Hello, I Love You escrita por Queen Of Peace


Capítulo 9
Stay With Me


Notas iniciais do capítulo

um capítulo só com o Peeta mozão pra vocês amarem ele mais um pouquinho ♥



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Peeta Mellark

Peeta tinha um sorriso enorme nos lábios. Ele estava se divertindo tanto. E aquele era um tipo de diversão completamente diferente do que ele andava tendo ultimamente. É claro que era muito legal passar um tempo com os caras da banda no estúdio, mas... Depois de um tempo tudo era só trabalho e compromissos, e eles acabavam ficando tão sérios que toda a sensação de diversão desaparecia.

Mas ele não sentia isso agora que estava com Katniss. Ela era divertida, e aquilo era uma coisa que ele não esperava dela. Mas talvez fosse só o efeito da bebida, e ela estava mesmo bêbada. Ele também estava, e isso com certeza poderia prejudicar seu julgamento, mas ele preferia acreditar que ela era mesmo tão divertida quando aparentava ser.

E os dois estavam ali, no meio da sala, rodeados de pessoas com roupas saídas dos anos 80, que olhavam admiradas pra eles enquanto os dois dançavam. Ele nunca havia se sentido tão feliz por saber a coreografia daquela música. Deveria agradecer a sua mãe depois por tê-lo feito assistir ao filme tantas vezes. E Kat estava incrível. Ela praticamente irradiava felicidade. Era como se só existissem os dois ali, e ele não conseguia deixar de olhar pra ela.

E então chegou o momento em que ela deveria correr pra ele e pular em seus braços, mas ela não o fez. Ela tinha um brilho diferente no olhar e quando correu em sua direção, ela se atirou em seus braços e o beijou.

Ele estava beijando Katniss.

Peeta podia sentir os lábios dela nos seus. A forma descoordenada que ela o beijava, até que finalmente conseguiram acertar um ritmo certo pra que seus lábios se movessem juntos. Ele podia ouvir as pessoas ao redor deles, algumas batendo palmas, outras dando gritinhos. As pessoas sempre adoravam aquele tipo de demonstração de afeto em festas.

As mãos dela estavam em seu rosto, em seu pescoço e sua nuca, tocando-o com aqueles dedos delicados e quentes. Ele mal podia acreditar que aquilo estava mesmo acontecendo. Suas línguas se esbarraram e se tocaram com timidez, uma provando a outra, conhecendo-se aos poucos. Ela tinha gosto de cerveja, tequila e uma bebida doce. Tudo o que tinham bebido naquela noite. Mas fora isso havia seu gosto próprio. O gosto de Katniss. Que era tão maravilhoso que nenhum gosto de bebida poderia estragá-lo.

Ela se afastou cedo demais. Ainda segurava o rosto dele, e abriu os olhos aos poucos, encarando-o. As pessoas agora já não se importavam mais com eles. Dançavam ao seu redor ao som de uma música animada e esbarravam neles vez ou outra.

— Fica comigo — ela pediu, sua voz rouca ecoando em seus ouvidos e fazendo o loiro sorrir.

— Fico — ele respondeu, porque era a única coisa que poderia lhe dizer naquele momento. Ele nunca negaria nada a ela.

E então ele foi puxado por ela, foi guiado pela casa e subiram escadas, passaram por um corredor e subiram mais um lance de escadas até chegarem numa espécie de quarto imenso que ficava no terceiro andar. O lugar estava vazio e arrumado, o que indicava que ninguém da festa havia passado por ali. Mas Peeta não teve muito tempo pra observar e conhecer o lugar, pois Katniss logo jogou-se pra cima dele outra vez, beijando-o.

E ele não queria parar de beijá-la tampouco. Não era aquilo o que ele estivera esperando pra fazer desde a primeira vez em que esteve com ela? Pensara naquele beijo tantas vezes que às vezes até pensava que já poderia ter acontecido. Mas agora estava mesmo acontecendo. Era real. Katniss estava em seus braços, e ele sentia seu corpo junto ao dele, e as mãos em seus cabelos, e os suspiros dela, e tudo era perfeito.

— Fica comigo — a garota pediu de novo, e seus olhos estavam fechados e os lábios ligeiramente abertos.

Ele poderia ter respondido que sim. Poderia ter dito "É claro que vou ficar com você", mas vê-la daquele jeito fez com que ele se lembrasse de um pequeno detalhe que estivera ignorando naqueles últimos minutos.

Katniss estava bêbada.

