-O que você está fazendo? Você se esqueceu o porquê de estar aqui??? – Perguntou um bichinho de pelúcia de uma cor entre o bege e o alaranjado e que lembrava muito uma raposa, tinha mais ou menos o tamanho da mão de um homem adulto, possuía olhos acinzentados e usava um tapa olho no olho esquerdo.

-Dá um tempo Ginsei, nós não temos um prazo mesmo... – A garota se esticou, deitando sobre a laje de um prédio qualquer, enquanto analisava o céu da madrugada.

-Esse é o detalhe! Quanto mais cedo cumprirmos essa tarefa, mais cedo a gente vaza daqui! Então anda logo! – Ginsei se sentou na beirada e cruzou os braços. – Por que eu tive que ficar desse tamanho afinal? – Revirou os olhos e permaneceu cabisbaixo.

-Porque assim você pode andar comigo e se camuflar mais facilmente né! - A garota riu. – Amanhã vou atrás de um emprego, afinal não tenho a mínima ideia de quanto tempo ficar... Não temos nem um número mínimo de correntes! – Ela suspirou tranquila e logo se sentou. A garota possuía longos cabelos castanhos presos em um único rabo que alcançava seu quadril, também tinha olhos acinzentados, a pele era bem clara, e possuidora de um corpo magro e estatura bem baixa. Estava usando uma capa marrom que possuía um capuz, e cobria-lhe até a altura dos pés. – Vamos? – Ela perguntou, chamando Ginsei. – Estou vendo uma corrente.

A garota saltou através dos telhados, sem esperar pela resposta da raposa, que se levantou silenciosamente e a seguiu.

-Essa espada não vai chamar muito a atenção? – Perguntou a raposa em um tom indiferente.

-Fica tranquilo, apenas pessoas com um poder mágico mais elevado podem ver esse instrumento. – A garota sorriu e finalmente saltou do telhado de uma casa de médio porte direto para o chão.

-Espera, você vai atacá-lo diretamente assim?! – Ginsei arregalou seu único olho visível.

Ela apenas sorriu em resposta, e um homem que corria feito um louco pela madrugada foi atravessado pela espada, que era quase do tamanho de sua possuidora, desde a barriga até a cabeça praticamente. Uma fumaça preta saiu da espada depois dessa sair do corpo do homem, e ele caiu desacordado no chão, sem, no entanto, derramar uma única gota de sangue.

-Essa estava apenas no estágio inicial. Tivemos sorte. – Ela guardou a espada, e saiu andando, Ginsei se recuperou do susto e a seguiu.

**&**

-Atenção todo mundo, por favor se sentem, temos uma aluna nova que acabou de ser transferida para cá. Entre, senhorita Himegawa.

No fundo da sala, um rapaz arregalou os olhos.

-Como a deixaram entrar com uma espada aqui?! – Cochichou para uma garota que estava sentada ao seu lado.

-Calma, Shaoran... Eu acredito que aquela seja uma espada mágica... É o que está parecendo na verdade... Ninguém aqui demonstrou espanto...

-Espada mágica? Isso é um motivo a mais pra se preocupar! – O garoto revirou os olhos, e a garota passou sorrindo ao lado dos dois, para se sentar na única mesa que continha um lugar vazio (as mesas eram agrupadas em duplas).

-Com licença, você se incomoda? – Perguntou a Himegawa, direcionada a aluna que ocupava um dos lugares da mesa.

-Claro que não – A menina sorriu com ternura – Muito prazer, eu sou Daidouji Tomoyo.

-Eu sou Yumi. – A garota se sentou. – Himegawa Yumi.

-Muito bem turma, preciso que vocês façam um desenho com perspectiva de nossa sala de aula. – Disse o mesmo professor que acabara de apresentar a nova aluna.

Yumi começou a revirar sua mochila atrás das coisas, até que levou uma “mordida” de dentro da bolsa.

-Ai! Ginsei, quer ficar quieto? – Lançou um olhar mortal para dentro da bolsa, falando no tom mais baixo possível.

-Pare de revirar essa bolsa. E vê se deixa esse zíper aberto, quer me matar sufocado aqui dentro, sua louca? – Disse Ginsei com o mesmo tom sério de sempre.

