A Punhalada escrita por Violet King


Capítulo 1
Quando Um Estranho Chama


Notas iniciais do capítulo

Olá! Esse será um capítulo teste, que significa que se gostarem, é só comentar que eu continuo. E se houver algum erro, me falem que eu arrumo, pois não tive tempo de revisar. Ah, e boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/640001/chapter/1

Era à noite. Carly estava sentada no sofá, assistindo um filme que passava na TV – Jogos Mortais para ser especifico. Suas pernas estavam dobradas em forma de pretzel e no meio delas havia uma tigela de pipoca. Ela pegou um pouco do alimento crocante e levou até boca.

A garota era uma bela estudante de cinema da universidade de Windsor e fazia parte da fraternidade Omega Beta Zeta. No momento, estava sozinha na casa da irmandade, cuidando do lugar enquanto suas irmãs se divertiam e ficavam bêbadas em uma festa acontecendo numa fraternidade próxima dali.

A jovem universitária tinha longos cabelos castanhos escuros e uma franja despenteada que caia suavemente sobre seus grandes olhos. Seu rosto era fino e pálido. Ela vestia uma regata rosa e um jeans simples.

Subitamente, o telefone sem fio sobre a mesinha de pino ao lado do sofá tocou. Carly esticou o braço, apanhou o aparelho e atendeu a ligação:

– Alô?

Alô – disse uma desconhecida voz masculina do outro lado da linha.

– Quem fala?

Com quem estou falando?

Com quem deseja falar?

Com uma garota que mora aí.

– Bom, ela não está. Todo o pessoal daqui saiu para uma festa. Quer deixar recado?

Talvez seja você com que eu queira conversar.

– Quem está falando?

Um admirador secreto.

– Desculpe, mas não tenho tempo para joguinhos. Estou ocupada.

É mesmo? O que está fazendo?

Assistindo um filme.

– Que tipo de filme?

De terror.

Você gosta de filmes de terror?

– Sim. São os melhores.

– E qual é o seu filme de terror favorito?

– Hmm... – a estudante pensou. – Premonição.

– Aquele em que a morte persegue adolescentes burros?

– Esse mesmo. Qual é o seu filme de terror favorito?

A Punhalada. Gosta desse?

Gosto, mas só do primeiro. As sequências são horríveis.

Você sabia que a trilogia foi baseada em histórias reais?

– Seria impossível não saber. Moramos no campus de Windsor, cenário de um dos massacres que A Punhalada se inspirou. As pessoas vivem comentando sobre isso.

– Também sabia que hoje completa 20 anos desde os assassinatos em Windsor?

– Claro. É por isso que estão dando uma festa numa das fraternidades. Querem “comemorar” – a universitária respondeu. – Por que faz tantas perguntas?

Sou um pouco curioso – o homem do outro lado da linha disse aos risos.

– E eu sou impaciente. Vou desligar.

– Pelo jeito você prefere ver Jogos Mortais a conversar.

Ao escutar aquela frase, um arrepio percorreu o corpo de Carly. Seu coração começou a martelar furiosamente e o medo a tomar conta de si, bloqueando sua garganta.

– O que foi? O gato comeu sua língua? – ele perguntou com um tom de voz malicioso.

– Como sabe que estou vendo esse filme? – A garota levantou e se aproximou de uma das janelas, girando a cabeça de um lado para o outro, procurando ao redor o individuo misterioso lá fora. Nenhum sinal dele.

– Porque eu estou te assistindo. Você está no meu filme de terror.

– Onde você está?

– Dentro da casa.

De repente, Carly entrou em pânico. Com o estranho ainda na linha, caminhou rapidamente – quase correndo - pelo hall que dava para a entrada da residência. Ela precisava sair imediatamente dali. Ao destrancar a porta e abri-la, se deparou com um homem. A jovem levou um susto, dando um gritinho, porém, no mesmo instante, ficou aliviada ao ver quem era: seu namorado, Adam. O rapaz estava de pé na varanda, segurando um celular próximo ao ouvido, com um sorriso no rosto.

