Segredos Amargos escrita por S Pisces


Capítulo 4
Capitulo 4


Notas iniciais do capítulo

Hey! Muitas pessoas estavam ansiosas pelo encontro do nosso querido casal (o que eu entendo perfeitamente) então aqui está o capitulo tão esperado!!!
Espero que curtam e esteja do agrado de vocês :)



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O pequeno, porem aconchegante restaurante chinês estava excepcionalmente cheio naquela noite. Várias pessoa riam e conversavam animadamente entre si, completamente alheias as outras pessoas que estivessem fora dos seus próprios círculos.

Os garçons caminhavam rapidamente entre as mesas, com os pequenos cardápios em mãos. Um deles, um homem magro e alto, para em uma mesa mais afastada e estende o cardápio. O único ocupante da mesa levanta rapidamente o rosto, que estava meio encoberto pela penumbra do local e de alguma forma, o olhar que ele lança em direção ao garçom faz o mesmo estremecer e ir embora.

O homem suspira e checa mais uma vez o horário no relógio de pulso. Odiava atrasos.

“Demorei?” uma voz rouca sussurra puxando uma cadeira e sentando-se.

“Você conseguiu?” questiona, ignorando completamente a pergunta retorica do outro.

“Quando eu não consigo?” o segundo homem abre um sorriso largo e convencido.

Ele se recosta na cadeira e ergue a mão, um dos garçons vem até a mesa e lhe entrega o cardápio, saindo rapidamente. Para completa irritação do outro, o homem abre o cardápio e começa a folheá-lo como se fosse uma revista qualquer. Obviamente, fazia aquilo apenas para irrita-lo.

O outro suspira exasperado e joga um envelope marrom sobre a mesa.

“Onde está?” o primeiro ocupante da mesa pergunta.

“Tudo o que o seu chefe quer está aqui.” O segundo homem responde, pegando o envelope e estendendo um pequeno pen drive.

“Pro seu próprio bem, é melhor que esteja mesmo.” O homem avisa de forma soturna, porém não parece sequer incomodar o outro.

“Ele sabe onde me achar.” O homem retruca com um pequeno sorriso, se levanta e vai embora.

O homem pega o pen drive e o gira entre os dedos, o analisando. Seu chefe ficaria feliz com aquilo.

+++

A maçaneta gira e a porta é aberta, revelando o homem loiro que adentra a casa evitando fazer barulho. Já passava das onze e sua esposa já devia estar dormindo àquela hora, contudo, ao entrar na sala de estar, o mesmo estaca ao vê-la sentada confortavelmente com um livro em mãos.

Ela ergue a cabeça do livro e encara o homem parado na entrada da sala.

“Você chegou tarde.” Ela comenta, quebrando o silêncio.

“Hoje o restaurante esteve bastante cheio.” esclarece.

Ele retira a jaqueta que usava, juntamente com a bolsa e faz menção de ir para o quarto, mas é interrompido pela ruiva.

“Steve, precisamos conversar.”

O homem suspira. Ele estava realmente cansado e por mais que quisesse ter aquela conversa, não estava com cabeça para argumentar.

“Natasha, eu estou cansado, podemos conversar amanhã?”

Dessa vez quem suspira é a mulher. Ela observa o marido com um misto de compreensão e pesar. Ela sabia que seria difícil, mas não imaginava que ele estaria tão chateado assim.

“Tudo bem.” Ela murmura pondo o livro de lado.

O loiro segue para o quarto, onde rapidamente se despe e vai tomar um banho. Ele se sentia tão mal e sabia que devia estar sendo injusto e até parecendo infantil com tal atitude, mas cansado como estava, o máximo que ele faria era aceitar as desculpas (se é que ela realmente iria pedi-las) e dormir agarradinho com ela. Oor mais que ele quisesse senti-la em seus braços, ele também queria entender o motivo de sua aversão a ter filhos e tentar faze-la ao menos, aceitar a ideia.

Quando volta ao quarto, a ruiva já está adormecida, o livro sobre o criado mudo e a luz do abajur do seu lado da cama, apagada. Ele se deita na cama e desliga o pequeno abajur do seu lado. Manter aquela situação era torturante, mas passar por cima desse grande impasse seria mais torturante ainda. O melhor mesmo era descansar, assim, talvez ele conseguisse faze-la falar e quem sabe, mudar de ideia.

“Ela estava sozinha, caminhando num grande descampado de areia vermelha, com o céu alaranjado sobre si. Como tinha ido parar ali? Ela se perguntava enquanto continuava caminhando para lugar algum. De repente, uma grande sombra passa sobre seu corpo, a cobrindo de escuridão por alguns segundos. Ela estremece e olha para o céu, procurando de onde vira a tal sombra, mas não consegue ver nada. Relutante, ela retira os olhos do céu e dá mais um passo à frente, quando sente seu pé afundando em algo.

