Segredos Amargos escrita por S Pisces


Capítulo 47
Capítulo 45


Notas iniciais do capítulo

Era pra postar no domingo, não deu. Era pra ter postado ontem, não deu. Antes de começar a planejar minha aula de amanhã, vim aqui rapidinho postar para vocês. Ainda não deu para responder os comentários, mas tentarei, de qualquer forma, podem acumular mais :)
Logo vocês terão uma surpresinha!
Enjoy!



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“Atropelado? Como assim atropelado?” a voz de Sam sobe algumas oitavas, chamando a atenção de alguns funcionários que estavam passando. Ele respira fundo algumas vezes e mais calmo, responde “Okay Bucky. Eu entendi. Se você precisar de algo, me avise, okay? Fique bem logo.” Novamente fica em silêncio, provavelmente ouvindo as desculpas do amigo/funcionário. “Eu sei que você não tinha intenção de ser atropelado Bucky! Eu dou um jeito, acredite, esse restaurante pode funcionar sem você e o Steve. Descansa.”

Ele desliga o celular e respira fundo novamente. Aquilo só podia ser algum tipo de teste.

“O que aconteceu?” pergunta um dos funcionários.

“O Bucky foi atropelado.” Responde e uma rodada de perguntas sobre como ele está e como aconteceu começa, mas logo é contida. “Ele está bem. Já está em casa, mas está impossibilitado de vir trabalhar.” Nesse momento o celular vibra e Sam o pega, em seguida estende para os funcionários mais próximos. “Como vocês podem ver, ele está um pouco arrebentado, mas vai viver.” Uma das garçonetes abraça a amiga, fazendo Sam franzir o cenho. Ele realmente não conseguia acreditar no que estava vendo. “Vou precisar da ajuda e cooperação de todos vocês para fazer isso dar certo sem o Steve e o Bucky. Posso contar com vocês?”

Um “sim” coletivo é ouvido e Sam se sente um pouco mais aliviado.

“Certo, Charles?” ele chama por um dos cozinheiros que se apresenta rapidamente. “A cozinha é sua, okay?”

“Claro!” o rapaz vibra de animação, o que faz Sam cogitar deixar a cozinha nas mãos de outra pessoa. Normalmente pessoas extremamente confiantes tem a tendência natural de quebrar a cara.

“Boa sorte! Todos sabem o que fazer.” Sam diz os dispensando. Aqueles dias seriam um tormento. Ela já sentia as noites insones se aproximando.

“Desculpe o atraso!” Sharon fala se aproximando do chefe. Ela arfava e estava vermelha. “O pneu do meu carro furou e tive de vir de metrô.” Informa.

“Pelo menos você veio.” Sam fala, aliviado. “Vou precisar mais do que nunca de você hoje. Preciso que você esteja atenta a tudo que acontecer.”

“Tudo bem!” ela concorda de imediato. “Você está preocupado com a liderança do Bucky?”

“Do Charles.” Responde, deixando a loira confusa. “O Bucky foi atropelado.” Ele mostra a foto para Sharon que arregala os olhos. “Ele vai ficar bem. Mas por motivos óbvios não pode entrar na cozinha.”

O rosto levemente inchado, o lábio e a testa cortados e os hematomas davam ao clássico sorrisinho de lado do moreno um aspecto estranho. Como se ele estivesse rindo de alguma coisa extremamente repugnante.

“Como isso aconteceu? Onde ele está?” a loira pergunta ainda encarando a imagem do moreno.

“Ele estava saindo de casa, parece que ele foi desviar de uma bicicleta e acabou sendo atropelado por um carro ou o carro foi desviar da bicicleta e acabou atropelando ele, enfim, alguém desviou de alguma coisa e o acidente aconteceu. E ele já está em casa.” Esclarece.

“Oh, que bom que não foi tão grave assim.” A loira comenta num tom de alivio.

“Pois é. Melhor irmos trabalhar agora. Algo me diz que teremos muito a fazer.” Sam fala por fim.

“Certo. Vamos lá!” Sharon concorda.

+++

“O que faremos agora?” Bucky questiona se sentando na poltrona, outrora ocupada por Natasha.

“Você vai ficar aqui... eu preciso ir ao escritório. Tenho coisas a resolver lá.” Natasha avisa já pegando sua bolsa.

“Por que eu tenho que ficar aqui?” o moreno retruca.

“Porque é mais seguro, pelo menos por enquanto.” Quem responde é Clint. “A essa hora quem atacou vocês já deve saber tudo a seu respeito, inclusive seu endereço. Melhor não arriscar.”

“Droga!” Bucky murmura cobrindo o rosto com as mãos. “Como vamos sair disso?”

“Eu te peço um pouco de paciência.” Natasha fala, encarando o moreno. “Eu prometo que vou ajeitar as coisas.”

“Nat.... eu não sei quanto tempo eu vou aguentar isso sem surtar. Sem saber o que está acontecendo. Eu preciso de respostas!” seu pedido soa mais como uma exigência.

