After all this time? escrita por Luna Lovegood


Capítulo 8
Capitulo 7 - This love came back to me


Notas iniciais do capítulo

Oi leitores lindos!
Lamento a demora na atualização não era a minha intenção, mas ultimamente as coisas andam complicadas no trabalho e tenho pouco tempo para escrever. Acreditem, nenhum de vocês odeia mais do que eu ficar tanto tempo sem essa história, é quase como se faltasse algo na minha vida quando eu não a escrevo. Desculpa, fiquei sentimental aqui. Enfim, vamos a alguns avisos:
1) Atualizei Burning it Down, depois de quase dois meses! o/
2) Não desisti de Falling in Love, estou em um capítulo muito complexo e não gosto de nada que escrevo (exceto a frase final, dessa eu gostei)
3) Conforme o roteiro de After all this time, teremos só mais dois ou três capítulos dessa história! Não planejei algo grande, na verdade eram pra ser apenas 3 capitulos, depois passou pra 6 e aqui estamos no 7!
4) A fic não terá o epílogo postado aqui, farei dele uma one, porque quero exibir a capa que eu fiz ;) ! A one se chamará “Always” =D Potterheads entenderão!
5) Leram todos os avisos? Então sintam se livres para ler o capitulo! Beijos!



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Your kiss, my cheek

I watched you leave

Your smile, my ghost

I fell to my knees

When you're young

You just run

But you come back

To what you need

This love is good, this love is bad

This love is alive back from the dead, oh

These hands had to let it go free

And this love came back to me, oh

This love left a permanent mark

This love is glowing in the dark, oh

These hands had to let it go free

And this love came back to me, oh

(This Love - Taylor Swift)

 

Felicity Smoak

Quando eu tinha cinco anos eu queria ser uma pintora, exatamente como a minha mãe. Imagine o quanto eu achava que seria divertido desenhar em telas grandes e poder usar todos os tons de cores possíveis, para uma criança isso seria apenas diversão e não trabalho. Minha mãe Donna, costumava me deixar ficar no ateliê com ela, enquanto ela pintava seus belos quadros eu ficava ali, deitada no chão desenhando e me sujando com a tinta que ela me deixava usar.

Certa vez eu entrei no ateliê quando ela não estava e vi que um de seus quadros ainda não estava finalizado. Não pensei duas vezes, o quadro estava ali, as tintas e os pinceis também, praticamente um convite para mim. Pensei que a ajudaria, pensei que depois disso seria uma grande pintora.

— Felicity! O quê você fez? - Pulei assustada e deixei o pincel cair ao chão assim que escutei o tom de reprimenda.

— Eu queria te ajudar mamãe. - Disse com toda a minha inocência infantil, me afastando do quadro e a olhando com a carinha assustada. Ela se aproximou do quadro e olhou com um olhar analítico, mesmo eu, que era apenas uma criança, percebi que minha mãe ficara chateada. Eu sabia disso porque Donna Smoak vivia sempre sorrindo e feliz, e ver seus lábios cheios apertados em uma linha reta, me fez perceber que eu devia ter feito algo muito errado.

— Mamãe? - Chamei a atenção dela puxando a barra de seu vestido - Eu estraguei o seu quadro? - Perguntei com os olhinhos já enchendo de água.

— Sim, Felicity você estragou. - Respondeu um pouco alheia, e eu me senti horrível. Não sabia ainda o que era aquela sensação ruim que apertava o meu coração, mas sabia que não era algo bom. E para uma criança de apenas cinco anos só havia uma forma de lidar com a decepção e era chorando. E foi o que fiz, eu chorei para me livrar daquele bolor preso em mim.

— Não chore meu bebê - Minha mãe falou docemente se abaixando no chão e me puxando para os seus braços. Me acomodei ali respirando fundo o seu perfume floral.

— Mas mamãe, eu estraguei o seu quadro. - Choraminguei entre soluços, minha mãe olhou no fundo dos meus olhos, limpou as minhas lágrimas e me deu um pequeno sorriso. Vê-la sorrindo me deu um pouco de esperança.

