O Cataclismo Dos Desejos escrita por Fada Dos Tomates


Capítulo 2
Dois Monstros Vazios


Notas iniciais do capítulo

Oie gente! Aqui estou eu de novo! Mais um cap cheio de mistérios e doideras...



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Aquela dúvida hedionda. Sou realmente um monstro, não é? Um sentimento sórdido e detestável me faz sorrir maliciosamente sem querer. Eu desejava que o mundo ficasse assim, se eu destruir meu próprio sonho estarei sem nada novamente. Mas a expressão de Sora me diz que isso é errado.

Ah, ele é tão amável comparado a mim.

Queria que as pessoas pagassem por me torturar dia após dia com uma vida normal e entediante, queria que vissem o quanto são horríveis e se odiassem, pagassem por seus pecados da pior forma possível.

“Mas o que você fará agora?” pergunta a voz de Kami em meus ouvidos “Se quer sofrer então me odeie, me odeie até ser consumida pelo ódio. Sem o ódio você não é nada, totalmente vazia”.

–É o que ele quer – murmuro.

–O quê? – indaga Sora.

–Kami quer que nós nos viremos contra ele – respondo sorrindo.

–Quem iria querer uma coisa dessas? – ele se surpreende.

–Kami – respondo – Até posso entender, somos parecidos.

–De qualquer forma temos que fazer isso acabar, pará-lo antes que o mundo se torne destruição e desespero – avisa Sora.

–Muito bem – suspiro – Isso parece divertido.

–Aika, você... está diferente – comenta ele – Parece mais triste e fria.

–Desde que você se foi, eu me tornei uma pessoa assim – me entristeço – Você era minha única luz neste mundo de escuridão e trevas, sem você... as trevas me corromperam. Meu coração não é mais o mesmo, está vazio.

–Vou preenchê-lo de novo – decide ele.

–Eu espero que consiga – olho em seus olhos, ele ainda parece tão distante – Não sei se posso dizer que te amo, não tenho emoções no momento.

–Eu farei você voltar a ser aquela Aika de antes, farei você voltar a ter emoções – promete Sora.

–Me desculpe por ser assim agora – peço – Vamos? Precisamos parar um milagre proibido de Deus...

Meu sorriso é falso, mas o de Sora é verdadeiro, lindo sorriso. É tão brilhante, não mereço tal coisa.

O som das sirenes de ambulâncias, viaturas de policia e de caminhões de bombeiros estão por toda parte. Ainda há gritos e gargalhadas altas, pessoas mortas pelas ruas e pessoas quase mortas, em situações parecidas daquela mulher que levou um tiro. Cenas assim deveriam me apavorar, mas me dá vontade de rir. É tão adorável pra mim. Sou tão horrível quanto Kami, não é? Oh, como isso é sujo!

–Como pararemos Kami? Teremos de lutar, não é? – questiono;

–Sim, sim – afirma Sora – Mas não sei o que te dar como arma.

–Algo maior que uma espada, pode ser um tipo de lança do qual não sei o nome, sempre quis aquilo. Tipo uma foice, aquela coisa que a Morte usa – brinco novamente sem me importar, o que digo é tão sem sentido que até eu mesma me confundo.

–Tipo aquilo? – ele aponta pra algum lugar atrás de mim.

Viro-me pra ver do que ele fala e uma lâmina brilhante me acerta rápido demais para eu reagir, o sangue e a dor se misturam e solto um gemido chocada.

–Aika! – Sora corre rapidamente até o garoto que me feriu.

Caio de joelhos no chão e arquejando tiro a lâmina de dentro de mim. Está tudo bem, o ferimento vai se fechar.

O garoto defende de alguns ataques de Sora e faz movimentos rápido que quase não vejo. Ele segura a lâmina de Sora e lhe dá um soco no rosto, depois rouba a lâmina de sua mão, o derruba e perfura o pescoço dele com ela. Sora não consegue falar nada, nem ao menos consegue se mover. Fico tão perplexa que paraliso. O rosto do garoto maluco que antes não conseguia enxergar por causa do capuz de seu casaco, agora é bem visível. Posso ver a expressão de desprezo em seus olhos roxos.

Ele tira a lâmina de Sora e o perfura novamente, desta vez, no peito. Sangue jorra de seus ferimentos e Sora solta uns gemidos estranhos.

Ele vai morrer... Minha única luz e esperança morrerá!

–Não! Não! Não! – levanto com a arma que me feriu antes nas mãos e ataco o cara impetuosamente, mas não tenho tanta sorte, ele defende e chuta meu estômago fazendo-me cair.

Levanto imediatamente preparada, mas ele é veloz demais, pega a lâmina que está comigo, a gira e acerta meu peito. Cuspo sangue e cerro os dentes tentando evitar parecer fraca. Isso vai regenerar, não é Kami?

