8 Seconds escrita por ninetatu


Capítulo 4
Cristal




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/642026/chapter/4

–Santana, eu estou te falando, essa garota só vai trazer problema - comentei com minha amiga. Ela estava na cabine de uma máquina que mais parecia um disco voador de tão grande.

–Rach, faz meia hora que você está falando dessa menina. Quer dar um tempo para a minha cabeça? Estou trabalhando. - Ela pulou lá de cima. Realmente aquele trambolho era alto pra caramba.

Santana é engenheira. A melhor da região. Somos amigas desde a faculdade. Na verdade tudo começou com uma briga em um jogo de cartas.

Até hoje ela jura que eu roubei.O que é uma calúnia, nunca roubo no poker. Então, depois que ganhei um olho roxo e ela, um nariz quebrado, acabamos nos aproximando na enfermaria do campus. Desde então ela é minha melhor amiga e minha companheira de jornada.

Antes de ir ver a Santana, deixei a Brit na fazenda, pois ela seria paga para ser a dama de companhia da filha do Fabray. A menina ficaria aqui por um tempo e o pai não queria que a donzela ficasse sozinha. Quando zombei que ela seria dama de companhia, minha prima se irritou e ficou quase um dia inteiro sem falar comigo, o que foi um recorde, mas logo fizemos as pazes.

Minha amiga trabalha em uma obra nas imediações por isso estava em cima daquela maquina do demônio.

–Sant, só estou dizendo que a Brit vai ter que ficar grudada nela o tempo inteiro. E isso quer dizer que nós duas estamos ferradas. A garota é difícil de engolir.
tentei explicar meu ponto de vista, mas acho que Sant teria que ver com os próprios olhos a menina que era como um cristal.

É assim que eu a imagino: como um cristal. Lindo, brilhante, mas muito fácil de quebrar, praticamente intocável.

Sem querer prolongar o assunto, me despedi e peguei o caminho de volta para a cidade. No caminho, meu celular tocou.

–Alô.

–Rachel, o transporte adiantou, você vai ter que voltar para receber os animais -informou meu tio.

–Estou indo - respondi e logo desliguei o celular. Estava esperando as novas aquisições do Fabray somente no dia seguinte. Pelo jeito, ele resolveu adiantar tudo aquele dia, inclusive a filha. Sorrio ao me lembrar da Cristal. Não sabia ao certo o que aquela garota fazia ali, mas com certeza era algo contra a sua vontade, pois era nítido o seu desgosto. E algo me dizia que ela era uma roubada.

Estacionei a caminhonete e fui logo em direção ao caminhão. Minha função era verificar se todas as vacinas necessárias haviam sido corretamente aplicadas. Também certificava de que as normas de bem-estar dos animais estavam sendo respeitadas.

Conferi tudo, inclusive se havia algum animal ferido. Após confirmar que tudo estava certo, assinei a papelada para que o caminhão fosse liberado.

Já estava pronta para voltar para casa e saí do galpão um pouco apressada, sem perceber que alguém estava chegando. Eu me choquei com um corpo e acabei caindo no chão.

Assim que abri os olhos e vi a mulher embaixo de mim, meu corpo se animou, não consegui evitar. Seria realmente bom se estivéssemos em outro lugar.

–Sai de cima de mim, sua idiota. - Brochei imediatamente! Por que ela tinha que abrir a boca?

–Foi mal, esquentadinha - disse sem pensar. Levantei e estendi a mão para que ela fizesse o mesmo.

Ela aceitou minha ajuda e ficou de pé.

–O que você está fazendo aqui? - questionei, pois ela não parecia uma mulher que se mistura aos animais.E, pela roupa que usava, não estava ali para alimentar os porcos.

–Com certeza não foi para ver você, que pelo visto ainda não tomou banho. - Ela apontou para mim e fez cara de nojo.

Estava ficando cansada daquela patricinha metida, então a deixei falando sozinha e andei em direção a minha caminhonete.

–Ei, sua caipira, eu ainda estou falando com você. - Sua voz era irritante.

Levantei a cabeça pedindo paciência aos céus.

–O que você quer? - Me virei em sua direção, já irritada. - Seu lugar não é aqui.

Continuei andando.

A garota continuou me seguindo, bufando de raiva. Sua pele vermelha indicava que ela também não ia com a minha cara, e eu estava pouco me lixando para o que aquela mimada pensava.

–Qualquer lugar em que você esteja não é o meu lugar - retrucou ela, usando o mesmo tom de voz que eu.- Mas infelizmente, preciso da sua ajuda para encontrar alguém. Muito difícil para você? - Arqueou uma sobrancelha e me deu um sorriso desafiador. - Ouvi dizer que tem uma médica veterinária aqui, e eu adoraria conversar com alguém alfabetizado.- Desdenhava de mim na caradura.

Eu não acreditava no que estava ouvindo. Ela estava falando de mim!

Claro que eu não perderia a oportunidade de irritá-la mais uma vez. Abri um sorriso antes do meu próximo passo.

–Muito prazer - disse, tirando o chapéu e me curvando diante dela. - Dra. Rachel, à sua disposição - completei.

Sua boca se abriu, e vi a expressão " cair o queixo " de forma literal.

–Mas, infelizmente, a analfabeta aqui não tem tempo para perder com conversas fúteis vindas de uma garota mais fútil ainda. - Ela me olhava de cima a baixo, me analisando, ainda com a boca aberta.

–Eu... - Ela começou a dizer algo, mas eu a cortei.

–Passar bem, Cristal!. - Me virei e não segurei o riso.

Esse Cristal iria me trazer problemas...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "8 Seconds" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.