Tinha acabado de sair do banho e aqueles malditos olhos castalhos me perseguiram até quando secava o meu cabelo. Desde que encontrei com aquela caipira, eu não conseguia tirar aquele olhar dos meus pensamentos.

–Você deve estar ficando louca, Quinn. Uma caipira?! - disse para minha imagem no espelho.

Estava sozinha no quarto que havia sido cuidadosamente arrumado para mim. Apesar de a casa estar mais velha que o quadro da Mona Lisa, o quarto era ajeitadinho. Claro que nada comparado ao meu apartamento na cidade, montado por uma decoradora badalada, com todas as coisas de que uma garota como eu precisava.

Coloquei uma calça jeans e uma t-shirt que comprara em Nova York em minha última estada lá. Amo aquele lugar, mas meu sonho de consumo sempre foi morar na Cidade Luz. Paris era o sonho da minha mãe e eu iria realizá-lo, custasse o que custasse. Meu pai era contra, como era contra tudo que eu fazia, mas nosso acordo faria com que eu dobrasse o velho.

Meu pai me dava uma mesada para que eu me sustentasse. E esse foi o motivo da briga que havíamos tido, pois o dinheiro não dava nem para a metade do mês. Ele sempre queria saber por que eu gastava tanto, mas eu não podia explicar a ele que a maior parte da minha grana era gasta com a Letícia. Passeios caríssimos, roupas e relógios de grife, noites e mais noites em móteis mais caros da cidade sempre apareciam no resumo da minha fatura de cartão de crédito,mas eu não me arrependia.

Eu tinha plena consciência que a Leti estava comigo também pelo dinheiro. Sou loira, mas não sou burra. Entretanto, eu não me importava:desde que ela continuasse me dando orgasmos incríveis, por mim tudo bem.

Bloqueei a Leti em minha mente quando escutei uma voz.

–Com licença. -Me virei em direção ao som e percebi que a porta estava um pouco aberta. Uma voz feminina vinha de fora.

–Pode entrar - respondi. Arrumei meu cabelo olhando para o espelho e através dele notei uma menina atrás de mim. - Quem é você? - perguntei, virando-me pois nunca tinha visto a garota na vida.

A garota se aproximou para me cumprimentar.

–Meu nome é Britany, mas pode me chamar de Brit.- Ela estendeu a mão e devolvi o gesto somente por educação.- Seu pai pediu que lhe fizesse companhia, pelo menos quando ele não estiver aqui. - ela disse, dando um passo atrás e voltando para o seu lugar.

Era só o que me faltava: uma babá.

–Olha...- eu disse, apontando para ela. - Não preciso de babá.

–Não vou ser uma babá.- A voz dela soava direta. Pensei que a garota já tivesse ido embora.- Estou aqui mais como uma amiga.

Virei o rosto para olhá-la. Analisei a criatura de cima a baixo e soltei uma gargalhada. Sério, não consegui me conter. Foi mais forte do que eu.

– Querida, com certeza você nunca será minha amiga- eu disse com desdém. Esses caipiras acham que uma amizade começa do nada.

– Que ótimo! Assim não preciso mais fingir. - A garota falou com alívio e eu fiquei confusa. - Não conheço você, e pelas poucas palavras que trocamos não tenho a mínima vontade de conhecer. - Dessa vez era sua voz que soava com desdém enquanto me analisava.- Vamos fazer assim- a matraca continuava falando, sem me dar tempo de responder -, eu fico no meu quartinho dos fundos, você pode ficar trancada aqui o dia todo e eu ganho o dinheiro que o seu pai me prometeu. E todos vivem feliz para sempre. Que tal?

Levantei pronta para colocar aquelazinha no seu lugar, mas ela saiu me deixando sozinha lá...ultraje!!

Quase meia hora depois decidir sair do quarto e dá uma volta pela fazenda,quando entrava no galpão trombei com um corpo. Nós nos desequilibramos e caímos.

Assim que abri os olhos, percebi quem era o tal corpo que estava em cima de mim. Olhei em seus olhos por alguns segundo e quase tive um troço quando senti algo duro dentro da sua calça. E eu me refiro a uma parte específica do do corpo, se é que me entendem. Mas então eu caí na real.

– Sai de cima de mim, sua idiota - gritei para que ela deixasse eu me levantar.

Babaca! a caipira ainda está fedendo.

Discutimos até que ela caminhou em direção a um ferro-velho ambulante, estacionado perto do galpão.

A idiota me olhou com um ar de superioridade e tirou o chapéu. Meus Deus!Ela era linda. Seu rosto perfeito.

Nem prestei atenção no que ela falava,pois meus olhos estavam presos naquele corpo maravilhoso. Dei uma checada de cima a baixo e definitivamente decidi que Rachel era o meu número, sendo caipira ou não. Ela saiu e eu virei a cabeça para analisar melhor o traseiro perfeito que estava bem na minha frente. Definitivamente, o meu número.

Qual é o problema? Não posso ficar trinta dias na seca e com certeza Leti não vai vir me visitar nesse fim de mundo.

– Dra. Rachel- murmurei, batendo de leve o dedo indicador no meu queixo, enquanto repetia o seu nome e a via partir.- Eu quero você. E estou acostumada a ter o que quero.