Crônicas de uma garota Uchiha escrita por LittleR


Capítulo 2
O medalhão


Notas iniciais do capítulo

Oi, galera. Fanfic revisada. Espero que gostem.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/641556/chapter/2

"Uma pessoa só cresce quando é capaz de superar os desafios."

Jiraya

 

II.

 

A porta do Hokage era feita de madeira de árvore de cerejeira. Alguns diziam que ela estava ali há mais tempo do que todos nós juntos, mas eu duvido muito. Essa vila foi destruída muitas vezes para que uma única porta se mantivesse em pé. Foi com esse pensamento que eu ergui minha mão e bati nela. O som vibrou pela madeira, anunciando nossa presença ao líder maior da aldeia.

O Sétimo Hokage não precisaria perguntar quem era. Em seu quase infindável poder, ele era perfeitamente capaz de sentir nossos chakrasFoi por isso que, sem demora, ele gritou "entrem", lá de dentro da sala. E nós o obedecemos.

O interior do cômodo era costumeiramente aconchegante. Não importa que hora do dia você chegasse ali, haveriam sempre pilhas e pilhas de papéis a serem revisadas. O Hokage nunca descansava e, mesmo assim, o trabalho nunca acabava. 

— Hokage-sama, nos chamou? — eu introduzi, assim que os garotos e eu entramos na sala.

O Nanadaime, por sua vez, levou a mão à testa assim que eu disse isso, suspirando com frustração.

 — Sarada, eu já disse que só Nanadaime basta.

Eu assenti, encolhendo os ombros com certa resignação.

Gomen, Nanadaime. Mas o que queria conosco?

Sem mais delongas, o Hokage curvou-se na direção de sua mesa e abriu uma gaveta. Dali, ele tirou um porta-joias digno da realeza, feito com veludo negro e ornamentado com ouro. Além disso, tirou também um pergaminho muito antigo, já duramente desgastado. Abrindo primeiro o porta-jóias, o Nanadaime mostrou-nos o conteúdo.

Tratava-se de um medalhão feito de ouro puro e reluzente. Era uma joia bem grade, tomava toda  a palma da mão e parecia bem pesado. Em seu centro, de um lado, fora talhado o que parecia ser uma serpente alada. Do outro lado, havia o kanji para dragão, mas a pronúncia, inscrita logo abaixo, parecia diferente. Então, o Hokage deu início à sua explicação.

 — Aparentemente, esse medalhão é uma relíquia muito preciosa para o povo do País da Grande Muralha. — disse. — Acredita-se que ele possua propriedades mágicas. Mas, analisando a composição dele, descobrimos que ele está repleto de um tipo diferente de chakra. O medalhão e o pergaminho chegaram aqui através de um clã shinobi nômade, originário do Pais das Grande Muralha. Isso aconteceu muito antes de Konoha ser criada. Precisamente, na época de guerras entre os clãs. Dizem que... os membros desse clã possuíam uma Kekkei Genkai capaz de viajar no tempo. Infelizmente, o que se sabe é que os Uchihas foram contratados para dizimar o clã e, em pouco tempo, e as relíquias se perderam. Pelo menos até a semana passada, quando os construtores de um novo prédio a encontraram. Vejam esse kanji talhado na peça. — apontou para a joia, erguendo-a bem para que pudéssemos olhar. — Significa dragão, mas não se lê Ryuu, lê-se como Long. 

O Nanadaime reclinou-se preguiçosamente em sua cadeira quando terminou de falar. Provavelmente passara muito tempo decorando tudo  aquilo para dizer com perfeição ou parecer intelectual. Todos nós sabíamos que o Sétimo Hokage podia não ser lá um modelo de inteligência, mas não havia ninguém mais determinado que ele. Depois de alguns segundos, ele retomou a palavra.

— Essas duas relíquias são um símbolo da cultura deles, assim como a Folha e o Fogo são um símbolo da nossa. — ergueu-se novamente, sem delongas. — A missão que vou dar a vocês, equipe 7, é a de devolver estas relíquias à seu país de origem. E, com isso, persuadi-los a formar uma aliança conosco.

Uma missão camuflada em outra, hein? Sim, porque o objetivo nunca foi devolver nada a ninguém. O acordo de países é que é a verdadeira missão. Aposto que foi ideia daquele Senhor Feudal ganancioso.

— O País da Grande Muralha não fica em outro continente? — lembrou Mitsuki, com seu costumeiro jeito meio indiferente e meio... alguma coisa. — Nenhum shinobi de Konoha nunca saiu deste continente, não é mesmo?

— Exatamente, Mitsuki. — o Nanadaime confirmou. — Konoha não tem histórico de missões extra-continentais. E essa, na verdade, é a terceira missão de vocês: análise e reconhecimento do território. Todo o tipo de informação que puderem ter sobre essa terra.

— Desde quando você é tão ganancioso, Velho? — Boruto pronunciou-se pela primeira vez. Ele parecia pouquíssimo interessado no que quer que fosse a missão. Algo bem peculiar, considerando que, há alguns anos atrás, ele vibrava por uma missão que envolvesse outros shinobis e outros países.

O Nanadaime suspirou, como se aquilo o deixasse incomodado. Silenciosamente, ele estava nos dizendo: "Não foi ideia minha". É claro que não. Mas até o Hokage tem um chefe. Nós o chamamos de Daimyou, o Senhor Feudal do País do Fogo. Um saco.

— Se a missão for um sucesso, vocês serão imediatamente promovidos a Jounnin. — o Hokage anunciou.

