Black Hole - Interativa escrita por Jéssica Sanz


Capítulo 6
Base Central da Aurum


Notas iniciais do capítulo

Mas já, tia Jessie? Sim, meus Olafs, já temos mais um capítulo. Eu não ia postar hoje, mas quero saber a reação de vocês! Escrevi rápido porque... Não, eu não escrevi mais rápido. Só escrevi mais devagar da última vez. Mesmo assim, aproveita, lê devagar, relê, esteeeende até o próximo. Só pra garantir.



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TROMS, 9:12

– Muito bem, crianças, a Base Central da Aurum, em Troms.

As dez cabecinhas se esticaram para a janela, tentando ver. A Aurum era simplesmente enorme. Mesmo Avelin, que costumava ir até lá, ficou surpresa. A base central era simplesmente gigante, maior do que qualquer outra.

– Segurem-se.

Eles mal tiveram tempo para obedecer. A nave desceu e aterrissou em cima do símbolo da Aurum, um A com asas, geralmente dourado. A porta da pequena nave se abriu, e os selecionados tiraram os cintos de seguranças.

– Por favor, nos acompanhem.

O grupo andou pelo pátio da Aurum observando tudo atentamente. Funcionários em todo lugar olhavam para eles.

– Por que estão nos olhando? – Perguntou Mabel.

– Porque somos importantes – disse Annika.

– Errado – disse Ally. – Somos os estranhos no perfeitinho mundo da Aurum. Por isso estão nos olhando.

Eles continuaram andando em direção à entrada, um amplo salão com um balcão circular no centro e vários corredores ao redor. À frente do balcão estava uma mulher com um uniforme azul escuro e cabelo curto e castanho. O uniforme não era daqueles chiques, era apenas um macacão, um cinto preto e dois coturnos de couro. Do lado esquerdo do peito, o símbolo da Aurum, e do direito, a plaquinha onde lia-se Fox. Os homens que os levaram até ali se dispersaram. A mulher começou a falar.

– Bom dia, pessoal. Bem-vindos à Base Central da Aurum. Meu nome é Melissa Fox, mas aqui sou a Agente Fox. Eu sou da área técnica, trabalho com análises de expedições. Especificamente para a Missão 5496, eu fui designada para treinar vocês. Assim como eu, a partir de agora vocês serão tratados apenas como a palavra agente seguida de seu sobrenome. Nosso treinamento terá duas partes. Pela manhã, treinamento intelectual, ou seja, aprofundamento em estudos e conhecimento. À tarde, treinamento físico, aprendizado de habilidades de combate e coisas semelhantes. Antes de começarmos, vocês precisam se uniformizar. Me acompanhem.

Todos estavam impressionados, mas conseguiram ir atrás da Agente Fox. Ela levou o grupo através de muitos corredores. Ninguém ousava falar. Ela chegou a uma porta fechada e disse:

– Agente Fox.

A porta deslizou, e eles entraram. A sala pequena em formato circular era rodeada pó dez cabines. Dentro de cada uma, havia um uniforme cinza claro, semelhante ao da Agente Fox, colocados no ar como se estivessem em um manequim invisível. No topo das cabines, cada um achou seu próprio sobrenome.

– Vocês já devem ter encontrado suas cabines. Dentro, além do uniforme já personalizado com os identificadores, vocês vão encontrar um vão na parede esquerda, onde devem depositar tudo o que veio com vocês, exceto coisas – ela olhou para Stux – extremamente necessárias, como o aparelho para deficiente ocular do Agente Hennessy. Fora isso, nada deve continuar. Alguma dúvida? - Alex levantou a mão. – Agente Greenwich.

– Nem os celulares?

– Não precisariam de celulares, já que não podem passar nenhuma informação para fora da base. Se eu encontrar alguma selfie nas redes sociais com comentários ridículos do tipo “estou ostentando na Aurum”, alguém será responsabilizado e dispensado. Para manter contato com a família, apenas à noite através de e-confer. Mais alguma pergunta?

A pequena Mabel levantou a mão.

– Por que não podemos ter roupas de cores bonitas como a senhora?

– Porque a norma diz que agentes em treinamento para missão específica possuem uniforme nessa cor e nesse estilo, assim como o meu uniforme respeita a norma para agentes treinadores. Qual a sua cor favorita, agente Schunk?

– Rosa e amarelo.

– Rosa e amarelo. Muito bem. Vou ver se providencio um uniforme rosa e amarelo para você na missão, agente Schunk. Mais perguntas?

– O que acontecerá com as coisas que deixarmos? – Perguntou HaNa.

– Elas serão cuidadosamente guardadas até que sejam dispensados no fim da missão, agente Kim. Mais alguma coisa? Ótimo. Quero as meninas com coques perfeitos. Podem se trocar.

Cada um entrou na sua cabine e fechou a porta. Com muito receio, Alex colocou o celular no vão. Queria ter contato com a família logo, saber se eles chegaram bem a Vest-Agder. HaNa colocou tudo no vão, menos a carta. Ela a observou por um bom tempo, e decidiu escondê-la sob o uniforme. Mabel teve dificuldade em fazer o coque, e quando saiu, ainda estava tentando ajeitá-lo.

