Crônicas de uma garota Uchiha escrita por LittleR


Capítulo 1
O leque e o redemoinho


Notas iniciais do capítulo

Konichiwa, minna-san. Como fã do clã Uchiha, minha primeira fanfic será sobre Sarada e Sasuke, só que de um jeito beeeeem diferente. Então, sem mais delongas, vamos à história.Obs: Aqui, Boruto e Mitsuki tem 17 anos e Sarada 16,5



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"Mesmo que não seja agora, não se apresse, não se confunda. Você é minha paz, acredite em si mesma e continue devagar, vou te esperar."

— Uzumaki Naruto

 

I.

 

A primeira coisa que vi foi um par de olhos azuis muito claros. Claríssimos.

Eles eram brilhantes... significativos... e a luz que irradiava deles era tão... magnífica. Eu poderia ficar ali para sempre. Facilmente e sem pestanejar. Eu poderia beijar aqueles olhos. Apetecia entrar neles, até despir-me... Ficar nua naquele olhar. Imaginei como seria acordar e vê-los todos os dias, aqueles olhos azuis claríssimos.

É claro, quando eu percebi o quão estúpido isso parecia, pisoteei esse pensamento tolo. Franzi levemente o cenho, focando minha vista na figura loira e espalhafatosa que, repentinamente, punha-se em meu campo de visão.

— Tirando um cochilo, hein, senhorita Uchiha? — perguntou o meliante, esbanjando o sorrisinho cínico que ele, provavelmente, aprendera com Kawaki.

Eu levantei-me com letargia e resignação, apalpando a grama verde em busca de meus óculos. Suspirei com alívio ao encontrá-los.

— Não, baka. — respondi com uma suavidade preenchida de preguiça.

Eu estava deitada, é verdade. Campo de treinamento 3, é verdade. Quase cochilando, também é verdade. Apenas descansando os olhos, eu diria.  A brisa era boa; a temperatura, agradável; a grama, macia. Tudo perfeitamente em paz, até Bolt chegar com seus olhos azuis e a sua inquietude barulhenta.

— Como não, 'ttebasa? — retrucou ele, ligeiramente indignado, usando seu costumeiro tique verbal. — Você nem percebeu minha chegada. Eu poderia ter feito o que eu quisesse com você, e você nem notaria.

Um sorrisinho pervertido brotou em sua face. Franzi o cenho para a forma como ele me fazia parecer fraca... ou incompetente... ou o que quer que fosse que permitisse a ele fazer o que quisesse comigo. Ele, em geral, tinha essa atitude arrogante. Me deixava muito irritada, mas eu tentei permanecer calma.

— Não seja imbecil, Boruto. Eu já disse que não estava dormindo. Aliás, você está atrasado, só pra variar.

Gomen. — desculpou-se com um sorriso constrangido, enquanto passava a mão na nuca — É que eu encontrei uma velhinha...

Ah, de novo, as mesmas desculpas de sempre.

— Eu não acredito nas suas desculpas esfarrapadas, Boruto. — cortei, rispidamente. — Não importa. Vamos começar o treino logo.

Agora completamente desperta, levantei-me de um salto. Bolt fez o mesmo.

— Hoje eu quero fazer uma coisa diferente — anunciou.

Eu o encarei com intriga, esquecendo-me da irritação que ele me fizera sentir há  alguns segundos.

— Uma coisa diferente? Como assim?

— Vamos apostar dessa vez. — propôs, com convicção em seu olhar. — Tudo ou nada. A única regra é que está proibido o uso de chakra. Nada de sharingan ou byakugan. Apenas taijutsu.

— Apostar? Mas o que vamos apostar?

O menino Uzumaki levou o dedo indicador ao queixo, pensativo. Não muito depois, como se uma luz se acendesse em sua cabeça, ele sorriu.

— Se eu ganhar, você vai ter que me deixar beijar você.

Eu quase engasguei. Na verdade, levei um segundo para sair do estado de torpor em que estas palavras me colocaram.

— Cho... Nani?! — foi a primeira coisa que consegui balbuciar. — Espera, eu acho que não entendi. Se você ganhar eu tenho que deixar você me beijar?

— Ouviu perfeitamente bem. — confirmou, com cinismo.

Um sorriso de incredulidade contorceu-se em meu rosto. Esse garoto é doido?

— Você sabe que isso é a coisa mais estúpida que eu já ouvi, não é, Uzumaki? Além disso, o que eu ganharia fazendo uma aposta com você?

Empolgado, Bolt saltitou para meu lado.

— Caso você ganhe, pode me pedir qualquer coisa e, independente do que for, eu farei.

Estreitei os olhos com desconfiança, mas finalmente achando a proposta minimamente interessante.

— Eu não sei. Essa proposta parece ser bem conveniente para você...

— O que foi, Sara-chan? — ele desdenhou, com sarcasmo. — Por acaso, você não acha que é boa o suficiente para me vencer? Não se esqueça que eu farei tudo o que você quiser.

Duas vezes. Boruto, você quer mesmo me irritar duas vezes no mesmo dia?

— E o que eu poderia querer de você? — cruzei os braços, já afetada. — Além do mais, você é homem. Naturalmente, possui mais força que eu. A menos que eu use chakra, é claro.

— Isso não se trata de força. Se trata de habilidade. Mas, tudo bem se você não se sente segura. Eu até concordo com você, garotas são realmente mais fracas.

Tudo bem, esse foi o estopim. Senti o sangue de minhas bochechas esquentarem ao ouvir estas palavras. Ele estava me incitando a aceitar o desafio e estava conseguindo, porque eu não estava nem um pouco disposta a deixar kono kiiroi kami no baka continuar a falar tamanhas baboseiras. Ele iria pagar caro pelas palavras. Ah, ele iria pagar muito caro por elas.

