Ele tem 18 anos escrita por Hanna Martins


Capítulo 18
O caos


Notas iniciais do capítulo

Capítulo novo chegando! E leiam as notas finais, tenho um aviso sobre a fic para dar a vocês.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/640842/chapter/18

— Eu amo, Katniss — confirmou Gale.

Peeta o olhava completamente paralisado. Seu irmão acabara de admitir que amava a mulher que era a sua namorada. A mulher que ele amava. A mulher que ele sempre amou e sempre amaria.

A mão se fechou fortemente, as unhas se cravaram na pele, magoando-a.

— Você... não pode... — mal conseguia falar. Seus lábios estavam secos, áridos.

Eram tantos pensamentos que lhe passavam pela cabeça, que sua mente estava atordoada.

— E por que eu não poderia amá-la? Eu sempre vou amar Katniss — afirmou.

Gale o analisou por um breve segundo. Colocou as mãos nos bolsos de seu casaco calmamente.

Peeta mantinha os olhos na face do irmão, o encarando quase sem piscar.

— Eu amo Katniss — reafirmou. — Assim como amo você...

— O quê? — um vento gelado soprou, bagunçando seus cabelos. 

— O que sinto por Katniss sempre foi amor. Mas, o amor pode mudar... Eu amo Katniss como um irmão ama sua irmã, como um amigo. Eu não a amo mais como um homem ama uma mulher. Isso não significa que meu amor por ela seja menor, não. Apenas mudou, se transformou... tudo se transforma.  

Peeta escutava a explicação de Gale sem proferir uma única palavra. Seus olhos agora fitavam seu tênis surrado. Não conseguia encarar o irmão direito. Aquela atitude fora vergonhosa. Como odiava seu estupido ciúme que o impedira de pensar, de raciocinar direito. Por um instante, sentiu-se como um garotinho que não compreendia o mundo. E ele odiava isso.

— Peeta?

Timidamente e com certa relutância levantou os olhos. Gale sorria.

— Está tudo bem — garantiu, dando um tapinha no ombro de Peeta. — Está tudo bem...

Aquela era a voz reconfortante de seu irmão. Era Gale que sempre o consolara nos momentos difíceis. Era Gale que sempre fazia o seu melhor. Era o seu irmão. O que fazia sua atitude de minutos atrás soar ainda mais estúpida.

Gale o puxou para um abraço. Um abraço estreito e longo.

— Não se preocupe com nada... — a voz de Gale estava um pouco embargada. — Vai ficar tudo bem...

— Gale? — havia algo de errado com seu irmão podia sentir. E algo lhe dizia que isso não tinha exatamente a ver com que acontecera a pouco.

Gale o soltou e o mirou por alguns momentos.

— Sabe, Peeta... eu estou tentando compreender a relação de vocês dois... Não digo que vai ser fácil. Mas, não vou mais me opor...

Peeta sorriu.

— Me prometa que sempre dará o seu melhor para fazer Katniss sorrir, sim?

— É o que mais desejo — afirmou cheio de convicção.

Os dois sorriram. E Peeta respirou aliviado. Significava muito para ele, Gale estar ao seu lado.

Katniss lia um livro, quando ele chegou.

— Saiu mais cedo do trabalho?  — perguntou Katniss, fechando o livro.

— É, Chaff me dispensou mais cedo hoje... — sentou-se ao lado de Katniss. — E você?

Ela colocou a cabeça em seu ombro e ele lhe deu um beijo na testa. Suas mãos se entrelaçaram institivamente.

— Finnick permitiu que saíssemos mais cedo, já que hoje terminamos os testes... Dia de folga!

— Ah — envolveu a cintura de Katniss com seu braço. Ela estava mais magra podia sentir.

Katniss se aconchegou nele. Era bem reconfortante sentir o calor do seu corpo o envolvendo.

— Peeta...

— Sim?

Ela hesitou por um momento.

— Acho que você deveria falar com sua mãe...

Seu braço apertou um pouco mais forte o corpo de Katniss.

— Katniss... — não queria iniciar outra daquelas conversas.

— Me escuta — levantou a cabeça de seu ombro e se afastou um pouco dele. — Você precisa conversar com ela... Sabe... ela é sua mãe... Eu e minha mãe não temos uma relação muito próxima, não nós falamos com frequência nem nada... — disse pensativa. — Mas, ela é minha mãe... E eu não iria querer ficar mal com ela. Eu a amo. Se... algo acontecesse com ela, eu gostaria de saber...

Peeta a olhou interrogativo.

— O que...

— Escuta, Peeta, não quero ser um obstáculo na relação entre você e sua mãe. Não quero que nossa felicidade seja construída em cima do sofrimento de ninguém. Isso não é felicidade, é egoísmo. Para que sejamos felizes, não podemos fazer que outras pessoas sejam infelizes. Muitos menos que um de nós seja infeliz.

— Katniss, eu não serei infeliz se estiver com você.

Ela lhe lançou um sorriso sereno e percorreu seu rosto com as pontas dos dedos.

— Você ama sua mãe... pode ser que você não seja infeliz agora. Mas... e no futuro?

— Eu tenho certeza que...

— Me escuta — ela o silenciou, colocando o dedo indicador em cima dos seus lábios. — Você pode afirmar isso agora, mas... não sabe, não conhece o futuro. Ninguém conhece. O fato é que você precisa conversar com sua mãe... e tomar algumas decisões...

— Do que você...

Mais uma vez, ela o silenciou, dessa vez com os lábios.

— Eu te amo, Peeta. Nunca duvide de meu amor.

Assentiu, encostando sua testa na de Katniss.

— Eu também te amo e sempre vou te amar.

