Você, Paixão escrita por Camila J Pereira


Capítulo 24
Capítulo 24


Notas iniciais do capítulo

Bella e John? Vamos ver a versão dela.



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Bella não conseguiu dormir depois que Edward a deixou em casa. Viu que Renée havia chegado tarde e foi dormir logo depois de comer algo rápido na cozinha. Pelo menos ela estava ingerindo alguma alimentação. Resolveu ir para a varanda da casa e sentir um pouco do frescor da noite. Sentou-se nos degraus da entrada e enlaçou as próprias pernas, estava com um casaco e isso a impedia de sentir frio.

Ela só pensava em dar uma chance a Edward, para que ele vivesse a sua vida sem todos os problemas que ela inevitavelmente levaria para a sua vida. Queria apenas que ele fosse feliz, que construísse uma família harmoniosa como a que seus pais construíram. Não era justo ele que viveu a sua vida até aquele momento em um lar feliz, onde todos podiam confiar um nos outros e se apoiarem, sair disso e se unir a ela que era uma desequilibrada assim como a sua família.

Ele deveria ter ouvido o Jasper em todos os momentos em que lhe pedia para ir a um especialista. Talvez algumas sessões em um bom psicólogo a fizesse ter sido menos problemática... Ou não. Jasper nunca desistiu dela, assim como Edward parecia focado. Mas ela não podia fazê-los perder mais tempo. Jasper iria para a faculdade e pretendia deixar de se comunicar com ele. Agradecia por Alice estar presente e ir com ele para a faculdade. Ela já tinha um plano e seguiria até o fim e nesse plano não existia nenhum Cullen.

Assustou-se ao ver John cambalear em sua frente com uma garrafa de bebida em direção contrária a casa dele. Bella mesmo surpresa pensou em não chama-lo, mas não conseguiu ignorar o colega de trabalho que parecia fora de si e longe de casa.

— John! John, espere! – Ela correu para ele que parou ao ouvi-la. Ele a encarou e parecia tonto, parecia também não tê-la reconhecido imediatamente. Teve que focalizar um pouco os olhos e depois sim reconhece-la.

— Bella! – Ele falou mais alto do que precisava e mais entusiasmado também e a agarrou em um abraço desengonçado. – A garota mais bonita da loja, a garota mais bonita da escola, a garota mais bonita dessa cidade.

— Agradeço o elogio. – Bella o afastou delicadamente. Sentia o cheiro forte de álcool vindo dele. – O que faz na rua tão tarde e longe de casa?

— Estive em uma festa... – Ele meio que se engasgou e soluçou. – Preciso sentar. – Bella olhou para os lados sem jeito quando ele simplesmente sentou no meio da rua. A voz dele parecia cada vez mais enrolada, mas ele não parava de entornar. – Estava tão chata, tantas pessoas chatas! Valeu a pena, eu te encontrei. Você não é chata, não é nada chata. Esse chão é chato. – Ele tocou o chão com a mão livre.

— Pode me dizer o número da sua casa? Alguém pode vir te buscar? – Ela tentou não rir ao vê-lo estudando com tanta concentração o chão em que sentava.

— Não ligue para minha casa. Meu pai não pode saber que eu bebi. Ele vai ficar tão estressado... Ele vai pirar completamente. Vai me destroçar.

— Tem algum outro lugar que possa passar a noite então? Você pode avisar ao seu pai.

— Eu não tenho ninguém... – Então ele começou a rir histericamente e depois ficou sério demais. – Não tenho ninguém. – Bella começava a entender John e se sentiu estranhamente familiar a ele.

— Como pode dizer tanta bobagem? – John a olhou de baixo, seus olhos marejados. – Então eu não sou ninguém? Hã? Pode passar a noite em minha casa para curar esse pileque. Só não torne isso um hábito, beber assim longe de casa... Da próxima vez eu que vou te destroçar. Entendeu?

— Você é fofa. – Bella riu dessa vez.

— Levanta, levanta sozinho, eu acho que não posso pegar esse seu peso. – John levantou na segunda tentativa e a seguiu.

— Mas posso mesmo ficar em sua casa?

— Desde que pare de beber e se comporte. Está ótimo.

— E a sua mãe? – John perguntou passando a garrafa para Bella.

— Ela nem vai perceber.

Eles entraram em casa, Bella pegou travesseiro e cobertores para John dormir na sala. Fez um café forte para ele e como ele parecia um pouco mais sóbrio conversaram um pouco. Bella soube um pouco mais sobre o relacionamento dele com os pais, sobre toda a pressão sofrida por ele pelo pai e omissão da mãe até mesmo nas agressões físicas que sofria do pai. Bella o fez ligar para a mãe e avisar que estava na casa de um amigo e ele obedientemente o fez. Depois disso eles se despediram e Bella subiu para dormir em seu quarto.

