Segredos Amargos escrita por S Pisces


Capítulo 61
Capítulo 59


Notas iniciais do capítulo

#BeSafe
#Beathome
#MePerdoem



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Poeira e fumaça tomavam conta do ar, carros de polícia e do corpo de bombeiros tomavam toda a extensão da rua enquanto os curiosos de aglomeravam, embora madrugada. Pepper, Maria, Clint e Steve assistiam a tudo de uma distância segura. Steve a princípio se recusou a sair dali, mas foi convencido por Clint e Maria. Ele não tinha condições de responder as perguntas da polícia porque ele mesmo tinha várias perguntas não respondidas. Os ferimentos em seu rosto foram devidamente limpos, mas ele precisava mesmo era ir ao hospital, mas ninguém conseguia convence-lo. Ele só sairia dali quando Natasha e Sharon fossem encontradas... porque enquanto ele não as visse, não visse seus corpos sem vida, ainda haveria esperança.

Bucky havia entrado em contato alguns minutos antes, mas Steve não conseguiu conversar com o amigo, o que ele poderia dizer? Como ele poderia contar algo para os gêmeos que Natasha estava soterrada sobre toneladas de concreto e ferro, e até onde ele sabia, morta? Não. Ele acreditava, ele precisava acreditar que ela conseguira de alguma forma salvar-se... ele estava magoado, para dizer o mínimo, mas isso não queria dizer que ele aceitaria a morte dela. De forma alguma. Eles precisavam conversar, precisavam se encontrar. Ele queria ouvir da boca dela a confirmação de toda aquela loucura e então ele lidaria com isso, mas no momento, a única dor que ele queria amenizar, era a dor que a incerteza causava. A dor da possível perda que a cada minuto tornasse mais palpável, sufocando-o, arrastando para baixo. Ele fecha os olhos e respira fundo. Suas costelas doem, mas ele acolhe essa dor, porque ela o faz esquecer da outra dor que aperta seu peito e seu coração de uma forma que ele não acha possível que consiga sobreviver por mais tempo. Mas ele continua vivendo e desejando que ela esteja viva também.

**** X ****

O ar grosso, repleto de poeira entra pelas narinas e boca da ruiva, fazendo-a sufocar e engasgar. Ela tosse, a garganta completamente ressecada, mas o que realmente importa é que independente da queimação na garganta, do sangue que corre por seu rosto devido um corte profundo na linha do couro cabeludo e das outras dezenas de machucados e dores que ela sente pelo corpo, ela está viva. O prédio desabou, mas de alguma forma ela conseguira salvar-se. No momento da explosão, o chão abriu-se sobre pés de ambas as mulheres e elas caíram em direção ao que Natasha acreditava ser a morte certa, contudo, as paredes formam uma espécie de abrigo, que suportara o peso de toneladas de concreto e impedira que ela fosse brutalmente esmagada.

Natasha tateia pelo pequeno espaço, no qual ela mal podia mover-se. Ela estava numa posição pouco confortável, caída de lado sobre o braço esquerdo que começava a formigar devido à falta de circulação do sangue. Ela deitasse de costas, as pernas dobravas roçam o concreto acima e ela percebe que o espaço é realmente pequeno. Ela não tem espaço para sentar-se, então tudo o que lhe resta é ficar deitada, uma das mãos apertando o local do corte numa tentativa de estancar o sangue enquanto a outra cobria sua boca e nariz. Não havia qualquer luz e o som que chegava até ela era indistinto. Pelo menos ela sabia que Steve estava a salvo e isso definitivamente alivia e muito seu espirito. Um leve roçar chama sua atenção, ele veio de muito perto, perto mesmo e ela fica atenta a qualquer movimentação. Sharon. Só podia ser a ela. Elas estavam próximas no momento da explosão e se Natasha sobrevivera, era bem possível que Sharon tivesse conseguido sobreviver também. Natasha estica a mão esquerda, tateando de leve a superfície e seus olhos arregalam-se na escuridão quando ela toca no que só pode ser um braço. Ela respira fundo – o mais fundo que a queimação em sua garganta e pulmões permitem – e arrastasse novamente, aproximando-se cuidadosamente. Ela continua sua inspeção, enquanto a pessoa continua imóvel, provavelmente inconsciente. A própria Natasha não sabia quanto tempo ela mesma ficara inconsciente, poderia ter se passado 10 minutos ou 1 hora, não fazia diferença. Ela sente a roupa molhada e visguenta no ombro da pessoa, confirmando que tratava-se de Sharon, e sem hesitar checa a pulsação da loira, que apesar de fraca, estava estável. Natasha suspira, ela esperava que o resgate as encontrasse logo, pois apesar de estável, ela sabia que Sharon estava fraca, sua pulsação claramente indicava isso. E não, ela não estava sendo movida por qualquer sentimento de compaixão ou perdão, não haveria nada disso para Sharon, a loira precisava sobreviver para que pudesse pagar por todo o sofrimento que ela causara a Natasha e sua família. Ela ameaçará a vida dos gêmeos e de Steve, explodirá sua casa e arruinará seu casamento, definitivamente não haveria perdão.