Katniss o beijou. Seus beijos e carícias tinham o poder de tirar todo o peso do mundo, e o persuadir a fazer qualquer coisa.

No domingo, em plena manhã. Uma manhã luminosa e bela. Especialmente bela. Lá estava ele em um parque, sentando em um dos bancos. Esperando por sua mãe. Katniss tinha conseguindo o convencer a ter uma conversa com sua mãe, no final das contas.  

— Tudo vai ficar bem... — murmurou Katniss, que tinha sua mão presa nas dela. — Apenas fale com sua mãe... ok?

— Certo.

Katniss sorriu.

A mãe se aproximou vagarosamente. Katniss a cumprimentou com um aceno de cabeça, quando ela chegou onde estavam.

— Vou deixar vocês para que conversem — disse ela, se levantando do banco e retirando suas mãos da dele.

Quis impedir que ela se fosse, agarrar sua mão. Porém, ela sorriu lhe dando confiança. Tudo ficaria bem.

Sua mãe ocupou o lugar de Katniss ao seu lado. Os dois ficaram em silêncio por alguns minutos. Peeta observava o caminho por onde Katniss havia desaparecido. Ele não sabia como iniciar aquela conversa. Não fazia a mínima ideia.

Respirou fundo. Precisava iniciar aquela conversa de alguma forma. Não queria ficar ali pelo resto do dia.

— Mãe, por que você se opõe tanto ao meu namoro com Katniss? — foi direito ao ponto.

— Porque você tem 18 anos — respondeu ela, voltando-se para ele e o fitando.

— Mas, eu não sou um garotinho, mãe. Posso tomar minhas próprias decisões.  E eu amo Katniss. Ela é única para mim. Nunca vou amar alguém como amo Katniss — afirmou.

— Peeta, olha só para você cheio de convicções! — o repreendeu em um tom brando. — Mas, a verdade é que ninguém sabe o futuro. Você pode acreditar veementemente que seu coração nunca mudará, que suas ideias, seus sentimentos sempre serão os mesmos eternamente. Você está redondamente enganado, Peeta. Nossas ideias, sentimentos sempre estão em constante mudanças. Um homem nunca se banhará no mesmo rio, não porque as águas que correm nele sempre são outras, mas porque aquele homem já não é o mesmo homem que se banhou anteriormente.

Peeta a olhou. Sua mãe estava enganada seus sentimentos por Katniss nunca mudariam.

— Mãe, eu amo Katniss e sempre vou amá-la!

Ela suspirou.

— Você e Katniss estão em fases diferentes da vida. Ela tem uma carreira promissora. E você, Peeta? Você, o que tem? Você tem sonhos. Muitos sonhos.

— Mas eu posso torná-los realidade! — contestou prontamente.

— Peeta, você sonha muito alto. Alto demais. E a queda pode ser grande demais. Você me lembra muito... seu pai.

O pai era um assunto difícil para ele. Lembrar dele sempre lhe trazia tristeza. Porém, teria que conviver com aquilo eternamente. Era uma cicatriz que nunca seria fechada.

— Seu pai sonhava muito alto, assim como você. Sonhava demais. E a não realização de seus sonhos... bem, você sabe como seu pai sofreu com aquilo...

— Eu sei...

— Eu não penso apenas em você. Penso também em Katniss. O que acontecerá se... você não conseguir realizar seus sonhos?

— Eu...

— Não quero que você se torne uma pessoa frustrada e amargurada, Peeta.

Novamente, o silêncio se fez presente. Dessa vez por mais tempo.

— E ela foi namorada de Gale. Vocês são irmãos. E esses laços nunca serão cortados. Como ficarão as coisas entre vocês dois?

— Mas, Gale disse que está tudo bem. Ele... irá se casar com Madge, está feliz com ela...

Sua mãe o olhou por um momento e em seguida desviou o olhar. Novamente, silêncio.

— Peeta, não quero que você se frustre... não quero que você sofra... Você já sofreu muito. E eu... eu não pude fazer nada. A minha maior falta com você foi não ter evitado aquilo — ela estava se referindo a tudo o que aconteceu durante os anos que viveu com seu pai. — Se eu tivesse percebido...

Peeta sabia o quanto sua mãe se culpava pelo o que tinha ocorrido.

— Está tudo bem agora — afirmou a olhando.

Não gostava de ver sua mãe sofrendo por aquilo.

Uma lágrima solitária escorreu pela face de sua mãe. Peeta desviou o olhar. Não queria vê-la chorando. Ele não sabia como lidar direito com sua mãe sofrendo.

— Eu queria tanto evitar que você sofresse... tanto.

— Mãe... — não queria que ela prosseguisse. Ele sofria junto com ela.

— Mas... eu não sei se poderei estar ao seu lado... — seu tom era triste e doloroso.

— Mãe? — ele a olhou apreensivo.

A mãe desviou o olhar dele.

— Mãe? — insistiu.

— Peeta, eu... — ela pegou em sua mão. Sua mão quente e carinhosa. A mão que lhe tinha ensinado a cozinhar. A mão que lhe acariciava quando era um garotinho. — Tenho câncer de pâncreas. E eu... não sei bem se posso sobreviver ao tratamento.  

Ele teve a impressão que voltara a ser um garotinho indefeso. Um pobre garoto.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

O que acharam do capítulo? O que acontecerá agora que Peeta sabe da doença da mãe? E Gale não é mais um obstáculo no relacionamento do irmão, ele finalmente resolveu tentar deixar de se opor ao relacionamento desses dois...
Chegamos a reta final de "Ele tem 18 anos", o próximo capítulo será o penúltimo.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Ele tem 18 anos" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.