Ele tem 18 anos escrita por Hanna Martins


Capítulo 12
Memórias são fantasma


Notas iniciais do capítulo

Não sei se vamos nos ver até o Natal ou Ano Novo, por isso (caso não nos vejamos até lá) já vou desejando, feliz Natal, feliz Ano Novo, que o próximo ano seja ótimo! E que possamos nos encontrar ainda mais frequentemente. Agora vamos ao capítulo!



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— Então, eu declarei que iria me candidatar a presidente... fui eleito, obviamente. Além de ter um lindo rostinho, eu também sou um gênio e apresentei a excelente proposta de colocar em cada local de trabalho gatinhos fofinhos... Não sou brilhante?

— O quê? — Katniss olhou para Finnick.

— Katniss, estou te chamando há vários minutos! Em que lugar está sua cabeça ou melhor em que planeta?

Ela adoraria discordar de seu chefe, porém, ele tinha razão, sua cabeça não estava ali.

— Desculpe... — pediu.

— Que tal um café? Isso vai te deixar melhor. Eu até te daria o dia de folga, mas não podemos ficar sem uma de nossas melhores pesquisadoras hoje, temos muito trabalho a fazer.

Finnick era um bom chefe. Ele se preocupava com todos, embora gostasse de bancar o chefe implicante de vez enquanto.

Katniss assentiu e foi em busca de um café bem forte.

— Por que você anda tão distraída? — perguntou Rue.

— Não é nada... — respondeu vagamente.

— Você não costuma ficar distraída no trabalho.

— Não se preocupe, Rue, não é nada... — insistiu diante da expressão duvidosa de Rue.

Bem que gostaria que não fosse nada. No entanto, aquilo era claramente uma mentira. Não conseguia retirar de sua mente as coisas que Peeta lhe contara sobre seu passado. Ficara bastante óbvio que ele ainda sofria com que acontecera. Ele possuía profundas feridas. Feridas que jamais desapareceriam. E ela se sentia completamente inútil por não saber como ajudá-lo.

— Pode entrar, não se preocupe comigo, eu já estou saindo — disse ao ver Gale hesitando em entrar na cozinha.

As coisas entre eles estavam ainda mais estranhas. Gale falava somente o necessário com ela, e quase nunca a olhava. Aquilo era tão desconfortável.

Gale entrou na cozinha. Katniss o observou pegar o café de modo desconfortável. Estava cansada daquilo. Muito cansada.

— Gale... escuta... — ele continuou sem a olhar, embora tivesse se detido em meio ao ato de colocar açúcar no café. — Peeta me contou sobre o que aconteceu — Gale terminou de colocar o açúcar no café e a olhou, finalmente, procurando por uma explicação. — Como ele viveu com o pai... os problemas que enfrentou e o suicídio do pai dele...

Gale suspirou.

— Então, você sabe sobre o que aconteceu... — sua voz era fraca. Ele tomou um grande gole de café.

— Por que nunca me contou sobre isso?

— Há coisas que preferimos nunca falar em voz alta porque se falarmos elas parecem ainda mais reais... O suicídio do pai de Peeta e o que ele fez com Peeta são coisas... extremamente difíceis de serem compreendidas. Aquilo marcou minha família para sempre — lamentou. Gale estava com um aspecto extremamente cansado, havia círculos negros em torno de seus olhos. — Eu fui um péssimo irmão, deveria ter notado o que estava acontecendo. Mas, naquele momento, eu apenas estava preocupado comigo. Como pude não notar que meu irmão estava sendo... — respirou fundo, as palavras eram difíceis de serem ditas. — Abusado.

Katniss sentiu pena de Gale. A culpa que ele carregava era palpável.

— Meu irmão viveu quase quatro anos sendo constantemente espancado, agredido psicologicamente... Como eu pude não ter notado? Como? — o olhar de Gale era perdido e distante, como se estivesse recordando cada momento daquele passado nauseante em um ciclo vicioso.

Não sabia o que falar para Gale. Se ela mesma ainda não sabia como reagir direito aquele passado de Peeta, o que diria a ele?

— Peeta ainda carrega até hoje marcas daquele passado... — ele a olhou. — Meu irmão é tão jovem e precisa carregar um fardo maior do que muitas pessoas carregaram em toda a sua vida. Isso é tão injusto! — lamentou.

— Eu sei... — aquilo realmente não era nenhum pouco justo.

— Peeta se culpa até hoje pelo o que aconteceu. Ele acredita que se tivesse falado com o pai poderia ter evitado o suicídio... Aquela maldita mensagem! Se Peeta não tivesse recebido aquilo...

Os dois ficaram em silêncio, perdidos em seus próprios pensamentos.

— Ai estão vocês! — a voz de Finnick interrompeu o silêncio que pairava.

Os dois levantaram os olhares ao mesmo tempo.

