Cadê os Bombeiros? escrita por Juliana Rizzutinho
Notas iniciais do capítulo
Olá, garotada! Desde já, agradeço a acolhida para o spin de Chamem os Bombeiros, o Cadê os Bombeiros? Saibam que a cada one é para atender aquela pulguinha atrás da orelha que ficou sobre o destino de alguns personagens marcantes na trama. Pois bem, com os convidados de hoje, não será diferente! Quer conhece-los? Então, bora!
— Anotou tudo? – indago.
— Anotei. – ela me responde. E não é qualquer “anotei”, é um “a-no-tei!”, com sílabas separadas (ou quase).
Vou ser franco, estou adorando ter a Juliana como secretária. Apesar de que ela bem poderia ser mais submissa. Bem, submissa não seria a palavra correta. Respeitar mais a hierarquia? É, pode ser.
— Mais alguma coisa, Murilo? – ela pergunta.
Fico imaginando a cara da minha secretária, com a boca entortada, uma postura displicente e fazendo caretas pelo celular.
— Não! Fique tranquila.
— Tá!
Quer ver quebrar as suas pernas? Observe.
— E Juliana...
— Sim?
— Estou muito contente em poder trabalhar com você. Acredito que fazemos uma dupla em tanto, não?
E a resposta? Silêncio. E quando acho que vai ficar constrangedor, ela diz:
— Eu também, Murilo.
Viu? Disse que iria quebrar as suas pernas! Não quero provoca-la, longe disso. E não é de propósito. Muito menos, me sinto superior a esta garota que é viva como uma raposa. Um tanto marruda, concordo, mas tem bom coração, é atenta, inteligente.
— Bom, amanhã estarei por aí, certo?
— Ok! Hum... Murilo. – a Juliana faz uma pausa e depois completa: - Posso ficar na sua sala, certo?
— No tanto que você não vasculhe as minhas coisas...
— E por que faria isso?
— Não sei! É um palpite. – disparo.
— Não faz sentido.
— Também acho e nenhum! Bom, vou indo.
— Beleza, então! Boa-noite e até amanhã. – ela se despede.
— Até amanhã! E...
— E... – me encoraja.
— Juízo, hein?
— Hum!
Você sentiu que esse “Hum” traduzido seria um “Vá à merda!”? Bem, foi isso que percebi, mas enfim...
Desligo o celular e volta à mesa com os negociadores. Tempos difíceis, meu caro! Economia quase quebrada, preciso me virar para angariar dinheiro para o jornal. Como tenho boa lábia (modéstia parte), procuro negociar com alguns empresários. Mas fique entre nós, certo? Depois irão dizer por aí que a imprensa é comprada e não é bem assim que acontece...
Jantamos e discutimos um meio de inflar dinheiro na Folha da Manhã. Bem, terminado o compromisso, volto para hotel. Sim, estou fora de São Paulo, em uma cidadezinha do interior, aliás,... Não é mais uma cidadezinha. Não vou entregar mais informações, afinal, sou assim: sigiloso.
Sugestão de trilha: Ambrosia – Biggest part f me
Estou jogado na cama, de roupão, verificando os e-mails com mais calma e tomando vinho. Para ser mais específico, Malbec porque é encorpado e suave. Quarto à meia-luz, sintonizo em uma rádio em que toca flashback e músicas suaves e deixo-a baixinho.
Quando sorvo um gole da bebida, escuto o som característico da chegada de uma mensagem no whatsApp. Respiro profundamente e mesmo contragosto, saco o celular. E para minha surpresa é ela...
“Ocupado?”.
“Não exatamente! Mas você precisa de algo?”, respondo.
A vejo digitando. Fico na espera e bebo mais um gole de vinho.
“Bem, queria falar com você. Posso mandar um áudio?”, me indaga.
E digito:
“Quer que eu ligue?”.
Silêncio. E como sempre, aquele que chega a ser constrangedor. Ou não. Ou quando ela fica em dúvida, demora a responder. Alguns minutos depois...
“Sim!”.
E quando vou procurar o seu contato no celular, ela manda outra mensagem.
“Ligue pelo whats, oras! Não paga nada!”.
Dou aquela respirada profunda, porque, né? Ela é complicada, mas é o jeito só seu.
Ligo e, quase automaticamente, me atende.
— Diga, garota!
— Posso te fazer uma pergunta?
— Claro! Sem problemas!
E o questionamento vem tão repentinamente que me assusto:
— Sou grossa com você?
Agora esta garota me pegou.
