Você, Paixão escrita por Camila J Pereira


Capítulo 23
Capítulo 23


Notas iniciais do capítulo

Bella está sobrecarregada e não esta lidando muito bem com isso. Edward Cullen pode sofrer um pouquinho então preparem os corações.



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— Vamos ter que leva-la a uma clínica de reabilitação, não estamos conseguindo sozinhas. – Bella tentou falar o mais delicado que pode, mas Renée que acordara inquieta se inquietou ainda mais.

Estavam no quarto, Bella tinha passado a noite ali junto a mãe depois que Edward relutantemente foi para a sua casa depois da meia noite.

— Não quero ir para clínica alguma e você e ninguém pode me obrigar. Eu vou parar quando quiser parar. – Seus olhos ainda estavam um pouco injetados, estava pálida e desgrenhada o que tornava tudo mais lamentável para Bella.

— Você disse que queria parar.

— Talvez eu não queira de verdade. Eu posso cuidar de mim mesma. – Renée sentou na cama e abraçou as pernas próximo ao peito.

— Não consegue nem lembrar de ontem.... Você não imagina como estava no meio da rua, descalça, sem agasalho e aérea. Existem formas mais rápidas e mais limpas de se matar Renée se essa é a sua intenção.

— Não sou tola de me deixar morrer por isso.

— Parece que não tem uma visão realista do que se passa consigo mesma. Hoje mesmo verei a clínica para você. Faremos uma visita e você verá que ficará bem. – Bella estava decidida e a firmeza em sua voz fez Renée temer.

— Não! – Renée jogou o travesseiro para o lado com raiva. – Não ouse fazer isso. Não ouse, não me faça odiar você. – Bella sentiu a fisgada no peito, aquela que te deixa sem ar por um momento. Então a mãe poderia odiá-la? Bella engoliu em seco, tentou ser madura o suficiente e passar por cima daquelas palavras.

— Farei algo para você comer. – Bella levantou e saiu do quarto ainda trêmula pela ferida aberta ao ouvir a mãe ameaça-la com o seu ódio.

Foi até a cozinha e sentiu novamente a fisgada, mas agora era no seu baixo ventre. Ela paralisou, pois agora sabia que poderia estar grávida. E se fosse verdade, todas aquelas emoções poderiam não estar fazendo bem. Ela tinha que afastar aquela nuvem da dúvida que pairava sobre a sua cabeça. Iria ao hospital assim que terminasse de preparar um lanche para Renée.

Bella tentou fazer uma bandeja balanceada para a mãe que provavelmente não havia comido a noite passada. Pôs frutas, suco, torradas, geleia e cereais, tentando agradá-la de alguma forma. O importante era que ela se alimentasse.

Deixou a bandeja diante da mãe que ainda parecia inquieta e irritadiça. Tomou um banho e arrumou-se, não iria novamente para a escola. Sabia que dali a alguns dias seria a formatura, mas não estava disposta a pensar nesse assunto que se tornou frívolo.

— Vou sair agora. Por favor, fique em casa e descanse um pouco. – Bella falou da porta do quarto da mãe e viu que ela não tocou na comida. Não disse nada temendo que isso a provocasse ainda mais.

Bella fez o exame, mas não voltou para casa imediatamente. Como poderia receber o resultado dali a algumas horas, resolveu ficar no hospital. Foi para o jardim, colocou os fones no ouvido e ouvindo música e tentou relaxar.

“Passei mais cedo em sua casa para leva-la ao colégio. Não quis te chamar, sei que precisa descansar. Te amo. ”

Uma lágrima rolou no seu rosto, ela a limpou prontamente. Estava cada vez mais sensível, não poderia ficar tão fraca naquele momento. Tinha pedido informações no hospital e já sabia para quem ligar para fazer uma visita a clínica de reabilitação. Ainda havia a possível gravidez... O que ela faria?

Ela não respondeu a mensagem, apenas aumentou o volume da música e tentou amenizar a dor do coração com a dor em deus ouvidos. Fechou os olhos e tentou s entregar totalmente a canção, queria sumir naquele momento. A medida que os minutos foram passando, seus nervos ficaram mais tranquilos. Notou que o exame já poderia estar pronto e tomando toda a coragem, seguiu até a ala onde a entregariam o resultado.

Assim que lhe deram o envelope ela o abriu. Parada diante da sala, com médicos, enfermeiros e pacientes passando por ela, Bella apagou. Quando recobrou a consciência, viu-se deitada em uma maca. Um médico estava falando com ela e uma enfermeira com um papel nas mãos olhava para ela.

— Oh... Eu desmaiei?

— Você teve uma queda de pressão. Felizmente não se machucou. Sente doer em algum lugar?