Senti meu sangue fluir quente de euforia. Os três ansiávamos demasiadamente pela promoção. Mas, eu... eu vivia por ela. Mais um passo. Mais um passo eu estou dando... na direção do meu sonho. O sonho de sentar-me naquela mesa. Vestir um manto. Ajudar uma garotinha. Eu serei Hokage. Porém, naquele fim de tarde, uma pulga atrás da minha orelha ainda me incomodava.

 — Nanadaime... — comecei. — Por que Konohamaru-sensei não está conosco nessa reunião?

 — Eu já mandei Konohamaru em outra missão.

Ele disse. Naturalmente. Ele acabou de dizer que... ah, meu Deus...

 — Espera, então... — eu olhei Bolt e Mitsuki, em busca de algum apoio, mas eles pareciam tão confusos quanto eu. — Quem vai ser o líder da equipe?

O Nanadaime sorriu, apoiando o queixo sobre os dedos entrelaçados. Os olhos eram azuis, claríssimos. Um olhar no qual apetecia entrar. Os dentes perfeitamente brancos e alinhados.

 — Será você, Sarada.

Ele disse. Naturalm... Ah, meu Deus, ele acabou de...

Senti as pernas ficarem bambas e o coração pulsar mais rápido. Engoli em seco.

 — E-Eu? — gaguejei nervosamente.

O Hokage assentiu.

 — Você tem as melhores habilidades analíticas e estratégicas da equipe. É uma lutadora exímia e sabe ninjutsu médico. Eu já a teria promovido a Jounnin, não fosse o Teme do seu pai tagarelando que ainda é cedo e blá blá blá. Enfim, eu sei que você será uma ótima capitã. Não é mesmo, meninos?

Meus amigos responderam com convicção. O "sim" mais bonito que eu já ouvira. Nenhum deles duvidava de mim. Então, por que eu duvidaria de mim? Eu sinto medo, é claro. Mas eu o engulo e faço dele meu alimento. Eu calco os desafios e estendo a mão para o sonho. Isso é dar o melhor. E eu o farei. Facilmente e sem pestanejar.

 — Prometo que não vou decepcionar você, Nanadaime.

Eu falei. Sem gagueira e sem nervosismo.

 — Eu sei que não vai, Uchiha Sarada. Acredite em si mesma e continue devagar. Mas lembre-se: ser ninja é pra quem aguenta ser ninja. Só crescemos quando superamos as dificuldades.

— Eu me lembrarei.

Quando saímos dali, naquela noite, as relíquias já estavam conosco. Elas ficariam comigo até o dia seguinte, quando partiríamos. Eu teria ido pra casa sozinha, mas Bolt fez questão de me acompanhar, argumentando que já entardecera demais. Ele não sabe que sou uma ninja? Kono yarou. Mas eu não quero ferir o orgulho de macho alfa dele esta noite, então apenas aproveito a companhia.

— Meus parabéns, Sarada. Sabe, por ser a capitã da equipe. — Bolt comentou enquanto caminhávamos.

Era sincero, eu sei. Mas, mesmo assim, pude sentir uma pitada de ressentimento. Meus pés simplesmente pararam de se mover. Percebendo, Bolt fez o mesmo, encarando-me com confusão.

 — Obrigada, Boruto, mas... você não tem nenhum problema com isso, né?

Ele suspirou. Boruto sabia que não podia esconder nada de mim. Cruzou as mãos atrás da cabeça e disse:

 — Não é isso, é que... eu ainda sinto que meu pai tem uma certa desconfiança em mim, desde que trapaceei no primeiro exame Chunnin que fizemos. Você lembra?

Ah, é isso. Soltei um suspiro.

 — É, eu lembro. Eu estava lá. Ficamos todos muito decepcionados, Bolt.

Seu olhar caiu, encarou o chão com um interesse mórbido e triste. Era o pior tipo de decepção: aquela que você tem para consigo mesmo. Não é curada facilmente. Mas eu pousei minha mão em seu ombro e me inclinei um pouco, na tentativa de olhá-lo nos olhos

— Mas isso não significa que não confiamos mais em você. — consolei-o. — Eu, por exemplo, confiaria minha vida a você.

Seu olhar ergueu-se para mim, um pouco mais vívido. Seus lábios esticaram-se e ele sorriu. Estou feliz por poder animá-lo.

 — Isso é porque eu prometi proteger você até que realize seu sonho de se tornar Hokage. — gabou-se. — Não que eu acredite que você vá conseguir, mas...

Soquei seu braço com divertimento, enquanto ele gargalhava enlouquecidamente.

 — Idiota! — xinguei, contendo o riso. Eu pensei que as coisas, com certeza, seriam mais difíceis do que eu podia imaginar. — Não é sobre o quão rápido chegarei lá. Não é sobre o que está me esperando no final. É a jornada. É tudo sobre a jornada.

Boruto me fitou com seriedade. Gentileza em seus olhos claríssimos. Sorriu, singelamente. Passou o braço por cima de meus ombros e conduziu-me pela rua, sussurrando-me vez ou outra.

 — Só não se esqueça que estou aqui. Não tenha medo, eu protegerei você.

Continua...

 

No próximo capítulo:

O despertar: A maldição do ódio

"— Sarada, eu... eu tenho uma coisa muito importante pra dizer... e já tem um tempo...

Confusa, concordei com a cabeça.

— Tá, então... diga. - incentivei. Tenho certeza de que minha confusão era visível em meu rosto.

Boruto pareceu procurar as palavras por alguns instantes.

— Eu..."

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

*Só explicando a questão das pronúncias. O ideograma para dragão tanto em Chinês como em Japonês é 竜 , mas em japonês lê-se Ryuu e em chinês lê-se Long. Espero que tenham entendido. Até mais!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Crônicas de uma garota Uchiha" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.