Biosphera - A Nação do Zodíaco escrita por snow Steps


Capítulo 4
S7




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Todos esperam que V7 pronuncie alguma coisa. O clima de tensão nunca foi tão evidente, e o grunhido de algum choro entrecortado pode ser ouvido entre a pequena multidão. S7 dá o primeiro passo em direção à líder virginiana, e no mesmo segundo três integrantes da tribo Virgus formam uma barreira em volta de V7.

— Não é o que aparenta ser – Diz S5, tentando parecer o mais sensato possível. Brotos de suor escorrem pela sua face, que se misturam com as marcas de terra da floresta de Sheratan. Ele rapidamente lança um olhar sobre sua mão estendida para V7, onde o sangue seco de L1 ainda permanece entre as juntas das unhas.

— V3 e V5, carreguem o corpo para a ala de medicação. S5 e S12, acompanhem-me.

— Não podemos V7! – Brada S5, que logo recebe um olhar desafiador da líder como resposta. Ele limpa a garganta, e abaixa o tom de voz ao continuar. – Precisamos leva-lo ao campus Leo imediatamente.

— Para que eles possam mata-los em seguida? – Devolve V7, friamente.

— Não somos assassinos – Rapidamente interpõe S12, com o timbre embargado outra vez.

— E quem acreditará em vocês? – Persiste a líder, impondo autoridade.

Os dois sagitarianos permanecem em silêncio, enquanto o canto do vento açoitando os arbustos reina sobre o lugar.

— Sigam-me – Repete a virginiana, e desta vez os dois a obedecem.

Antes de deixarem a praça principal, S7 lança um último olhar para L1, o qual é carregado por V3 e V5 cuidadosamente.

Não diga nada, S12. Eu respondo as perguntas. – Sussurra S7, num tom quase inaudível.

A garota confirma discretamente, e juntos adentram à sede de Virgus com as mãos dadas.

A sala particular de V7 é um santuário de prateleiras perfeitamente alinhadas que cheiram à erva doce. S12 ama chá de erva doce, e se ela não estivesse sentindo tanto medo – muito mais medo do que se precisasse atravessar toda a sombria Floresta de Sheratan sozinha – ela teria aceitado a oferta de uma xícara que V7 lhe serviu. Por algum motivo não explicado, T9 também adentrou ao recinto, trancando a porta e fechando as cortinas que interromperam a fonte de luz natural que iluminava a sala.

V7 acende um candelabro de oito velas brancas, e uma luz amarela bruxuleante faz com que as sombras dos objetos nas prateleiras formem desenhos variados sobre as paredes de madeira. Ela puxa duas cadeiras para que os sagitarianos se acomodem, no entanto, ela mesma prefere ficar de pé. T9 senta na beirada da mesa central, passando a mão sobre os cabelos claros como faz de costume.

—Contem-me exatamente como tudo aconteceu. Não poupem detalhes.

S7 ajeita a postura e solta o ar pelas narinas. Tenta reorganizar as ideias que teve em mente durante o caminho, mas sua memória o trai e ele se vê obrigado ao improviso.

— S5, S6, S9, S12 e eu estávamos fazendo uma ronda habitual pela Floresta. De repente ouvimos algo fora do comum, o som de... pessoas correndo. Como o resto de nós estava no campus, logo presumimos que se tratavam de estranhos. Seguimos o som e nos deparamos com a seguinte cena: A1 estava empunhado de uma arma pontiaguda e ensanguentada. L1 estava estirado no chão, com a ferida aberta no peito. S5 pediu para que A1 se retirasse, pois o mesmo não tinha autorização de adentrar aos territórios de exploração sagitariana. Ele se recusou e precisamos... retirá-lo ao nosso modo. Resgatamos L1, mas... ele não resistiu. Fomos ordenados à entrega-lo ao campus Leo, e para isso precisamos atravessar os territórios dos signos da Terra.

— E por que não atravessar a Depressão de Bellatrix? É o caminho mais usual. – Intercepta T9.

— A Nave-Mãe. A Nave-Mãe descobriria a morte de L1.

— Não vejo motivo evidente para esconder tal atrocidade da Nave-Mãe. É completamente plausível que Ela tome conhecimento disto. – Objeta V7, exalando desconfiança.