— Juliana, por que este surto?
— Não sei. Me sinto culpada, mas não sei exatamente o porquê. Sabe, vou ser bem sincera. Posso?
— Ué? E em alguma vez a proibi de falar?
— Não é isso exatamente! É que... É que...
— Te intimido?
— Não é isso!
Uau, tentei ser generoso com ela, posso? Mas enfim, a ajudo a desabafar.
— O que seria então?
— A princípio sempre achei que poderia chegar ao cargo de Editora-chefe.
Hum, é isso! Bem, isso lá é verdade. Ela tem mais capacidade do que eu para apagar um incêndio. Apesar de que também consegue ser mais incendiária quando está nervosa, acuada e brava. Ou não.
— Eu sei disso.
— Que ótimo! – a Juliana diz irônica.
— Mesmo assim, quem é o chefe sou eu.
E ela diz de um modo bem fraco.
— Infelizmente.
— O que foi?
— Nada!
— Mas isso que te incomoda...
— Não gosto de receber ordens!
Agora levo um tremendo luva de pelica.
— E pensa que não sei? – retruco.
— Então...
— Jú, pense que você é minha assessora.
— De imprensa? Quer que aumente sua visibilidade?
— Não foi isso que quis falar. – agora digo de uma forma firme.
— Então, o que seria? – ela me provoca.
— Sei que não cheguei aqui por méritos próprios, mas já que estou neste cargo, conto com a sua ajuda para fazer da minha gestão a melhor.
E a resposta? Silêncio! Esta pequena fera é assim. Gosto de quando ela dá aqueles berros, porque é mais fácil lidar. Porém, quando fica silenciosa... Meu amigo, fuja!
— Se é assim que deseja...
— Vamos fazer o seguinte? Que tal almoçarmos juntos amanhã, como... amigos?
— Quero comida japonesa! – diz convicta.
É assim que espero que ela aja.
— Tudo bem! E você que escolhe o lugar.
— Longe do jornal para começarmos a nos conhecermos melhor. – ela me propõe.
— Mas eu conheço você.
— Sério? – ela provoca mais uma vez de modo debochado.
— E por que não? Só que, você não consegue me ver de modo diferente do redator, sobrinho do seu ex- chefe e agora, seu chefe. Sou mais que isso.
Até me estranho dizendo essas coisas. E espero sinceramente que ela acredite, porque não posso crer em mim mesmo que falo tudo isso.
— E você está disposto a mostrar?
— Óbvio! Amanhã assim que chegar em São Paulo te envio uma mensagem. Trabalhamos durante a manhã e quando der meio-dia, vamos ao restaurante que você quiser!
— Que bom, Murilo, até porque aqui...
Não a deixo terminar e informo:
— E faço questão de pagar.
“O que você está fazendo, Murilo Laerte? Querendo comprar essa pequena onça com comida? Ótimo plano!”, penso. E quer ver que ela irá fazer um discurso como: “Não dependo de homem nenhum para pagar o meu almoço porque...”
— Agora sim, eu topo!
Mas essa Juliana é uma calhorda!
No dia seguinte...
“Já estou chegando por aí, certo?” – envio a mensagem.
“Sim, chefe!”, me responde a Juliana.
Até que gosto desse prefeito, mas cá para nós? De onde ele tirou a magnífica ideia de que as Marginais possam ter o limite de 50 km/h para andar? É dose! Mas, é o que temos para hoje. Ou melhor, para os próximos anos.
Tento cortar caminho para ir ao jornal e depois de mais 46 minutos chego ao local. Estaciono meu carro na garagem específica para a diretoria. Uma vaga toda minha e que posso usar a hora que quiser. Apanho apenas o que vou utilizar para trabalhar.
— Bom-dia, Farofa!
— Bom-dia, chefe! – o rapaz me cumprimenta.
Confesso que ainda não acostumei com essa coisa de chefe. Olha, não me leve a mal, mas essa coisa de ser um “manda-chuva” nunca foi muito do feitio. Pego o elevador, e nessa hora entra o Felipe. Quando nossos olhares cruzam, já digo:
— Bom-dia!
— Boa, chefinho! – ele responde e vai para o fundo do elevador. Se encosta na parede, com a cabeça do lado e com uma cara que não dormiu lá essas coisas.
Outras pessoas entram, mas são poucas, aperto o botão do andar que irei descer. É o mesmo que o Felipe está indo. E do nada ouço:
— Ai, ai! – é tão profundo, saindo do âmago do ser, que só poderia ser:
— Felipe, você está bem? – indago.