— Sabe o que a gente faz quando estragamos algo? - perguntou e eu balancei a cabeça em negativa, mas atenta a cada palavra que ela dizia - A gente conserta. - Respondeu, mas eu não via como consertar aquilo. Eu já tinha estragado a tela dela, não dava para simplesmente desfazer. - Às vezes os seres humanos gostam de complicar a vida, eles fogem da própria felicidade, porque tem medo de arriscar, então eles se sabotam, quando tudo o que precisam é olhar as coisas de uma forma diferente. - A essa altura eu não estava entendendo muito bem o que ela queria dizer, mas tudo fez sentido quando ela se levantou e virou o quadro de cabeça para baixo e olhou para o emaranhado de cores ali. Ela parecia inspirada. Um sorriso pendia em seus lábios, não um sorriso qualquer, mas aquele sorriso radiante que me fazia ter vontade de sorrir também. - Prometa algo para mim. - Disse me olhando seriamente - Não importa o quão difícil a vida se mostre Felicity, encontre um jeito de consertar as coisas. Não desista do que te faz feliz.

— Eu prometo mamãe. - Disse, e ela sorriu para mim satisfeita, aos poucos a imagem de seu sorriso caloroso foi desvanecendo em minha mente, e as lembranças simplesmente se foram.

Eu sabia que estava sonhando com uma lembrança antiga. E isso me dava uma angústia no peito sem tamanho. Já fazia anos que a minha mãe morrera, e não havia um dia em que eu não sentisse falta de seus sorrisos radiantes, de seus conselhos sempre precisos e de seus beijos estalados em minha bochecha. Com o tempo eu aprendi a aceitar aquela perda, a conviver com a saudade. O adeus faz parte da vida, mas cedo ou mais tarde todo mundo terá que passar por isso.

Eu odiava assumir isso, mas havia momentos em que eu a esquecia, em que a lembrança dela se tornava apenas um borrão, algo turvo e impreciso na minha mente. Eu já não me lembrava mais do timbre da voz dela ou do tom exato de seus grandes olhos azuis. Acho que o tempo e os problemas da vida fazem isso com a gente, nós ficamos tão focados em nós mesmos que aos poucos vamos perdendo esses pequenos detalhes, as lembranças vão enfraquecendo, e sem você perceber acabam sendo relegadas à um canto escuro da mente, um canto que recusamos a visitar porque nos machuca quando vamos lá.

Me agarrei aquela lembrança dela, disposta a nunca mais esquecer. Eu não me importava com a dor de tê-la perdido, eu me importava apenas com o amor que compartilhamos. Isso nunca enfraqueceria. As vezes sinto que a decepcionei novamente, porque não cumpri aquela promessa. Eu não lutei como deveria por Oliver, eu havia desistido dele tão facilmente...

Despertei daquele sonho, mas me mantive com os olhos fechados, apenas tentando fazer aquela sensação durar um pouco mais, eu me sentia tão próxima da minha mãe após esse sonho, era quase como se ela estivesse aqui ao meu lado, pronta para me dar um de seus conselhos sábios.

Percebi que não estava dormindo em minha cama quando tentei me movimentar, e notei que meus movimentos estavam um pouco restringidos, eu parecia estar em um sofá. Na verdade eu estava em um lugar muito melhor que a minha cama, notei com contentamento. Uma das mãos de Oliver estava sobre o meu braço fazendo um movimento lento, quase como se me ninasse, acho que ele estava inconsciente disso, era algo mais natural. A outra mão brincava com evidente carinho com os meus cabelos, sentindo a textura dele. Minha cabeça repousava sobre suas coxas firmes, e devo dizer não havia no mundo um travesseiro melhor do que aquele. Respirei fundo e senti o perfume de Oliver que emanava da jaqueta dele que eu estava vestido, eu me lembrava perfeitamente daquele cheiro, e por incrível que pareça ainda era o mesmo.