Logo pela manhã bem cedo, ela levantou e foi acordá-lo antes que a sua mãe percebesse. John também teria que ir a escola então teria que levantar de qualquer forma, já que ainda iria para casa antes. Foram para fora de casa, John parecia um pouco envergonhado.

— Obrigado mesmo por ter me deixado dormir aqui.

— O que mais eu faria? Você está melhor agora? Precisa de alguma coisa?

— Bella, talvez eu me apaixone por você por isso. Talvez eu fique ainda mais caidinho. – Ele riu envergonhado e olhou para os lados como se não fosse ele o autor daquela frase. Bella ficou um pouco surpresa, mas decidiu levar na esportiva.

— Você terá sorte e isso não acontecerá.

— É porque você ama o Edward Cullen?

— Também. Eu espero que não faça mais aquilo. Volte para casa e tome um banho, se alimente. E não esqueça de ser forte. Não deixe seu pai abusar. – John beijou o seu rosto antes que ela percebesse a sua intenção.

— Obrigado, Bella. Você me salvou e eu provavelmente ficarei alguns anos caidinho por você, não me importo quem você ame. Tchau.

— Tchau.

A vida era mesmo engraçada. John era um bom garoto, se esforçava, trabalhava e estudava, mesmo assim, não parecia suficiente para seus pais. E os pais dele eram ainda casados, onde o pai parecia dominar tudo até mesmo os desejos dos outros membros da família. Parecia um relacionamento abusivo. Edward havia dito ontem que todos tinham problemas familiares, talvez fosse verdade. Ela poderia voltar atrás e deixar que ele a amasse e amá-la? Claro que não, ela era diferente, não era um simples problema, se considerava um enorme problema irremediável. Estava convicta que fazia a coisa certa.

Bella olhou em volta a vizinhança ainda estava quieta ao amanhecer e percebeu Edward do outro lado da rua observando-a parecendo muito confuso. O que estaria fazendo ali tão cedo e logo depois dela ter terminado? Ele teria visto o John saindo da sua casa? Deve ter sido esse o motivo de sua expressão tão chateada.

Seu coração começou a ganhar um ritmo frenético e conseguia ouvir a sua pulsação. Bella quis correr até o carro e implorar para que ele não entendesse errado, que nunca faria aquilo com ele. Mas se fizesse aquilo talvez perdesse a chance de mate-lo longe dela. Usando toda a sua força de vontade se pois a andar até ele. Edward não tirava os olhos dela, parecia cada vez mais chocado. Bella parou diante dele, mas Edward apenas continuou ali, como se estivesse tomando coragem. Ele se virou para frente, olhando além da rua, evitando pela primeira vez encará-la. Depois de respirar fundo, saiu lentamente do carro.

— O que está fazendo aqui? – Bella olhava para o peito de Edward, evitava olhá-lo no rosto.

— O que acha que estou fazendo? – Ele pareceu duro. – Foi pega de surpresa?

— Claro que sim.

— Porque o John estava com você?

— Não. – Então seria assim que ele a deixaria?

— Não? – Edward cerrou os punhos. Ela nem o encarava e aquilo o enlouquecia. – O que aquele garoto estava fazendo saindo da sua casa a essa hora? Ele dormiu aqui?

— Sim. – Ela mal pôde falar. Não queria que ele a odiasse, mas tudo indicava que seria assim no final.

— Vocês dormiram juntos? Dormiu com aquele garoto? – Edward ficou furioso. Bella sentia um nó enorme em sua garganta, não falava nada. Não podia. – Desde quando está dormindo com ele? É por isso que quis terminar? – Bella queria gritar feito louca que ela seria incapaz daquilo. – Responda! – Foi ele quem gritou.

— Vá embora, Edward. – Ele pareceu não acreditar no que ouviu.

— Eu fui apenas mais um idiota, não foi mesmo? Eu me dei por inteiro para você. Eu pensei que sentia o mesmo por mim, você me falou. O que é isso para você? – Ele virou e socou o capô do carro. Bella temia que ele se machucasse e que os vizinhos o vissem descontrolado.

— Por favor, vá embora. – Edward voltou a olhá-la completamente transtornado.

— Eu queria estar com você e amá-la. Faria de tudo para suprir as suas necessidades. Mas você prefere matar a sua falta de amor com mais um amante.

De todas as suas frases, aquela acertou em cheio o seu coração. De repente ela sentiu as lágrimas correrem pelo seu rosto, incapaz de detê-las, incapaz de secá-las. Queria abraçá-lo, queria pedir perdão, mas continuou em silêncio.

