Deadly Hunt escrita por Lara


Capítulo 2
Mau Presságio


Notas iniciais do capítulo

Oii Cupcakes ♥! Eu quero começar agradecendo aos comentários no capítulo passado. Eu realmente não esperava a quantidade que recebi e nem o carinho que recebi. Muito obrigada pelo apoio, amores. Eu fiquei tão feliz, que me sentir frustrada por não conseguir tempo para escrever o capítulo. Agradeço a minha Jujuba (Juliana Lorena), a gatinha da mamãe Tay (Nara Lynch), a fofa da A Desconhecida, a minha princesa Vih (Vitória), a minha Mamis Confeiteira e Poderosa Jade, a linda da Sarah, a fofa da Yamina, a minha sobrinha amada Lia, a divertida da StylesBibi, a minha ursinha Doreh Lynch Simpson, a minha amada Italianinha Fran, a fofa da Sra Jess, a doce Lays Jannuario, a docinho da Dessa (RossyPrincess), a minha fofa Lelêh Marano, a minha rainha Manu (VacuumCleaner), a minha princesa Sleeping Beauty, a minha diva Jenny (Diva Fox), a fofa da Giovanna AeA, a linda da Babi (Bárbara Lynch) e a florzinha da Giovannapita pelos comentários incríveis e inspiradores ♥. Eu espero não decepcionar vocês com a história. Muito obrigada pelo carinho e peço perdão por não conseguir ter postado antes. Boa Leitura...



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Pois eu fico louca quando não estou bem
Eu continuo rezando para que as rachaduras
Não mostrem minha dor
Pois mesmo quando estou caindo
Eu digo que minha vida é como um sonho
Mas estou lutando em um pesadelo
Pois não estou realmente sendo eu mesma

You Don't Really Know Me - Jessie J

Capítulo I - Mau presságio

֎

Infelizmente, Vossa Majestade, meu tempo está se esgotando e terás que descobrir por si só o restante da história. A única coisa que me resta é alertá-la de que, em dez anos, eu retornarei e me vingarei. Esteja prepara, rainha. Krósvia está destinada a um futuro negro e obscuro. – Sussurro, observando o amanhecer de meu amado país.

As palavras grafadas na carta em minhas mãos em uma bela caligrafia ecoavam em minha mente. Dez anos haviam se passado desde o último confronto. Aos poucos, o país se reergueu e superou todos os danos causados pela guerra. O reino estava em paz e isso me preocupava.

Um suspiro cansado escapa de meus lábios, enquanto cruzo meus braços, sentindo a brisa gélida da manhã tocar meu rosto pela a varanda da sala dos tronos, e amasso o papel em minhas mãos. Fecho meus olhos e respiro fundo, procurando manter a calma.

Mesmo com as dificuldades, Austin e eu havíamos conseguido governar Krósvia da melhor maneira possível. Mimi e Mike reassumiram o trono de Serafine e voltaram a se tornar os maiores aliados do reino krosviano. Muitos outros países, após a guerra, se aliaram, tornando Krósvia uma das maiores economias do mundo em um curto período de tempo.

Com a ajuda de Dez, Lawrence e Prince, o exército krosviano havia se tornando forte e poderoso em campo de batalha. Ainda que ocorresse um ataque de vários países ao mesmo tempo, como na guerra de dez anos atrás, eles seriam capazes de lutar de igual para igual. Por essa razão, Krósvia passou a ser exemplo de poderio militar.

Não havia motivos para preocupação, eu sabia, no entanto, meu instinto alertava-me que Victor poderia ser muito mais letal que seu irmão e aliados. Balanço a cabeça, tentando afastar os pensamentos negativos. De nada adiantaria martirizar-me. Durante dez anos, eu aproveitei a oportunidade e me preparei para qualquer ataque que pudesse sofrer.

Batidas na porta despertam-me de meus devaneios. Suspiro e volto para a sala, escondendo a carta num fundo secreto que havia abaixo do assento do trono, esperando que a pessoa do outro lado da porta se manifestasse. Sento-me em meu sólio e respiro fundo.

