar de que sabe que não é só isso. Ela senta na pedra em que eu estava e bate a mão no resto ao seu lado, dando sinal para que eu me sente também.

Ao me sentar ela pergunta:

- Aquele mesmo sonho novamente? – Pergunta preocupada.

- Sim. Quando parece que estou esquecendo, ele volta.

Olho para Dayla. Seus olhos azuis me fitavam com preocupação. Seu cabelo, tão vermelho quanto o fogo, a deixava linda. Ele estava solto, cobrindo seus ombros, e criando uma mecha que caía a frente de seu rosto de vez em quando. Sua pele tão branca e lisa quanto a neve, me fazia ter medo de tocá-la e causar algum estrago em tudo de perfeito que eu via. Sinto que começo a ficar com rosto quente e desvio o olhar.

- Mas não se preocupe, deve ser muita imaginação de minha parte antes de dormir – Digo sorrindo para ela.

- Espero – Diz devolvendo o sorriso.

Ela se aproxima mais de mim, e aconchega seu rosto em meu ombro. Sinto meu rosto começando a ferver, mas me mantenho calmo.

- Acho melhor voltarmos para a cidade, está começando a escurecer. – Diz Dayla levantando.

- Eu vou daqui a pouco, pode ir na frente.

- Como preferir. Ah, Harvin disse que quer conversar com você mais tarde. – E ela se vai.

Volto a lembrar de meu sonho, tentando desvendá-lo como faço a algumas semanas.

“Tudo começa em uma estrada de terra, onde não existe nada além disso. Existe apenas a profunda escuridão por todos os lados, exceto no caminho da estrada. Sigo-a, um caminho que parece interminável. De repente, um clarão surge no horizonte da estrada. Sinto um calor aconchegante me tocar e começo a ouvir alguém. São palavras que não entendo, obviamente não sendo de minha língua. Mas algo é estranho, sinto que já ouvi aquela voz antes. Ela me causa segurança e aconchego. Não consigo entender suas palavras, mas uma palavra me parece familiar...Tenebris...”

Acordo de meus pensamentos, e percebo que falta pouco para a noite chegar e me dirijo à casa de Harvin.

Vou passando pelo meio da cidade, olhando as casas com os telhados cobertos de neve, crianças brincando e correndo, o velho ferreiro Colt ensinando seus aprendizes a fazer uma espada. Aquilo acabava sendo meio inútil, afinal nem ladrões não tinham mais interesse em nossa vila. Toda essa vista de minha cidade me lembrava minha infância. Fora bem solitária, nunca tive facilidade em fazer amigos como todo mundo. Parecia que algo afastava as pessoas de mim, como se sentissem medo. Desde pequeno sempre brincava sozinho, até que um dia Dayla tropeçou (literalmente) em mim quando andava distraído pela rua. Depois desse dia começamos a brincar juntos, e nos tornamos grandes amigos. E assim como eu, ela não se dava bem com as outras crianças.

Depois de tantas lembranças, me recordo que o aniversário de Dayla estaria próximo. Necessito de um bom presente desta vez. Quando ela completou 15 anos, acabei tão sem ideias que resolvi lhe fazer um bolo. Mas acho que no fim ninguém iria comer um bolo com aspecto de carvão.

Passo pela casa de Dayla, e um pouco a frente chego à casa de Harvin. Bato na porta. Ouço barulhos de vidros quebrando e a porta se abre junto com o grande sorriso de Harvin ao me ver.

- Cale!! Que bom te ver, estava mesmo querendo falar com você, chegou na hora certa.

- Mas você não havia me chamado? – Pergunto confuso.

Ele parece ponderar por um momento, como se nada ali existisse.

- É verdade, havia me esquecido – Começa a rir e me convida para entrar.

Sento-me perto de uma de suas mesas de trabalho. Ele corre para lá e para cá, parecendo procurar algo. Harvin era um homem alto e desajeitado. Tinha uma barba negra espessa e várias marcas de fuligem no rosto, consequência das maquinas que ele tanto criava. Ele era uma espécie de medico inventor. Não havia doença que ele não conseguia dar um jeito de curar, claro, sendo dentro dos limites aceitáveis de doenças possivelmente curáveis. Várias maquinas existiam pela sua casa e quintal. Cada uma com um proposito diferente. E apesar de seu jeito bobalhão e desajeitado, era extremamente inteligente.

- Aqui! – Exclama Harvin. Levantando um papel com alguns desenhos e escrituras.

Ele se aproxima e me entrega o papel. Havia desenhos de algumas espécies de plantas, seus nomes e características visuais.

- O que é isso? – Pergunto sem entender nada.

- Um pequeno favor que quero que faça para mim, se puder, claro. Preciso que você vá até ao pé da montanha escura e procure por essas plantas para mim.

Observo o papel e o rosto cheio de esperança de Harvin. Dou um suspiro e sorrio.

- Está bem Harvin, farei isso.

- Oh, muito obrigado mais uma vez Cale. Você é um grande garoto.

- Não exagere Harvin. Amanhã no fim do dia virei trazer o que me pediu. Bom, vou indo para casa, meu pai já deve estar me esperando para jantar.

- Tudo bem. Obrigado Cale. Até mais – Diz Harvin quando passei pela porta.

A noite estava bonita, apesar do intenso frio. As estrelas pareciam mais vividas que nunca.

Chego em casa, e vejo meu pai sentado em sua velha cadeira de balanço, fumando seu cachimbo. Ao me ver, solta uma baforada e diz:

- Está atrasado filho.

- Me desculpe pai. Estava ajudando Harvin em um assunto.

- Entendo. Então está tudo bem. Venha, vamos jantar.

Nome de meu pai era Joseph. Já era um homem de meia idade, com barba e cabelos altamente grisalhos. Sempre vivi sozinho com ele. Onde está minha mãe? Eu nunca a conheci. Meu pai diz que ela morreu no meu parto, mas ele nunca me disse onde o corpo de minha mãe estava enterrado. Não que tivesse feito falta, Joseph era um ótimo pai, mas as vezes queria saber como era ter o afeto de uma mãe.

Joseph me ensinou tudo. Sempre me colocou no caminho certo, apesar de errar tantas vezes. Me ensinou as coisas preciosas da vida, assim como o que eu gostaria de proteger.

Acabei de comer e fui para meu quarto. Observei a estrelas por alguns minutos e acabei me rendendo à exaustão. No momento que deitei, acabei dormindo. E os sonhos vieram.

“Eu comecei a andar pela estrada dos sonhos anteriores que vinha tendo. Mas algo estava diferente. Eu sentia uma presença ali, me observando. A mesma voz de sempre começa a falar e o sonho termina”

Acordo suando frio. Apesar de tudo ser quase igual. No final havia algo que deixava tudo diferente. Das palavras que eram ditas em outra língua, acabei entendendo de algum jeito. “Tenha cuidado. Amanhã tudo mudará para você”.


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Notas finais do capítulo

Se gostarem, comentem. Se não, comentem tambem dizendo o que deveria ser melhorado. Agradeço desde já.



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