Eu não queria abrir meus olhos e encarar a realidade, eu não queria deixar a sensação boa que era estar nos braços de quem eu amava. Por isso eu mantive meus olhos fechados e aproveitei aquele momento por mais alguns instantes, eu precisava sentir um pouco mais do toque de Oliver por isso eu obriguei a minha mente a se esquecer de todos os problemas e a fingir por apenas por aquele momento que tudo estava bem.

Eu não estava certa sobre o que Oliver e eu éramos, ou sequer como definir nossa relação nesse momento. Mas estava contente de que ele estivesse lá por mim, me dando o seu abraço, me confortando, como ele costumava fazer quando éramos mais jovens. Isso me fez pensar que mesmo que dez anos tenham passado, nossos corações ainda eram os mesmos, me fez pensar que meu rapaz de olhos azuis sempre estaria ali, cuidando de mim. Não importava quanto tempo passasse.

Ontem a noite tinha sido uma verdadeira confusão. Depois daquele encontro perfeito com Oliver e do nosso quase beijo na porta do meu quarto, das coisas que ele me disse, eu podia sentir que estava tendo uma segunda chance de reviver esse amor, que ainda queimava em meu peito, eu sabia que estávamos muito próximos de deixar todo o passado para trás e recomeçarmos a nossa história. Mas a essa altura eu já deveria ter aceitado que felicidade é algo tão complexo, e que sempre que eu estava próxima à ela algo ruim acontecia, algo que eu amava era tirado de mim. Era sempre assim, como se o destino estivesse constantemente me impedindo de ser completamente feliz.

E foi exatamente assim, quando a ligação do hospital veio dizendo que meu pai precisaria realizar urgentemente uma cirurgia de peito aberto e precisavam da minha assinatura para fazê-lo, eu soube. Lá estava a vida, tentando tirar alguém que eu amava outra vez.

Suspirei e imediatamente senti o toque de Oliver sobre meus cabelos vacilar. Me dei conta de que enquanto meu pai estava realizando uma cirurgia, lutando para viver, eu estava aqui sorrindo com o toque de Oliver. Como eu ousava querer ser feliz enquanto meu pai morria?

Estremeci com a linha do meu pensamento e me censurei mentalmente por me permitir esquecê-lo, por fechar meus olhos e ignorar a realidade só para viver aquele belo momento com Oliver. Relutantemente abri meus olhos e comecei a me afastar dos braços de Oliver, me sentando ao seu lado. Mas ele não parecia disposto a me soltar. Embora eu estivesse sentada agora eu estava tão próxima quanto antes, e o braço de Oliver em minha cintura me mantinha possessivamente perto dele.

— Porque você ainda está aqui? - falei erguendo os meus olhos para ele e fitando aquele oceano azul, não sei por que fiz esse questionamento, sendo que eu me lembrava perfeitamente da noite anterior. Da forma como ele permaneceu todo o momento ao meu lado, e por fim quase implorou para que eu tentasse descansar um pouco e que me acordaria assim que tivesse qualquer notícia do meu pai. Notei que uma expressão confusa tomou conta de seu semblante, mas logo se suavizou.

— Eu estou aqui porque você está aqui. - Afirmou com um sorriso lindo me puxando ainda mais para perto e pousando um beijo terno em meus cabelos - Estarei aqui enquanto você precisar de mim. - Aquela afirmativa fez lágrimas se acumularem nos cantos de meus olhos, e eu pisquei várias vezes tentando afastá-las antes que ele percebesse. Será que Oliver compreendia que eu sempre iria precisar dele? Para me consolar, me abraçar, me amar. Eu só me sentia completa com ele ao meu lado, eu precisava tê-lo sempre.

— Quantas horas são? - Perguntei, me tocando que talvez a cirurgia do meu pai já estivesse quase acabando.

— São seis horas da manhã, ainda falta mais uma hora de cirurgia. - Falou e eu assenti. A falta de notícias era algo bom, sugeria que tudo corria bem.