– Vossa Majestade? – Dez abre a porta e me olha com seriedade. Ele trajava um sobretudo preto, com detalhes dourados, uma faixa vermelha na cintura, uma calça preta com listras na lateral, também, vermelhas e um quepe preto com dourado e branco, além do sapato social, o uniforme oficial do comando das tropas de segurança do país.

– Algum problema, Dez? – Pergunto, vendo-o ser acompanhado por dois de meus guardas.

– Podemos conversar à sós? – Questiona o ruivo, sorrindo discreto.

– Claro. – Digo, assumindo uma postura mais rígida. – Não permitam que ninguém entre, enquanto estivermos conversando. – Peço aos guardas, fazendo sinal para que saíssem da sala.

Com uma breve reverência, os guardas deixam o lugar e fecham a porta. Observo meu braço direito se aproxima e assumir a postura séria de instantes atrás. Nos últimos anos, Dez havia se tornado o comandante das tropas de emergência e meu informante. Ele e Lawrence eram os únicos em que eu confiei para revelar sobre os planos de Victor. A ESEK, Exército de Segurança Espiã de Krósvia, havia sido ideia do ruivo e criada com o objetivo de prevenir os ataques de meu inimigo e descobrir seus pontos fracos. Soldados com habilidades impressionantes de batalha e inteligência incontestável. Um exército selecionado, que não admitiria falhas. Somente pessoas com experiência em espionagem seriam capaz de liderar uma equipe como a ESEK e ninguém melhor que Dezmond Wade e Lawrence Khan.

– O que aconteceu? – Pergunto, quando o ruivo me entrega um envelope pardo.

– Recebi informações de que, ontem, o presídio de segurança máxima onde Victor estava preso sofreu um grandioso incêndio. – Revela Dez, com seriedade. – Os papeis dentro desse envelope são a garantia dada pelos os diretores da prisão de Krósvia de que Victor Dobyne está morto.

Abro o pacote e leio a certidão de óbito de Victor. Segundo os legistas, o homem havia morrido junto com seus companheiros de cela, após ser asfixiado pela fumaça do incêndio e ter seu corpo carbonizado. A única prova de sua morte foi a sua identificação encontrada junto com a dos três homens que dividiam a cela com Victor.

– Isso é impossível. – Afirmo, indignada. – Uma simples identificação de metal não é prova alguma de que ele está morto. Como os diretores de uma prisão de segurança máxima esperam que eu acredite neste absurdo?

– Eles afirmaram que ninguém viu Victor sair do presídio e que uma fuga seria impossível, pois todas as saídas estavam trancadas. Lawrence garantiu que os nossos agentes da ESEK analisaram todas as câmeras de segurança e em nenhuma delas havia imagem de Victor saindo de dentro do presídio ou de sua cela. – Explica Dez, parecendo tão descrente na teoria dos diretores da prisão de segurança máxima de Krósvia quanto eu.

– Algum resto de corpo para identificação? – Pergunto, analisando todos os papeis em minhas mãos. – Alguma coisa além de um pedaço de alumínio?

– Nada. – Afirma Dez, suspirando. – Mas eu ainda não consigo acreditar que ele morreu tão facilmente assim.

– Essa morte foi muito conveniente para Victor. – Digo, enquanto me levanto de meu trono e ando até a varanda da sala de trono, sendo acompanhada por Dez. – Morrer de uma forma em que não possam ter provas de que ele está morto e justamente no prazo que ele havia me dado.

– No que você está pensando, Ally? – Questiona Dez, observando a neblina que cobria boa parte da cidade. – Alguma teoria?

– Victor não agiu sozinho. Eu tenho certeza que ele teve a ajuda de alguém nessa fuga. – Afirmo, apoiando-me na sacada da varanda, enquanto amasso os papeis em minhas mãos. – Alguém que tivesse influência o bastante para sabotar as gravações das câmeras de segurança da prisão e ainda conseguir acobertar a fuga de Victor.