‘Mas que diabos é....?’ ela não consegue completar a pergunta, pois sua voz fica presa na garganta ao notar que onde antes havia terra vermelha, agora há apenas sangue, no qual ela afunda.

‘Não. Socorro!’ ela tenta gritar, mas sua voz não soa mais alto que um sussurro.

Sua expressão aterrorizada se intensifica quando a sombra novamente a cobre, mas dessa vez, ela consegue ver o dono dela. Um grande pássaro negro com olhos da cor do fogo, que plana no céu alaranjado batendo suas imensas asas.

Ela tenta correr, mas já está presa até a cintura no sangue. O pássaro solta um grasnido ensurdecedor e tudo o que ela consegue fazer ao ver o grande pássaro mergulhar em sua direção, é cobrir o rosto com as mãos ensanguentadas.”

“Nat?! Nat?! Acorda!” o homem pede enquanto sacode levemente a mulher, tentando acorda-la.

Os grandes olhos verdes, parecem ainda maiores devido a todo o pânico e terror causado pelo pesadelo. Sem hesitação, ela se lança sobre o marido, o abraçando como se ele fosse um bote salva vidas. Ele retribuiu o abraço com a mesma intensidade.

“Shi, tá tudo bem. Tá tudo bem.” Ele murmura tentando acalma-la.

A mulher ruiva treme ainda agarrada ao marido, que tenta conforta-la. Ela nunca havia tido um pesadelo tão intenso e real antes. De alguma forma, ela ainda conseguia sentir o forte cheiro de sangue adentrando suas narinas.

“Steve...” ela choraminga “foi horrível. Eu estou com medo.” Ela admite ainda chorosa.

“Hey, eu estou aqui. Foi apenas um pesadelo, nada de ruim vai te acontecer.” Ele a abraça ainda mais forte.

Os dois permanecem assim por um bom tempo, enquanto a ruiva tenta se acalmar.

“Eu vou pegar agua pra você.” Steve avisa, desfazendo o abraço e se levantando da cama, porém é contido pela mulher que o segura pelo braço.

“Não vai.” Ela pede ainda assustada.

Os olhos azuis se enchem de preocupação. Em cinco anos de casamento ele nunca havia visto sua esposa tão vulnerável e assustada assim. Na verdade, ele nunca havia visto ela sequer com medo de algo.

“Tudo bem.” Ele se deita novamente e a puxa para seu peito, onde ela se aconchega. “Você quer falar sobre o sonho?” sugere ainda preocupado.

Ele sente o corpo da mulher se retesar e instantaneamente se arrepende da sugestão.

“Tudo bem se não quiser.” Trata logo de avisar, mas sua esposa balança levemente a cabeça.

“Tudo bem.” Começa “eu não lembro muito bem o que aconteceu. Eu estava sozinha e de repente, apareceu um pássaro enorme voando e.... ele me atacou.” Ela conta parcialmente o sonho.

Sua garganta estava seca, mas não devido ao medo ou o susto causado pelo sonho, mas sim pela mentira que havia acabado de contar. Ela lembrava com riqueza de detalhes o pesadelo, mas como explicar o sangue? Ela sabia o que porque dele e seu cérebro não a privou de ligar o pesadelo ao homem morto com o sangue manchando a terra naquele mesmo dia.

Steve, seu marido bom e carinhoso nunca a perdoaria se soubesse de todas as atrocidades que ela cometera e continuaria comentando pelo bem da sua pátria, das pessoas e do seu próprio marido. Ela sempre pensava dessa forma. Ela estava fazendo aquilo pelos seus compatriotas. Alguém precisava sujar as mãos pelo bem da maioria.

“Volte a dormir.” O loiro aconselha acariciando seus cabelos “eu estou aqui. Nada de mal vai te acontecer.” Repete.

“Eu te amo Steve.” A mulher sussurra, com a voz embargada.

“Eu também te amo Nat.” Ele deposita um beijo em seus cabelos e continua a acariciando até a mesma cair no sono.

Ele não consegue dormir.


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Notas finais do capítulo

Ah, antes que eu esqueça. Sou muito perfeccionista e por tal motivo a maioria dos capítulos e "cenas" de ação são tão detalhadas. E sim, eu escrevo cenas de ação e elas são elaboradas (ou pelo menos eu tento). É isso.
Até sexta e obrigada por tudo!
Beijo