Segredos Amargos escrita por S Pisces


Capítulo 60
Capítulo 58


Notas iniciais do capítulo

Demorei pouco dessa vez... hehehe :)



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Natasha sabia exatamente onde Sharon estava, ela lembrava vagamente de ter dado uma olhada na direção da loira, enquanto Harrison discursava eloquentemente. Ela só precisa entrar, pegar a loira e sair. Em poucos minutos o inferno terá acabado e ela poderá preocupar-se com outras coisas, como o próprio casamento.

Ela entra na sala, saltando alguns capangas que estão caídos por ali, mas para espanto seu, Sharon não está mais no sofá. Ela procura rapidamente em volta, mas não há sinal da loira, ou melhor, o único sinal que há é uma trilha de sangue. Natasha suspira e segue a trilha, não fazia sentido algum que Harrison, estando ferida, voltasse para pegar Sharon. Natasha havia confrontado Harrison e após uma luta fácil, Natasha desarmou Harrison e atirou contra a mesma, mas ela conseguiu esquivar-se e o tiro pegou na perna. Natasha até teria atirado novamente, mas houve uma explosão e uma parede desmoronou, soterrando Harrison, pelo menos era o que Natasha havia achado. A trilha começava a ficar mais fraca, provável que Harrison tivesse feito um torniquete ou algo do gênero, mas ainda era visível um pouco de sangue aqui e ali. Natasha chegou a um corredor largo e curto, que parecia fazer parte de um sistema de carga e descarga. Natasha prosseguia com passos leves e rápidos, deixando que seus sentidos lhe guiassem e protegessem, afinal, ela estava sozinha.

Um som abafado é ouvido a sua direita, e ela aproximasse mais da parede, caminhando bem rente a esta. Logo, ela depara-se com uma porta de metal, sob trilhos. Há uma brecha entre a porta e o batente, por onde Natasha consegue ver Harrison empunhando uma arma e gesticulando freneticamente. Havia uma espécie de poltrona giratória no meio da sala, onde Sharon devia estar sentada, mas completamente fora de vista. Harrison põe as mãos no rosto, completamente exasperada e então Natasha assiste chocada quando a morena começa soluçar e lágrimas lavam o seu rosto. Aquilo definitivamente não era o esperado. A ruiva então vê-se num impasse: não haveria como tirar Sharon dali sem que Harrison não percebesse, ela teria de entrar na sala e confronta-la, de uma vez por todas. Desta vez, não poderia haver dúvidas, contudo, naquele estado emocional, beirando a loucura, Harrison tornava-se ainda mais perigosa. Desequilibrada e perigosa. O pior tipo de pessoa a ser enfrentado. Natasha temia que Sharon acabasse ainda mais machucada, não porque ela se preocupava com o bem estar da loira, mas porque ela já tinha problemas demais com Steve. A ruiva respira fundo, e empurra a porta. O tempo era limitado, de qualquer forma.

Harrison ri histericamente quando Natasha entra, o que faz um calafrio percorrer a espinha da ruiva: a situação piorava a cada segundo.

“Eu vim aqui pela Sharon. Entrega ela, e eu deixo você apodrecer na cadeia.” Natasha fala num tom de conciliação.

“Você não vai leva-la.” Harrison afirma, séria. “Ninguém irá nos separar novamente.” Ela avisa, apontando a arma para Natasha, que estaca.

A ruiva percebe que há algo muito errado naquela história. Como assim Ninguém irá nos separar novamente? Aquilo não estava fazendo sentido. Natasha podia ver que por baixo da maquiagem, Harrison suava e que ela estava ficando mais pálida. O olhar da ruiva desceu rapidamente até a perna, na altura da coxa, onde havia um torniquete mal feito amarrado. O sangue não corria livremente, mas era claro que Harrison não aguentaria muito mais tempo. Nat cogita mantê-la falando, assim ela poderia sucumbir graças ao ferimento, mas pelas contas da ruiva, ela tinha pouco mais de 10 minutos.

“Olha, por mais que eu quisesse muito ficar aqui ouvindo essas loucuras da sua cabeça, o prédio está prestes a explodir e eu não tô muito afim de explodir com ele.” a ruiva ironiza. Os olhos de Harrison brilham de ódio, mas quem se pronuncia não é ela.