— Você estava sonhando com sua mãe. - Comentou, obviamente tentando mudar de assunto e eu agradeci por isso. Era melhor ocupar a mente com alguma conversa do que ficar me preocupando a cada segundo. - Você chamou por ela algumas vezes.

— Não estava sonhando exatamente, era algo como uma lembrança dela. -Expliquei - sobre um dia em que eu pensei que era Leonardo Da Vinci e estraguei um de seus quadros. - Um sorriso brincou nos lábios de Oliver quando ouviu sobre a minha pequena travessura.

— Você deve ter sido uma criança adorável.

— Eu com certeza não era. - Respondi - Mas minha mãe sabia exatamente como lidar comigo. Ela simplesmente nasceu para isso, ser mãe. - Pausei me lembrando do sonho. - Ela não brigou comigo, ou me colocou de castigo por ter estragado o trabalho dela. Ela apenas pegou o quadro e pintou outra coisa por cima de meus rabiscos.

— Donna era uma pessoa especial. - Falou desviando os olhos dos meus. Diferente do meu pai, minha mãe gostava de Oliver, ela me disse uma vez que não importava se ele era pobre ou rico, ela via que ele me fazia feliz então isso era o suficiente. "Não desista do que te faz feliz" repeti a frase mentalmente - O que aconteceu com o tal quadro? - Perguntou.

— Vendemos no leilão. - Falei amarga ao me lembrar que havia perdido isso também - E agora ele também se foi, assim como ela e todo o resto. - Respondi, não conseguindo conter o tom deprimido e desviando os meus olhos dos dele. Ao longo dos anos eu perdi tanto, seria pedir demais que meu pai também não fosse tirado de mim? Seria pedir demais querer Oliver em minha vida depois de todo esse tempo?

— Felicity... - Começou a dizer mais meu telefone começou a tocar. Será que sempre seríamos interrompidos assim? Observei o número desconhecido no visor do meu celular, era melhor atender poderia ser algo urgente.

— Alô? - falei atendendo a ligação, ficando de pé e me afastando de Oliver, embora eu ainda tivesse plena consciência de seu olhar sobre mim, me seguindo.

Eu gostaria de falar com Felicity SmoaK. - Reconheci a voz do homem, embora não soubesse dizer com precisão de quem ela era.

— É ela. - respondi automaticamente.

— Aqui é o Ray Palmer. - Me lembrei imediatamente, mas não entendi como ele havia conseguido o meu número. - Nos conhecemos no leilão de quadros da sua mãe.

— Ah, sim Senhor Palmer. - Assim que disse o nome notei que Oliver se remexeu no sofá e passou a me encarar mais atentamente, ficou claro o interesse dele na minha conversa. - Como está?

— Bem...- Respondeu e em seguida arranhou a garganta, parecendo um pouco nervoso— Eu ah.. Estou com o seu currículo em minhas mãos, e bem nós temos uma vaga. - franzi o cenho com aquela informação, depois de tudo o que aconteceu eu havia me esquecido completamente de que estava à procura de um emprego — Então se você puder vir aqui, podemos acertar as coisas. Isso se você quiser trabalhar para mim, não para mim diretamente, mas para minha empresa no setor de T.I. Mas já que a empresa é minha então você trabalharia para mim também. Mas não precisa me tratar como seu chefe, nós somos colegas, seremos colegas... - Ray tagarelava enquanto eu apenas o escutava, notei que aquilo estava irritando Oliver, ele olhava para mim com evidente curiosidade e um pouco de raiva, percebi.

— Senhor Palmer - interrompi - Eu posso te ligar e marcar um outro horário? - Perguntei e ouvi um “oh” frustrado como resposta - Eu realmente estou interessada na proposta. - Quando disse isso recebi um arquear de sobrancelhas de Oliver que sabiamente decidi ignorar - Mas no momento eu estou no hospital aguardando notícias do meu pai.