Natasha está preparada para rebater, mas Clint acaba por interceder.

“Ele tem razão.” Afirma Clint. “O melhor a ser feito é contar sobre a Harrison e tudo mais.”

A ruiva respira fundo. Ela realmente não estava preparada para admitir sua falha, mas obviamente aquele momento não podia mais ser protelado.

“Tudo bem.” Ela faz menção de se sentar, mas novamente Clint intercede.

“Se você me permite, eu posso contar para ele. Você tem coisas mais urgentes para resolver agora.” Sugere.

“Por mim tudo bem.” Concorda. “Bucky?”

“Creio que não fará muita diferença quem seja o narrador.” Dá de ombros. Para ele o que importava era estar a par da situação. “Qualquer dúvida, eu posso tirar com você depois.”

“Certo. Agora eu preciso ir.” A ruiva informa. Ela veste um casaco para esconder os ferimentos e sai.

  Clint havia lhe emprestado o carro, uma vez que o carro da ruiva agora não passava de um monte de ferro retorcido e queimado. Mais um item na sua imensa lista de coisas que ela teria que explicar ao marido. Sua vida como sempre estava dando uma guinada de 180° e a deixando de cabeça para baixo. Parecia uma montanha russa na qual a descida era interminável e terminaria com ela esmagada contra um imenso paredão.

  Ela entra no carro e se permite extravasar um pouco. Em um acesso rápido, porem intenso, ela soca continuamente o volante e solta alguns gritos animalescos, que são abafados pelas janelas fechadas. Ela sentia-se prestes a enlouquecer, explodir, entrar em combustão. O fim da sua vida e provavelmente da sua carreira já era visível. Depois de alguns minutos, ela se recompõe o bastante e dirige o mais rápido possível para o escritório. Suas amigas estavam lá, as duas das três únicas pessoas que provavelmente nunca viriam a julgá-la pelo que estava acontecendo.

 Ela adentra o escritório como um furação, sua garganta já se preparando para desabafar todo o inferno interior que ela estava sentindo, porém nada sai. Parados em uma espécie de semi círculos estão além das suas melhores amigas, Nick Fury, Tony Stark e Bruce Banner. Pela expressão no rosto das amigas, ela sabia que coisa boa definitivamente não viria por ai.

“Fury. Diretores.” Ela os cumprimenta de forma mecânica.

“Agente Romanoff, precisamos conversar.” Avisa Fury.

“Uma conversa ou um comunicado?” retruca a ruiva. Ela trabalhava com aquelas pessoas há bastante tempo e as conhecia bem o suficiente para saber que se três membros de diferentes posições daquela organização estavam ali, era porque eles vinham com alguma decisão já tomada.

“Podemos conversar num lugar privado?” a voz rouca de Bruce soa baixa, e Natasha o encara. A paixão platônica que ele nutrira por ela por anos, causara uma ruptura na amizade dos dois de tal forma, que hoje tudo o que a ruiva sentia por ele era indiferença.  

“Não precisamos de toda essa cerimonia, não há nada que vocês não possam contar na frente das agentes Hill e Potts.”

“Tudo bem então, se você prefere assim.” Fury fala se sentando novamente.

Natasha faz um movimento de tirar o casaco, mas então o súbito estremecimento a recorda dos seus machucados e ela opta por não retira-lo. Todos se sentam, exceto Hill que permanece de pé, encostada numa pilastra. Sua expressão refletindo toda a seriedade da situação.

“O conselho foi notificado ontem à noite que sua identidade foi descoberta. Alguém tem todas as informações a respeito não só da sua vida pessoal como de todos os seus serviços já prestados. Como a senhora sabe, nossa principal política é a do anonimato. Fazemos tudo pelo bem e segurança do nosso país e cidadãos, mas todos nós sabemos que nossos atos podem não serem bem vistos pela opinião pública. As pessoas gostam e querem se sentir seguras, mas não admitem que para que isso aconteça, algumas pessoas tenham que morrer...”

  Bruce continua o discurso padrão da organização, e Natasha se esforça para não interrompe-lo e mandar todos ali a merda. Sua vida estava ruindo e ele discursava sobre a importância do anonimato e o que as pessoas pensariam sobre o governo. Pois que se fudesse todos os membros do governo e todos os cidadãos do país! Naquele momento ela já não se importava com mais nada.

“... Então, depois de muita deliberação, os diretores decidiram desliga-la da organização.” Essas últimas palavras praticamente sussurradas por Bruce, trazem Natasha a uma realidade ainda pior do que ela imaginara.

 Sua garganta se comprime de tal forma que ela sente como se nem mesmo o ar fosse conseguir passar ali. Sua boca fica seca e sua cabeça começa a girar. Aquilo era um pesadelo, com certeza. Não podia ser verdade. Eles só haviam descoberto aquilo na noite anterior, a pouco mais de 12 horas, porque ao invés de dar a ela as 48hrs padrão, eles optaram por desliga-la?

