Elementar escrita por LunaLótus


Capítulo 9
Filho do líder


Notas iniciais do capítulo

"- Medo, talvez, de me machucar. Medo de confiar nas pessoas e elas me traírem.

— Você se sente assim agora, comigo? "



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Thaís está chocada, os olhos arregalados, boquiaberta. Ela se levanta em um salto e se afasta rapidamente dele. Não consegue acreditar, não pode. Até segundos atrás, achou que ele era uma boa pessoa! E então descobre que ele é o herdeiro de tudo!

– Você... Você é o... O filho do líder?

– Thaís, você está pálida. Sente-se, por favor. Sei que é um susto, mas sou muito diferente dele.

Ela balança a cabeça para desanuviar os pensamentos. Senta-se devagar e tentar mostrar que aquilo foi somente um susto, que não havia nada demais. Alexandre analisa seu rosto e diz:

– Você não gosta mesmo do governo.

– Não é isso... Não. Foi só um susto.

– Eu sei que sim. Mas isso não foi uma pergunta. E eu não me importo quando alguém não gosta do governo do meu pai. Eu também discordo em muitas coisas que ele faz.

Thaís olha para ele, ainda assustada e desconfiada. Alexandre dá de ombros.

– Meu pai tinha um irmão que trabalhava com ele. Um dia, eles brigaram e eu estava presente. Eu devia ter uns três ou quatro anos. Lembro que eles sempre foram muito unidos. Eles são gêmeos e eu vivia grudado nos dois. No dia da confusão, eu não soube muito bem o que estava acontecendo. Depois de muita discussão, um deles saiu pela porta e o outro ficou comigo. Cinco minutos depois, escutei um barulho insuportável, que depois que cresci, reconheci que era um tiro. Meu pai tinha mandado matar meu tio.

– Nossa...! Eu sinto muito - diz a garota, surpresa.

– Não sinta. Eu amo os dois, mas até hoje não sei qual deles é o meu pai. É uma história complicada, que nunca se resolveu, e que envolve minha mãe. Minha mãe morreu quando eu nasci, fui criado pelos dois sem nenhuma diferença. E agora você sabe por que não apoio todas as atitudes do meu pai.

– Nossa, isso é... diferente.

Ele ri e olha para frente, em silêncio.

– E como você se sente em relação a essa situação? Quer dizer, se você não sabe o final, como sabe que esse é realmente o seu pai? – pergunta ela.

– Se eu soubesse, não ia adiantar muita coisa. O outro está morto, não é? Assim como o meu passado.

Thaís fica quieta. Sente-se confusa com tudo que está sentindo. Não sabe se sente pena, medo ou raiva. Alexandre é alguém que a surpreende sempre. Ela se vira para ele, uma pergunta formando-se em sua mente.

– E um teste de DNA? Você nunca pensou em fazer?

– Pensei, mas eles são idênticos, gêmeos univitelinos. Não adiantaria muito.

– Ah... É verdade.

– Não há muito que se fazer. É melhor deixar as coisas como estão, pelo menos por enquanto.

– Vamos mudar de assunto, então – diz ela. – Lembra quando você me disse que poucas coisas o mudariam? E eu perguntei quais seriam... Você não respondeu, disse que talvez outro dia. Hoje já é outro dia?

– Coisas que me mudariam... – Ele olha para frente, pensativo. – Acho que se eu conhecesse alguém... Alguém por quem eu faria tudo, trocaria tudo.

– Deixaria até mesmo de ser o herdeiro do governo?

– Se ela valesse a pena, sim.

– E você já a encontrou? – Ela está curiosa e não percebe o impacto da sua pergunta.

Ele não responde. Continua olhando para frente. Sua mente está confusa com Thaís. Nunca imaginara encontrar alguém como ela. Por sua vez, Thaís está se sentindo estranhamente confortável ao lado de Alexandre. É claro que isso não devia acontecer. Ele é um inimigo, mas então por que se sente assim?

Nesse momento, Alexandre faz uma coisa que ela não espera: segura a mão dela. Thaís olha surpresa para ele, que retribui com um sorriso.

– Isso te incomoda? – pergunta ele.

Thaís fica quieta. Sabe que se disser que sim, estará podendo se colocar em risco. Se disser que não, estará sinalizando que ele pode continuar com aquilo. Ela sabe que ele não quer somente ser um amigo. Não é boba, e entendeu todas as indiretas que Alexandre tinha dado. E, claro, a história dele impressionou bastante. Mas precisa dar uma resposta.

– Não, não incomoda. – Ela sorri, ainda nervosa por dentro.

– Que bom. Você é muito legal, Thaís. Diferente das outras garotas.

