P.S.: Koishiteru escrita por Izzy Hojou


Capítulo 2
Capítulo 2 - Guardar ou revelar?


Notas iniciais do capítulo

Entrando no Colégio Vera Cruz, Izzy quer pedir ajuda aos antigos amigos de Shima. Mas como fazer para eles acreditarem?



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Izzy Hojou foi subitamente acordada. Havia adormecido no chão do quarto de recuperação esperando alguma reação de Shima.

– Hojou, levante. Você vai tomar o lugar do Shima nas operações de infiltração - era a Comandante em pessoa - Venha.

Izzy teria de vigiar os escudeiros do Colégio Vera Cruz, assim como Renzou havia feito. Partiu ainda naquela manhã, com a papelada para o curso de exorcismo e para a entrada no Colégio. Chegando ao Vera Cruz, sentiu um arrepio por todo o corpo, mas entrou mesmo assim. Conseguiu um quarto no mesmo bloco onde residia a Kamiki, e entrou na aula comum do ensino médio.

– Agora eu vou ter que voltar pra essa porcaria de aula de história. História é um saco. Eles falam, falam e falam e eu não entendo nada - reconheceu a voz, era Okumura Rin, seguido por um garoto que parecia um grande medroso.

– M-mas, Okumura, história é importante para nossa formação... Ah... - o garoto cruzou olhares com Izzy e ficou roxo, sentando-se bem longe dela. Rin, pelo contrário, acabou sentando exatamente ao lado da Hojou.

– Aluna nova? Qual seu nome? Veio de onde? - Rin parecia muito receptivo a estranhos, e Izzy terminou por responder a algumas das perguntas.

– Prazer, Izzy Ho... Homura - hesitou. Não podia dizer que era uma Hojou, o rapaz-demônio contaria imediatamente aos outros colegas, e tanto o Miwa quanto Ryuji certamente desconfiariam, apesar de nunca terem chegado a conhecê-la pessoalmente - Eu vim transferida de outra escola para poder fazer o curso de exorcismo.

– Mais uma exorcista! Que bom. Depois do que aconteceu com o Shima... - o rapaz ficou triste de repente - ele era um traidor. Deixou a gente para se juntar à Illuminati. Ele... - Rin abaixou a cabeça. Uma gota caiu sobre os papéis na mesa.

–E se ele não fosse um traidor...? - não devia ter dito aquilo, mas continuou a falar - E se ele não tivesse escolha? Se fosse salvar a quem ama? - lembrou-se da noite em que Renzou partiu, e lágrimas correram por seu rosto, mas a Hojou escondeu-as rapidamente.

– Você acha? O Shima poderia ter entrado para a Illuminati pra proteger o Koneko e o Suguro?

Mas a conversa foi interrompida pelo professor de história e pela própria matéria. Foram seis exaustivas aulas sobre o Renascimento ocidental, e ao final, Okumura Rin babava entre as folhas do caderno, ao passo que Izzy havia copiado todas as explicações e feito comentários para que o híbrido lesse seu caderno depois.

Rin e Izzy seguiram para o refeitório, onde encontraram Suguro, Miwa, Shiemi, Izumo e Park. Ryuji fitou a Hojou longamente.

– Rin, quem é essa?

– Ela vai entrar para o curso de exorcismo conosco. Mudou até de colégio apenas para isso - deu um tapinha amigável no ombro da nova colega - senta com as meninas. A Park também fazia o curso, mas desistiu.

– Foi demais para mim - a garota sorriu com olhos e lábios. E Izumo a olhou em reprovação.

– Mais uma pra fazer concorrência - revirou os olhos - Pois bem, que titulo vai querer?

– Amestradora. Nasci com uma companhia especial alguns anos antes da Noite Azul - isso era verdade. Aliás, Izzy iria pedir ajuda assim que fosse oportuno, mas infelizmente seria obrigada a fazer relatórios diários sobre o grupo, assim como Shima fazia até pouco tempo atrás.

– Ah, é? Espero que não seja um homem verde, a erva daninha aqui - Izumo apontou para Shiemi - já tem um - e enfiou um bolinho de feijão na boca.

– Não... - Izzy ficou pensando se teriam aula de amestração depois, e rezava para que não tivesse.

Mas não foi o que aconteceu. A aula de amestração veio. O professor queria saber em que passo as amestradoras estavam com seus demônios. Kamiki estava satisfeita com Uke e Mike, que agora serviam-na de bom grado. Moriyama demonstrou como conseguia triplicar o tamanho de seu homem verde e fazer com que a sala de aula ficasse repleta de plantas. O estranho loiro amestrador de bonecos não se pronunciou. E então era a vez de Izzy mostrar o que tinha consigo.

Imploro a vós que me conceda neste lugar a tua presença, que me dê a força de tuas armas e a proteção de teu manto, e que me envie a dádiva da vida, ainda que queira levá-la de mim.

De dentro da sombra da Hojou, surgiu uma caveira coberta por um manto cinzento, envergando uma foice cujo cabo era composto por ossos humanos. A criatura sorria e murmurava coisas inteligíveis.

– Um Shiningami... - Ryuji Suguro deixou a boca se abrir de espanto. Shiemi se escondeu atrás de Rin, e os demais apenas fitaram o demônio amestrado pela novata - Algo tão poderoso quanto o Yamantaka do Shima... Você não estaria aqui para substituir aquele... Traidor, não é? - as palavras foram duramente cuspidas na cara de Izzy.