Muito bêbada.

Talvez ela nem mesmo quisesse estar com ele daquele jeito e só estava fazendo aquilo por ter bêbido demais. Ele sabia bem que pessoas bêbadas não podiam pensar bem no que estavam fazendo.

Com muita má vontade, ele se afastou dela. Segurou a morena pelos ombros, seu rosto numa careta de dor que só deixava claro o quanto ele queria que aquilo estivesse acontecendo numa situação normal em que ela não estivesse tão bêbada.

— Não posso. — Sua voz era firme. Ele precisava soar como alguém que estava absolutamente certo do que estava fazendo.

— Você não me quer? — Katniss perguntou, e seus lábios se moviam muito rapidamente, e ela arfou. — Você não me quer! — Ela parecia chocada, e deu um passo cambaleante pra trás. Peeta a segurou pelos ombros outra vez, evitando que ela pudesse cair. — Você não me quer! Eu não sou boa o bastante pra você. Eu não fui boa o bastante pro Gale e também não sou pra você. Eu deveria esperar por isso. Eu deveria saber.

Ela estava chorando agora, e o loiro só se perguntava pra onde tinha ido a menina alegre e sorridente com quem estava dançando há poucos minutos. Ele a puxou pra um abraço apertado e ela continuou chorando em seu ombro, com os braços ao seu redor, apertando-o com certo desespero.

Não fazia ideia do que poderia lhe dizer. Ela continuava dizendo que não era boa o bastante pra ninguém, e às vezes dizia coisas sem sentido num tom de voz diferente, e ele demorou algum tempo pra entender que ela estava imitando Gale. As coisas coisas que ela dizia eram uma repetição das coisas horríveis que seu ex-namorado havia lhe dito algum dia.

Katniss curvou o corpo e vomitou. Ela arfava e lutava pra respirar enquanto vomitava, e Peeta segurou seus cabelos e afagou suas costas enquanto ela colocava tudo o que tinha bebido pra fora. Esperou algum tempo pra que saíssem dali, se certificando de que ela já havia terminado e que não vomitaria no caminho.

— Vamos. — Ele a amparou em seus braços e com cuidado desceram as escadas, saíram da casa e atravessaram o jardim lotado de gente. Ele estava de carro, e sabia que não deveria combinar bebida e direção, mas não havia nada que ele pudesse fazer agora. Colocou Kat no banco do carona, ajeitou o cinto de segurança nela e deu a volta no carro, sentando-se atrás do volante. Graças a Deus ele ainda se lembrava onde ela morava.

Dirigiu com mais cuidado do que o necessário. Não queria sofrer nenhum acidente. Mas ele nem precisava se preocupar com isso. As ruas estavam vazias e eram poucos os carros que passavam por eles. Assim que estacionou o carro em frente ao prédio, Katniss começou a lutar com o cinto de segurança, e o loiro precisou se segurar pra não rir dela.

— Deixa que eu te ajudo com isso. — E depois ele também a ajudou a sair do carro, e passou um braço ao redor dela, caminhando junto à ela até a entrada do prédio. — Vou te levar até seu apartamento.

— Não precisa — ela murmurou, mas ele não ouviu, e continuou caminhando ao seu lado. Passaram pelo porteiro que murmurou um "boa noite" e olhou com reprovação para Kat, e pegaram o elevador, subindo até o andar onde a morena morava.

Kat tirou uma chave de algum lugar entre suas roupas e a estendeu para ele, que rapidamente abriu a porta e acendou a luz, puxando a garota pra dentro.

— Seu quarto. — Ele limpou a garganta, sentindo-se meio estranho por estar perguntando aquilo. — Onde fica seu quarto? — Ela apontou numa direção e eles foram até lá. Ela cambaleou pra dentro do quarto e caiu na cama. A luz da lua entrava pela janela e apesar de ser fraca era o suficiente pra iluminar sua cama.

— Eu sou um desastre — ela sussurrou, e ele podia ouvir seu choro recomeçar. — É por isso que Gale me largou. Eu não era boa pra ele. Eu... — Soluço, um soar de nariz. — Eu vou ficar sozinha pra sempre. Eu não sirvo pra ninguém. Nem você quis ficar comigo.

Ele não sabia o que dizer. Nunca tinha passado por aquele tipo de situação. Mesmo assim caminhou até a cama e se sentou na beirada. Ele tocou seu braço, afagando-o com as pontas dos dedos enquanto pensava em algo pra dizer. Nesse meio tempo Katniss parou de chorar, ou talvez só estivesse chorando em silêncio, sentindo-se envergonhada.