-Tudo bem, Himegawa? – Tomoyo perguntou com um tom confortável, encostando levemente a mão no ombro da garota, que ruborizou completamente em resposta.

-S-sim... Eu... – Yumi coçou a cabeça e acabou derrubando sua bolsa no chão. Ela pegou a bolsa novamente bem rápido e retirou o caderno e o estojo de lá.

-Estabanada. – Falou Ginsei. – Vê se toma cuidado.

Yumi colocou cuidadosamente a bolsa no chão. Para então pisar com vontade sobre ela.

-Eu acho que esqueci minha lapiseira... – Tomoyo sorriu e coçou a cabeça.

Com as bochechas vermelhas, Himegawa pegou uma lapiseira azul com chaveiro de estrelinha, e estendeu para Tomoyo.

-Pode ficar com essa... E pode me chamar apenas de Yumi mesmo. – Ela sorriu com ternura para Tomoyo, que sorriu em resposta.

-E você pode me chamar de Tomoyo apenas. – As duas passaram um bom tempo da aula se olhando. Yumi podia ouvir Ginsei xingando-a de dentro da bolsa, mas aquilo não importava. Tinha alguma coisa importante nos olhos daquela menina.

Enquanto isso Tomoyo apenas sorria, como se uma cena que lhe dava muito alento estivesse acontecendo uma segunda vez na sua vida.

--Intervalo—

-Que ideia foi essa? De pisar em mim? – Perguntou Ginsei, bufando.

-Você mereceu. – Yumi virou a cara.

-Pra que serve essa espada? – Perguntou um menino, que chegou por trás da garota.

-Ca-calma Shaoran, também não precisa chegar desse jeito né... – Disse Sakura, grudando em seu braço.

-Quem são vocês? – Perguntou a garota, sorrindo, sem olhar para eles.

-A pergunta é quem é você! – Bufou Shaoran.

-Eu sou a Sakura, e esse é o Shaoran. Como você pode perceber, nós também temos poderes mágicos...

-Fiquem tranquilos, eu não vou incomodar vocês de forma alguma, se é isso que os preocupa. – Disse Yumi com um tom calmo. Ginsei cruzou os braços enquanto estava sentado no ombro dela.

-Cadê a comida? – Perguntou ele com os olhos fechados.

-Comida? – Disse Yumi com um tom confuso.

-É, a comida. Lembra? – Ele disse, ignorando completamente o fato dos dois estarem ali.

-Então... – Yumi coçou a cabeça.

-Você é uma idiota mesmo. – Ginsei deu um salto e acertou uma voadora nas costas de Yumi, que a fez voar do outro lado do pátio.

Yumi desembainhou a espada.

-EU VOU FAZER PICADINHO DE PELÚCIA!!!! – E saltou para cima dele.

-Vocês dois... – disseram Sakura e Shaoran com uma “gota” na cabeça.

Os dois pararam a luta, e viram que todo o pátio da escola estava em torno deles, olhando assustados aquela cena.

Ginsei caiu como se fingisse de morto... Yumi também despencou.

-Nossa! Você é realmente muito boa com os bonecos! Devia ter me avisado antes de vir ensaiar aqui, eu queria ter filmado! Tenho certeza que o grupo do teatro vai aceitar você! – Disse Tomoyo, enquanto sorria com calma e se aproximava da garota batendo palmas. Logo todos os alunos começaram a bater palmas.

-Você é muito boa!!! Devia seguir carreira!! – Gritos aleatórios que surgiam no meio da multidão.

-Tomoyo, eu... – Yumi ficou vermelha de novo, enquanto fitava o chão, ainda sentada.

Tomoyo colocou a mão sobre seu ombro novamente.

-Fica tranquila, não precisa explicar nada. – Daidouji sorriu tranquilamente.

Repentinamente Yumi se levantou.

-Ginsei, uma corrente. – Ela saiu correndo para pegar Ginsei no chão. – Eu já volto Tomoyo, obrigada! – Ela sorriu com o rosto voltado para Tomoyo, e saiu correndo da escola, enquanto os alunos se dispersavam. Quando não estava mais sendo vista, ela pulou o muro.

Shaoran chamou Sakura para ir atrás dela, porém Tomoyo os impediu.

-Ela disse que vai voltar. Fiquem tranquilos, está bem? – Ela sorriu e os três foram comer.