– Surpresa, Carly – ele e o cara do outro lado da linha disseram ao mesmo tempo.

A garota o fitava, pasma, ligando os pontos.

– Seu idiota! – ela avançou furiosa, dando os mais fortes tapas que conseguia contra o peito do namorado, que em vez de causar dor, lhe causava gargalhadas, como se estivesse fazendo cócegas. – Eu não acredito que era você me ligando! Você não passa de um cuzão!

– Me desculpa – Adam falou assim que Carly parou de agredi-lo, cansada. -Foi só uma brincadeira.

– “Uma brincadeira”?! Você quase me matou de susto!

– Foi mal. Eu só queria que entrasse no clima. Até baixei um aplicativo que modifica a voz pra ficar igual a do Ghostface.

– O que você está fazendo aqui? Não devia estar “comemorando” como o resto da faculdade?

– Não tem graça sem você – ele respondeu, segurando o queixo da namorada com delicadeza. - E já que não pode ir para a festa, resolvi te fazer companhia. Não é seguro ficar sozinha em casa numa data como essa. Existe maluco para tudo. Mas se quiser que eu vá...

– Não! – Carly disse mais rápido do que esperava, ainda com medo. – Fica, por favor.

– Tem certeza?

– Depois de me deixar apavorada, você tem a obrigação de ficar comigo.

– Tudo bem – o rapaz falou aos risos. – Já que insiste...

Em seguida, os dois entraram no casarão e trancaram a porta.

Adam também era aluno da universidade de Windsor. O rapaz conseguira uma bolsa de estudos como atleta, jogando futebol americano. Por praticar tal esporte, era grande e forte como um touro, além de ter uma beleza estonteante. Possuía cabelos negros como carvão, sobrancelhas grossas, olhos claros e um sorriso que exibia seus dentes branquíssimos e perfeitamente alinhados. No momento, vestia uma camisa simples por baixo da jaqueta do time do qual fazia parte e um jeans.

– O que tem para comer? – Adam perguntou, acomodando-se no sofá. – Estou morrendo de fome.

– Só porque quero que fique aqui, não significa que não estou mais brava com você. Então é melhor deixar de ser folgado senão o próximo estudante do campus a ser assassinado é você – a garota o ameaçou de brincadeira.

– Qual é! Quebra esse galho pra mim, por favor. Passei a maior parte do dia treinando e a única coisa que quero é aquele sanduíche que apenas você sabe fazer.

– Está bem – ela falou indo para a cozinha. - Mas é melhor não se acostumar.

– Você é a melhor!- disse ele.

Carly abriu a geladeira, pegou os ingredientes para o lanche e colocou-os sobre o balcão. De repente, o telefone da cozinha e o da sala tocaram simultaneamente.

– Eu atendo! – a jovem avisou o namorado, pegando o aparelho preso na parede e pondo-o perto do ouvido. – Alô? – silêncio. – Quem é?

Eu sou a última pessoa que você vai ver na sua vida! – disse alguém com a voz de Ghostface.

– Já chega, Adam! Acabou a graça!

E quem disse que sou o Adam?

Naquele momento, um frio percorreu por sua espinha. Assustada, a universitária se dirigiu até a sala de estar para certificar de que realmente não era seu parceiro no outro lado da linha e o encontrou assistindo TV tranquilamente. Nenhum celular em mãos. Ao notar o rosto da garota empalidecer, o rapaz ficou em pé, intrigado, com uma expressão de quem pergunta: “o que está havendo?”.

Antes que Carly pudesse responder, Ghostface - um ser usando vestes pretas, máscara branca de um fantasma que lembrava a pintura “o grito” e uma reluzente faca de caça em mãos – surgiu de trás do sofá e surpreendeu o atleta com um golpe nas costas. Adam arregalou os olhos enquanto sangue transbordava de sua boca e escorria pelos cantos. O assassino retirou o objeto afiado das costas do jogador, que caiu de bruços sobre o carpete.