— Não. – Bella respondeu um pouco envergonhada por ter apagado daquela forma no meio do hospital.

— Terá que ficar aqui por um tempinho para termos certeza de que está tudo bem. Tem alguém que possamos avisar e...

— Não, ninguém. Sou legalmente de maior. – Respondeu apressadamente.

— Peço que me perdoe, mas li o exame que estava em sua mão. – Ele esticou a mão para enfermeira que lhe entregou o papel. – Imagino que não seja nada além de um sintoma da gravidez. Deve cuidar melhor da alimentação agora, ok? – Bella mordeu o lábio e afirmou com a cabeça, sem poder encontrar a voz. Alguém já sabia que ela estava gravida e disse isso em voz alta o que tornava tudo mais real.

— Dê-lhe o soro e deixe-a descansar. Voltarei logo. – O médico se dirigiu a enfermeira. – Volto logo. – Ele repetiu para Bella.

— Preciso mesmo ficar no soro?

— Te fará sentir melhor. – Ele sorriu entregou o exame para ela e saiu deixando a enfermeira fazendo os preparativos para aplicar o soro.

“Pensa em ir à loja hoje? Sinto sua falta.”

Novamente Edward se fez presente, ele que era o pai do bebe que estava em sua barriga. Involuntariamente levou a mão ao ventre. Não, ela não conseguia sentir nada, mas era real. Estava ali naquele pedaço de papel, estava escrito que estava grávida. A enfermeira falou com ela, Bella nem ao menos se deu o trabalho de entender aquelas palavras, apenas sorriu e se deixou ser picada por aquela agulha. Novamente a enfermeira falou com ela e a deixou sozinha.

Como poderia sobreviver aquilo? Mal conseguia cuidar de si mesma e da sua mãe irremediavelmente drogada. Agora ela tinha um bebe e nem tinha saído da escola direito. Não havia perspectiva, ela trabalhava em uma loja de artigos esportivos de uma cidade do tamanho de um ovo. O que ela poderia fazer? Como poderia cuidar dessa criança?

Tentou imaginar o que aconteceria ao contar para Edward. E se viu reproduzindo a história dos seus pais em sua cabeça. Edward ficaria extremamente feliz, porque ele amava a ideia de formar uma família. Eles ficariam juntos, talvez morassem juntos e então o bebe nasceria, mas ela como é muito parecida com a Renée, estragaria tudo com seu jeito tresloucado. Arruinaria a família, cada um iria para um lado, Edward extremamente magoado e uma criança ferida e acuada que extravasaria essa magoa de alguma forma doentia como ela mesma fazia até a pouco tempo, dormindo com qualquer homem que visse. Seu celular tocou e ela despertou, sem contudo, desfazer aquela imagem da cabeça.

— Oi.

— Oi, está tudo bem? – Claro que ele estaria preocupado depois de não receber respostas de suas mensagens.

— Desculpe, não estava com cabeça. – Edward suspirou.

— Tudo bem. Como estão as coisas? E a sua mãe?

— Eu não sei bem... – Bella mordeu o lábio, queria pedir socorro, gostaria que ele fosse ao seu encontro no hospital então falaria que estava grávida, mas se deteve.

Lembrou-se de quanto ele havia sido magoado no relacionamento passado, o quanto ele era maravilhoso e merecia ser feliz. Edward definitivamente não merecia estar em outro relacionamento complicado.

— Talvez seja melhor não ir trabalhar hoje. Que tal ficarmos juntos? Posso ficar em sua casa. – Sugeriu Edward totalmente solicito e esperançoso de ficar um tempo com ela.

— Não dá, tenho mesmo que ir trabalhar. – De todas as coisas, ela não poderia vacilar com o trabalho.

— Não tenho nenhuma chance de te convencer? – Bella sorriu com a tentativa.

— Não dessa vez.

— Ok, aceito a minha derrota temporariamente. Volto a te ligar.

— Tudo bem.

Bella desligou convencida do seu amor por ele. Poderia fazer tudo por Edward Cullen, para salvar o seu coração.

Esperou que fosse liberada e então foi direto para o trabalho. Resolveu ir caminhando, sempre ajudava a pensar. E então começou a considerar novamente falar a verdade para o Edward. E então o que poderia esperar? Edward aceitaria a ideia de maneira natural e continuariam juntos criando o filho deles? Ou levaria ao extremo e a pediria em casamento? Bella sorriu com ideia, mesmo nunca antes ter se imaginado casando com alguém, de repente a visão lhe preencheu. Mas é claro que um filho não significava um casamento em vista. Ela teve que interromper o pensamento, pois viu o carro de sua mãe estacionado adiante.