— Você não faz ideia do quanto eu quero ficar contigo. Mas não assim, Katniss. Não desse jeito. Com você tão bêbada que mal conseguia se segurar de pé. — Ele fechou os olhos, afastando a mão dela e sentindo-se idiota por estar dizendo aquilo. — Você serve pra mim. E eu sinto isso desde a primeira vez em que te segurei pra não cair. — Deu uma risada baixa e anasalada, pensando em como ele estava sempre segurando Kat. — Você serve pra mim Katniss. E eu quero muito ficar com você. Muito mesmo. Você acredita em mim?

Mas ela não respondeu. Ele chamou seu nome e tocou seu braço, mas ela suspirou e continuou calada. Ela estava dormindo. E provavelmente não escutara nada do que ele havia dito.

— Você é um grande idiota, Mellark.


***

Acordou em sua própria cama. Ainda sentia um gosto amargo em sua boca, mas pelo menos não estava de ressaca. Precisava urgentemente de um banho, e foi a primeira coisa a fazer assim que saiu da cama. De banho tomado e roupas limpas no corpo, o loiro se jogou na cama, pegou o celular e verificou se havia alguma chamada perdida de Katniss. Mas não havia. Talvez ela ainda estivesse dormindo. Ou poderia estar envergonhada pelo o que tinha acontecido na noite passada e estava evitando falar com ele. Talvez fosse melhor ele mesmo ligar pra ela e dizer que estava tudo bem.

Mas não faria isso. Depois de tudo o que tinha acontecido na noite anterior, talvez o melhor a se fazer fosse deixar que Katniss decidisse quando seria o melhor momento de entrar em contato com ele. Sentia como se o que havia rolado entre eles era muito mais pessoal pra ela do que tinha sido pra ele.

Não que não tivesse gostado. Muito pelo contrário. Aquilo tinha sido sim muito pessoal, e muito bom. Mas ela estava tão bêbada que ele simplesmente não poderia ir até o final com tudo aquilo.

Katniss precisava de um tempo pra se recuperar e colocar a cabeça no lugar depois do que tinha acontecido. E ele não ficaria no pé dela pra atrapalhar isso.

Então ligou pra Cinna. Ele ainda precisava de um lugar pra morar, afinal. Já era Domingo e seu prazo pra sair de casa estava quase expirando. Não queria imaginar o que seu pai faria quando a segunda-feira finalmente chegasse. Será que ele juntaria as coisas de Peeta e as jogaria pela janela? Ele podia visualizar aquilo acontecendo.

— Cinna, eu preciso de um enorme favor — ele disse assim que ouviu a voz do homem. — Preciso de um lugar pra ficar. Uma casa pequena, um apartamento, um quarto... Qualquer coisa.

— Achei que você estivesse bem morando com seus pais. Por que essa mudança?

— Na verdade as coisas não estão nada bem. Meu pai não aceita minha escolha pela música — ele suspirou, sentindo-se cansado só por precisar falar sobre aquilo. — E ele disse que eu tenho até segunda-feira, no caso, até amanhã, pra sair de casa. Ele não me quer mais vivendo aqui e disse que preciso dar meu jeito de me sustentar com a miséria que ganho fazendo música.

Cinna deu uma risada alta, murmurou alguma coisa sozinho e finalmente o respondeu.

— Arruma suas coisas, moleque. Eu sei um lugar onde você pode ficar.


***

Cinna chegou meia hora depois. Ele parecia alegre, e tocou a campainha impacientemente até que a mãe de Peeta abriu a porta e se deparou com o homem.

— Posso ajudá-lo?

— Pode, claro. Eu sou o Cinna, empresário do Peeta. Ele está?

A mulher era toda sorrisos pra Cinna. O empresário do seu filho? Se ele tinha um empresário isso só podia significar que as coisas estavam indo muito bem pra ele.

Peeta apareceu em seguida, arrastando atrás de si duas malas e várias mochilas empilhadas sobre elas. Sua mãe arregalou os olhos assim que viu o garoto lutando pra descer as escadas com tudo aquilo. Ela correu pra ajudá-lo, mas o loiro se recusou a receber sua ajuda.

— Eu posso cuidar disso sozinho — ele disse, afastando-a com um gesto de mão.