“Você está certa. Não temos mais tempo a perder.” A voz de Sharon é ouvida seguida de um disparo. Natasha treme, mas não é ela quem cai, e sim Harrison. A ruiva observa chocada Harrison tentando estancar o sangramento na altura da sua barriga. Natasha sabe que o seu choque está refletido no rosto de Harrison, mas não há apenas isso.

“O que... por que...” Harrison balbucia, completamente confusa e desamparada. “Nós... você...” ela não completa uma única frase, o que demonstra ainda mais sua situação.

“Não há nós.” Sharon fala. Sua voz soa dura e fria, completamente indiferente ao sofrimento da mulher que agoniza ao chão. A cadeira gira, finalmente revelando-a, os machucados estão ali, assim como os inchaços e tudo mais, mas olhando mais atentamente, é visível que tudo não passa de maquiagem muito bem feita. “Eu vou explicar, acho que as duas merecem essa explicação antes de morrer.” Ela avisa, apontando a arma para Natasha. “Melhor você me entregar isso, sabe como é.... acidentes podem acontecer.” Natasha trinca os dentes em frustração, mas não vê outra alternativa a não ser pôr a arma no chão e chuta-la para Sharon. A arma para a alguns centímetros entre Sharon e Harrison, mas a loira não se incomoda em pegar; ela sabe que Harrison está lutando para manter-se viva.

“Vou pular a parte que você matou o Ian e tudo mais, todas nós já estamos cansadas disso.” Sharon cruza as pernas. “Quando o Ian morreu, eu estava num internato. Um internato muito bom, diga-se de passagem. Acho que ele ficou com remorso por minha mãe ter morrido no parto e decidiu me dar do melhor que o dinheiro podia oferecer. Quando você o matou, eu fui tirada do internato às pressas por um amigo dele. O único que sabia da minha existência e que era uma espécie de padrinho. Foi ele que me contou como e por que ele havia morrido.... Sabe, foi bem difícil no começo, mas depois o plano estava perfeitamente arquitetado. Eu só precisava das pessoas certas, para fazer o trabalho pesado por mim. É aqui que você entra Harrison...” Sharon finalmente olha novamente para a mulher que está deitada numa poça do próprio sangue. De alguma forma, ela ainda estava viva. “Você era a cobaia perfeita! Tinha uma certa aparência com o Ian, o que facilitou bastante na hora de te convencer que você era filha dele. Pois é! Você não é filha dele!” a loira dá bastante ênfase no não. “Eu precisava de alguém esperta o bastante para conquistar confiança, mas burra o suficiente para ser manipulada e querida, você se encaixou como uma luva. Enquanto você agia como a mente por trás de todos os ataques e distraia a Natasha e suas amiguinhas, eu conquistava a confiança e conseguia informações importantes do outro lado. Assim que eu consegui estruturar cada passo, inclusive, cada informação vazada. Ou você realmente acha que conseguiu as informações que conseguiu porque era muito esperta?” desta vez suas palavras são direcionadas a Natasha. “Eu sabia que você estava desconfiando de mim, então decidi que era a hora de você ter um deslumbre de quem era a Harrison, assim, totalmente diferente de mim, você não teria mais motivos para desconfiar... ou pelo menos, os motivos certos.”

Natasha sente-se enjoada. É como se o chão estivesse se abrindo debaixo dos seus pés. No fim das contas, ela nunca conseguiu realmente estar à frente de Harrison.... Ou Sharon. Ela fora manipulada a todo instante.

“Então, querida Yelena, nós não somos irmãs, nunca fomos e nunca seremos. Você foi apenas um bode expiatório que sinceramente, eu não aguentava mais.” Sharon põe de pé e antes que Natasha pudesse sequer pensar em fazer algo, atira contra o peito de Harrison. As mãos de Natasha vão em direção a sua boca e ela fica horrorizada. Sharon era pior que do que qualquer pessoa que ela havia enfrentado. Ela pior até do que o próprio Ian Harrison. “Agora somos eu e você.” ela se vira para Natasha, que mantem-se firme no local. “Você...” Sharon ri. “Você é realmente bonita. Eu já tinha visto muitas fotos suas, mas quando a vi pessoalmente e principalmente, tive a oportunidade de conversar com você na festa do Bucky, foi ali que eu percebi o porquê do meu pai ter permitido que você entrasse na vida dele. Ele sempre gostou de mulheres assim, fortes, decididas. Selvagens. Mas o Steve... eu nunca entendi muito bem o que ele viu em você, além da beleza, é claro.” Ela gesticula, apontando para o corpo de Natasha com a arma. “No começo, eu detesta ele, sério.” Ela parecia falar mais para si mesma que para Natasha. “Ele era tão meloso e perfeccionista. Mas admito que ele acabou me conquistando... o que foi bastante sorte, diga-se de passagem, pois no meu plano original, eu planejava tortura-lo até morte na sua frente, então eu ter me apaixonado por ele foi realmente um golpe de sorte!” Sharon completa, entusiasmada.