– E esse alguém seria...? – Dez desvia o olhar da cidade para me encarar.

– Taynara Miller. – Respondo, encarando o ruivo, que me olha assustado.

– Taynara? – Pergunta, incrédulo. – Mas isso é impossível. Você mesma disse que viu quando ela caiu no precipício, indo em direção as pedras, enquanto ela lutava com Manu. É impossível sobreviver ao impacto de uma queda daquela altura e ainda menos provável quando se vai em direção as pedras pontiagudas e a forte correnteza do mar daquela região.

– Eu a vi cair. Não morrer. – A afirmação de Dez era verdadeira. Sobreviver a uma queda tão mortal como aquela era quase impossível, mas se tratando de Taynara, eu não duvidava.

– Como pode ter tanta certeza que ela sobreviveu e ajudou Victor na fuga? – Questiona o ruivo, enquanto voltamos para a sala de trono.

– Conheço Taynara muito bem. Essa não foi a primeira vez que ela forjou sua morte. E somente ela teria tanto poder para ajudar Victor. Ela é a Imperatriz do Submundo. – Digo a Dez, suspirando. – Ainda que eu não possa provar, eu sinto que ela está viva.

– Se você estiver certa, então Krósvia corre um perigo ainda pior. – Fala Dez, preocupado. – Se Victor tiver Taynara ao seu lado, a quantidade de países que agirão contra nós será ainda maior.

– Eu sei. – Digo, suspirando, cansada. – O primeiro passo de Victor foi dado. Nós precisamos tomar alguma atitude.

– Não há nada que possamos fazer neste momento, Ally. Sem provas de que Taynara e Victor estão vivos, não conseguiremos apoio de nenhum dos reinos aliados. O Conselho não irá permitir que Krósvia aja sozinha. – Afirma Dez, entendendo a minha frustração. – Estamos de mãos atadas. Talvez, possamos enviar alguns de nossos espiões para procurarem por pistas de Taynara, mas conhecendo a Imperatriz como conhecemos, sabemos que dificilmente deixou algum rastro por onde quer que tenha passado e sem podermos usar a mídia a nosso favor, encontrá-la é como procurar uma agulha em um palheiro. Para tomarmos alguma medida mais efetiva, nós precisaríamos...

– Precisaríamos ter o Conselho a nosso favor. – Completo sua frase, frustrada. Sinto minha cabeça começar a doer e o misto de raiva e preocupação faz com que meu estômago se revirar. Uma tontura sobrehumana me faz perder, brevemente, alguns dos meus sentidos. Antes que eu fosse ao chão, Dez me segura e me olha com preocupação.

– Ally! O que houve? – Pergunta o ruivo, preocupado.

Ainda atordoada, ergo-me dos braços de Dez e, com a sua ajuda, dirijo-me ao meu trono. Respiro fundo, tentando recobrar todos os sentidos. O enjoo se intensifica e antes que eu tivesse tempo de dizer ao ruivo, coloco tudo o que havia em estômago para fora, assustando ainda mais ao meu amigo.

– Meu Deus! Guar... – Grita Dez, assustado, mas eu o impeço de continuar a gritar pelos guardas que estavam na porta da sala de trono, quando puxo sua farda, agora manchada de vômito, chamando a sua atenção e balanço a cabeça, negando. - Ally?

– Não. Não chame ninguém. – Sussurro, fracamente.

– Como não? Olhe para você. Você quase desmaiou e agora vomitou tudo o que tinha comido no seu café da manhã. – Repreende o ruivo, demonstrando toda a sua preocupação.

– Eu estou bem. – Afirmo, respirando fundo, soltando-me do ruivo e passando a palma da minha mão em minha boca.

– Bem? Ally, por Deus! Tudo o que você menos está é...

– Eu estou bem. – Volto a repetir, com firmeza, interrompendo a repreensão de meu melhor amigo. Olho para a mancha em seu uniforme preto e suspiro, inconformada. – Sinto muito pelo seu uniforme.