Pensar nos gêmeos fez seu coração apertar-se. Como eles ficariam ao saber das notícias? Como Steve devia estar sentindo agora? Provavelmente acreditando que Natasha e Sharon estavam mortas e sentindo-se culpado. Era tão claro quanto água, Steve tinha o coração muito bom e com certeza estava sofrendo a ~ provável ~ morte das mulheres. Natasha range os dentes, quando Steve soubesse que Sharon estava por trás de tudo isso, tanto ela quanto Bucky iriam poder soltar o bom e velho: ‘Eu te avisei’. Mas independente da culpa da loira, Natasha tinha plena consciência que seu casamento estava arruinado. Ela mentira e Steve não a perdoaria, não tão fácil, pelo menos. No fundo, ela questionava-se se ela sequer merecia o perdão de Steve... ela não tinha certeza sobre isso.

Um gemido interrompe seus pensamentos, trazendo-a de volta a realidade. Ela afasta da loira num movimento rápido, assumindo uma postura de defesa mesmo no pequeno espaço. Ela sabia que Sharon estava fraca, mas isso não queria dizer que a loira não representava perigo, toda a situação por si só já era extremamente perigosa. Ela ouve a loira gemer mais uma vez e o silêncio novamente se instala, aparentemente Sharon estava muito mais fraca do que a ruiva pensara, talvez ela tivesse machucado-se gravemente na queda. Não seria ela a ficar procurando ferimentos na loira naquela situação, por mais que ela quisesse que a praga sobrevivesse, principalmente para que Steve e os outros pudessem ouvir a verdade da boca dela, ela não iria gastar sua pouca energia para salva-la.

Natasha fechou os olhos, sentindo a sonolência proveniente do esforço para respirar tomando conta do seu ser. Ela abriu os olhos, forçando-os na escuridão, forçando-se a ficar acordada, consciente. Pânico começou a crescer no seu peito, a escuridão agindo sobre ela, opressora. Ela não queria apagar, não queria dormir. Sharon poderia acordar a qualquer momento e assim como ela, perceber que não estava sozinha e matar Natasha... era isso! Talvez a melhor opção fosse matar a loira ali e agora, enquanto ela estava inconsciente. Natasha sabia que não havia nada de justo ou honrado nisso, mas pelo menos ela garantiria a própria sobrevivência. E a melhor parte é que ninguém saberia – não Steve pelo menos – que ela havia colocado um fim na loucura da loira. Natasha arrasta-se novamente para perto de Sharon e checa sua pulsação, estava ainda mais fraca, com sorte Natasha nem precisaria sujar as mãos, só aguardar... era um verdadeiro dilema. Ela põe a mão direita sobre a boca de Sharon, sentindo o ar entrar e sair pelos lábios entreabertos da loira, estava bastante fraco, quase imperceptível. Natasha fecha os olhos mais uma vez e retira a mão de sobre a boca de Sharon. Dois segundos depois ela ouve o som alto e claro de maquinas e vozes. O resgate estava perto.