— Precisamos continuar os testes — disse Finnick os observando, analisando a atmosfera estranha que havia se formado naquele lugar.

— Certo... — falou Gale. — Já terminei meu café — saiu da cozinha.

Finnick analisou Katniss por alguns segundos.

— Vocês dois...

— Só estávamos discutindo um assunto — falou em um tom que não permitia questionamentos.

Finnick ainda continuou a analisando.

— Vou voltar ao trabalho.

Katniss notou os olhares que recebeu de Finnick durante o resto do dia. Ele ficava lançando furtivos olhares para ela e Gale. Deveria estar se perguntando o que estava ocorrendo entre eles. Se Finnick achasse a resposta, gostaria que lhe desse.

Estava completamente exausta, quando chegou em seu apartamento. O cansaço não era físico, era mental. Peeta preparava o jantar.

Jantaram em silêncio.

— Katniss...

— Sim? — perguntou, enquanto retiravam a mesa.

— Por que... — não concluiu a pergunta.

— Por quê, o que?

— Nada... esquece...

Ela parou de retirar a mesa e o olhou.

— O que você ia me perguntar? — insistiu.

Ele desviou o olhar, mas ela manteve seu olhar nele.

— Peeta?

Peeta retirou os pratos da mesa e os levou até a pia. Katniss continuava o encarando, esperando pela pergunta.

— O que foi?

— Eu não sei... — falou de costas para ela com as mãos apoiadas na pia, as costas curvadas.

— O que? — voltou a insistir.

— Você está sentindo pena de mim, não é?

— Não!

— Katniss, eu odeio que sintam pena de mim. Gale, minha mãe, todos sempre me viram como um garotinho indefeso. Quando eles me olhavam, eu via a pena em seus olhos, o dó... E esse sentimento é horrível.

— Peeta, eu não sinto pena de você.

— Então, o que sente? Por que você está assim?

— Assim como?

— Assim... — ele continuava com as costas voltadas para ela. — Eu não quero a sua pena, Katniss.

— Peeta, eu já disse, eu não sinto pena de você! — afirmou com convicção. No entanto, convicção demais, pois sua resposta não havia abrandado a dúvida de Peeta. — Eu não sinto pena de você — reafirmou.

— E o que você sente? — ele voltou-se para ela. — O que você sente sobre as coisas que eu te contei?

— Eu... eu não consegui digerir direito... — confessou. — Na verdade, eu não sei bem... o que pensar... O que você viveu... foi algo terrível, algo pelo qual nenhum ser humano deveria passar.

Ele fechou os olhos.

— Não sinta pena de mim — disse, atirando o guardanapo com certa fúria em cima da pia. — Só me trate como sempre tratou, está bem? Não quero sua pena!

Peeta saiu da cozinha, pisando firme, havia fúria em seu jeito de andar.

— Aonde você está indo? — perguntou ao escutar o ruído da porta sendo aberta.

— Preciso tomar um pouco de ar — Peeta respondeu, enquanto fechava a porta.

Não sabia como lidar com aquilo. Sua vida fora marcada por duas grandes perdas, a de seu pai e de sua irmã. Doía pensar naquilo mesmo depois de tantos anos. Aquela dor nunca iria passar. O mundo era injusto. Peeta também era marcado pela perda. No entanto, além da perda, havia também o sentimento de culpa. Queria compreendê-lo, ajudá-lo, mas não sabia como.

Katniss terminou de lavar a louça e foi para a sala, se atirou no sofá. Não ligou a TV, fechou os olhos e deixou a mente vagar. Queria organizar aquele caos de pensamentos e sentimentos.

Peeta demorou para voltar. Já estava preocupada com sua demora, quando ele chegou, cansado e todo suado.

— Eu estava correndo — disse, respondendo ao olhar indagador de Katniss. — Vou tomar um banho...

Ele continuava chateado. Por que sempre havia de deixar um daqueles dois irmãos chateados?

Antes que Peeta desse um passo sequer, Katniss se aproximou dele, o empurrou, fazendo com que ele caísse sentado no sofá. Pulou em cima do seu colo e arrebatou seus lábios sem qualquer aviso, sem dar a chance de Peeta se esquivar de sua boca. Sua língua procurou pela dele com sofreguidão. Ele recebeu sua língua a princípio com hesitação. Sua língua provocou a dele, até que correspondesse ao seu toque. Seus lábios e línguas se mesclaram, se fundiram. Katniss comemorou sua vitória, segurando o queixo de Peeta e aprofundando mais seus lábios nos dele. Desejava explorar cada milímetro.

Uma de suas mãos desceu até o braço de Peeta, e explorou seu bíceps. A outra mão segurou sua nuca, permitindo que ela se entregasse ainda mais ao beijo. Acariciou com as pontas dos dedos a nuca de Peeta.