– Do que você está falando? A última coisa em que eu estou preocupado é com o meu uniforme. – Fala o ruivo, sorrindo compreensivo. Vejo seu sorriso se transformar em preocupação ao me analisar com mais atenção. – Tem certeza de que você está bem? Você está pálida e abatida.

– Não se preocupe comigo. Eu estou bem. Acho que comi algo que não deveria no café da manhã. – Afirmo, mesmo estando incerta se era somente aquilo. – Não conte a ninguém sobre isso, por favor.

– Ally... – O tom de repreensão do ruivo me faz suspirar novamente.

– Principalmente a Trish, Manu, Jade e Austin. Não quero que ninguém saiba. – Peço ao ruivo, que suspira, concordando.

– E como você vai explicar aos empregados sobre esse vômito no trono? – Pergunta, pegando um pouco de água, do jarro que estava sobre uma pequena mesa no canto da sala. Ele me entrega o copo e pega os papeis que estavam em minhas mãos, guardando-os em seu envelope, novamente. Dez encara o embrulho por alguns instantes e o coloca ao lado de meu trono.

Levanto minha cabeça e fecho os olhos, bebendo, em seguida, a água. Minha cabeça latejava, assim como ainda conseguia sentir meu estômago se revirando. Respiro fundo e volto a abrir meus olhos, sentindo-me um pouco melhor. Dez ainda me encarava com preocupação e eu sabia que a minha aparência não era uma das melhores.

– Peça para Emmy cuidar disso e manter segredo das outras. – Respondo, entregando meu copo ao ruivo. Ele sorri, afirmando e enquanto coloca o copo de volta ao seu lugar. – Quero mais informações sobre esse incêndio em um dos presídios mais protegido da Europa. Mande Lawrence e mais três homens de sua confiança para Konz e peça para que procurem qualquer evidência real da morte de Victor ou do envolvimento de Taynara nessa história.

– E o que devo dizer a Austin? Ele não vai demorar a nota a ausência de Lawrence no castelo. – Pergunta o homem, olhando-me com seriedade. – E quanto a Jade?

Eu sabia disso. Lawrence e Prince, após muitos desentendimentos, haviam se tornado grandes amigos e mentores de Austin. Por viver mais viajando com Tyler para ajudar com a APP, agência na qual Tyler assumiu a presidência após a guerra passada e que continuou a crescer depois de mostrarem que são capazes de protegerem qualquer princesa, inclusive as de um país tão caótico quanto Krósvia durante o reinado de Lester e Penny Dawson, Prince deixou nas mãos de meu mais fiel guerreiro a missão de cuidar de meu marido e auxiliá-lo em seus treinos de combate.

– Não se preocupe com isso. Darei uma desculpa qualquer a Austin. O importante agora é que quero essas informações em no máximo setenta e duas horas. Nada mais do que isso. E quanto a Jade, peça a Lawrence que explique que ele precisa sair em uma missão importante e que ela precisa manter segredo de todos. Se ela insistir, mande-a me procurar e eu mesmo a convencerei a deixar o assunto de lado, ao menos, por um tempo. – Digo a Dez, que balança a cabeça concordando. Após um breve sorriso, o ruivo começa a andar em direção a saída da sala. – Dez.

– Mais alguma coisa, Ally? – Pergunta, confuso, enquanto se vira para me encarar.

– Obrigada. – Sorrio, agradecida.

Dez sorri, largamente, e balança a cabeça negando qualquer agradecimento. Após me lançar mais um olhar preocupado, ele deixa a sala de trono. Olho para o envelope que estava ao meu lado e torno a abri-lo. Releio o relatório e suspiro, insatisfeita. Não havia dúvidas que Victor começara a colocar seu plano em ação.

Desvio meu olhar da documentação em minhas mãos e passo a encarar o grandioso quadro exposto na parede próxima a janela da sala. Austin e eu estávamos com discretos sorrisos, enquanto Enzo sorria docemente. A foto, tirada três anos atrás, foi em comemoração ao seu sexto aniversário. Foi um dia inesquecível e era impossível não sorri com as lembranças.