Correu para falar com Renée, gostaria de saber o que ela fazia ali. Quando alcançou a janela do motorista, deparou-se com Daniel. Bella ficou desconcertada, não entendia o porque do Daniel estar com o carro da Renée.

— Daniel?

— Oh, olá Bella! – Daniel que parecia estar escrevendo algo no seu celular, parou para cumprimenta-la. Bella passou os dedos nos cabelos confusa.

— Pensei ser a minha mãe.

— Ah sim, totalmente compreensível, por causa do carro. Soube que ela estava vendendo e com um preço tão bom, resolvi comprar para dar ao meu filho. – Diante do silencio de Bella, Daniel notou que ela talvez não soubesse dos planos de venda do carro da mãe. – Quer que a leve em algum lugar?

— Não Daniel, muito obrigada. – Bella tentou sorrir e acenou um thauzinho para ele antes de recomeçar a caminhar.

Se Renée havia vendido o carro como uma forma de economizar e ter um pouco mais na reserva estava tudo bem, o que Bella não queria acreditar era que ela tinha feito isso para pagar as drogas. Renée não estaria tão mal assim, estaria? Claro que sim, não era cega, via como a sua mãe estava cada vez mais decadente. Mais uma vez seus olhos encheram de lágrimas, mas estava decidida.

Sabia o que fazer, sabia todos os passos. Decidiu que a sua vida deveria mudar. E a primeira coisa que teria que fazer era se afastar do Edward para que ele não precisasse passar pelo que ela passasse. Aquilo não seria fácil, mas deveria fazer. Depois teria que internar a sua mãe e cuidar dela. Depois, deveria cuidar de si. Gostaria de sentir-se melhor consigo mesma. Apenas desta maneira, poderia ter algum envolvimento, quando o seu coração enfim estivesse bem.

Foi para o trabalho e tentou dedicar-se ao extremo. De maneira alguma queria ficar remoendo as decisões já tomadas com medo de titubear. Porém, mesmo suas preocupações não a impediram de perceber o ambiente a sua volta. John parecia bastante chateado e introspectivo aquele dia. Tentou sondar o colega de trabalho para talvez ajudá-lo, mas ele foi evasivo e se afastou rapidamente com pretexto qualquer.

Bella então voltou a sua total atenção ao trabalho. Quando enfim viu-se livre do lado de fora da loja, pensou em ir direto para casa verificar o motivo de sua mãe ter vendido o carro, mas assim que começou a caminhar seu coração apontou outro caminho.

Edward estava diante da casa dando suas últimas palavras para os homens que havia contratado para a reforma. Bella parou a distância admirando o homem ruivo que elogiava o serviço do dia dos outros e lhes desejava boa noite. Assim que eles se foram, Edward notou a sua e imediatamente surgiu um largo sorriso em seu rosto. Sua surpresa e sorriso radiante foi perdendo espaço para uma expressão confusa. Bella estava ali olhando para ele tão demoradamente e ele não soube o que aquilo significava, apenas sentiu um temor repentino. Um frio percorreu seu corpo tomando toda a sua alegria. Resolveu vencer aquela pequena distância entre os dois, caminhou até ela e a abraçou.

— Que bom que veio. – Ele mesmo sentiu a sua voz soar tremula e xingou-se mentalmente por parecer tão fraco diante dela.

Bella adorou ouvir aquela voz e sentir seu corpo sendo apertado por aqueles longos braços fortes. Ela mesma o envolveu e retribuiu o gesto com todo o calor dos seus sentimentos.

— Não pude deixar de vim. Quando notei já estava aqui. Senti muito a sua falta. – Porque aquelas palavras não acalmavam o coração dele?

— Bella....

— Você está sozinho?

— Sim. – Relutante, afastou-se dele. Edward notou que ela estava corada e tinha os olhos úmidos.

— O que está acontecendo?

— Quero ficar com você hoje. Aqui, nesta casa que é tão especial para você e para mim também.

— Antes me diga o que está acontecendo. – Ele pediu. Bella titubeou e então o beijou.

— Isto está acontecendo, estou aflita por você. – Ela sussurrou daquela maneira sexy que ele conhecia bem.

Edward não teve outra alternativa a não ser se deixar levar para dentro por ela. Bella continuou a beijá-lo e a tocá-lo onde ele mais gostava e então não resistiu mais a nada. Se amaram no chão da sala onde não havia as tralhas espalhadas como no resto da casa.

Durante o ato de amor, o coração de Edward não estava oprimido, porém, ao terminarem, aquela sensação havia retornado. Estavam calados, abraçados no escuro da casa. Edward não queria perturbar o silencio, queria prolongar o bom momento, mas queria saber o que se passava com ela.

