A tarde se passou rápidamente enquanto eu conversava com Nico, mas ainda me encomodava o modo como ele ficara quando eu lhe disse que Dérick me beijou, aí, meu deus... isto é, aí deuses!

Nos provávelmente já tínhamos ído e voltado de uma ponta a outra na praia inteira, conversando sem parar- eu que tagarelava, em quanto Nico apenas ouvia e comentava, mas isso não vem ao caso.

Num momento, Nico parou e me olhou como sempre me olhava- nos olhos-, ele estreitou os olhos e disse:

- Por que você veio aqui?

- Uau- disse eu.- Essa pergunta me pegou de surpresa, mas você tem razão, eu tinha esquecido completamente, quando eu acordei, você me disse que nunca desmaiou... você ficou me olhdando enquanto eu estava inconciente?

- É indiferente.

- Você gosta mesmo de falar isso não é?

Ele sorriu.

- Quando não tenho nada melhor pra dizer.

- Quando eu não tenho nada a dizer, não digo nada.

- Aí é que está seu erro, encarar as pessoas- ele hesitou.- Não funciona com todos.

- Ah! Então você se diz especial?

- Se a carapuça serviu- ele sorriu, zombando de mim.

- Idiota!

O sorriso de seu rosto desapareceu.

- O que foi?- Perguntei.

- Você me xingou, e quer que eu continue a sorrir?

- Eu estava brincando Nico, qual é!

- Ah- ele sorriu de novo, e logo voltou a ficar sério, e revirou os olhos.- Olha lá, seu namoradinho.

Eu me virei e vi Dérick correndo em nossa direção.

- Ele não é meu namorado- sussurrei.

- Ainda- Nico revidou.

Quando Dérick chegou, ainda tinha fôlego, não sei como, pois correra até o meio da praia, e disse:

- Aly, aquele dia que eu ía te apresentar Fred, tivemos um imprevisto, e depois também... você... precisa conhecê-lo!

- Ah, ta.

Ele me puxou com força, como que pra se livrar de Nico. Vi Nico fazer uma cara de nojo e sorriu pra mim, eu retribui o sorriso.

Fomos até aquele enorme U no meio do acampamento, quando chegamos ao 11º, um garoto estava sentado à frente, se Dérick não estivesse ao meu lado, iria chamar o garoto de Dérick e sair correndo até ele. Quando me aproximei, pude ver que ele era diferente de Dérick, realmente aquele não era um filho de Atena, ele estava escrevendo alguma coisa em um papel amassado numa prancheta, tinha cabelos cor de areia e olhos castanhos, era mais músculoso que Dérick, e mais alto.

Quando chegamos mais perto dele, ele parou de escrever e olhou pra cima.

- Ora, se não é o filho da deusa da sabedoria, Dérick Splarks, há que devo a honra?- disse ele, sua voz era suave e grossa.

- Essa é Aly, novata.

- Huum... bem-vinda ao chalé de Hermes gracinha.

Eu corei.

- Obrigada.

- Seu pai é Hermes mesmo?- Ele me analisou.- Huuum... Morena, creio que não- ele sorriu.- Bem, fique à vontade.

- Obrigada, de novo, eu vou falar com um amigo, tchau gente.

Eu ja começara a andar quando Dérick me puxou pra trás- bem perto dele.

- Que amigo?

- Nico.

Ele fez uma careta.

- O que você tem com ele?

- Gosto de conversar com ele.

Ele fez uma cara de tem certeza que é só isso, mesmo? E, sinceramente, se ele me peguntasse isso, eu não teria o que responder, era uma pergunta difícil.

Não esperei ele dizer mais nada, saí andando até a praia, Nico estava deitado na areia, com o braço nos olhos, sentei ao seu lado, pensando que estivesse dormindo, fiquei observando-o.

- Você costuma observar as pessoas enquanto elas pensam mesmo?

Eu quase dei um pulo de susto, ele tirou o braço dos olhos e sentou à minha frente.

- Seu namoradinho não tem ciúmes de que você fique muito tempo comigo?

Eu suspirei.

- Quantas vezes eu tenho que dizer que ele não é meu namorado!?

- É indiferente.

- Chega de falar isso!

Ele sorriu, eu ouvi um latido agudo e alto atrás de mim, um cachorro, um cachorro enorme.

- O que é aquilo?- Perguntei.

- Um cão... infernal... mas não é Sra. O'Leary!

- Quem!?

- Corra! Eu cuido disso.

- Nico, sabe que eu vou voltar pra te ajudar, você viu na aptura da bandeira.

- Mas se ficar, vai morrer, ao invés de desmaiar.

- Então vem comigo!

Ele sacou a espada, coisa que eu não tinha.

- Corre Aly! Não ta ouvindo!?

- Não!

Ele se virou pra mim.

- Vai Aly, eu vou ficar bem...

- Não, não vai, na captura da bandeira, eram apenas campistas, mas essa coisa vai te matar!- Comecei a chorar frenéticamente.

- Se acalme Aly! Pare de chorar, se não eu vou começar a chorar também!

- Só paro de chorar se você vier comigo!!

- Tá bom!

O cão avançou mais contra nós. Eu e Nico corremos o máximo que pudíamos, era covaridia total, mas corremos para fora do acampamento, só eu e Nico, na escuridão do mundo lá fora.