Imaginar que minha família corre perigo faz meu sangue gelar e o medo começa a tomar conta de mim. Por mais que eu tente me convencer de que estou preparada para qualquer que seja as armações de Victor, meu instinto protetor ainda deseja manter Austin e Enzo presos em uma torre, longe de qualquer um que possa feri-los.

Suspiro, guardando o relatório no mesmo local que a carta de Victor, junto com as outras documentações relacionados ao meu inimigo. Após alguns instantes, Emmy aparece, trazendo consigo um de meus vestidos. Ela me entrega a peça de roupa e, como se soubesse o meu desejo, começa a limpar a sujeira que eu havia feito, sem questionar o que ocorreu.

– Deseja mais alguma coisa, Majestade? – Questiona Emmy, após terminar de limpar a sala e recolher meu vestido sujo.

– Emmy, onde Enzo e Austin estão? – Pergunto, suavemente.

– O príncipe Enzo está brincando com a princesa Diana, os irmãos Eric, Elizabeth e Katherine e o pequeno Tommy no jardim principal. Já o rei Austin está praticando com o senhor Lawrence, Majestade. – Responde a mulher, com a cabeça, levemente, abaixada. – Se Vossa Majestade desejar, posso chamá-los agora mesmo.

– Não precisa. Eu irei encontrá-los. – Respondo, sorrindo. – Obrigada pela a ajuda, Emmy.

– Não há o que agradecer, Majestade. Esse é o meu trabalho. – Garante a mulher, sorrindo gentilmente. Com uma breve reverência, Emmy deixa a sala, deixando-me sozinha mais uma vez.

Sentindo-me um pouco mais recuperada da recente vertigem, resolvo andar um pouco e aproveitar o raro dia de folga. Como reis, a quantidade de compromissos que devemos cumprir durante o dia é extensa. Eu sentia-me mal por não aproveitar tanto Enzo e os filhos de meu irmão e amigos, mas, por mais que desejasse, eu não poderia fugir de minhas responsabilidades.

Por estar tão perdida em pensamentos, sou pega de surpresa ao ser puxada, indo de encontro ao troco de uma árvore que havia próxima ao castelo. Nem mesmo havia notado que já havia chegado ao jardim principal do palácio. Debato-me, tentando me soltar, mas uma risada tão conhecida por mim me faz parar.

Austin! – Repreendo meu marido, assim que me viro para o loiro. – Você me assustou!

– Sinto muito. – Desculpa-se Austin, ainda rindo. – Eu não resistir.

Balanço a cabeça, negando e dando um sorriso discreto. Vendo que eu estava mais relaxada, o homem abraça-me pela cintura e encosta sua testa na minha, enquanto parece tentar ler os meus pensamentos através de meus olhos.

– O que foi? – Pergunto, tocando no belo rosto de meu marido.

– Eu já disse que você é linda? – Questiona o loiro, lançando-me um lindo sorriso.

Sorrio e me aproximo ainda mais do homem, fingindo pensar sobre o assunto. Austin me olha com a sobrancelha erguida, como se esperasse minha resposta. Suspiro, sem negar o quanto aqueles momentos bobos me agradavam. Mesmo após dez anos de casados, mantínhamos o mesmo ar apaixonado de nossa adolescência. As mesmas emoções que sentíamos, de alguma forma, voltam a nos invadir quando estamos sozinhos.

– Acredito que por volta de cem vezes. – Fico na ponta de meu pé e me aproximo de seu ouvido, sabendo o quanto Austin gostava disso. – Mas adoraria ouvi-lo dizer mais uma vez.

– Você é linda. – Sussurra, rindo. – E me deixa louco.

Afasto-me de Austin e ele beija minha testa com ternura, enquanto seus braços trazem meu corpo para perto de si. Passo meus braços por seu pescoço e me estico para beijá-lo. Estando a poucos centímetros de distância, seu hálito quente toca minha face.

