Cadê os Bombeiros? escrita por Juliana Rizzutinho


Capítulo 2
Da água para o vinho. E que vinho!


Notas iniciais do capítulo

Olá, garotada! Desde já, agradeço a acolhida para o spin de Chamem os Bombeiros, o Cadê os Bombeiros? Saibam que a cada one é para atender aquela pulguinha atrás da orelha que ficou sobre o destino de alguns personagens marcantes na trama. Pois bem, com os convidados de hoje, não será diferente! Quer conhece-los? Então, bora!



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— Anotou tudo? – indago.

— Anotei. – ela me responde. E não é qualquer “anotei”, é um “a-no-tei!”, com sílabas separadas (ou quase).

Vou ser franco, estou adorando ter a Juliana como secretária. Apesar de que ela bem poderia ser mais submissa. Bem, submissa não seria a palavra correta. Respeitar mais a hierarquia? É, pode ser.

— Mais alguma coisa, Murilo? – ela pergunta.

Fico imaginando a cara da minha secretária, com a boca entortada, uma postura displicente e fazendo caretas pelo celular.

— Não! Fique tranquila.

— Tá!

Quer ver quebrar as suas pernas? Observe.

— E Juliana...

— Sim?

— Estou muito contente em poder trabalhar com você. Acredito que fazemos uma dupla em tanto, não?

E a resposta? Silêncio. E quando acho que vai ficar constrangedor, ela diz:

— Eu também, Murilo.

Viu? Disse que iria quebrar as suas pernas! Não quero provoca-la, longe disso. E não é de propósito. Muito menos, me sinto superior a esta garota que é viva como uma raposa. Um tanto marruda, concordo, mas tem bom coração, é atenta, inteligente.

— Bom, amanhã estarei por aí, certo?

— Ok! Hum... Murilo. – a Juliana faz uma pausa e depois completa: - Posso ficar na sua sala, certo?

— No tanto que você não vasculhe as minhas coisas...

— E por que faria isso?

— Não sei! É um palpite. – disparo.

— Não faz sentido.

— Também acho e nenhum! Bom, vou indo.

— Beleza, então! Boa-noite e até amanhã. – ela se despede.

— Até amanhã! E...

— E... – me encoraja.

— Juízo, hein?

— Hum!

Você sentiu que esse “Hum” traduzido seria um “Vá à merda!”? Bem, foi isso que percebi, mas enfim...

Desligo o celular e volta à mesa com os negociadores. Tempos difíceis, meu caro! Economia quase quebrada, preciso me virar para angariar dinheiro para o jornal. Como tenho boa lábia (modéstia parte), procuro negociar com alguns empresários. Mas fique entre nós, certo? Depois irão dizer por aí que a imprensa é comprada e não é bem assim que acontece...

Jantamos e discutimos um meio de inflar dinheiro na Folha da Manhã. Bem, terminado o compromisso, volto para hotel. Sim, estou fora de São Paulo, em uma cidadezinha do interior, aliás,... Não é mais uma cidadezinha. Não vou entregar mais informações, afinal, sou assim: sigiloso.

Sugestão de trilha: Ambrosia – Biggest part f me

Estou jogado na cama, de roupão, verificando os e-mails com mais calma e tomando vinho. Para ser mais específico, Malbec porque é encorpado e suave. Quarto à meia-luz, sintonizo em uma rádio em que toca flashback e músicas suaves e deixo-a baixinho.

Quando sorvo um gole da bebida, escuto o som característico da chegada de uma mensagem no whatsApp. Respiro profundamente e mesmo contragosto, saco o celular. E para minha surpresa é ela...

“Ocupado?”.

“Não exatamente! Mas você precisa de algo?”, respondo.

A vejo digitando. Fico na espera e bebo mais um gole de vinho.

“Bem, queria falar com você. Posso mandar um áudio?”, me indaga.

E digito:

“Quer que eu ligue?”.

Silêncio. E como sempre, aquele que chega a ser constrangedor. Ou não. Ou quando ela fica em dúvida, demora a responder. Alguns minutos depois...

“Sim!”.

E quando vou procurar o seu contato no celular, ela manda outra mensagem.

“Ligue pelo whats, oras! Não paga nada!”.

Dou aquela respirada profunda, porque, né? Ela é complicada, mas é o jeito só seu.

Ligo e, quase automaticamente, me atende.

— Diga, garota!

— Posso te fazer uma pergunta?

— Claro! Sem problemas!

E o questionamento vem tão repentinamente que me assusto:

— Sou grossa com você?