— Não... Ela não pode saber. Não agora. Isso... comprometeria todos nós.

— Comprometeria A1, o responsável. E até onde eu saiba, o principal inimigo dos sagitarianos. – Pondera a líder. – E como A1 foi parar na Floresta de Sheratan sozinho, correndo atrás de L1?

— Não sei. Eles vivem brigando, ou viviam...

— Não de forma física. E mesmo na forma verbal, sempre estavam em grupo. Nunca houve um A1 contra L1. Sempre foi a tribo Áries contra tribo Leo.

— Arianos vivem perdendo a cabeça, não é mesmo? Era bastante previsível que alguma hora isso aconteceria. A1 é um perigo à solta. Todos sabem. Você sabe, V7.

— O que eu sei é: A1 estava atrás de L1, seu rival, no território de S5, seu segundo rival.

— Eu sempre acreditei que você fosse imparcial, V7. Mas pelo visto, você já escolheu um lado nesta luta. – Replica S7, deixando que sua frustração floresça.

— O meu lado sempre será onde a racionalidade impera. E sua história não me parece racional, S7. Caso fosse, antes de tudo, seria o próprio S5 a me contar. Como ele é capaz de enviar somente dois de seus integrantes para atravessar toda a Biosphera com o corpo de L1, seu principal aliado, sem maiores explicações?

— Sabe, nem todas as tribos são como os virginianos, ok? Às vezes não temos formulários ou protocolos de treinamento para casos onde um irmão é assassinado por outro que se diz irmão.

— S12, onde está S5 neste exato momento? – Pergunta V7, direcionando o olhar para a fragilizada moça.

S12 se entreolha com S7, e deixa o lábio inferior tremelicar.

— Na Floresta.

— Fazendo o que, especificamente?

— N-não sei... ele estava contendo A1 quando deixamos o lugar...

V7 solta um arquejo e deixa os ombros caírem. Ela caminha a passos largos até T9, e os dois desatam uma conversa a sós. Ao mesmo tempo, S12 encara S7, mostrando todo o medo que a contamina.

Vai dar tudo certo” — Os lábios de S7 se movem, abrindo um sorriso nada convincente.

V7 retorna aos sagitarianos, com expressão incisiva.

— Vocês estão proibidos de deixar o campus Virgo até que A1 e S5 estejam presentes aqui. O corpo de L1 será levado à Nave-Mãe, e a mesma tomará as providências necessárias.

S7 comprime os olhos e finca as unhas nos braços magros da cadeira. Tudo o que não poderia acontecer é exatamente o que V7 está propondo. S5 não faz ideia de que L1 está morto por sua causa, e A1 jamais admitirá que a marca de lança no peito de L1 veio de suas mãos. A Nave-Mãe convocaria uma investigação atrás de provas, que jamais seriam encontradas, e tudo acabaria sem nenhuma conclusão – igual a morte de L3.

— T9, peça para que dois V’s adentrem à sala, por favor.

— Claro, V7.

O taurino deixa a sala particular, e não muito demora acompanhado de dois virginianos altos e esguios.

— Revistem os sagitarianos e em seguida os levem para a torre norte.

Os integrantes concordam com a cabeça, e pedem para que S7 e S12 se levantem. Os mesmos obedecem, e os virginianos percorrem as mãos pelas roupas largas dos sagitarianos. De repente, o virginiano que revista S7 pousa a mão sobre o bolso escondido atrás do cantil pendurado na cintura, e o sagitariano congela dos pés a cabeça.

— Líder V7... – Chama o virginiano, ao retirar o objeto de seu bolso. A pedra lapidada em forma de ponta está fosca sob a luz amarela das velas, porém mesmo assim ainda é possível ver o manto de sangue coagulado sobre a superfície áspera.

S12 deixa escapar um grito fugaz, fazendo com que S7 perca qualquer esperança.

V7 analisa a pedra, sem tocá-la. Troca olhares com T9, que novamente bagunça os cabelos no topo da cabeça.

Como sua última cartada, S7 declara:

— V7, precisamos conversar. Somente você e eu. Tenho uma informação valiosa que muito lhe interessará.


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