— Se essa foi a sua escolha, eu não tenho mais nada a fazer aqui. Eu vou embora sim e espero que não me procure mais. – Edward entrou no carro e bateu a porta com força. Bella deu um passo vacilante, por um momento queria explicar tudo, mas o carro arrancou e logo desapareceu da rua, de suas vistas. Ela apenas continuou ali chorando.

Bella entrou em casa ainda arrasada. Parecia que tudo havia perdido o sentido, que o mundo estava lhe enviando uma mensagem: “Desista, apenas desista.” Quando entrou deu de cara com a sua mãe que escondia algumas notas dentro das roupas.

— O-o que é isso? – Bella não podia acreditar que mais alguma coisa iria acontecer naquele dia, coisas ruins em sequencia.

— Nada. Terei que sair. – Renée respondeu rapidamente e quis evitá-la, mas Bella a segurou.

— Esse dinheiro é meu, não é? Você pegou das minhas coisas.

— Solte-me, Bella. – Renée afastou a filha com safanão.

— Renée esse dinheiro é para as despesas extras da casa, não podemos gastá-lo. Estaremos em apuros se ficarmos sem ele. O que pretende fazer, gastar com esse seu vicio?

Bella sentiu novamente a cólica e instintivamente tocou a barriga. Elas ouviram o som de uma moto diante da casa, Renée ficou alerta e pareceu novamente determinada. Bella sabia que ela fugiria com o dinheiro, estava exausta emocionalmente e não teria forças para impedi-la.

— Mãe, por favor... – Renée saiu o mais depressa que pôde. A moto deu partida e se foi.

***

Edward saiu da presença de Bella sem conseguir pensar claramente. Seu estado de espírito estava perversamente negativo, até mesmo respirar doía. Bella não tinha negado nada, estava ali diante dele calada enquanto ouvia as coisas que lhe dizia. Ela não negou, não se defendeu. Para ela, ele não merecia nem isso.

Ser tratado como um nada aquela forma estava lhe deixando completamente atormentado. Não podia voltar para casa daquela maneira. Mandou uma mensagem para os homens que estavam trabalhando com ele e dispensou a todos e depois desligou o celular. Queria ficar naquela casa sozinho.

Quando chegou, arregaçou as mangas da blusa e decidiu que passaria o dia todo trabalhando na casa, apenas ele. Quanto mais força física precisasse a tarefa mais ele gostava. De alguma forma extravasar aquela energia parecia deixá-lo menos pior, mas a dor não passava. Diante de si, apenas via o rosto de Bella. Ela tinha acabado de partir seu coração, estava magoado demais.

Mesmo depois de anoitecer, ele continuou trabalhando. Já era tarde quando o Carlisle apareceu por lá preocupado. Edward foi com o pai até Daniel para tomarem algum drink. Carlisle tinha percebido que algo havia acontecido por isso sugeriu sair com o filho. Notou que ele passou o dia todo trabalhando e parecia exausto. Pediu alguns petiscos, com toda a certeza ele não havia comido nada, mas Edward apenas bebia.

— Não beba apenas, coma um pouco ou passará mal. – Como se fosse um robô obediente ele apenas comeu, sem sentir sabor algum. – Não quer falar sobre o que aconteceu? Foi com a Bella? – Edward pela primeira vez olhou para o pai. Sentiu o desconforto ao ouvir o nome dela. – Vocês brigaram?

— Sim.

— Você bem sabe que todos os casais brigam, Edward. Seja sensato, mesmo que ela não seja. Isso fará uma grande diferença.

— Não consigo ser sensato agora, pai. Eu preciso de um tempo. – Novamente a cena de John e Bella mais cedo se avivou em sua cabeça.

— Então tome esse tempo para se acalmar e não faça besteira. Bella é um pouco inconsequente, mas é uma boa moça. E deu para notar que ela gosta de você. – Edward fechou os olhos. Ela gostava? Parecia a verdade todo o tempo. Ele sabia que ela gostava dele então porque?

— Passarei a noite na casa em reforma. – Edward bebeu mais um longo gole. – Por favor, avise a mamãe. Estou indo agora.

— Eu te levo, viemos no meu carro.

— Não, quero caminhar.

***

Bella tinha passado todo o dia sem se alimentar, até que sentiu grande dor no estomago. Uma exigência do seu corpo pedindo algum alimento. Relutante, levantou do sofá e foi até a cozinha. Preparou uma comida instantânea e comeu velozmente. Ela sentiu o estomago cheio, mas um vazio no peito. Quando deu por si estava chorando copiosamente. A companhia soou sobressaltando-a. Rapidamente enxugou as lágrimas e foi atender.

— Pa-pai? Pai! – Bella abraçou o homem alto a sua frente e quando sentiu o abraço de volta voltou a chorar.

— Ah filha, eu demorei demais. Eu sinto muito. – Charlie dava tapinhas confortadoras em suas costas enquanto a apertava com o outro braço.


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