Agora esta garota me pegou.

— Juliana, por que este surto?

— Não sei. Me sinto culpada, mas não sei exatamente o porquê. Sabe, vou ser bem sincera. Posso?

— Ué? E em alguma vez a proibi de falar?

— Não é isso exatamente! É que... É que...

— Te intimido?

— Não é isso!

Uau, tentei ser generoso com ela, posso? Mas enfim, a ajudo a desabafar.

— O que seria então?

— A princípio sempre achei que poderia chegar ao cargo de Editora-chefe.

Hum, é isso! Bem, isso lá é verdade. Ela tem mais capacidade do que eu para apagar um incêndio. Apesar de que também consegue ser mais incendiária quando está nervosa, acuada e brava. Ou não.

— Eu sei disso.

— Que ótimo! – a Juliana diz irônica.

— Mesmo assim, quem é o chefe sou eu.

E ela diz de um modo bem fraco.

— Infelizmente.

— O que foi?

— Nada!

— Mas isso que te incomoda...

— Não gosto de receber ordens!

Agora levo um tremendo luva de pelica.

— E pensa que não sei? – retruco.

— Então...

— Jú, pense que você é minha assessora.

— De imprensa? Quer que aumente sua visibilidade?

— Não foi isso que quis falar. – agora digo de uma forma firme.

— Então, o que seria? – ela me provoca.

— Sei que não cheguei aqui por méritos próprios, mas já que estou neste cargo, conto com a sua ajuda para fazer da minha gestão a melhor.

E a resposta? Silêncio! Esta pequena fera é assim. Gosto de quando ela dá aqueles berros, porque é mais fácil lidar. Porém, quando fica silenciosa... Meu amigo, fuja!

— Se é assim que deseja...

— Vamos fazer o seguinte? Que tal almoçarmos juntos amanhã, como... amigos?

— Quero comida japonesa! – diz convicta.

É assim que espero que ela aja.

— Tudo bem! E você que escolhe o lugar.

— Longe do jornal para começarmos a nos conhecermos melhor. – ela me propõe.

— Mas eu conheço você.

— Sério? – ela provoca mais uma vez de modo debochado.

— E por que não? Só que, você não consegue me ver de modo diferente do redator, sobrinho do seu ex- chefe e agora, seu chefe. Sou mais que isso.

Até me estranho dizendo essas coisas. E espero sinceramente que ela acredite, porque não posso crer em mim mesmo que falo tudo isso.

— E você está disposto a mostrar?

— Óbvio! Amanhã assim que chegar em São Paulo te envio uma mensagem. Trabalhamos durante a manhã e quando der meio-dia, vamos ao restaurante que você quiser!

— Que bom, Murilo, até porque aqui...

Não a deixo terminar e informo:

— E faço questão de pagar.

“O que você está fazendo, Murilo Laerte? Querendo comprar essa pequena onça com comida? Ótimo plano!”, penso. E quer ver que ela irá fazer um discurso como: “Não dependo de homem nenhum para pagar o meu almoço porque...”

— Agora sim, eu topo!

Mas essa Juliana é uma calhorda!

No dia seguinte...

“Já estou chegando por aí, certo?” – envio a mensagem.

“Sim, chefe!”, me responde a Juliana.

Até que gosto desse prefeito, mas cá para nós? De onde ele tirou a magnífica ideia de que as Marginais possam ter o limite de 50 km/h para andar? É dose! Mas, é o que temos para hoje. Ou melhor, para os próximos anos.

Tento cortar caminho para ir ao jornal e depois de mais 46 minutos chego ao local. Estaciono meu carro na garagem específica para a diretoria. Uma vaga toda minha e que posso usar a hora que quiser. Apanho apenas o que vou utilizar para trabalhar.

— Bom-dia, Farofa!

— Bom-dia, chefe! – o rapaz me cumprimenta.

Confesso que ainda não acostumei com essa coisa de chefe. Olha, não me leve a mal, mas essa coisa de ser um “manda-chuva” nunca foi muito do feitio. Pego o elevador, e nessa hora entra o Felipe. Quando nossos olhares cruzam, já digo:

— Bom-dia!

— Boa, chefinho! – ele responde e vai para o fundo do elevador. Se encosta na parede, com a cabeça do lado e com uma cara que não dormiu lá essas coisas.

Outras pessoas entram, mas são poucas, aperto o botão do andar que irei descer. É o mesmo que o Felipe está indo. E do nada ouço:

— Ai, ai! – é tão profundo, saindo do âmago do ser, que só poderia ser:

— Felipe, você está bem? – indago.