— Meu bem, eu percebo que algo aconteceu. Sei que pode não querer falar sobre isso, mas estou preocupado. – Bella olhou para o rosto dele, para cada linha, queria memorizar cada contorno. Desejava lembrar da exata cor esverdeada daqueles olhos, e do contorno dos seus lábios. Ela precisava para o depois.

— Eu te amo. – Não era bem aquilo que queria falar, mas não poderia ser mais verdadeiro. – Eu te amo, Edward Cullen. – Edward sorriu. Era a segunda vez que ela dizia aquilo em voz alta. Não que precisasse, ele já sabia. - Eu sinto muito. – Suas sobrancelhas vincaram.

— Sente muito?

Bella deveria ter tido imediatamente quando chegou ou deveria ter dito naquele momento. Ela deveria dizer... Ela não queria dizer que estava grávida.

— Essa é a última vez que ficamos juntos. Eu quero terminar o namoro com você. – O silencio pareceu sufocar naqueles momentos. Edward olhava para ela como se visse um ser de outro planeta. De repente ele empertigou-se e sentou ao seu lado. Bella com o movimento, também levantou-se.

— Isso é por causa dos seus problemas familiares? Todo mundo tem problemas familiares, eu posso ficar ao seu lado, eu aguento isso. Podemos ficar juntos e resolveremos tudo. Eu posso te ajudar. Se for por causa do seu passado, eu não me importo. Não me importou com quantos homens você dormiu e com quem você dormiu eu sei que você me ama. – Bella não respondeu então ele continuou. – Você diz que me ama e quer terminar. Eu te disse, para mim parece que quer me preservar. Quando vai entender que eu preciso de você?

— Precisa de mim? – Como aquilo poderia ser verdade?

— Preciso muito de você. Você é tudo para mim. É com você que sou totalmente feliz, com você me sinto completo, me sinto eu mesmo.

— Eu quero que você seja feliz....

— Então fique comigo. Me deixe cuidar de você. – Ele implorou. – Por favor.

Chorando ela tateou as suas roupas, ele ficou parada vendo-a se distanciar dele. O que ele poderia fazer para parar aquilo? Ele a segurou e tentou abraça-la, mas ela se afastou.

— Não, Edward! Isso acabou. Sou um grande problema, você tem que entender que deve se afastar. Vou destruir a sua vida em algum momento.

— Pare com isso, pare agora com isso! – Ele a sacudiu um pouco. – Você passou pelo trauma da separação dos seus pais ainda na infância e agora vive outro. Deve estar pensando muita coisa ruim de si mesma, eu entendo isso, mas não é verdade. Vamos nos acalmar e vamos cuidar disso também. Eu já deveria ter proposto isso para você. Vamos a um psicólogo, eu acredito que você possa ficar bem.

— Vamos terminar. – Edward respirou fundo, ele precisava de calma naquele momento. Ela estava firme, mas ele era ainda mais.

— Você quer se afastar agora. Eu te darei esse tempo. Mas não peça Bella para eu ir para sempre. Você pode falar que não quer ficar comigo, mas eu continuarei indo até você. Até que se sinta melhor e aceite o meu amor novamente.

Bella chorou e aceitou os braços dele. O que ela estava fazendo? Ela mesma estava tão machucada. Mas aquilo era para o bem do Edward. Ela não queria que a vida deles fosse igual a de seus pais. Ela era a cópia de Renée, estava em seu DNA ser daquele jeito.

Edward a levou para casa, mas não importava o que ele lhe dizia, parecia que ela nãos escutava. Ele não estava pronto para desistir, não iria. Sentia que havia chances de serem felizes e de superarem qualquer coisa.

No dia seguinte acordou cedo e foi até a casa de Bella. Dentro do carro do outro lado da rua, a esperou sair. Ele decidiu ficar ao lado dela, mesmo que ela não o quisesse como namorado. Ainda assim, estaria ali para ela. Queria leva-la para tomar um café antes da escola, estava se preparando para lhe mandar uma mensagem de texto quando viu a porta da casa dela abrir. Tudo pareceu ficar em câmera lenta quando viu Bella e John saírem, eles trocaram algumas palavras. Bella parecia atenciosa, ele parecia feliz. Ele se inclinou e beijou-a no rosto, e então John alcançou a rua e continuou seu caminho em passos largos. Bella olhou em volta parecendo pensativa até que seus olhos pousaram em Edward. Ele não conseguiu tirar a suspeita da cabeça, não conseguiu pensar em outro motivo para aquilo, queria muito buscar outra explicação, mas tudo o que pensava era: “Ela me traiu, ela me traiu, ela me traiu.”


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