Ele me encara como fosse acordado de um sonho bom. Me olha e diz:
— Desculpe, chefinho, saiu assim...
— Mas não estou te recriminando.
O sinal sonoro do elevador avisa que chegamos no andar. Ele toma a dianteira para igualar o passo comigo.
— É que... – o Felipe boceja e quando vai terminar a frase, digo:
— Não precisa entrar em detalhes.
— Por que, chefe? – ele pergunta com os olhos arregalados, em uma expressão que lembra muito àqueles desenhos animados.
— A marca no seu pescoço te denuncia.
Ele não tem como ficar. Até seu andar se torna desconjuntado. E sigo para minha sala. No caminho, cumprimento mais funcionários. E chego no meu escritório, a minha secretária está xeretando algo na minha mesa.
— Bom-dia, Juliana. – digo.
Assim que ela ouve, quase deixa cair todos os papéis no chão, se vira para mim e com a maior cara de pau, me cumprimenta:
— Bom-dia, chefe!
E uau! Ela está com vestido preto, justo e clássico. Com um coque bem delineado, óculos vermelhos e saltos. Apesar de que não vejo lá muita diferença em sua altura porque ela fica quase do mesmo tamanho.
— Você estava mexendo nas minhas coisas?
— Imagine! - ela fala meio sem-graça e tentando disfarçar com um jeito na mão.
Deixo a minha maleta na cadeira à frente da minha mesa e me sento.
— Bem, o que temos para hoje?
Ela levanta as sobrancelhas com uma cara enigmática. Será que ela interpretou bem o que disse?
— Reunião de pauta? Aliás, já era para ter começado. – me repreende.
— Fica fria, a coisa não está tão rígida como antes.
E ela rebate:
— Nunca foi.
A encaro e a minha secretária só levanta os ombros.
— Ah, a propósito, isso chegou para você. – e avança na minha direção com uma carta.
Quando chega mais perto, posso sentir o seu perfume cítrico. E combina tão bem com seu espírito. E por que estou tão interessado na Juliana?
Ela me mostra e olha firmemente esperando alguma reação. E quando vejo, é uma multa de trânsito.
— Cacetada!
— Foi o que pensei quando vi a carta do Detran, mas enfim, você não tem mais idade para isso...
— Isso, o quê?
— Receber multas por excesso de velocidade.
— E como você sabe que é excesso de velocidade?
Ela me apanha a carta, a coloca contra a luz e pega a minha lupa que está na primeira gaveta da mesa. A posiciona, depois se vira para mim e pergunta:
— Viu?
*****
Estamos indo para um restaurante de lámen no bairro da Liberdade. Francamente, já era tempo deste destrambelhado me pagar um almoço. O dia está frio, então a escolha que tive do local e do prato irá cair perfeitamente. Arrumo o lenço que joguei de forma despretensiosa ao redor do meu pescoço. E ajeito o blazer que dá uma combinação perfeita. E enquanto me vejo no espelhinho que trouxe na bolsa, ouço do Murilo:
— Poxa, hoje você caprichou!
— Ah, sempre gostei de me arrumar.
— Mas percebo que você está mais...
— Formal?
Pronto, quebrei as pernas dele. Olha, não que seja grossa com esse rapaz, mas cá para nós, o que ele tem de lindo, tem de xarope. E misterioso, e sem noção. Antigamente, não sabia o que Murilo dizia era deboche ou um ato falho. Bem, ele não é sempre assim. Afinal, ele é gatuno, sabe pegar as pessoas no pulo. E nem sei se ele é mais perigoso do que eu. Se bem que tenho mais jogo de cintura. Eu acho.
— Não era exatamente o que iria falar. – diz enquanto dirige. E em certo momento, se vira para mim e diz: - Talvez você esteja se esforçando demais para assumir seu cargo de secretária.
— Rá! Então, é assim que você me vê: uma mulher tentando se tornar submissa ao seu patrão?
— Juliana, posso falar?
E completo porque perco a paciência com esse cara:
— Daqui a pouco, você irá me pedir que vá te atendê-lo apenas de corpete, cinta-liga, meias 7/8, salto alto e chicote.
Putz, eu e minha boca grande. Por que não fico quieta? O engraçado é que, ele ouve todo esse meu disparate de modo atento. E aí ele fala com uma cara irônica e quase em um sussurro:
— E olha que não seria uma má ideia...
— O QUÊ?