Ele me encara como fosse acordado de um sonho bom. Me olha e diz:

— Desculpe, chefinho, saiu assim...

— Mas não estou te recriminando.

O sinal sonoro do elevador avisa que chegamos no andar. Ele toma a dianteira para igualar o passo comigo.

— É que... – o Felipe boceja e quando vai terminar a frase, digo:

— Não precisa entrar em detalhes.

— Por que, chefe? – ele pergunta com os olhos arregalados, em uma expressão que lembra muito àqueles desenhos animados.

— A marca no seu pescoço te denuncia.

Ele não tem como ficar. Até seu andar se torna desconjuntado. E sigo para minha sala. No caminho, cumprimento mais funcionários. E chego no meu escritório, a minha secretária está xeretando algo na minha mesa.

— Bom-dia, Juliana. – digo.

Assim que ela ouve, quase deixa cair todos os papéis no chão, se vira para mim e com a maior cara de pau, me cumprimenta:

— Bom-dia, chefe!

E uau! Ela está com vestido preto, justo e clássico. Com um coque bem delineado, óculos vermelhos e saltos. Apesar de que não vejo lá muita diferença em sua altura porque ela fica quase do mesmo tamanho.

— Você estava mexendo nas minhas coisas?

— Imagine! - ela fala meio sem-graça e tentando disfarçar com um jeito na mão.

Deixo a minha maleta na cadeira à frente da minha mesa e me sento.

— Bem, o que temos para hoje?

Ela levanta as sobrancelhas com uma cara enigmática. Será que ela interpretou bem o que disse?

— Reunião de pauta? Aliás, já era para ter começado. – me repreende.

— Fica fria, a coisa não está tão rígida como antes.

E ela rebate:

— Nunca foi.

A encaro e a minha secretária só levanta os ombros.

— Ah, a propósito, isso chegou para você. – e avança na minha direção com uma carta.

Quando chega mais perto, posso sentir o seu perfume cítrico. E combina tão bem com seu espírito. E por que estou tão interessado na Juliana?

Ela me mostra e olha firmemente esperando alguma reação. E quando vejo, é uma multa de trânsito.

— Cacetada!

— Foi o que pensei quando vi a carta do Detran, mas enfim, você não tem mais idade para isso...

— Isso, o quê?

— Receber multas por excesso de velocidade.

— E como você sabe que é excesso de velocidade?

Ela me apanha a carta, a coloca contra a luz e pega a minha lupa que está na primeira gaveta da mesa. A posiciona, depois se vira para mim e pergunta:

— Viu?

*****

Estamos indo para um restaurante de lámen no bairro da Liberdade. Francamente, já era tempo deste destrambelhado me pagar um almoço. O dia está frio, então a escolha que tive do local e do prato irá cair perfeitamente. Arrumo o lenço que joguei de forma despretensiosa ao redor do meu pescoço. E ajeito o blazer que dá uma combinação perfeita. E enquanto me vejo no espelhinho que trouxe na bolsa, ouço do Murilo:

— Poxa, hoje você caprichou!

— Ah, sempre gostei de me arrumar.

— Mas percebo que você está mais...

— Formal?

Pronto, quebrei as pernas dele. Olha, não que seja grossa com esse rapaz, mas cá para nós, o que ele tem de lindo, tem de xarope. E misterioso, e sem noção. Antigamente, não sabia o que Murilo dizia era deboche ou um ato falho. Bem, ele não é sempre assim. Afinal, ele é gatuno, sabe pegar as pessoas no pulo. E nem sei se ele é mais perigoso do que eu. Se bem que tenho mais jogo de cintura. Eu acho.

— Não era exatamente o que iria falar. – diz enquanto dirige. E em certo momento, se vira para mim e diz: - Talvez você esteja se esforçando demais para assumir seu cargo de secretária.

— Rá! Então, é assim que você me vê: uma mulher tentando se tornar submissa ao seu patrão?

— Juliana, posso falar?

E completo porque perco a paciência com esse cara:

— Daqui a pouco, você irá me pedir que vá te atendê-lo apenas de corpete, cinta-liga, meias 7/8, salto alto e chicote.

Putz, eu e minha boca grande. Por que não fico quieta? O engraçado é que, ele ouve todo esse meu disparate de modo atento. E aí ele fala com uma cara irônica e quase em um sussurro:

— E olha que não seria uma má ideia...