**** X ****

Quando as exclamações de que haviam sobreviventes debaixo dos escombros chegaram a Steve, tanto ele quanto os outros correram para o local, ignorando os olhares curiosos que as pessoas lançavam sobre o rosto machucado do loiro. Steve assistiu atônito quando uma maca foi suspensa, e apesar da distância ele conseguiu identificar o cabelos loiros, embora sujos, que só poderia ser de Sharon. Ele tentou quebrar a barreira, mas os policiais próximos o impediram, observando-o com os olhos cerrados e as expressões sérias. Clint o puxou antes que ele chamasse ainda mais atenção e poucos segundos depois, eles estavam ao lado de um carro preto, no qual Pepper conversava próxima a um homem de cavanhaque.

“Steve... este é Tony, meu marido.” Ela apresenta e os dois trocam um aperto de mão.

“Não se preocupe, assim que a ruivinha sair dali, ela será levada a um hospital e vocês terão toda a privacidade do mundo para conversar.” O homem informa, com um tom que beira a casualidade. Steve o observa com a expressão confusa.

“Você sabe?” ele questiona.

“Sim. Tanto a Nat, quanto a Pepper e a Maria meio que trabalham para mim.” ele dá de ombros e Pepper sorri.

Antes que Steve pudesse fazer qualquer outra pergunta, novos gritos são ouvidos e ele vira-se, seguindo o som das vozes. Tony avança na frente, abrindo espaço para que eles o seguiam sem serem incomodados pela polícia e eles assistem Natasha ser erguida. Ela cambaleia um pouco, suas pernas tremendo devido as câimbras, mas é rapidamente ajudada por um dos bombeiros. Steve avança na direção da ruiva, ignorando os avisos dos bombeiros e antes que ele se dê conta, ele está abraçado a Natasha. Ele a aperta, fazendo suas costelas protestarem, mas dessa vez ele ignora porque a sensação de alivio que toma conta dele suprime qualquer outra dor ou sentimento. Ela estava viva. E isso definitivamente era o que mais importava.

Ele se afasta um pouco e a examina rapidamente. O sangue seco e a sujeira grudados nas feições da ruiva, o cabelo completamente imundo. Eles se encaram por alguns segundos, e é perceptível o alivio de ambos, mas também há dor, preocupação, nervosismo, ansiedade e mais um milhão de sentimentos que cruzam a mente e o coração de ambos.

Antes que qualquer um deles pudesse dizer qualquer coisa, o som da ambulância chama a atenção deles.

“É melhor irmos!” Tony avisa. “Você precisa ir para um hospital.”

“Sharon. Pra onde ela foi levada?” Natasha pergunta, a voz soando ainda mais rouca devido a toda a poeira que ela inalou.

“Ela foi encaminhada para um hospital próximo daqui.” Maria informa. “Vamos levar você para o hospital da base e––”

“A Sharon tem de ser levada para o hospital da base também. Não podemos perde-la de vista.” Natasha fala, a voz ansiosa. Todos a encaram confusos. “A Sharon está por trás de tudo, a Yelena foi apenas um bode expiatório.” Explica.

“O quê? Eu vi a Sharon ser torturada!” Steve exclama, como que saindo de um transe. Como assim a Sharon estava por trás de tudo?

“Eu explico tudo no caminho. Precisamos seguir aquela ambulância!” ela caminha em direção ao carro de Tony, ignorando as perguntas que alguns bombeiros e polícias lançam para ela. Os outros a seguem de perto, também fazendo um milhão de perguntas. Ela sente sua cabeça girar.

“Senhor!” um dos polícias grita acima do barulho e alguma coisa no tom da voz faz Natasha girar sobre os calcanhares para observar o homem. “A ambulância com a outra sobrevivente sofreu um acidente e a moça desapareceu.” Todos assistem chocados a vários polícias entrando em seus carros e saindo em disparada, abrindo caminho entre os curiosos que ainda estavam no local.

“Ainda não acabou.” a ruiva sussurra, entredentes.


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Notas finais do capítulo

É isso. Agradeço a todos que continuam aqui. Acreditem ou não, são vocês que me dão forças para continuar.