“Vocês não podem...” é tudo o que ela consegue dizer.

“Entenda, eu sei que você deve estar achando um absurdo, mas seja lá quem for, já tem conhecimento sobre você há semanas, assim como você também tem conhecimento disso. Você teve semanas para resolver isso, mas não resolveu. Não podemos ariscar que isso venha a público.” Bruce explica. Estava claro pela expressão dele que ele não sentia nenhum prazer em dar aquela notícia.

 Maria continuava impassível e Pepper parecia prestes a romper em lagrimas. Tony encarava o teto, como se este fosse muito mais interessante do que o que estava se passando ali, entre eles.

“Você entende as implicações disso, Natasha?” quem pergunta é Fury, que a observa com atenção.

A ruiva balança a cabeça, numa tentativa de clareá-la, o que é entendido por Fury como um não. Ele suspira e então sua voz soa ainda mais séria que o normal. “Esta organização está rompendo qualquer vínculo com você. A partir de agora você está sozinha. Tudo o que vier a acontecer, será único e exclusivamente problema seu e consequentemente você terá que resolve-lo. Se você precisar de ajuda ou tentar de alguma forma comprometer o governo, ele negara ambos.”

Natasha tinha plena noção daquilo. O sentimento de abandono e traição começava a crescer dentro dela. O país que ela tanto amara e pelo qual diariamente ariscava a vida, estava lhe virando as costas. Seu pai tinha razão, mais do que nunca ela se sentia arrependida por não ter lhe dado ouvidos.

“Assine aqui, por favor.” Bruce lhe estende alguns papeis e uma caneta. De forma mecânica, sem se importar em ler o que estava escrito a ruiva assina em todos os lugares indicados. “Não se preocupe, financeiramente falando, você estará segura pelo resto da vida.” Avisa o homem com um sorriso que deveria ser reconfortador, mas que não é retribuído por ninguém. “Alguma dúvida?”

Natasha apenas nega com a cabeça. Um misto de sentimentos borbulhavam dentro dela e a mesma temia que ao abrir a boca para responder começasse a chorar ou despejasse sobre Bruce uma série de desaforos e verdades há muito entaladas.

“Acho que já podemos ir.” Ele sussurra para os dois outros homens.

“Eu ficarei um pouco mais, preciso conversar particularmente com a Romanoff, antes dela ir embora.” Informa Fury.

“E eu vou esperar minha esposa.” Tony avisa rápido, como se estivesse se dando conta agora de onde estava.

“Tudo bem então.” Bruce fala, desconfiado. “Você tem 2 horas para retirar tudo o que é seu do escritório. Todas as suas senhas, dados, códigos, impressões digitais e de retina serão apagadas do banco de dados depois disso.” Ele dá o último aviso e se retira.

Assim que a porta se fecha, Tony começa a mexer no seu relógio de pulso de forma agitada.

“Feito.” Avisa e Fury retira do bolso do seu sobretudo dois cartões, uma chave e um pequeno pendrive.

“Isso aqui vai te dar acesso irrestrito a qualquer base do governo.” Ele estende um cartão negro, no qual se via unicamente uma fina linha um pouco mais clara. “Cartão de crédito, pode usar sem medo pois é irrastreável. Essa chave é de um pequeno apartamento que lhe será muito útil. Está no seu nome de solteira e ninguém tem conhecimento dele. E isso tem absolutamente todas as suas informações dentro da agencia. Daqui a duas horas será como se você nunca tivesse sequer cruzado aquelas portas, então isso aqui é sua garantia. Cuide bem disso e se cuide.” Ele explica tudo rapidamente e se põe de pé, Natasha põe as coisas na bolsa e antes que pudesse agradecer Tony avisa que seja lá o que ele tivesse feito para impedir que soubessem o que acabara de acontecer, havia sido desfeito.

“Boa sorte Romanoff.” Deseja Fury apertando a mão da ruiva. “Vamos?”

“Eu não estava brincando quando disse que iria almoçar com minha esposa.” Tony informa com seu tom debochado, fazendo Fury revirar os olhos e caminhar para a saída.

“Não conte com isso.” Avisa Pepper. “Preciso ajudar a Nat.”

Tony suspira frustrado, e caminha para a saída. Ele abraça a ruiva que fica surpresa com o gesto dele.

“Se precisar de qualquer coisa...” ele desfaz o abraço e pisca para a ruiva.

“Obrigada Nick. Por tudo.” Ela agradece e o homem faz um leve meneio com a cabeça. Ambos saem do escritório, deixando as três mulheres para trás.

Elas se encaram por um longo tempo, sem saber o que dizer. Sempre haviam sido elas três, desde o princípio e agora isso acontecia. Um pesadelo coletivo.

“Você só tem 1hora e 47 minutos restantes.” Informa Maria, com lagrimas nos olhos.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham curtido, não teve Steve, mas prometo que breve tem mais!
Xerooo!