— O QUÊ?

— Jú, o que queria dizer, e você não me deixou, - e ele reforça principalmente essa parte. – É que, a senhorita não precisa se esforçar tanto assim.

— E posso saber por quê?

— Porque antes de ser a minha secretária, você é minha parceira, certo?

Posso dizer certo? É claro que posso! Mas parceira? Aí há tantas interpretações... E ainda mais vindo do Murilo.

— Em que sentido?

— Ué? De várias formas. Por exemplo, sei que você tem mais conhecimento em jornal do que eu.

— Ainda bem que sabe e reconhece.

— Pois é. Antes de ser redator, também fui repórter de rua. Acho bem divertido, mas acho que não tenho tarimba quanto você.

— E por quê?

— Oras, Juliana, se não te conheço, você é capaz de se disfarçar de várias maneiras até conseguir as informações que deseja.

— Isso é! Mas... você nunca se disfarçou para fazer alguma reportagem de rua?

— Ééééé, não!

— Por que não? É a parte mais legal do trabalho!

— Bem, chegamos! Vamos?

Salvo pelo congo, né, calhorda? O Murilo sempre foi um enigma para mim. Uma espécie de esfinge: decifra-me ou te devoro. Este último no sentido de comer gente. Não pire na batata.

Logo que chegamos na frente do restaurante, vimos que será preciso esperar.

— Tudo bem por você? – ele me indaga.

— Tudo! Afinal, aqui o lámen é mais gostoso.

— Beleza!

Pegamos a senha e esperamos ser chamados.

— Caramba, como tem descendentes japoneses.

— Oh, é mesmo? – ironizo. – Estamos na Liberdade, né, Murilo? O que esperava?

— Você é sempre assim... armada?

— Armada?

— Sim. Até porque quando a conheci, parecia mais simpática. – e finaliza com sorriso de canto de boca.

Cara idiota! Mas aí retruco com:

— Simpática porque não sabia o que destino me reservava.

— O que o destino te concedeu que você não gostou?

— Agora falou bonito, hein? – digo.

Ele faz uma cara que não entendeu a piada. Dou uma leve revirada de olhos e falo:

— O Destino te concedeu.

— Mas Jú, gosto de usar essas palavras...

— Pomposas! Aliás, qual é seu signo?

O Murilo faz uma careta como não entendesse.

— Mas apenas diga, qual é o signo?

— Leão!

Viu, só? Sabia! “Eu nasci para o centro do universo! Sou o rei Sol!”.

— Que novidade! – disparo.

— Como assim?

— Murilo, você reparou que sempre quer arrancar as atenções para o seu lado?

— Nem sempre.

— E aposto e ganho que enquanto você se arruma, sorri a si mesmo procurando confiança.

Ele me encara assustado, como eu descobrisse algum segredo perverso que procura esconder. É, né, pavão? Juliana 2, Murilo 0.

— Murilo e Juliana. – avisa a garçonete.

E assim adentramos ao local. O restaurante é pequeno e as mesas e cadeiras são bem próximas uma das outras. O Murilo decide sentar do lado da parede e faz um malabarismo para conseguir entrar no espaço. Seguro o riso porque é feio rir do chefe. Mas que é divertido ver o grandalhão tentando até dar uma pirueta para sentar-se, isso é.

Com os cardápios em mãos, ele me pergunta:

— O que você sugere?

— Você já comeu lámen?

— Éééé.... Não!

Respiro fundo e fecho os olhos porque, né? Ele tinha me afirmado que era um de seus pratos preferidos.

— Mas... me explica como que é.

— É como fosse uma sopa, mas vem macarrão, legumes, geralmente carne de porco e...

— Hum, não como carne de porco.

— Não?

— Sou judeu.

Fico boquiaberta e tentando forma alguma frase para falar e aí ele dispara:

— Brincaderinha, boba!

— Bem, o chefe...

— Edgar?

— É, o Edgar, seu tio não é judeu.

— Viu? Sei pregar peças. Então, como é o esquema?

A fome não me permite formar uma frase bem mal-educada. Respiro fundo, tento me endireitar e aí começo:

— Como disse, vem carne de porco, legumes, alguns frutos do mar, em alguns casos...

— Frutos do mar? – ele me indaga.

E sem pensar muito, digo:

— Não me diga que você é alérgico.

— A quê?

— Frutos do mar.

— Imagine! Se fosse, Juliana, poderia ter um broncoespasmo comendo isso e morreria feliz!

— Fica quieto, Murilo!