— Mas pra que tudo isso? — Ela foi descendo as escadas e a todo instante esticava as mãos, como se já estivesse se preparando pra segurar o filho caso ele caísse, ou deixasse cair uma de suas malas.

— Meu pai não te contou? — Ele deu uma risada anasalada quando percebeu a expressão que ela fazia, confusa. — Ele me botou pra fora de casa. Me deu até amanhã pra arrumar um lugar pra ficar.

— E eu estou ajudando o garoto com isso — Cinna interrompeu, passando pela Sra. Mellark que tinha uma expressão de surpresa do rosto e ajudando Peeta com as malas. — Arrumei um lugar ótimo pra você, garoto. Nada muito luxuoso. Na verdade, é meu antigo apartamento. Eu nunca consegui vendê-lo, então você pode ficar por lá por algum tempo.

— Obrigado mesmo, Cinna. — Os dois finalmente desceram as malas e as mochilas, e foram puxando-as até a porta.

— Espera! — a Sra. Mellark finalmente recuperou a voz e correu atrás do filho, segurando-o pela mão. — Você não pode e não vai embora. Eu não vou deixar.

— Mas o meu pai já disse que...

— Eu não dou a mínima pro que teu pai diz ou deixa de dizer — ela o interrompeu, parecendo furiosa. — Ele não é o único que mora aqui.

— Mãe, olha... Você realmente não precisa fazer isso. — Ele não queria que os pais brigassem por causa dele.

— Eu preciso sim. Você é meu filho.

— Sei disso. Mas acredite, é melhor assim. Eu vou ficar bem, não vou morar na rua. Dessa forma eu posso me concentrar no que realmente importa e mostrar pro meu pai que eu vou fazer isso dar certo.

Ela parecia estar prestes a chorar. Peeta odiava ver sua mãe daquele jeito. Sempre se sentia horrível quando a flagrava chorando depois de brigar com seu pai. E aquilo tudo era culpa dele. Sempre era culpa dele.

— Não chora. Vai ficar tudo bem. Eu garanto. — E ele a puxou pra um abraço apertado, tentando confortá-la.

— Não se preocupe, senhora. Seu filho está em boas mãos, e eu farei dele muito famoso. Você vai se orgulhar. — Cinna deu um sorriso todo contente e deu um tapinha nas costas de Peeta. — Vamos, garoto. Não tenho o dia todo livre.

Eles colocaram as malas e mochilas no carro de Cinna, e depois de se ajeitar no banco do carona, Peeta acenou um adeus pra mãe enquanto ela acenava de volta e chorava. Só esperava que tudo aquilo valesse a pena no final.

O antigo apartamento de Cinna era um lugar muito legal. Ele já estava todo mobiliado, já que o homem fizera questão de não carregar nada da fase "pobre" da sua vida quando se mudou pra uma cobertura num prédio chique.

O lugar tinha dois quartos. Um com cama, um armário com roupas antigas e uma escrivaninha. O outro quarto parecia um depósito, cheio de caixas com discos, duas guitarras e algumas partes de uma bateria quebrada. Tinha um banheiro, uma sala e a cozinha. Não era muito grande, mas era espaçoso o suficiente pra uma pessoa só.

— Tá um pouco sujo, mas... — Cinna deu de ombros, olhando ao seu redor. O lugar precisava mesmo de uma boa limpeza.

— Isso é o de menos. Sei que provavelmente só vou passar as noites aqui. Ainda temos muito o que fazer no estúdio.

— Certo. Bem, qualquer problema, é só falar comigo. Eu vou avisar ao síndico que tem gente morando aqui, e ele vai liberar a água e a eletricidade pra você. — Ele deu um tapinha nas costas de Peeta e se afastou. — Eu preciso ir agora. Ainda tenho algumas coisas pra resolver. Até depois, garoto.

— Cinna, espera. — Peeta o alcançou na saída, parando ao lado dele. — Muito obrigado por isso. Mesmo. Não sei o que eu teria feito se você não tivesse me ajudado.

— Relaxa, Peeta. Eu tenho fé em você e em seus amigos. Sua banda vai ser um sucesso e você ainda vai me recompensar muito bem por esse pequeno favor. — Ele deu uma risada alta e voltou a dar tapinhas nas costas de Peeta. — E além do mais, eu só uso isso daqui como depósito pra coisas que não quero em meu apartamento. Não tem problema nenhum alguém usar esse lugar e impedir que ele se desfaça em mil pedaços. — E depois disso Cinna foi embora, cantarolando uma das músicas da Devil's Band.


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