POV Carlisle

Hoje o dia estava cheio.O que era raro.Parece que um trem descarrilhou na cidade vizinha,mas o hospital de lá estava cheio,então eles começaram a mandar alguns pacientes para cá.A situação só começou a se normalizar por volta da meia noite.O necrotério nunca esteve tão cheio,e era meu turno de ficar lá.Não era meu lugar preferido no hospital,mas nem sempre era possível fazer o que se queria.Fiquei cerca de meia hora La,até ouvir alguns médicos e enfermeiros gritando “Emergência”,corri lá para cima,achei que iriam precisar de ajuda,mas quando iria entrar na sala,uma enfermeira saiu de lá.

-Doutor Cullen,não a nada para se fazer.-ela diz e eu olho para dentro da sala.Já estavam colocando um lençol sobre seu corpo,aparentemente sem vida.

-O que aconteceu com ela?-pergunto para a enfermeira.

-Aparentemente,suicídio.Achamos que ela se jogou de um penhasco,olhamos nos registros,ela era uma viúva de guerra.Pelo jeito não suportou a perda.-ela diz e outro médico sai da sala.

-Carlisle,pode me ajudar a leva-la para baixo?-ele pergunta apontando para a sala.

-Claro.-eu digo e entro la´.

O cheiro do sangue dela havia dominado a sala.E pór mais impossível que possa parecer,eu conhecia aquele cheiro,só não lembrava de onde.

-É realmente uma pena,ela era tão jovem.-o médico diz.

-A enfermeira Mona disse que aparentemente era suicídio.Já chegou aqui morta?-eu pergunto,mas sabia que ela não estava morta,podia ouvir seu coração batendo.Estava fraco,mas ainda batendo.

-Na verdade ela não esta morta,mas...Não a nada que possa ser feito.Sua coluna está em pedaços,assim como vários outros ossos do seu corpo,ela perdeu muito sangue,e vários outros problemas encontrados.- ele diz.-Vamos leva-la logo.

Assim a carregamos até o necrotério ,seu coração estava cada vez mais fraco,ela morreria em pouco tempo.

-O que será que faria uma mulher tão jovem e bonita se matar?-ele me pergunta enquanto a carregamos.

-Mona disse que ela era uma viúva da guerra,acho que não suportou a perda do marido.-eu digo.

-Ok,ela perdeu o marido,mas vai deixar o filho órfão.-ele diz.

-Como você sabe que ela era mãe?

-Ela teve um filho não faz muito tempo,nem uma semana.Ela ainda está com um pouco de barriga de gravidez.

-Bom,não sei então.Acho que nunca vamos saber.-eu digo e chegamos no necrotério.Colocamos a maca próxima a janela;

-Ainda é seu turno aqui?-ele me perguntou,já se dirigindo para a porta.

-Sim,mas já está acabando.

-Bom,até amanhã então.-ele diz.

-Até.-eu digo e ele vai embora.

Me voltei para a maca que tinha acabado de chegar.O lençol já estava cheio de sangue,e ela ainda respirava.Não sei como ainda estava viva,mas estava.Cheguei mais perto.O cheiro de seu sangue era doce,e eu já o conhecia,mas de onde?

Devagar,puxei o lençol que cobria seu rosto.Quase cai para trás.Era Esme.A adolescente que cuidei a alguns anos atrás,a jovem e alegre Esme agora morrendo.Eu sabia que já conhecia aquele sangue,e não conseguia acreditar que ela havia tentado se matar.Ela estava ainda mais linda do que eu me lembrava,claro que agora ela era uma mulher,não era mais aquela garota que quebrou a perna depois de cair de uma árvore.Eu não podia deixar ela morrer daquele jeito.

Subi correndo até a recepção para avisar que eu estava indo embora.Sai pela porta da frente como sempre para ninguém suspeitar,mas dei a volta no hospital e entrei novamente pela janela do necrotério.A peguei no colo e coloquei a no carro.Dirigi o mais rápido que aquele carro permitia e em cerca de 15 minutos já estava chegando em casa.

Edward já devia ter ouvido meus pensamentos,por que já estava na porta da frente da casa.Desliguei o carro e a peguei no colo novamente,a levando para dentro da casa.

-Você não pode fazer isso.-ele diz me seguindo.

-Por que não?-eu pergunto.

-Ela não merece isso,Carlisle.Ela já sofreu muito,não pode fazer isso com ela.-ele argumentou.

Eu a deitei no sofá e passei a mão por seu rosto,não restava muito tempo.Eu precisava fazer isso agora.

-Eu preciso fazer isso.-eu digo para Edward.

-É ela?A tal garota que você tanto pensa?

-Quando você vai parar de ler meus pensamentos?

-Nunca.Carlisle,se você gosta tanto dela,não pode fazer isso.Não pode condena-la a essa vida.

-Eu não posso deixa-la morrer.Nunca desisti de procura-la.E agora,eu a achei,simplesmente não posso deixar que acabe assim.

-Pode.Você pode.Você já viu milhares de pessoas morrerem,ela será mais uma.-ele diz,mas ele não ia me fazer mudar de idéia.

-Ela nunca foi só mais uma,ela é única.Eu não vou deixar ela morrer,não vou.

-Por que você acha que ela tentou se matar?Pensa nisso ,Carlisle.Ela não queria mais viver,ela estava cansada de sofrer.Deixe ela,se você a ama ,deixe ela.

-Você ouviu o que eu disse?Eu não posso deixa-la morrer.

-Ok,mas já pensou na possibilidade de ela não gostar de você da mesma forma que você gosta?Ou de ela te odiar por ter transformado ela em um monstro?

-Preciso correr esse risco.-eu digo e chego mais perto dela.

Seu sangue era ainda mais doce do que eu imaginava,e foi muito difícil parar.Ela gritava de dor.Eu sabia que aquilo era horrível,que a dor era insuportavel.Mas eu não podia fazer nada para ela sentir menos dor,só esperar que aquilo acabasse.

Peguei sua mão e a beijei.

-Já vai passar minha querida,já passa.-eu digo em seu ouvido,enquanto ela gritava,e Edward me olhava com cara de desaprovação.

Mas agora já estava feito.Esme seria uma vampira.Só espero que um dia ela me perdoe por te-la transformado nisso.Espero que Edward não esteja certo.Eu não a deixaria sofrer novamente o que quer que ela tenha sofrido antes,mas se ela quisesse partir,eu não poderia fazer nada para impedir.Meus pensamentos foram interrompidos por mais um grito de Esme.

-Só depois,se isso não der certo.Não venha me dizer que eu não te avisei.-Edward diz e pega a mão de Esme.

3 Dias depois...

Ela parou de gritar.Ficou imóvel.Ja devia estar no fim,em pouco tempo ela despertaria.Edward entrou no quarto.

-Acabou?

-Quase.Ela já vai acordar.-eu digo e observamos ela começar a mudar.

Sua pele começou a perder a cor,seu cabelo ficou mais claro e brilhante.Seus ossos começaram a normalidade.Sua barriga de grávida havia desaparecido,assim como os diversos cortes que seu corpo tinha.Seu coração estava acelerado,e sua respiração ofegante.Até que ela respira profundamente,e seu coração para.Alguns minutos depois ela abriu os olhos,vermelhos.

Finalmente,sua transformação chegou ao fim.