O garoto tira a lâmina de mim e acerta minha cabeça com ela. Caio no chão com lágrimas nos olhos por causa da dor. Ele não para e finca uma ponta da lâmina em meu estômago, meu coração acelerado parece arder pela dor.

O garoto joga a lâmina longe por algum motivo desconhecido, tento me levantar já que as feridas curaram, mas ele fica em cima de mim e me impede de levantar. Incomodo-me com o fato de que é um garoto em cima de mim e confesso que sinto um pouco de medo.

–Hinamori Aika – o garoto pronuncia meu nome, não há expressão alguma em seus olhos, como se estivesse vazio – Então foi você que começou tudo isso. Que desejo egoísta e sádico o seu! Agora entendo porquê Kami te escolheu, mas admito minha inveja. Esse sonho era meu.

–Do que está falando? Está com inveja por ter sido eu a colocar o mundo em colapso? – pergunto.

–Sim, é isso mesmo – afirma ele – Não tem problema se derrotarmos o culpa e eu me tornar Kami.

–Até parece que eu...

Um barulho que todos conhecem bem é ouvido e uma arma está apontada para Sora que geme e treme com a morte se aproximando suavemente.

–Se você não aceitar eu o mato e juro que vou te torturar dia após dia sem misericórdia – ameaça ele – Vai regenerar, não é mesmo? Poderia matá-la milhões de vezes.

Não me assusta o fato de ele querer me torturar, mas não quero perder Sora, então resolvo aceitar.

–Meu nome é Gekkou – o garoto tira o capuz e posso ver seus cabelos arroxeados e a cicatriz atravessando seu olho esquerdo, há uma tatuagem em seu pescoço, uma foi e um relógio.

–Tatuagem interessante – comento.

–Os ridículos medos das pessoas: a morte e o tempo que um dia chega ao fim – explica Gekkou.

–Agora pode sair de cima de mim, por favor?! Sora vai morrer se eu não ajudá-lo! – digo aflita.

–Kami não o deixará morrer – fala ele – Preciso fazer uma coisa antes.

Gekkou apalpa minha bochecha e se aproxima, lhe dou um tapa no rosto antes que me beije.

–O que pensa que está fazendo?! – questiono furiosa.

Ele me fita analisando-me, sua expressão indiferente me deixa louca, não consigo imaginar no que está pensando. Depois de alguns segundos ele tenta de novo, me segura à força e, mesmo que eu me sacuda, consegue o beijo.

Seus lábios parecem ferver, apesar de que é muito amável comparado a mim. Os gemidos de Sora se transformam em silêncio, só posso ouvir as batidas de meu coração inquieto, com medo que Sora tenha morrido empurro Gekkou o mais forte que posso.

Vejo que não estou mais na cidade, e sim, num lugar negro. Como uma caixa, pois há pessoas passando pelo outro lado. As pessoas não nos vêem, só passam pela rua indiferentemente. Há apenas uma coisa na caixa além de nós: um coração cheio de rachaduras pendurado no ar por artérias gigantes.

–Onde estamos? – pergunto confusa.

–Seu coração está bem ali – Gekkou aponta para o coração rachado.

–Meu coração? – aquela cena é deprimente, estou vendo meu próprio coração.

Ele é tão frágil e débil, tão vazio e isolado de tudo, no meio de uma escuridão monocromática.

–Por isso você foi escolhida por Ele – diz Gekkou – Não somos totalmente iguais, mas muito parecidos Aika. Dois monstros vazios. E é por isso que podemos derrotar Kami, é o mais próximo que podemos chegar da perfeição.

–Perfeição?! Somos monstros!

–A imperfeição perfeita para Kami – ele não fala de forma muito compreensível, mas de alguma forma o entendo – Ele é igual a nós, por isso conseguiremos derrotá-lo. Pessoas vazias não têm medo, elas não têm nada além do ódio, isso é perfeito pra Ele.

–Aika! – uma voz me tira a atenção.

Atrás do vidro que nos prende na caixa, está Sora batendo e gritando meu nome.

–Ele não pode te alcançar – Gekkou esfrega suavemente o rosto no meu, um arrepio me percorre a espinha, meu coração fica tenso – Você sabe que ele não pode, não mais. Por isso esqueça-o, odeie, tudo e todos, a culpa disso é de Kami.

–P-pare – começo a ofegar.

Gekkou passa a mão por meu corpo impetuosamente, Sora arregala os olhos no vendo assim.

–Pare seu...seu monstro! – ordeno.

Ele para e me olha com aquela expressão indiferente novamente.

–Então vou odiar –decide.

E me surpreende me dando um soco no rosto e mordendo meu pescoço como um vampiro.

–Isso é tudo culpa sua. Agora deseje e...me divirta ordena ele.


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Notas finais do capítulo

Oshi! Será que Gekkou é Kami?! E Aika fará o quê para derrotá-lo se ele for?
Até a próxima.



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