Com um sorriso, puxo-lhe ao meu encontro, desfrutando do delicioso choque de nossas bocas, que se encaixam perfeitamente em uma dança lenta e sensual. Sinto sua mão ir de encontro a minha nuca, começando a controlar meus movimentos com maestria.

Conduzindo-me, Austin começa a andar para frente, até que minhas costas colidem com o tronco da árvore mais uma vez. A intensidade com que guiava nosso beijo era alucinante. Nossas respirações, descompassadas, se chocavam e se misturavam em meio as nossas trocas de caricias.

Suspiros escapam de meus lábios ao sentir as mãos do loiro contornarem meu corpo, enquanto distribui beijos quentes em meu pescoço. O risco de sermos pegos por algum guarda ou pelas crianças que brincavam nas redondezas deixava a situação ainda mais enlouquecedora e excitante.

Minhas mãos sobem de sua nuca para os longos fios loiros de seu cabelo, onde puxo-os, forçando seus lábios a irem de encontro aos meus. Uma brisa gélida de fim de outono balança as copas das árvores e tocam nossas faces com delicadeza, ocasionando em um choque térmico em nossas peles.

– Austin... – Suspiro, separando nossos lábios por apenas alguns milímetros de distância. Eu ainda conseguia sentir sua respiração batendo contra meu rosto e o quanto seu coração estava acelerado. – Nós devemos parar...

– Por que? – Murmura, beijando-me mais uma vez.

– Enzo ou outra pessoa pode nos ver. – Digo, afastando-me e colocando minha testa na de meu marido.

– Deixe que nos vejam. – Fala Austin, sorrindo malicioso, apertando minha cintura e colando nossos lábios mais uma vez.

– Mamãe? Papai? Onde estão você? – A voz doce de Enzo ecoa próximo de nós, despertando Austin, que se separa, rapidamente, de mim e começa a arrumar suas roupas, que estavam amassadas, e seu cabelo desgrenhado.

Rio de sua reação e balanço a cabeça em negação, divertindo-me com a contradição de suas palavras anteriores as suas atuais ações. Ajeito minhas vestes e passo a mão em torno de meus lábios, rezando para que não estivessem tão vermelhos quanto eu imaginava.

– Estamos aqui, querido. – Respondo a meu filho que, ao nos ver, começa a correr em nossa direção, com um grandioso sorriso infantil em seus lábios.

Meu coração se aquece quando sinto os finos braços de Enzo contornarem meu pescoço, quanto me abaixo para abraçá-lo. Ele me aperta com força e depois se afasta, acariciando minha face, costume que aprendeu com pai. Sorrio e beijo suas pequenas mãozinhas e testa.

– Algum problema, filhão? – Pergunta Austin, bagunçando as melenas cor de chocolate do garoto.

– As tias Manu, Jade e Trish estão chamando a mamãe e você, papai. – Responde a criança, sorrindo gentil.

– Enzo! Por que você veio sem nós? – Repreende Kathy, filha de Jade, assim que chega ao nosso encontro, acompanhada da irmã, Elizabeth, e da melhor amiga, Diana, minha sobrinha.

– Vocês são muito lerdas. – Fala Enzo, dando de ombros, recebendo três pares de olhares nada amigáveis.

Olho para Austin e sorrio, observando a interação das crianças. Meu marido passa o braço por cima de meus ombros e beija minha cabeça, enquanto me aconchego em seu peito. Uma brisa, um pouco mais forte que a anterior, balança os nossos cabelos e fazendo as crianças rirem com as folhas caindo sobre elas.

– Nós devemos ir, não? – Sugere Austin, começando a andar e me levando junto consigo.

Concordo, sorrindo. Eu me sentia bem e leve. Observa as crianças brincando pelo castelo, os criados conversando e realizando suas tarefas com evidente animação e meu povo aproveitando a prosperidade do reino eram as coisas que me faziam ver que por mais difícil e doloroso que seja governar um país como Krósvia, valia e muito a pena.