— Jú, o que queria dizer, e você não me deixou, - e ele reforça principalmente essa parte. – É que, a senhorita não precisa se esforçar tanto assim.
— E posso saber por quê?
— Porque antes de ser a minha secretária, você é minha parceira, certo?
Posso dizer certo? É claro que posso! Mas parceira? Aí há tantas interpretações... E ainda mais vindo do Murilo.
— Em que sentido?
— Ué? De várias formas. Por exemplo, sei que você tem mais conhecimento em jornal do que eu.
— Ainda bem que sabe e reconhece.
— Pois é. Antes de ser redator, também fui repórter de rua. Acho bem divertido, mas acho que não tenho tarimba quanto você.
— E por quê?
— Oras, Juliana, se não te conheço, você é capaz de se disfarçar de várias maneiras até conseguir as informações que deseja.
— Isso é! Mas... você nunca se disfarçou para fazer alguma reportagem de rua?
— Ééééé, não!
— Por que não? É a parte mais legal do trabalho!
— Bem, chegamos! Vamos?
Salvo pelo congo, né, calhorda? O Murilo sempre foi um enigma para mim. Uma espécie de esfinge: decifra-me ou te devoro. Este último no sentido de comer gente. Não pire na batata.
Logo que chegamos na frente do restaurante, vimos que será preciso esperar.
— Tudo bem por você? – ele me indaga.
— Tudo! Afinal, aqui o lámen é mais gostoso.
— Beleza!
Pegamos a senha e esperamos ser chamados.
— Caramba, como tem descendentes japoneses.
— Oh, é mesmo? – ironizo. – Estamos na Liberdade, né, Murilo? O que esperava?
— Você é sempre assim... armada?
— Armada?
— Sim. Até porque quando a conheci, parecia mais simpática. – e finaliza com sorriso de canto de boca.
Cara idiota! Mas aí retruco com:
— Simpática porque não sabia o que destino me reservava.
— O que o destino te concedeu que você não gostou?
— Agora falou bonito, hein? – digo.
Ele faz uma cara que não entendeu a piada. Dou uma leve revirada de olhos e falo:
— O Destino te concedeu.
— Mas Jú, gosto de usar essas palavras...
— Pomposas! Aliás, qual é seu signo?
O Murilo faz uma careta como não entendesse.
— Mas apenas diga, qual é o signo?
— Leão!
Viu, só? Sabia! “Eu nasci para o centro do universo! Sou o rei Sol!”.
— Que novidade! – disparo.
— Como assim?
— Murilo, você reparou que sempre quer arrancar as atenções para o seu lado?
— Nem sempre.
— E aposto e ganho que enquanto você se arruma, sorri a si mesmo procurando confiança.
Ele me encara assustado, como eu descobrisse algum segredo perverso que procura esconder. É, né, pavão? Juliana 2, Murilo 0.
— Murilo e Juliana. – avisa a garçonete.
E assim adentramos ao local. O restaurante é pequeno e as mesas e cadeiras são bem próximas uma das outras. O Murilo decide sentar do lado da parede e faz um malabarismo para conseguir entrar no espaço. Seguro o riso porque é feio rir do chefe. Mas que é divertido ver o grandalhão tentando até dar uma pirueta para sentar-se, isso é.
Com os cardápios em mãos, ele me pergunta:
— O que você sugere?
— Você já comeu lámen?
— Éééé.... Não!
Respiro fundo e fecho os olhos porque, né? Ele tinha me afirmado que era um de seus pratos preferidos.
— Mas... me explica como que é.
— É como fosse uma sopa, mas vem macarrão, legumes, geralmente carne de porco e...
— Hum, não como carne de porco.
— Não?
— Sou judeu.
Fico boquiaberta e tentando forma alguma frase para falar e aí ele dispara:
— Brincaderinha, boba!
— Bem, o chefe...
— Edgar?
— É, o Edgar, seu tio não é judeu.
— Viu? Sei pregar peças. Então, como é o esquema?
A fome não me permite formar uma frase bem mal-educada. Respiro fundo, tento me endireitar e aí começo:
— Como disse, vem carne de porco, legumes, alguns frutos do mar, em alguns casos...
— Frutos do mar? – ele me indaga.
E sem pensar muito, digo:
— Não me diga que você é alérgico.
— A quê?
— Frutos do mar.
— Imagine! Se fosse, Juliana, poderia ter um broncoespasmo comendo isso e morreria feliz!
— Fica quieto, Murilo!