— Claro, eu me esqueci completamente disso! Que falta de tato a minha. Eu entendo perfeitamente a sua posição. Espero que seu pai fique bem, me retorne quando puder e conversaremos sobre o seu emprego.

— Obrigada. - Agradeci e me despedi. Assim que desliguei meu telefone encarei Oliver, que me fitava esperando respostas, mas sem querer perguntar. - Era da Palmer Technologies. - expliquei, e percebi que as sobrancelhas de Oliver se ergueram esperando que eu continuasse - Me ofereceram um emprego. - Falei com um sorriso incerto, se tudo desse certo eu começaria a ajeitar a minha vida aqui.

— Eu não sabia que você estava procurando um emprego na cidade. - Falou interessado, seus olhos me analisando - Isso significa que você vai ficar por aqui? - Eu iria ficar? O plano era ficar enquanto meu pai precisasse de cuidados médicos. Ter um emprego que custeasse as despesas mais urgentes e só. Mas agora, eu não seria capaz de me afastar de Oliver. Não enquanto estávamos assim tão próximos outra vez, não abdicaria desse sentimento. Seguiria o conselho da minha mãe e não desistiria da minha felicidade.

— Bem, eu preciso de uma renda. Eu não sei quanto tempo o meu pai vai ficar aqui, e hospitais tem um custo. - Falei me lembrando do cheque exorbitante que tive que fazer para cobrir os gastos da cirurgia de emergência. Optei por uma meia verdade, eu não podia dizer que queria ficar por ele. Que não conseguiria me afastar dele, nem mesmo se quisesse. Ainda era cedo para isso.

— Felicity, se você precisar de... - começou a dizer em um tom sério.

— Não! - Neguei com veemência, já sabendo o que ele iria dizer, eu jamais poderia aceitar esse tipo de ajuda dele. Não seria certo.

— Eu sei das dívidas da sua família, eu sei que a venda dos quadros não foi o suficiente para quitá-las - Como ele sabia disso? - Eu quero ajudar! - Falou urgente.

— Deixe-me explicar algo à você Oliver. - Comecei a dizer tentando conter a irritação que aquele assunto me dava. Será que ele não percebia que já havíamos tido esse mesmo tipo de discussão no passado, porém em papeis inversos? Ele já tinha estado no meu lugar antes, ele tinha que compreender a minha posição. - Eu sei que você agora é rico, e que dinheiro não é um problema. Mas eu não preciso e nem quero o seu dinheiro. Ok? Se você quer me ajudar, apenas fique ao meu lado.

Os olhos azuis de Oliver faiscaram nos meus e meu coração acelerou dentro do peito. O jeito que ele me olhava, eu não sei, eu poderia estar me iludindo, mas parecia conter tanto amor naquele olhar.

— Eu ficarei. - Oliver respondeu e sua mão foi de encontro a minha, seus dedos entrelaçaram nos meus. Deixei-me ser consumida por aquela sensação tão familiar que era ter a sua mão na minha. Aquilo significava que estávamos juntos? Que ele ficaria comigo?

Não tive muito tempo para pensar no significado daquele gesto, porque segundos depois uma das cirurgiãs do meu pai me abordou:

— Senhorita Smoak? - Me desprendi do olhar penetrante de Oliver e me virei em direção a médica. Minha pulsação estava acelerada e eu analisava o rosto da jovem médica tentando entender se ela trazia boas ou más notícias. Senti a mão de Oliver apertar a minha, era o jeito dele de me tornar ciente de que estava ali comigo.

— Então... como tudo ocorreu? - Perguntei com a voz um pouco trêmula.

— A cirurgia do seu pai foi um sucesso e ele já foi transferido para o quarto. - Respirei aliviada com a notícia e sorri para Oliver que correspondeu. - Você pode ir vê-lo, mas ele ainda está sedado então não falará com você. - Finalizou a médica esperando que eu a acompanhasse. Mas olhei para Oliver e nossas mãos ainda unidas, e mesmo que eu não pronunciasse uma única palavra Oliver pareceu compreender meu questionamento silencioso.