– Finalmente vocês chegaram. – Resmunga Trish, dando papinha para o filho, Ian, de dez meses. Ela coloca o pequeno prato sobre a mesa e acaricia a cabeça do primogênito, Tommy, enquanto nos encara com uma das sobrancelhas erguida. – O que estavam fazendo?

– Papai e mamãe estavam namorando. – Responde Enzo, sorrindo sapeca, enquanto brinca com a mãozinha de Ian.

– Enzo! – Repreendo o garoto, enquanto ouço as risadas de minha cunhada e amigas. Enzo e Tommy riem e saem correndo na direção dos irmãos Wade e de minha sobrinha, que brincavam pelo jardim.

– Pelo visto é verdade. – Fala Manu, rindo de minha expressão envergonhada e do sorriso sem graça de Austin, enquanto nina Peter, meu sobrinho mais novo. A mulher abre um doce sorriso e acaricia o rosto da criança. – Ao menos uma vez na vida vocês resolveram me ouvir. Arrumem um tempinho para namorar ou o fogo do casamento se apaga.

– O que vocês queriam falar conosco? – Pergunta Austin, mudando de assunto, enquanto puxa a cadeira para que eu sentasse.

– Obrigada, querido. – Agradeço, sentando-me ao lado de minha cunhada. Austin sorri e senta-se na cadeira ao lado, encarando Trish à espera de respostas.

– Kathy, Lizzie e Eric! Venham comer. – Jade chama os filhos, enquanto coloca um pouco de suco nos copos das crianças. – Quero que comam tudo e nada de brincadeiras durante a refeição, entenderam? – Concordando com a mãe, as crianças pegam as fatias de bolo que a mulher havia preparado e vão se sentar junto com Enzo, Diana e Tommy que conversavam próximos ao chafariz. – Um mensageiro de Elohim trouxe uma carta mais cedo.

– O que acham disso? – Pergunta Trish, estendendo o envelope com o carimbo de Elohim.

– Ele disse alguma coisa? – Questiona Austin, olhando para Manu.

– Somente que a carta deveria ser entregue a rainha de Krósvia. – Responde minha cunhada, ajeitando o filho nos braços e o cobrindo. – Mas tenho a sensação de que não teremos nada de bom pela frente. Conhecendo Elena como conhecemos, ela com certeza está aprontando alguma.

Suspiro, concordando. Elena, irmã mais nova de minha sogra, e eu não nos dávamos muito bem e todos sabiam bem disso. Desde o primeiro aniversário de Enzo, a mulher não deu notícias e eu agradecia imensamente por isso. Ela conseguia ser o completo oposto de Mimi. Falsa, fria e perversa como uma cobra, a mulher tentou de todas as formas acabar com meu casamento com Austin, durante o tempo em que passou visitando nosso país, quando nós nos casamos.

Abro a carta sobre a vigilância de Austin, que me olhava com preocupação. Leio o papel com atenção e suspiro, insatisfeita. Meu marido me olha confuso, tentando entender o motivo de minha reação. Entrego-lhe a carta e o mesmo passa a ler alto.

– Querida Allycia. Venho por meio dessa carta, informa-lhe que, após tantos anos de desentendimento, desejo me reconciliar com a esposa de meu único sobrinho. Admito que pequei em minha última visita e que me sinto muito envergonhada por meu comportamento. Após analisar as minhas atitudes, acredito que estou pronta para desculpar-me com Vossa Majestade. Em duas semanas, Bárbara, minha graciosa filha, Théo e eu passaremos uma temporada em Krósvia. Gostaria de aproveitar esse tempo para acertarmos nossas diferenças e chegarmos a um acordo. Com carinho, Elena Vogelmann. – Austin termina de ler a carta e me encara com preocupação.

– Isso só pode ser brincadeira. – Fala Trish, revoltada. – O que essa mulher quer agora?

– Estragar a felicidade dos outros. – Responde Jade, revirando os olhos. – Não sei se serei capaz de aguentar seis meses com aquela mulher.