Natasha sente-se tão furiosa com aquelas declarações que parece prestes a engasgar com o ar. Como assim torturar Steve? Pior, estar apaixonada por ele? A Sharon era definitivamente maluca.

“Se você acha que vai ficar com ele, você tá muito enganada.” Natasha cospe as palavras, por fim.

“Tão cliché.” Debocha Sharon. “Mas eu não estou enganada queridinha. Veja só: eu vou matar você e serei a única sobrevivente e testemunha. Direi ao Steve o quanto você pediu perdão a mim por todas as maldades e o quanto você implorou para que eu cuidasse dele, porque você sabia que eu seria uma esposa bem melhor que você.” Natasha ouvia a tudo incrédula. “Eu precisei refletir bastante para tomar essa decisão, afinal, porque matar a todos que você ama quando eu posso tomar todos que você ama e faze-los amar a mim? e por todos, eu quero dizer realmente todos. Inclusive seus irmãos. Eu sei que o Steve é muito apegado a eles e não os deixaria desamparados.” Aquele era o limite. Natasha sente seu sangue ferver ao máximo e lança-se em direção a Sharon, uma parte de si, tem noção do quão idiota está sendo, mas a outra quer apenas sentir o pescoço de Sharon entre as mãos.

Ela ouve um disparo e titubeia. Automaticamente ela procura pelo local onde a bala deve ter perfurado seu corpo, mas não há machucado ou sangue algum. É então que ela percebe Sharon segurando-se na poltrona, agora manchada de sangue. Aparentemente Yelena era mais esperta do que Sharon previra e fingiu-se de morta, aproveitando a distração da loira ´para pode pegar a arma de Natasha que estava a poucos centímetros e atirar em Sharon. Infelizmente o tiro não havia sido num local fatal, servira apenas para atrasar Sharon e faze-la soltar a própria arma. Natasha e Sharon lançam-se sobre a arma. Sharon a alcança primeiro, mas um chute bem dado por Natasha manda a arma para longe de ambas.

Sharon então avança sobre Natasha, que desvia e defende-se dos golpes aplicados pela loira. Sharon não era uma eximia lutadora, mas Natasha já estava exausta, o que acaba por torna-la muito mais lenta que o normal. Natasha aplica um soco violento do ombro de Sharon, exatamente no mesmo local onde ela fora atingida de raspão pelo tiro desferido por Yelena. A loira cambaleia, o sangue jorra mais livremente e sua expressão deixa claro que ela está sentindo muita dor. A pele branca, está assumindo um tom pálido, nada saudável e Natasha sabe que um pouco mais e ela não aguentara. Contudo, antes que ela possa desferir outro golpe, a primeira explosão é ouvida.

**** X ****

O chão parece tremer sob os pés de Steve. Ele olha para o prédio e como num sonho, tudo voa pelos ares. A poeira sobe enquanto o prédio despenca sobre si mesmo. Institivamente, ele começa a correr – ou assim ele queria – em direção aos escombros, mas é impedido por Clint que o segura pelos braços. Ele até tenta desvencilhar-se, mas ele sabe que é inútil. Ele cai de joelhos e Clint lhe dá algum espaço, indo amparar Maria, que começa a derramar lágrimas em silêncio. Pepper corre até Steve e o abraça, chorando. Steve soca o chão, num misto de sentimentos que ele sequer consegue entender. Natasha ainda estava lá porque ele havia pedido que ela salvasse Sharon. Ele sabia que era o certo, mas quando pediu, não sabia que o prédio estava prestes a explodir. Ele deveria ter salvado Sharon. Ele a havia colocado naquela situação quando permitiu que ela o acompanhasse. A culpa era dele. E agora as duas estavam mortas. Sharon estava morta. Natasha estava morta.

“Nat.” Ele murmura e então começa a chorar.


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Notas finais do capítulo

Hehehehe.... nos vemos nos comentários!

Beijos e até logo!