– Shima... - por um instante , o odor da carne queimada do rapaz passou por suas narinas, e a garota caiu de joelhos, tossindo. O professor correu para ajudar, explicando:

– Você ainda não possui domínio completo sobre ele. Seu corpo precisa se adaptar. Moriyama, você pode ficar encarregada do treinamento da senhorita...?

– Homura, professor. Homura Izzy - ela se levantou e ficou escorada em uma carteira, ouvindo o restante da aula em completo silêncio.

No fim das contas, Izzy acabou dividindo um quarto com Shiemi, para poder treinar. A garota loira e desajeitada lembrava um pouco a si mesma quando mais nova, na época em que mal conseguia fugir de Renzou dento dos templos ainda em reconstrução. Fora assim até ambos terem quinze anos, quando algo aconteceu.

"Ei, Izzy, onde está?"

"Me encontre se conseguir" ela se movia sorrateiramente por entre as pedras do monte.

"Izzy, sério, estamos livres dos deveres, mas você pode se machucar..."

Ele não teve tempo de pensar, apenas notou um vulto pulando sobre si. Estavam com as vestes do templo, e ele não teve tempo de reagir. Quando deu por conta, estava com ambos os pulsos presos pelas mãos de Izzy. Caíram sobre a relva, com ela o prendendo ao chão. A Hojou sorria, com as bochechas rubras e os olhos brilhando. Aproximou-se de Renzou lentamente; ele sentia a respiração quente dela e sua primeira reação, que seria se livrar dela, foi substituída por uma enorme vontade de puxá-la para mais perto. Acabou fechando os olhos, pois estava nervoso. E então sentiu os lábios frios dela unidos aos seus. Eram tão inocentes, estavam alegres por fazer aquilo. Mas um movimento brusco fez com que os dois se desvencilhassem um do outro.

Shima então acordou subitamente. Ainda estava sobre a cama no quarto de recuperação, coberto apenas por uma manta quente. As tênues lágrimas que lhe desciam dos olhos foram rapidamente repreendidas, e ele lutou para se pôr sentado. " Onde está a Izzy? O que fizeram com ela?"

– A garota Hojou foi ocupar o seu lugar no meio daqueles pivetes - a Comandante pareceu ler sua mente - e vai capturar o irmão mais novo de Lorde Lúcifer para nós.

– Não... É bom que não tenham feito nada a ela... - tentou parecer ameaçador, queria se levantar, mas perdeu o equilíbrio e terminou por cair da cama num baque surdo. Ficou ali, sem ser ajudado. Conseguiu então se sentar no chão e teve de olhar a Comandante tão de baixo como um animal acuado.

– Desde quando você é tão passional? Terei que cuidar daquela garota assim que cumprir a missão - parecia repugnada pela visão do rapaz no chão - e você - desferiu um forte chute entre as costelas de Shima - se vista. Terá mais uma bateria de experimentos.

A mulher então deixou o rapaz sozinho na sala. Renzou lutou para se pôr em pé, e conseguiu vestir qualquer coisa que estava ali por perto. Durante os experimentos, a dor era quase apaziguável quando ele lembrava do sonho que tivera. Dessa vez, enquanto gritava de dor, ele chorou. Chorou como se isso fosse a única forma de se sentir livre novamente, chorou pelo que deixou para trás e chorou porque dessa vez, Hojou Izzy não iria curar-lhe todas aquelas feridas e ele não iria sentir o toque dela em seu corpo. Mas desta vez, conseguiu se manter acordado; fazia questão de se manter acordado e cuspir um escarro de sangue na cara de Summers. E foi isso que fez. Quando o doutor determinou que o experimento havia acabado, chegou perto de Shima e sorriu, recebendo uma cuspida de sangue que lhe acertou prontamente a face esquerda. O homem prendeu uma das pinças diretamente ao pescoço de Renzou e o eletrocutou por cinco minutos. Ao fim, deixou o rapaz ali, meio vivo, meio morto, e ordenou que ninguém se aproximasse dele por dois dias.

Ao final desse período, Shima já havia desistido de viver. Também desistiu de segurar o que sentia. Chorou como criança e se arrependeu amargamente de ter entrado para a Illuminati. Murmurou a Izzy para que voltasse, implorou para ser solto. E afinal, lembrou-se de que era apenas um humano com o poder de invocar uma fera poderosa, que era apenas um peão no meio de tantos sargentos e comandantes, enquanto que no Colégio Vera Cruz era um irmão, querido por todos e reconhecido por ser um mulherengo inveterado. Ele era feliz.

E ela havia finalmente conseguido invocar o Shiningami e permanecer em pé. Izzy notou que o demônio se separara da sua sombra. Era bom sinal. Logo ela poderia pedir ajuda aos escudeiros e salvar Renzou. O Okumura era o mais receptível a aceitar o pedido de ajuda, mas o irmãos mais novo, Yukio, que também era comandante do grupo e professor de farmacologia antidemônios, era mais desconfiado e agressivo. O grupo fez algumas pequenas missões de contenção de aparições e purificação de ambientes, e o poder de Izzy foi utilizado para curar infestações e doenças. Haviam se passado cerca de dois meses desde que ela fora mandada para se infiltrar na Vera Cruz; há dois meses não tinha notícias de Renzou. Não sabia se ele ainda estava vivo, pois o pessoal da Illuminati não permitia que ela tivesse qualquer notícia do rapaz.


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