– Posso te ajudar?

Mabel olhou para a garota que lhe perguntava. Seu identificador dizia que ela era a agente Stone.

– Sim, por favor.

Elly ajudou Mabel a concluir o coque. Depois, se juntaram aos outros ao redor da agente Fox.

– Vocês estão ótimos. Exceto a agente Kim. Não posso fingir que não estou vendo a deformação no seu uniforme. – HaNa desviou o olhar.

– É muito importante para mim.

– O que é?

– Uma carta. Escrita pelo meu pai. Eu nunca a abri.

– Pode voltar à sua cabine. Quero que me entregue a carta.

HaNa foi até a cabine quase chorando, e tirou a carta do esconderijo, depois, a entregou para a agente Fox.

– Obrigada. O uniforme de vocês contém braceletes. Eles devem ficar na mão esquerda. – Quem estava com o bracelete no braço errado trocou. – Os braceletes possuem apenas um botão, e são como computadores. Podem testar. – Todos apertaram os botões, projetando menus no ar. – O que mais vão usar vão ser os horários de seus treinos e outras obrigações, além do mapa. Por favor, o selecionem. – O mapa se abriu nos dez computadores. – Este é um mapa simplificado da Aurum. As partes em azul são as mais importantes, as que vocês vão frequentar. As verdes, são lugares que vocês podem ir, mas não precisam. Para entrar em qualquer lugar, só precisam dizer seu nome. Se forem autorizados a entrar, as portas se abrirão. Agora fechem. Vou levá-los à Sala 1.

~

A agente Fox abriu a porta e todos entraram. A sala era pequena, com duas fileiras de dez cadeiras com minicomputadores nomeadas com o sobrenome de cada um. O quesito era a ordem alfabética. Havia uma mesa inteira por fileira, uma mesa um pouco curva. Na frente, uma tela controlada por um minicomputador logo à frente. A agente Fox pediu que todos se sentassem, e foi para a frente.

– Esta é a Sala 1. Estudaremos aqui todas as manhãs, será o treinamento intelectual. Nele, nós vamos estudar todas as expedições que aconteceram no Black Hole, e vocês vão conhecer as ideias que já deram errado. Também vamos estudar as expedições que retornaram. – Todos fizeram cara estranha, exceto Avelin e Gabbe, que já tinham pezinho na Aurum e sabiam de tudo. – Essas expedições não entraram no Black Hole, foram até o que chamamos de ponto máximo, para estudar as condições na altitude, a vegetação e o clima. Também vamos estudar o Jotunheimen, ou seja, o Black Hole antes de ser um buraco negro. Por fim, vamos estudar as possibilidades que explicariam o fenômeno, ver quais já foram analisadas em expedições, e claro, ver as possibilidades de Kuni Yovesh. Agora, é hora da Sala 2.

A Sala 2 ficava um andar acima. Era muito maior do que a Sala 1, deveria ter o tamanho de um terreno inteiro. Era alta, cheia de depósitos abertos de armas diferenciadas, com espaços delimitados para treinos e combates, simuladores holográficos e reais. Enfim, uma super sala de treinamento.

– Aviso previamente aos animadinhos que querem aprender a usar armas de fogo: não vamos aprender isso de cara. Antes de tudo, aprenderemos a sobreviver. Primeiros socorros de todos os tipos, como se proteger na montanha, conseguir abrigo, armar fogueira, procurar comida e água, esse tipo de coisa. Só depois nos voltaremos para o combate com armas brancas e armas de fogo. Para nós, só interessa que vocês possam aniquilar qualquer ameaça, por isso, não irão se armar com padrões, mas como que se dão melhor. Esta sala é onde passaremos nossas tardes de treinamento. Agora vamos conhecer o refeitório.

Ela os levou até a grande sala cheia de mesas que era o refeitório.

– Dizem que a comida em organizações científicas não é das melhores, mas isso é mentira. Aqui na Aurum, temos um cardápio variado, repleto de invenções gastronômicas deliciosas que compõem uma dieta saudável. Vocês virão aqui pela manhã, antes do treinamento. Depois, na hora do almoço, entre os dois treinamentos. Depois, na hora do lanche, logo depois do segundo treinamento. Em seguida, um leve jantar, às 20h.

Por fim, a agente Fox levou o grupo para uma sala com uma fila de cinco beliches à esquerda, e dez cabines à direita.