– Não! – a universitária gritou, levando a mão à boca enquanto lágrimas deslizavam por seu rosto. Ela gostaria de ter feito algo pelo companheiro, no entanto, não havia mais nada o que fazer a não ser salvar a própria vida.

O mascarado ergueu sua arma, limpando a lâmina coberta de líquido rubro, e com movimentos ágeis, partiu para cima da jovem. Instintivamente, Carly disparou para as escadas, imaginando que se tentasse fugir pela porta da frente seria morta, perdendo tempo ao tentar destrancá-la tirando os trincos. E por mais que subisse os degraus com rapidez, Ghostface estava em seu encalço.

Ela entrou no banheiro e fechou a porta um segundo antes que o psicopata conseguisse alcançá-la, o trancando para fora. A maçaneta começou chacoalhar freneticamente, porém, depois de um tempo, parou. Silêncio absoluto.

– O que você quer de mim?! – a garota berrou aos prantos.

BLAM! BLAM! BLAM!

Inesperadamente, ouviu-se batidas violentas contra a porta, como se estivesse tentando ser arrombada.

Carly pegou o celular do bolso de sua calça com as mãos trêmulas e discou para a segurança do campus.

Seguranças do campus – atendeu uma mulher.

– Socorro! Aqui é da Omega Beta Zeta... – Carly falou soluçando, desesperada. - Tem um homem vestido de Ghostface querendo matar! Ele atacou meu namorado que acho que está morto... Por favor, venha logo!

Senhorita, hoje já recebi dezenas de ligações iguais a sua. Se isso for um trote...

– Não é a porra de um trote! – a estudante explodiu.

– Que barulho é esse? – a moça do outro lado da linha perguntou ao ouvir algo. Agora, o maníaco esfaqueava a porta, abrindo um buraco que ficava cada vez maior.

Oh, meu Deus! Ele vai me matar!

– Fique calma, ok? Estarei aí em um minuto – a mulher prometeu.

Carly sabia que a segurança não chegaria a tempo, e se quisesse sobreviver, tinha que sair dali. Ela olhou ao redor e sua única opção era fugir por uma pequena e estreita janela que havia no alto daquele cômodo. Então, baixou a tampa da privada e subiu nela, depois na caixa, para se espremer pela apertada passagem.

Metade de seu corpo já estava do lado de fora, faltando apenas as pernas, quando o assassino abriu um buraco com tamanho suficiente para colocar o braço e destrancar a porta por dentro. Carly olhou para baixo, notando o quão alto estava do chão. Mesmo com medo, pulou sem pensar duas vezes no instante em que Ghostface invadiu o banheiro.

A garota aterrissou no gramado com um forte baque. Estava desnorteada. Tudo ao redor parecia girar. Assim que se recuperou da tontura, reuniu as forças que ainda tinha e levantou, sentindo uma intensa dor vinda de seu tornozelo – que torceu ao atingir o chão -, impedindo-a de correr. Ela começou a mancar o mais depressa possível para fraternidade Delta Lambda Zeta, que ficava próxima dali, onde estava havendo uma festa.

– Socorro! – bradou a plenos pulmões, chorando. – Alguém me ajude!

Ao olhar para trás, viu o mascarado correndo em sua direção, se aproximando mais e mais, até que ele a agarrou e cravou o objeto afiado em seu peito, puxando em seguida. Carly caiu de costas no chão, arfando, agonizando enquanto perdia sangue. Era seu fim. Estava ciente disso. Ghostface ajoelhou-se em cima dela.

– Por favor, não – a jovem implorou instintivamente, mesmo sabendo que não adiantaria de nada.

Com a mão desocupada, o psicopata pegou um aparelho escondido em sua fantasia e aproximou da boca.

– Não era você que gostava de filmes de terror? Pois agora você está no novo A Punhalada.

Ela soltou um último grito quando o maníaco ergueu a faca e deu o golpe fatal que a silenciaria para sempre.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Bom, se gostaram, favoritem, acompanhem e comentem para eu saber que estão lendo - isso também vale para os leitores fantasmas.