Enfim, escolhemos dois lámens tradicionais com shoyu, porque é considerado mais leve que o missô, que é uma pasta de soja bem condimentada. De entrada pedimos guiozas e duas cervejas. Quando os lámens chegam, vejo os olhos do Murilo brilharem. Como fosse uma criança, ele fica maravilhado. Cheira o prato e apanha os hashis.
— E o caldo?
— Você pode bebê-lo com essa colher aqui. – e indico.
— Oh! Sabe das coisas, hein? Por pouco não nasceu de olhos puxados.
E brinco:
— Quem sabe na próxima reencarnação?
E dispara em uma risada gostosa.
*****
Conversamos trivialidades, mas em certo momento procuro abordar um assunto cabuloso. Não sei como ela irá reagir e o que irá responder. Mas, é que temos para hoje.
— Você sabe que a Gi e o Jú vão se casar de cosplay?
— Sim! Fui convidada para ser madrinha deles.
Me engasgo com caldo do lámen e começo a tossir. Caramba, essa ela me pegou de jeito.
— Murilo, tudo bem? – ela me pergunta, ao mesmo tempo em bate nas minhas costas. – Beba uma água.
— Por favor, você traz uma garrafinha de água urgente! – a Juliana solicita ao garçom.
— Com ou sem gás?
Ela inclina a cabeça com olhar fulminando.
— Se ele está se engasgando, é lógico que é sem gás.
— Eu.. estou.. – e começo a tossir de novo.
— Se era para falar: sim, eu estou bem. Completo, bem, bem mal.
O garçom chega ligeiro com água e a Juliana me força a beber.
— Escuta, me engasguei com a á... – volto a tossir.
— Oh, inferno na Terra. Bebe a água, homem!
Aos poucos começo a recuperar o fôlego sob o olhar atento da minha secretária. Quando estou melhor:
— Você foi convidada também?
— Como convidada também? A ser madrinha? Perai, você foi chamado para ser padrinho?
Só aceno que sim com a cabeça.
— Putz grila!
— E eles falaram que não perdia por esperar quem era meu par.
A Juliana me encara com uma expressão que beira espanto e surpresa. Me olha por cima do óculos e diz:
— Será então que somos nós? Digo, nós somos o par do outro?
— Acho que sim, né?
E a ouça falar baixinho:
— Porca miséria.
— O que você disse? – provoco.
— Nada, nada.
— Então... que cosplay você irá usar? – indago.
— Eu? Bem, duvido e faço o dó que você não conhece.
— Não conheço? E por quê?
— Você tem mais cara que é fã de quadrinhos, ou melhor, de HQs do que mangás e animes.
— Ué? Conheço o básico.
— E o básico o que seria? – na lata! Será que ela irá realizar uma sabatina?
— Pokémon, Dragon Ball, Cavaleiros do Zodíaco. – e a cada citação, ela faz um “Hum”; - Gosto também de One Piece, Death Note e...
— Pode parar! Todos que todo mundo assistiu.
— Todo mundo uma vírgula. Ninguém consegue assistir a todos os episódios de One Piece.
— Tá bom, então, gostosão!
— Não me diga que você assistiu?
E ela desvia do assunto.
— Moço, por favor, a conta.
Continua...
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Rá! Duvido e faço o dó que deixei sua curiosidade dando cambalhotas. Pois é, aí está um dos shipps que a galera começou a se manifestar lá na outra história: Murilo e Juliana. E deu para perceber o “continua...”? Hahahah rindo aqui, garotada! E no estilo do Ernesto Muuuuuuuuuuuuuaaaaaaaaaaaahhhhhhhhhh
Bora para o glossário?
Glossário – Cadê os Bombeiros?
Liberdade – bairro localizado na Zona Sul da cidade de São Paulo. Conhecidíssimo como referência máxima de redutos de japoneses. Atualmente acolhe também outros asiáticos, como os chineses e os coreanos.
Hashi – são os famosos palitinhos japoneses. Ele é usado como talheres no Japão, China e Coreia (tanto Norte como Sul).
One Piece – famoso mangá e anime da autoria de Oda-sensei. Quem conhece a obra sabe que ela é infinita. Hoje, o mangá conta com mais de 76 volumes. O anime? Já ultrapassa mais de 700 episódios (!!!).
E na próxima semana... prepare seu coração, o lencinho e seu cosplay... Adivinhou qual será o convite? Isso mesmo!
Muito obrigada por comentar, favoritar e acompanhar nosso spin. Beijos e até a próxima sexta.