Peeta enlaçou a cintura de Katniss, acabando com qualquer espaço entre eles. Eram tomados pela necessidade de estarem os mais próximos que as leis da física permitiam. Dominados por um só desejo, o de se misturarem sem que qualquer um deles pudesse distinguir onde começava ou terminava. Queriam se perder, e não se acharem tão cedo.

Uma das mãos de Peeta adentrou na blusa de Katniss. O toque na pele nua de sua cintura provocava pequenos arrepios em Katniss. Peeta tinha o poder de transformar sua pele em brasas.

Ele a deitou no sofá. Com os dentes começou a subir a blusa dela. Katniss tinha as mãos perdidas em seus cabelos dourados, sua respiração era acelerada. As sensações que Peeta provocava em seu corpo a fazia até mesmo se esquecer de como fazia para respirar.

Os lábios úmidos e quentes de Peeta desciam pelo ventre de Katniss, as vezes se detinham em algum ponto, prolongando a caricia no local com a ajuda de sua hábil língua. Eles voltaram a subir pelo ventre de Katniss, se detendo entre o vão de seus seios. Aplicou um beijo demorado entre os seios. Com a língua, afastou um pouco o tecido do sutiã. A língua deslizou sobre a pele sensível do seio, a saboreando, sentindo seu gosto com vagar.

A mão de Peeta desabotoou as calças de Katniss. Um gemido escapou dos lábios dela, quando a mão dele penetrou em suas calças. Levar um pouco de oxigênio para seus pulmões se transformara em uma tarefa deveras complexa.

Os lábios de Peeta, agora, se concentravam nos seios dela. Eles eram gulosos, impacientes, ágeis, e arrancavam gemidos e sons indescritíveis de sua boca. Os lábios dele sugavam seus seios e a ágil mão dele se divertia em suas calças. E ela se perdia em meio aquelas carícias.

Peeta conhecia seus pontos fracos. Sabia exatamente onde tocar. E ela se entregava totalmente a ele.

As mãos de Peeta deslizaram pelo corpo de Katniss, retirando com certa impaciência cada peça de roupa que impedia que seu contado fosse maior. Katniss também se livrava de cada peça da roupa de Peeta com urgência. Até que não existia mais nada em seus corpos. Estavam livres. Livres para se tocarem, se explorarem, livres para serem apenas eles mesmos. Seus corpos se encontraram, se misturaram, se fundiram.

Katniss se entregou plenamente a cada uma daquelas sensações provocadas por seus corpos. O fogo a consumia. O fogo era tão forte e arrebatador que temeu ser completamente tragada por ele. Veio a explosão. Um momento eterno e pleno. Era uma pequena morte, porém, estranhamente, lhe dava ainda mais vida. Se sentia tão viva que mal conseguia respirar, seu coração pulsava forte, bombardeando sangue, vida por todo o seu corpo.

Peeta a apertou em seus braços. Ela se aconchegou em seu peito. Ficaram assim, tentando voltar suas respirações ao estado normal. Respiravam com dificuldade.

— Peeta...

— Katniss... — ele a interrompeu. — Apenas fique comigo, eu não quero sua piedade, muito menos sua pena. Eu já tive o bastante disso em toda a minha vida. Estou cansado disso... — sua voz era fraca, mas não era devido ao que tinham acabado de fazer.

— Eu não tenho pena de você, acredite em mim — pediu.

Ele a olhou e acariciou seu rosto.

— Todos temos nossos fantasmas — falou ela, retribuindo o carinho de Peeta.

Ele sorriu.

— Alguns fantasmas são mais persistentes que outros — disse ele, beijando sua bochecha. — Eu apenas gostaria de enterrar meus fantasmas, enterrá-los no lugar mais profundo... Não queria que eles me atormentassem mais.

Os olhos de Peeta agora eram olhos de alguém muito mais velho, pareciam ter nascido antes do corpo.

— O que aconteceu com seu pai não foi sua culpa.

Ele nada disse.

— Não foi — reafirmou.

— Você está dizendo o mesmo que todos os meus terapeutas falaram ao longo de todos esses anos — sorriu. Mas aquele sorriso era triste. Muito triste.

Katniss queria ter o poder de fazê-lo acreditar em suas palavras. No entanto, sabia que não tinha, e aquilo doía. Doía muito. Se aconchegou ainda mais em Peeta. A impotência, a inutilidade eram sentimentos devastadores.

Será que aqueles fantasmas que atormentavam Peeta nunca iriam embora? Sempre iriam persegui-lo? Os Fantasmas iriam sussurrar eternamente no ouvido de Peeta coisas que ele precisava esquecer?

Às vezes, precisamos conviver com nossos eternos fantasmas, concluiu, enquanto tentava impedir que uma lágrima caísse.


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Notas finais do capítulo

Odiaram? Gostaram? Como será que as coisas irão ficar a partir de agora?