– Estamos falando de minha tia. – Diz Austin, repreendendo de leve as mulheres.

– Como se você a suportasse. – Ironiza Manu, revirando os olhos, assim como Jade. – Você, melhor do que nós, sabe que nada vindo de Elena Vogelmann é sinal de boa coisa.

– Eu sei. – Concorda Austin, suspirando. – Ally, você está bem com isso? Se quiser, podemos mandar uma carta recusando a visita de tia Elena e tio Théo.

– Não seja ingênuo. Não ficaria bem para a imagem do reino recursar a visita de um de seus aliados. – Respondo, suspirando. – Querendo ou não, a aliança com seus tios é muito importante. O faturamento que temos com a venda de peixes e queijo para Elohim é alto. Se impedirmos que seus tios venham nos visitar, isso pode afetar em nossa economia.

– E o que você pretende fazer? – Pergunta Trish, olhando-me com preocupação. – Essa mulher vai transformar sua vida em um inferno, Ally.

– O que mais eu posso fazer? – Questiono, dando de ombros, enquanto pego na mão de Austin e entrelaço nossos dedos. – Tenho duas semanas para me preparar para os seis meses mais longos de minha vida. – Olho para Enzo, que sorria e discutia algo com Kathy.

– Nós vamos nos sair bem, amor. – Afirma Austin, beijando minha mão.

– É. Nós vamos. – Repito, respirando fundo, apertando ainda mais a mão de Austin.

Sorrio para meu marido, tentando não demonstrar o quão, abalada eu estava. Meu inimigo está solto, preparando-se para atacar o meu país e a minha família junto com a pessoa que mais chegou próxima de assumir o controle de Krósvia e, agora, terei de suportar a mulher que jurou tomar meu trono para si em minha própria casa. É, pelo visto, o universo resolveu conspirar contra mim.


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Notas finais do capítulo

Uniforme oficial: http://i1127.photobucket.com/albums/l630/larissa3010/9b2a4234-03c7-4dad-9c39-05c0a05f41a4_zpsi8osel3m.jpg

Ally: http://i1127.photobucket.com/albums/l630/larissa3010/f1750efdfa8d5ed30b25bb1cd694d804_zpsojx4twbw.jpg

Austin: http://images6.fanpop.com/image/photos/36000000/Francis-francis-reign-36010193-500-700.png

Enzo: http://images.newfaces.com/userimages/images/n/e/v/NevinT-NevinT-74a8.jpg

Kathy/Katherine: http://images4.fanpop.com/image/photos/23000000/Bailee-Madison-bailee-madison-23039925-543-603.jpg

Elizabeth/Lizzie: http://i1127.photobucket.com/albums/l630/larissa3010/hello-kitty-2_zpsqznobxcl.jpg

Diana: http://i1127.photobucket.com/albums/l630/larissa3010/Hailee-Steinfeld-3-510x627_zpsjlpmbclr.jpg

Ian: http://30.media.tumblr.com/tumblr_mel5vx51GZ1r4g78so1_500.jpg

Tommy: http://s.glbimg.com/et/nv/f/original/2011/10/12/gabrielpelicia.jpg

Peter: http://blogmail.com.br/fotos/2008/11/Bebê-de-olhos-verdes.jpg

Eric: http://i1127.photobucket.com/albums/l630/larissa3010/Ty-Simpkins-Wallpapers-3_zpsbx2uhqhz.jpg

oOo

E então? O que acharam? Críticas, elogios, erros ortográficos? Oi Cupcakes ♥! O capítulo foi escrito em dias diferentes, então peço perdão se tiver alguma parte sem sentido. Eu agradeço do fundo do meu coração aos comentários e favoritos no capítulo passado. Muito obrigada mesmo, amores. Eu realmente fiquei muito feliz e emocionada. Continuem deixando a opinião de vocês! Devo demorar um pouco no próximo capítulo, mas isso é porque eu preciso atualizar Fire Scars, mas prometo me apressar. Obrigada pelo carinho e apoio. Beijocas e até a próxima ♥.

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