— Vá. - Ele falou com um sorriso no rosto, e eu fui, porque eu sabia que quando voltasse Oliver estaria aqui esperando por mim.

*****

Oliver Queen

Nós ainda não tínhamos conversado sobre tudo o que precisava ser dito, sobre as cartas, não havíamos expostos todos os nossos sentimentos, embora eu pudesse senti-los, eu sentia o amor que eu tinha por ela correndo em minhas veias. Eu sentia essa necessidade absurda de tocá-la, de mantê-la perto de mim, de confortá-la e estar sempre ao lado dela. E eu sabia que Felicity sentia algo também, embora eu não pudesse afirmar com certeza, mas ela não era indiferente a mim. Ela gostava de me ter por perto, e depois do nosso quase beijo eu podia dizer que talvez ela me amasse também.

As coisas estavam um pouco confusas e esse ainda não era o momento para termos essa conversa, pelo menos não enquanto ela ainda estava abalada com toda a situação do pai. Mas eu sentia isso crescendo dentro de mim, essa estranha felicidade que vinha de dentro do meu peito e se espalhava por todo o meu corpo. Eu sabia que nós dois estávamos a apenas um passo de resolver tudo, de deixar toda a dor no passado e recomeçar a viver esse amor. E eu estava ansioso por isso.

Hoje eu me senti mais próximo dela. Ter Felicity dormindo em meu colo é algo que eu nunca cogitei que aconteceria outra vez. E quando eu digo isso, não é num teor sexual, não mesmo. A sensação de tê-la em meus braços, de poder acariciar seus cabelos macios e olhar sua face de anjo dormindo despreocupadamente, ou até mesmo sentir o ressonar tranquilo de sua respiração é um dos maiores prazeres do mundo. Tê-la assim me trazia paz.

Felicity havia me falando sobre a mãe dela e eu me senti um pouco triste. Donna era uma boa pessoa ela tentou me ajudar com Felicity quando o pai dela a afastou de mim. Ela entregara a minha carta, lembrei. E pensar na carta teve o poder de me deixar um pouco abalado, a carta que eu escrevi e Felicity nunca respondeu, varri esse pensamento para longe não permitindo que esse passado atrapalhasse o nosso relacionamento de agora. Eu sentia como se nada tivesse mudado nesses dez anos, ainda éramos os mesmos jovens, a conversa era fácil, eu ainda me sentia estranhamente conectado à ela.

Eu queria tanto poder ajudá-la de alguma forma, eu entendia que ela recusasse qualquer ajuda financeira, ela era orgulhosa. Mas ainda assim pensar em vê-la trabalhando com Ray Palmer trazia algo primitivo em mim, eu não queria ele perto da mulher que eu amava, lançando seus sorrisos charmosos. Eu precisava de outra forma de ajudá-la, uma forma que ela não ficasse tão incomodada em recusar.

Eu estava sentando concentrado nos meus pensamentos, pensando em uma forma de fazer fazê-la feliz, ela havia perdido tanto, eu queria vê-la sorrir mais vezes, eu queria ser a razão para o sorriso dela! Parei meus pensamentos quando senti um toque conhecido no meu ombro.

— Diggle, o que faz aqui? - Perguntei estranhando a presença dele, eu o tinha dispensado ontem a noite.

— Vim saber de você – Respondeu sentando-se ao meu lado. – E de Felicity. Deduzo que ela é a razão de você estar perdido nos próprios pensamentos.

— Ela não quer a minha ajuda. – confessei – Eu ofereci Diggle, eu quero ajudá-la a pagar as dívidas da família.

— Ela não quer o seu dinheiro. - Falou rindo enquanto eu emburrei a cara. Eu queria fazer algo por ela, porque ela tinha que ser tão orgulhosa? Então eu tive uma ideia. Diggle estava certo ela não aceitaria dinheiro, mas havia uma forma de fazê-la feliz. Algo um pouco mais singelo e que deixasse claro o quanto eu me importava com ela.