– Este é o dormitório de vocês. As camas estão equipadas com minicomputadores que possuem jogos, aplicativos e música, com o objetivo de entretê-los à noite. Se mesmo assim estiverem entediados, podem visitar os espaços verdes. Provavelmente gostarão da sala do e-confer. Vocês podem explorar os espaços verdes ou ficar no quarto entre o fim do segundo treino e o toque de recolher, sempre às 22h30min. Nada impede que fiquem acordados, mas o conselho que eu dou é que durmam, pois os dias seguintes são sempre melhores com boas noites de sono. Deixamos que dividam as camas entre vocês como quiserem. Ali naquele canto estão empilhadas as roupas de dormir sob medida, estão empacotadas e nomeadas. Deixem essas roupas dentro das cabines, que devem respeitar a ordem das camas. Notem que tanto as camas quanto as cabines estão numeradas. De noite, se troquem nas cabines e deixem os uniformes dentro dela. Na parte esquerda da parede que pertence à porta está o computador geral, que acordará vocês e avisará do toque de recolher. Vocês podem utilizá-lo para se comunicar comigo ou outro superior caso haja algum problema. Na parte direita, um bebedouro. Existem quatro banheiros para vocês, ficam reunidos na sala ao lado, que na verdade é um corredor de banheiros. O treinamento começará amanhã. Aproveitem o restante do dia para explorar e descansar. Mas antes disso, sugiro que dividam as camas e se conheçam melhor.

A agente Fox deixou a sala.

~

Gabbe e Stux trataram logo de pegar o beliche do meio para eles. Stux disse que ficaria em cima, por ter “experiência em subir beliches”. Alex escolheu o beliche mais no canto, e embaixo, o último beliche. Ellynia se acomodou no beliche ao lado direito de Gabbe, quando a pequena Mabel chegou e perguntou.

– Posso ficar no seu beliche?

– Claro que pode, lindinha.

Então Mabel tentou subir, mas não conseguiu direito.

– Que tal você ficar no de baixo, hein?

– Tem certeza? Ainda acho melhor eu ficar em cima, porque sou mais leve...

– Acho que ela te chamou de gorda – disse Ally, no beliche ao lado, que era o primeiro. Mabel arregalou os olhos.

– Não foi isso que eu...

– Ela está brincando, Mabel... – Disse Avelin, de cima do primeiro beliche. Sua cara sugeria que ela não estava contente com a brincadeira de Alissa. – Ela sabe que você não chamou a Ellynia de gorda. É Ellynia, não é mesmo?

– Elly. Eu prefiro. Mabel, é melhor você ficar embaixo, senão pode cair.

Novamente, ela arregalou os olhos, com medo.

– É, é melhor.

– Mas antes, quero que me responda uma pergunta.

– Tá.

– O que é que, de manhã, anda com quatro pernas, ao meio-dia, com duas pernas, e ao entardecer, com três.

Mabel franziu o cenho. Estava muito confusa, e prestes a dizer que não sabia, quando Ally gritou.

– Ai, isso é muito velho! Você acha que a menina é burra? Fica fazendo esse monte de pergunta idiota...

– Cala a boca, Blackhorn! Ninguém pediu sua opinião!

– Ai, céus, que falta de educação! É dela que quer ser amiga, Mabel?

Mabel era esperta o suficiente para não responder a essa pergunta.

– Parem vocês duas – disse Avelin. – Parecem crianças mimadas.

– Você está certa – disse Elly, se levantando. – A cama é sua, Mabel.

Elly subiu a escada tão rápida e ágil que chegou ao topo em dois segundos.

– Nossa, você é rápida – disse Avelin. Elly deu de ombros.

– Essa coisa não é muito diferente de uma árvore.

– Então gosta de subir em árvores.

– Sim. Qual é o seu nome mesmo?

– Avelin. Pode me chamar de Lin.

Do outro lado, Annika já tinha conseguido subir no último beliche, o mesmo de Alex. Dali, ela poderia observar o que havia do lado de fora. Ficou admirada com o quão perto estava da ciência, e sorriu com esse pensamento. Quando se virou para trás, encontrou um menino com cara de retardado olhando para ela, e seu sorriso desapareceu. Ela desviou os olhos dele.

– Desculpe, - disse Kai, se deitando confortavelmente. – Eu não queria ter te incomodado.

– Não tem problema – disse Annika, olhando para o vidro. Kai virou o rosto para ela.

– Meu nome é Kai.

– Annika.

HaNa estava se sentindo perdida seu telefone. Para completar, estava cercada por três meninos que aparentemente não queriam falar com ela. O tal de Nicacio era um gato, mas ele estava tão concentrado em seu computador que não reparou muito em HaNa. Ela pareceu ficar um pouquinho aborrecida.

– Ele é assim mesmo – disse uma voz de cima do beliche do garoto. HaNa esticou a cabeça para falar com ele.

– Ah, oi. Ele é meio...

– Desligado. Muito desligado. Ele não presta atenção em nada.

– Isso pode ser complicado para a missão.

– Eu sei. Mas na hora certa ele vai saber o que fazer.

– Espero que sim – disse HaNa, gentilmente. – Qual é o seu nome mesmo?

– Aeron Hennessy. Mas eu prefiro ser chamado de Stux.

– Ok, Stux. Sou HaNa.

– Prazer em conhecê-la, HaNa.


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Notas finais do capítulo

O circo começou a pegar fogo! Já tem palpites? Quem é amigo de quem? Quem não vai se dar bem? Apostas para os pares românticos? Se alguém acertar, o personagem ganha um biscoito. Sério.