— É melhor você se preparar, Boruto. — resmunguei, entredentes. — Por que eu vou acabar com você, bastardo.

***

Eu não sei quanto tempo se passou. É difícil mensurar esse tipo de coisa quando você está se divertindo. Era sempre  assim nos treinos com Bolt. Tão divertido que eu pedia a noção do tempo. Eu sei que já tínhamos usado a maior parte de nossos melhores golpes e ainda estávamos empatados.

O equilíbrio se perdeu quando, por um instante de distração, Bolt abaixou-se e me passou uma rasteira. Senti o impacto de minhas costas contra o chão duro e gramado, mas não foi só isso. Bolt já estava sobre mim; suas mãos prendendo meus pulsos, seus joelhos, minhas pernas; e o sorriso vitorioso.

— Parece que eu venci. — ele disse, sorrindo com os olhos azuis que eu admirava em segredo. Seu rosto bonito inclinou-se para mim, seus lábios buscaram os meus.

Mas eu não os busquei de volta. A ideia me assustava, na época. Fazia meu coração pular no peito e meu corpo mover-se, tentando um refúgio, uma saída. Era por causa de uma promessa que eu tinha feito. Eu não queria quebrá-la. Acho que o ataque de adrenalina deu-me um novo vigor, e eu, de repente, tive forças para girar meu corpo por sobre o de Bolt.

— Para mim, parece um empate. — soltei um pequeno sorriso, aliviada por não ter que... você sabe...

Ainda assim, as mãos de Bolt deslizaram até minha cintura e puxaram-me para ele.

— Se for empate, eu ainda ganho meu beijo. — sussurrou-me.

Eu agi na defensiva, como sempre. Depois de um minuto de espanto, saltei para longe dele. 

— Mas de jeito nenhum! — eu neguei com veemência e nervosismo... e gagueira. — Boruto... por que diabos essa.... obsessão em me beijar?

Ele relaxou sobre a grama, sorrindo gentilmente ao encarar o céu azul da tardinha. Apoiou os braços sobre a cabeça e suspirou, absorvendo a brisa em seus pulmões.

— Eu vou embora da vila daqui há alguns anos. Você sabe, não é, Sarada? — rolou seus olhos na minha direção. Seu rosto era suave e compassivo. — Eu quero ser como Sasuke-occhan. Então, se eu vou embora, eu quero, pelo menos, ter beijado todas as garotas dessa vila. Assim, eu não terei arrependimentos. E você, senhorita Uchiha... — sorriu para mim. Não o sorriso cínico, arrogante ou sarcástico de sempre. Um sorriso amável e terno. — É uma das poucas garotas de Konoha que eu ainda não beijei.

O último sorriso que me deu naquela tarde foi empolgado. Esticava os lábios e mostrava os dentes brancos e perfeitamente alinhados. 17 anos, ele tinha. Era um rapaz atraente. É claro que ele já havia beijado boa parte das moças da vila. E era até normal se Bolt achasse que todas as garotas cairiam aos seus pés. Mas, não eu. Eu sou um outro tipo de garota. Ele estava redondamente enganado a meu respeito.

Revirei os olhos, ranzinza.

— Que garoto fútil! — resmunguei, cruzando os braços. — É melhor você desistir, senhor eu-já-beijei-todas-as-garotas-dessa-vila. — levantei-me e encarei o céu, pensando na decisão a qual eu havia chegado. — Eu... prometi entregar meu corpo somente ao homem que conquistar meu coração. Bom, isso... inclui meu primeiro beijo.

Bolt fitou-me quando eu sorri para ele. Seus olhos brilhavam. Era por causa do crepúsculo, eu disse a mim mesma. Mas algo me dizia que eu já vira seus olhos brilharem assim. Como daquela vez em que ele prometeu me proteger até eu me tornar Hokage.

— Achei vocês!

Um estranho nos interrompeu. Um estranho muito calmo, muito tranquilo. Não um estranho, é claro. Eu reconheceria aquela voz rouca e arrastada em qualquer lugar do mundo. Olhei para trás e vi Mitsuki pulando de uma árvore e caminhando em nossa direção. 17 anos, ele tinha. O cabelo crescido, desde quando tínhamos 13. Os mesmo olhos, o mesmo jeito de andar. Mais alto até mesmo que Bolt; e mais forte, talvez, mas nenhum de nós se sentia intimidado com Mitsuki. Nunca. Ele era um pedaço de nós. A próxima coisa que nosso companheiro de equipe disse foi:

— O Nanadaime quer falar conosco.

A notícia chamou a atenção de Bolt, que levantou-se de um pulo.

— O quê? Aquele velhote? O que ele quer?

— Eu não sei, Boruto. — Mitsuki deu de ombros.

Intrigada, eu inquiri:

— Ele chamou o Konohamaru-sensei também?

Mas meu amigo albino balançou a cabeça negativamente.

Iie, somente nós três.

Que situação estranha, pensei ao franzir as sobrancelhas. O capitão da equipe 7 não deveria ser convocado no caso de uma missão? Eu suspirei, entendendo que especular não nos levaria a lugar nenhum.

— Nesse caso, é melhor irmos logo.

Eu propus. E meus companheiros assentiram.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Vocabulário:
Baka: Idiota
Gomen: Desculpe
Nani: O quê?
Kono kiiroi kami no baka: Aquele idiota de cabelo amarelo
Occhan: Abreviação de Oji-chan, significa tio
Iie: Não


Comentários apressam a saída do próximo capítulo XD



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