— Dig? - O chamei - Os quadros do leilão já foram entregues aos compradores? - Indaguei.

— Ainda não. Estão todos na sua casa. - Falou estreitando os olhos em minha direção.

— Não importa o preço eu quero comprar todos de volta. E, por favor, tente fazer isso ainda hoje!

— Porque isso? - Diggle questionou, tentando decifrar a razão daquilo.

— Os quadros da mãe dela tem um significado importante. – Respondi me recordando da lembrança que ela tinha partilhado comigo mais cedo - E eu quero fazê-la feliz.

— É o que sempre queremos para as pessoas que amamos. – Finalizou sorrindo enquanto me deixava ali para realizar o meu pedido. Minutos depois Felicity apareceu com um semblante indecifrável.

— Ei, está tudo bem? – Coloquei-me de pé assim que ela se aproximou.

— Ele vai ficar bem. - Os olhos dela brilhavam emocionados com a notícia e eu a puxei para os meus braços. Senti aquela paz me envolver, eu nunca me cansaria disso. Sentir os braços dela ao redor do meu corpo, poder aninhá-la junto a mim, sentir o cheiro de seu cabelo ou escutar as batidas do seu coração. Eram tantas sensações que eu mal conseguia descrever com precisão tudo o que eu sentia. Apenas uma das sensações era a mais predominante e essa parecia comandar as outras. Amor, eu o sentia em cada parte de mim, me preenchendo e me deixando indescritivelmente feliz.

E logo o amor me fez sentir outro sentimento. Medo. Eu estava aterrorizado, eu já não era mais dono de mim, eu já não controlava mais as minhas emoções. Eu estava com medo de dar tanto de mim à ela novamente e terminar vazio como da outra vez. Eu não queria voltar a ser o Oliver sem coração! Eu gostava de sentir meu coração palpitar no meu peito, eu gostava de ser apenas o filho do mecânico. Eu não podia conviver com esse medo, eu precisava saber... Precisava ter certeza de que o meu amor por ela era recíproco e que ela não me deixaria dessa vez.

— Nós precisamos conversar. – Falei e senti seu corpo tencionar com o meu tom de voz sério. Ela retirou o rosto de meu peito e o ergueu para mim. Olhar em sua face de anjo quase me fez perder a linha de raciocínio – Eu sei como eu me sinto Felicity, estar com você trouxe de volta aquele rapaz de dez anos atrás. – falei pegando sua mão e levando-a até meu rosto – Esse rosto está diferente, agora eu uso roupas de marca, dirijo carros caros, mas isso tudo é apenas o meu exterior. Porque aqui – Levei a mão dela até meu coração. – Eu ainda sou o mesmo. Eu ainda me sinto do mesmo jeito.

Felicity abriu um pequeno sorriso, e aquilo encheu o meu coração de esperanças.

— Você acha que esse é o momento e o lugar certo para termos essa conversa? – Ela ainda estava presa em meus olhos, notei que ela não queria falar sobre isso agora. Eu entendia o lado dela, mas ainda assim isso me irritou.

— Vai ser sempre assim? – Questionei magoado.

— Como?- Perguntou claramente confusa.

— Você está me colocando para fora. – Falei, soltando a mão dela e dando passos para trás colocando uma distância entre nós. Era pedir muito que ela apenas abrisse o coração para mim? Era pedir muito que ela apenas me disse que eu não era um tolo por ainda amá-la? - Eu estou aqui, oferecendo o meu coração e você o está recusando.

— Oliver... Eu não estou recusando o seu coração. Eu apenas não acho que... – Tentou dizer, mas eu não permiti. Porque nesse momento todo o meu medo, todas as minhas inseguranças voltaram. Ela novamente estava me negando uma resposta.