Enfim, escolhemos dois lámens tradicionais com shoyu, porque é considerado mais leve que o missô, que é uma pasta de soja bem condimentada. De entrada pedimos guiozas e duas cervejas. Quando os lámens chegam, vejo os olhos do Murilo brilharem. Como fosse uma criança, ele fica maravilhado. Cheira o prato e apanha os hashis.

— E o caldo?

— Você pode bebê-lo com essa colher aqui. – e indico.

— Oh! Sabe das coisas, hein? Por pouco não nasceu de olhos puxados.

E brinco:

— Quem sabe na próxima reencarnação?

E dispara em uma risada gostosa.

*****

Conversamos trivialidades, mas em certo momento procuro abordar um assunto cabuloso. Não sei como ela irá reagir e o que irá responder. Mas, é que temos para hoje.

— Você sabe que a Gi e o Jú vão se casar de cosplay?

— Sim! Fui convidada para ser madrinha deles.

Me engasgo com caldo do lámen e começo a tossir. Caramba, essa ela me pegou de jeito.

— Murilo, tudo bem? – ela me pergunta, ao mesmo tempo em bate nas minhas costas. – Beba uma água.

— Por favor, você traz uma garrafinha de água urgente! – a Juliana solicita ao garçom.

— Com ou sem gás?

Ela inclina a cabeça com olhar fulminando.

— Se ele está se engasgando, é lógico que é sem gás.

— Eu.. estou.. – e começo a tossir de novo.

— Se era para falar: sim, eu estou bem. Completo, bem, bem mal.

O garçom chega ligeiro com água e a Juliana me força a beber.

— Escuta, me engasguei com a á... – volto a tossir.

— Oh, inferno na Terra. Bebe a água, homem!

Aos poucos começo a recuperar o fôlego sob o olhar atento da minha secretária. Quando estou melhor:

— Você foi convidada também?

— Como convidada também? A ser madrinha? Perai, você foi chamado para ser padrinho?

Só aceno que sim com a cabeça.

— Putz grila!

— E eles falaram que não perdia por esperar quem era meu par.

A Juliana me encara com uma expressão que beira espanto e surpresa. Me olha por cima do óculos e diz:

— Será então que somos nós? Digo, nós somos o par do outro?

— Acho que sim, né?

E a ouça falar baixinho:

— Porca miséria.

— O que você disse? – provoco.

— Nada, nada.

— Então... que cosplay você irá usar? – indago.

— Eu? Bem, duvido e faço o dó que você não conhece.

— Não conheço? E por quê?

— Você tem mais cara que é fã de quadrinhos, ou melhor, de HQs do que mangás e animes.

— Ué? Conheço o básico.

— E o básico o que seria? – na lata! Será que ela irá realizar uma sabatina?

— Pokémon, Dragon Ball, Cavaleiros do Zodíaco. – e a cada citação, ela faz um “Hum”; - Gosto também de One Piece, Death Note e...

— Pode parar! Todos que todo mundo assistiu.

— Todo mundo uma vírgula. Ninguém consegue assistir a todos os episódios de One Piece.

— Tá bom, então, gostosão!

— Não me diga que você assistiu?

E ela desvia do assunto.

— Moço, por favor, a conta.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Rá! Duvido e faço o dó que deixei sua curiosidade dando cambalhotas. Pois é, aí está um dos shipps que a galera começou a se manifestar lá na outra história: Murilo e Juliana. E deu para perceber o “continua...”? Hahahah rindo aqui, garotada! E no estilo do Ernesto Muuuuuuuuuuuuuaaaaaaaaaaaahhhhhhhhhh
Bora para o glossário?
Glossário – Cadê os Bombeiros?
Liberdade – bairro localizado na Zona Sul da cidade de São Paulo. Conhecidíssimo como referência máxima de redutos de japoneses. Atualmente acolhe também outros asiáticos, como os chineses e os coreanos.
Hashi – são os famosos palitinhos japoneses. Ele é usado como talheres no Japão, China e Coreia (tanto Norte como Sul).
One Piece – famoso mangá e anime da autoria de Oda-sensei. Quem conhece a obra sabe que ela é infinita. Hoje, o mangá conta com mais de 76 volumes. O anime? Já ultrapassa mais de 700 episódios (!!!).
E na próxima semana... prepare seu coração, o lencinho e seu cosplay... Adivinhou qual será o convite? Isso mesmo!
Muito obrigada por comentar, favoritar e acompanhar nosso spin. Beijos e até a próxima sexta.



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