P.V. Maria

Voltei ao colégio bastante feliz, acho que finalmente estava gostando de alguém novamente. Alguém diferente do Lorg. Arthur tem um brilho no olhar que o Lorg perdeu com a morte de sua mãe. O sorriso de Arthur é verdadeiro já o de Lorg é forçado, falso. Eu até entendo um pouco, Lorg aprendeu esse sorriso para disfarçar a dor que estava sentindo pela perda de sua mãe.

—Oi linda, ta viajando por onde em? Qual planeta se encontra Maria!- falou Dyana, me fazendo voltar. Estava esperando Dyana sair da aula para voltarmos juntas para casa.

—Eu só tava te esperando, vamos lá para casa?- Perguntei

—Uhm, desculpa amiga, mas não vai dar. Vou me encontrar com um carinha aí.- disse ela dando pulinhos de euforia._Mas, você vai me prometer que vai me contar como foi seu encontro com gatinho de olhos azuis, Ok?!

—Amiga, você não vai sair com o otário do Kaio de novo vai?-perguntei com ódio, não queria que minha amiga sofresse por aquele babaca de novo.

—Só você que pode perdoar o garoto que te magoou?! Todo mundo tem uma segunda chance, ta bom. –disse ela, toda irritada 

—Ta, mais essa já é a centésima chance que você está dando para ele. Mas se você quer pagar de idiota novamente, vai lá, mas não me liga mai chorando no meio da noite. –falei já indo embora

—PODE TER CERTEZA QUE EU NÃO VOU LIGAR.- disse ela bem alto, pois eu já estava bem longe.

Eu sabia que ela ia se decepcionar novamente, eu acho que lá no fundo ela também sabia. Mas ele era apaixonado por ele.

Chegando ao portão de casa ouvir meus pais gritando um com o outro, acho que a vizinhança toda estava ouvindo. Meu dia tava cada vez melhor.

—OLHA, VOCÊ NÃO GRITA COMIGO TA BOM, EU TIVE UM DIA BEM CANSATIVO HOJE NO ESCRITÓRIO. MINHA CABEÇA ESTÁ EXPLODINDO. –Gritava meu pai.

—AH, VOCÊ ACHA QUE EU NÃO TRABALHO É? SÓ VOCÊ QUE TRABALHA NESSA CASA NÈ?-gritava a minha mãe

—É SE VOC....

—DÁ PRA VOCÊS PARAREM COM ESSA GRITARIA TODA- os dois olharam para mim.

—Ai filhinha, não era para você ouvir.- falou minha mãe com uma expressão triste.

—Todo mundo ta ouvindo mãe. Vocês deveriam sentar e conversar como adultos. E se não der, se separem logo de uma vez. Ninguém é obrigado a viver nesse inferno. - os dois se olharam e olharam para mim novamente.

Subi o mais rápido possível para o quarto, tranquei a porta de chave e me deitei na cama. Logo em seguida o celular tocou. Pensei ser a Dyana ou o Arthur, mas era o Lorg.

Ligação ON

—Oi Mar- disse ele

Dei um longo suspiro de cansada e então respondi

—Oi Lorg

—Vejo que sei dia não foi muito bom, mas se você quiser pode melhorar um pouco. Só precisa abrir a janela.- falou ele, obviamente com aquele sorriso torto no rosto.

Quando abro a janela, lá esta ele, no telhado da minha casa.

Ligação OFF.

—O que é que você ta fazendo aqui Lorg? -perguntei sem animo algum.

— Queria te ver. E percebi que você ta precisando de alguém .- disse ele olhando para porta, e dando a entender que estava falando dos meu pai._Não vai me deixar entrar?-perguntou.

Saí da frente deixando que ele entrasse. Ele ficou olhando paras paredes. Certamente lembrando da época que namorávamos.

—Tinha milhões de fotos da gente e minhas nas paredes, você rasgou todas?-disse ele

—Não, guardei. Não gosto de rasgar fotos, acho que pessoas que não tem passado, não consegue ter um futuro.- Falei

—Eu também guardei as suas. Mas foi porque eu sempre achei que voltaríamos, e ainda não perdi as esperanças. - falou ele se aproximando de mim.Mas eu me afastei. 

—Olha Lorg, eu estou começando a gostar de outro garoto e...-falei bem baixo e olhando para o chão ainda tentando me convencer das minhas palavras. Quando levantei o olhar me deparei com seus olhos.

—E onde está ele, que não está cuidando de você agora? – perguntou ele ainda olhando nos meus olhos

—É que ele não sabe e...- tentei convencê-lo.

— Xiii... enquanto isso, deixe-me cuidar de você.- Falou ele já me abraçando.

Comecei a chorar, não queria desabar em sua frente, mas não consegui segurar. Sabia que a separação não era o fim do mundo, e que eu mesma tinha dito para eles se separarem. Mas eu não queria, eu queria que eles voltassem a ser o que eram antes, nós éramos uma família.

—Vai ficar tudo bem, eu prometo. -disse Lorg enxugando minhas lágrimas.

Afastei-me um pouco de Lorg.

—Obrigada Lorg. E-Eu preciso tomar banho e comer alguma coisa. -Disse esperando que ele vá embora.

—Ok, eu espero. Ai a gente vai naquela pizzaria que gostávamos, lembra?! – falou sentando-se em uma poltrona no meu quarto.

—É que eu não queria sair hoje.-falei com desanimo.

—Ta bom então, logo ali tem um BURGER KING, eu vou comprar e trago para gente enquanto você toma banho. - disse ele piscando para mim e já saindo pela janela.

Eu não consigo me livrar dele nem se eu quisesse.Entrei no banho e passei um bom tempo pensando em Arthur e se eu estava realmente apaixonado por ele e em Lorg e se eu ainda estava apaixonado por ele.E em meus pais e em Dyana. E minha cabeça está uma confusão.

Sai do banho e Lorg já estava lá, sentado em minha cama.

—Eu trouxe um refrigerante e um suco, não sei o que você prefere. Gostei do pijama. – Ele disse com um largo sorriso no rosto.

Eu estava com uma calça e uma blusa de moletom com um monte de Olaf desenhado. Nem um pouco atraente, mas muito confortável.

—É bem confortável, e esse corte em sua boca. - falei sentando-me na cama e percebendo agora o corte._Brigou com alguém.

—Um babaca no colégio que me deu um soco, não quis revidar. - falou dando uma mordida no hambúrguer.

—Aham sei, logo você que era o maior valentão. -falei mordendo meu hambúrguer.

—É que ele ainda é um moleque imaturo, não tinha pro que revidar-falou Lorg

Riamos de varias lembrança do passado, no nosso primeiro beijo um pouco desengonçado, da primeira vez que ele veio falar com os meus pais e de muitas outras coisas. Eu realmente estava me sentindo melhor. Lorg sempre teve o dom de melhorar meu dia, mesmo após tanto tempo.

—Como você esta se sentindo?-perguntou Lorg sentando na minha poltrona.

—Eu estou bem melhor Lorg, obrigada, você é um bom amigo.-falei

—AMIGO, é um bom re-começo não é.- ele falou com um belo sorriso no rosto, um sorriso sincero.

—É, mas vai ser apenas amigo. Eu já te disse que estou gostando de outro cara não foi?!-falei

Ele levantou da poltrona e sentou na cama ao meu lado olhando nos meus olhos.

—Vou fazer você gostar de mim novamente e esquecer aquele cara- ele falou com um sorriso no rosto e me dando um beijo na bochecha. _ Eu prometo.

Ele abriu a janela e saiu.