— Foi exatamente assim com a minha carta. - Falei a afastado, vi seus belos olhos azuis escurecerem magoados. Ela não gostava daquele assunto tanto quanto eu.

— Nós não podemos falar sobre isso mais tarde? – Tentou com olhos suplicantes levando sua mão até meu braço. Seu toque me despertou, fez algo se agitar em mim, como sempre fazia.

— Eu acho que não, Felicity. Eu tenho isso atando minhas mãos, todo esse nosso passado está me prendendo, me restringindo. Eu preciso saber antes de me jogar nisso outra vez. As pessoas precisam de respostas. Eu preciso de uma resposta! – Exclamei, e meu tom urgente a assustou. Inclusive fez as outras pessoas ali nos olharem com evidente curiosidade.

— Aquela carta não significou nada. Eu pensei que você tivesse entendido isso! – Lançou as palavras que fizeram meu coração parar.

Dei dois passos para trás ainda incrédulo. Ela dissera aquilo mesmo? Sobre a carta que eu havia escrito? Não significou nada. Eu coloquei meu coração naquela carta, eu estava disposto a desistir de tudo por ela. Eu deixei isso claro! Deus! Eu faria tudo por essa mulher, eu a amava tão desesperadamente... "Não significou nada" essas palavras tiveram o poder de me fazer fechar novamente, de me fazer sentir aquele mesmo jovem que chorou quando recebeu a carta dizendo que o amor da vida dele não o amava. Comecei a caminhar para fora do hospital, precisava ficar longe dela, longe de toda a dor que ela me causava.

— Oliver? – Ouvi a voz aflita de Felicity me chamar - Onde você vai?

— Embora. Seu pai já está bem, você não precisa mais de mim aqui. – Fui grosso.

— Oliver... – Seus belos olhos azuis estavam confusos e tristes, mas eu os ignorei. Não queria me perder naquele céu claro outra vez.

— O quê Felicity? – Revidei com raiva.

— Eu não estou te entendendo. Ontem a noite nós... – Começou a dizer em tom baixo, seus olhos nos meus buscando entendimento. Suspirei com as lembranças de ontem a noite, mas me forcei a me manter firme.

— Não significou nada. - Voltei as palavras que ela tinha utilizado para descrever a carta que eu havia lhe escrito. Saí do hospital apressado, eu não precisava olhar para trás para saber que ela estava ainda ali parada me observando. Eu sentia o olhar dela me seguindo, queimando na minha alma e me pedindo para voltar. Mas naquele momento eu estava tentando conter a minha raiva, não podia olhar para trás e correr o risco de me perder nela novamente, de deixá-la me enfeitiçar. A verdade é que eu estava cansado de expor o meu coração para ela e nunca obter uma resposta. Foi a mesma coisa a dez anos, eu estava disposto a abdicar de tudo por ela, eu deixaria tudo por ela. Eu havia feito uma simples pergunta naquela carta, eu esperava que a resposta fosse um sim. Eu entenderia até mesmo um não, mas a falta de resposta teve o poder de me machucar muito mais, era como se ele sequer tivesse se importado em me responder. E agora eu sabia o porquê, para ela aquela carta não havia significado nada.

Se ela não me amava há dez anos atrás, não seria capaz de me amar agora.

Agora eu tinha uma certeza, Felicity Smoak não merecia o meu amor.


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Notas finais do capítulo

Me desculpem o capitulo gigante, é o que acontece quando fico muito tempo sem escrever. Eu até pensei em dividir, mas ai ficaria sem graça.

Assim que eu terminei esse capitulo, mandei para uma amiga e ela disse "Posso matar o Oliver?" Por favor nao briguem com o Oliver, tentem entender o lado dele só um pouquinho ok? Ele sofreu muito quando a Fel o deixou, e esta com medo de sofrer de novo... E ainda tem a carta que ele escreveu para ela e ele nunca recebeu uma resposta, quando vocês lerem a carta talvez entendam um pouco mais o lado dele.

É isso! Falo com vocês nos comentários!



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