– Obrigada. Mas não precisa exagerar.

– Não estou exagerando. É sério. Você tem algo que não sei explicar. Misteriosa, gentil, sabe escutar. Mas eu percebi uma coisa...

– Que coisa?

– Você não gosta de falar muito sobre o que você está sentindo. Mas seu rosto mostra.

– Mostra?! – Ela sente medo de repente, apesar de, no fundo, saber que pode confiar em Alexandre.

– Sim. – Ele ri. – Mas não se preocupe. Eu não teria notado se não tivesse te olhado bastante.

– Quando?

– No dia em que estive em sua casa. Desculpa, mas... Senti algo diferente em relação a você, logo quando você falou comigo. Parecia que meu corpo e minha mente tinham tomado um choque para despertar.

Thaís balança a cabeça e baixa o olhar.

– Posso te perguntar o porquê? – indaga ele.

– O porquê sobre o que?

– Por que você não gosta de falar sobre o que sente.

Ela hesita por alguns segundos, suspira e responde:

– Medo, talvez, de me machucar. Medo de confiar nas pessoas e elas me traírem.

– Você se sente assim agora, comigo?

Thaís fica em silêncio mais uma vez. Não entende como Alexandre consegue fazer isso, deixá-la nervosa e tranquila ao mesmo tempo. Inexplicavelmente, a resposta da pergunta dele é simples:

– Por mais estranho e incomum que pareça, confio em você.

Ele sorri e diz:

– Obrigado. – Alexandre respira fundo. – Sei que parece estranho eu aparecer assim. Não espero realmente que você entenda ou aceite tudo isso agora. Eu realmente senti algo diferente em relação a você, por isso decidi vir vê-la. Era estranho, porque, nesses últimos dias, você não saía da minha cabeça.

– Eu... – ela tenta falar, mas ele a interrompe.

– Não, deixe-me terminar. Decidi vir vê-la, mas quando cheguei aqui, a vi com seu primo. Por um momento achei que fosse seu namorado, e lembro de ter sentido ciúme, mas não sabia como explicar aquilo para mim mesmo. Como você tinha conseguido fazer isso comigo? Depois que você disse que ele é seu primo, gargalhei por dentro. Senti como se tivesse sendo libertado.

– Alexandre, eu... Não sei o que dizer... – murmura ela.

– Só te peço que me diga uma coisa. Você acha que existiria alguma chance para nós algum dia? Não agora, claro, mas quando você se acostumar com a ideia. Se a resposta for não, vou entender, mas peço que me deixe ao menos ser seu amigo. Se sim, mas não agora, que pelo menos me permita ficar perto de você.

Thaís mantém o silêncio. Sua mente está confusa e assustada com a quantidade de informações recebida nos últimos minutos. Ela não esperava por aquilo tudo. Não sabe que resposta dar. Se negar, não poderá mantê-lo longe. Mas se aceitar, sabe que estará dando falsas esperanças para ele.

E, no entanto, ela tem que pensar naqueles que ama. Dizer não significa a presença constante de um militante do governo na sua vida e no seio da sua família. Dizer sim significa uma briga com Renato, e Thaís não quer isso, quando tudo está tão bem. Mas o que pode fazer? Com o sim, pelo menos pode tentar mantê-lo um pouco afastado da sua casa, com a desculpa de que precisa pensar... E então se decide.

– Olha, preciso de um tempo para absorver tudo isso. Se for para existir algo entre nós, não será agora.

– Tudo bem, obrigado.

Alexandre mantém a mão dela presa entre as suas. Sente-se aliviado. Não fora correspondido de fato, mas também não era um não.

– Que horas são? – pergunta ela.

– Cinco horas.

Thaís se levanta apressada, limpando-se.

– Tenho que ir. Meu primo chegará logo. Tchau.

– Verei você amanhã? – pergunta Alexandre, com olhos esperançosos. Ela o encara por um instante.

– Tudo bem. Na mesma hora?

– Seria ótimo. Eu vou te levar a um lugar amanhã, ok?

Ela sorri e concorda.

– Tchau – diz ela.

Alexandre levanta-se e a beija no rosto.

– Até amanhã.

Thaís sorri e vira-se para ir embora. Ele a observa ir, um sorriso estampado no rosto. Ela caminha calmamente, mas com o coração batendo acelerado, e assim que Alexandre não pode mais vê-la, Thaís, com lágrimas escorrendo pela face, começa a correr em direção a casa.


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Notas finais do capítulo

Uhhh... O que acharam? Não vou falar muito, ok? Só agradecer a Spy Kid e Gabriel Lucena pelos comentários!
Beijoos e até a próxima!



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